sábado, 16 de agosto de 2014

Custos das crises bancarias e financeiras - Ronald Hillbrecht (via Claudio Shikida)

Meu amigo Claudio Shikida sempre trazendo bons materiais para reflexão no seu blog De Gustibus Non Est Disputandum:

Bons momentos…


Eu gosto muito desta tabela que peguei lá do livro-texto de Economia Monetária do Ronald Hillbrecht (Editora Atlas). Trata-se do custo do PROER e de planos similares em outros países. Mostra o porquê de eu reafirmar sempre que a melhor assessoria econômica é a do candidato tucano (nada contra a assessoria do falecido candidato Eduardo Campos, claro).
Fullscreen capture 8152014 95016 PM

Quem viveu esta época sabe bem o que foi aquilo tudo. Quem estava no berço ou achando que sabia economia porque decorava frases feitas de 147 caracteres, bem, espero que um dia aprendam.

As grandes falcatruas da politica nacional - Rodrigo Constantino

Não uma, mas duas ao mesmo tempo. É bom que fique o registro.
Paulo Roberto de Almeida 

Blogs e Colunistas


15/08/2014
 às 12:08 \ ComunismoDemocraciaPolítica

Que vergonha, senadora Kátia Abreu!

No dia 12 de agosto a senadora Kátia Abreu postou em suapágina oficial do Facebook a seguinte mensagem e foto:
A presidente Dilma Rousseff sempre manteve as portas abertas para todos os setores. Ela comprova que oferecer políticas adequadas, construídas a partir do diálogo, é fundamental para promover o crescimento do País. Por isso, o meu apoio incondicional para presidente do Brasil é para Dilma, a mulher que seguiu mudando o Brasil e agora também vai nos ajudar a transformar o nosso querido Tocantins.
Katia Abreu
Que papelão, dona Kátia! Portas abertas? Estamos falando da mesma pessoa, a presidente Dilma, aquela que é conhecida por sua arrogância e sua agressividade em reuniões? Aquela que se reúne com 30 grandes empresários e acha que isso é “escutar o mercado”? Aquela que usou o BNDES para a seleção dos “campeões nacionais” e acabou produzindo um fenômeno como Eike Batista, fazendo ainda com que os grandes empresários “investissem” em lobby em vez de produtividade?
Políticas adequadas por meio de diálogos? Só se for o “diálogo” dela com ela mesma em frente a um espelho! Que políticas adequadas foram essas, que trouxeram nossa economia à beira do abismo, com estagnação do crescimento e elevada inflação, além de setores importantes totalmente desorganizados e com rombos bilionários?
Seu apoio é “incondicional”, senadora? Quer dizer que não importa a quantidade de “malfeitos” que vêm à tona, os infindáveis escândalos, a aliança com o que há de mais nefasto na geopolítica, que Dilma poderá contar sempre com seu entusiasmado apoio?
Dilma, a mulher que mudou o país? De fato, mas para pior! Ou a senadora acha que as coisas vão bem por aqui? Quer defender o voto em Dilma para “continuar mudando”? Até chegarmos no modelo argentino ou venezuelano? É isso que o Brasil precisa?
Senadora, compreendo seu medo de Marina Silva, agora a provável candidata após a trágica e infeliz morte de Eduardo Campos. Compreendo, ainda, os limites da política partidária nesse país, e sua dificuldade em compor com o PSDB de Aécio Neves, caminho natural para alguém que sempre defendeu o que a senhora defendeu em seus discursos, artigos e mesmo prática política.
Mas não posso aceitar ou perdoar uma traição dessas! Saiba que muitos brasileiros de direita, defensores da propriedade privada, inclusive rural, que combateram sempre a ameaça socialista, os invasores do MST, as lideranças “indígenas” que colocam em risco muitas fazendas, tinham em sua pessoa uma esperança. Alguns chegavam a imaginá-la uma espécie de Thatcher tupiniquim.
Como defendê-la agora? Como explicar para essa gente toda suas palavras e ações? Como dizer que aquela Kátia Abreu, outrora uma firme combatente em nome do capitalismo e da economia de mercado, debandou-se para o lado de lá, apoiando com tanta paixão um partido golpista, do Foro de São Paulo, camarada da ditadura cubana, irmão dos invasores do MST?
Eu não consigo, confesso. Posso apenas lamentar profundamente sua guinada rumo ao que há de pior na política nacional. O Brasil continua em busca de uma estadista…
Rodrigo Constantino

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Um debate sobre o papel do cambio nos problemas brasileiros - Antonio Carlos Teixeira Alvares (e PRA)

Recebo, a propósito desta postagem, e meus comentários iniciais a ela:

Plano Real, 20 anos: seria o câmbio o principal problema do Brasil? 

o seguinte comentário de um dos autores do artigo ali transcrito:
Plano Real, 20 anos: seria o cambio o principal problema do Brasil? - Antonio Carlos Teixeira Álvares e Guilherme Renato Caldo Moreira - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/plano-real-20-anos-seria-o-cambio-o.html#sthash.PUFozlFC.dpuf
Plano Real, 20 anos: seria o cambio o principal problema do Brasil? - Antonio Carlos Teixeira Álvares e Guilherme Renato Caldo Moreira - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/plano-real-20-anos-seria-o-cambio-o.html#sthash.PUFozlFC.dpuf
 
Como um dos autores do artigo desejo inicialmente declarar que concordo plenamente que uma moeda pode se valorizar. As razões são várias e só para citar algumas temos o aumento do preço dos bens exportados (no caso do Brasil, comodities), a elevação da taxa real de juros interna ou mesmo ações governamentais de politica econômica . O artigo não discute as causas nem nega a valorização, apenas analisa suas consequências. O custo Brasil (impostos, infraestrutura, energia, etc) ataca a indústria brasileira há muito tempo. A valorização do real começa em 2007. Em 2006 o saldo comercial (exportações menos importações) da indústria de transformação brasileira foi positivo em cerca de  usd  31 bilhões. Nos últimos 12 meses, encerrado em junho de 2014, o saldo negativo indicava usd  -106 bilhões!  A causa disso é a valorização do real que favoreceu as importações e prejudicou sobremaneira as exportações da indústria de transformação. Não se pode culpar o custo Brasil por essa evolução, pois em 2006 ele já estava presente entre nós. O cambio valorizado está sim prejudicando muito a indústria nacional, como prejudicou a indústria holandesa na década de 1960. Existe claro muitas outras causas para o Brasil ir mal, mas a balança comercial da indústria de transformação é claramente explicada pelo cambio fora de lugar.
 
 Devo dizer que concordo apenas em parte com os argumentos do comentarista, por uma razão muito simples.
No cursos de toda a era de Bretton Woods, e mesmo depois, as moedas respectivas da Alemanha Federal, deutsche mark, e do Japão, iene, se valorizaram constantemente, justamente pela fortaleza de suas economias, que foi inclusive beneficiada pela importação de bens (e energia, nos dois casos) mais baratos, devido à valorização.
O deutsche mark deve ter saído de um patamar de 5 a 6 dm por US$ para chegar a 1,50 três décadas depois; o iene deve ter saido de 500 a 600 por dólar, para menos de 100 dólares no mesmo período.
Como se compensou isso: bem com importações mais baratas, justamente, e com ganhos de produtividade.
O Brasil abandonou esses dois vetores, eles são difíceis, estão fora do seu alcance?
Esses países ficaram mais ricos, com moedas valorizadas, e continuaram grandes potências exportadoras.
Ou seja, é possível fazer, mesmo sem as velhs receitas da desvalorização contínua, que tornam todos um pouco mais pobres.

Dito isto, concordo em parte que câmbio e moderadamente desvalorizado, pode ser importante para manter equilíbrio na balança comercial. Mas, existem outras balanças, também...
Paulo Roberto de Almeida

Simon Leys: o homem que desmascarou Mao Tse-tung, morre...

Lembro-me como se fosse hoje: eu, jovem estudante recém chegado na Bélgica, percorrendo as livrarias de Bruxelas, e vendo um livro que contribuiria ainda mais para aprofundar o meu ceticismo em relação às supostas virtudes humanas do socialismo chinês.
Ali estava o livro: Les Habits Neufs du Président Mao, por um certo Simon Leys.
Era o começo da transformação...
Paulo Roberto de Almeida 
Pierre Ryckmans, 78, Dies; Exposed Mao’s Hard Line
He challenged the prevailing romantic view of Mao harbored by many Western intellectuals by writing about the cruelties of the Cultural Revolution.



By MICHAEL FORSYTHEAUG. 14, 2014
Photo
Pierre Ryckmans, who used the pen name Simon Leys, first traveled to China as a student in 1955. His once romantic view of China dissipated when he learned of the Cultural Revolution.CreditWilliam West/Agence France-Presse — Getty Images

Pierre Ryckmans, a Belgian-born scholar of China who challenged a romanticized Western view of Mao Zedong in the 1960s with his early portrayal of Mao’s Cultural Revolution as chaotic and destructive, died on Monday at his home in Sydney, Australia. He was 78.
His daughter, Jeanne Ryckmans, said the cause was cancer.
Mr. Ryckmans, who was better known by his pen name, Simon Leys, fell in love with China at the age of 19 while touring the country with fellow Belgian students in 1955. One highlight was an audience with Prime Minister Zhou Enlai. The man-made famine of Mao’s Great Leap Forward and his Cultural Revolution, which began in 1966 and ended about the time of Mao’s death, in 1976, were still in the future. There was much to be admired in the new China.
Yet pursuing his studies of Chinese art, culture and literature in the People’s Republic itself was not an option for a Westerner, so he settled in Taiwan, where he met his future wife, Han-fang Chan. He also lived in Singapore and Hong Kong.
It was in Hong Kong during the late 1960s, when it was still a British colony, that Mr. Ryckmans (pronounced RICK-mans) began to follow the turmoil just across the frontier, reading accounts in the official Chinese press about the Cultural Revolution and talking to former Mao supporters who had escaped it.
He began to find that the romantic view of Mao harbored by many Western intellectuals — as a progressive if flawed champion of the masses — was completely at odds with the cruelties of the Cultural Revolution, which sought to eradicate Chinese cultural traditions and Western capitalist influences and replace it with a Maoist orthodoxy. The movement led to purges, forced internal exiles and whipsaw shifts in the political winds, and it compelled Mr. Ryckmans to step into the arena of political commentary.
“Until 1966 Chinese politics did not loom large in my preoccupations, and I confidently extended to the Maoist regime the same sympathy I felt for all things Chinese, without giving it more specific thought,” Mr. Ryckmans wrote under his pseudonym in “Chinese Shadows,” which was first published in French in 1974. “But the Cultural Revolution, which I observed from beginning to end from the vantage point of Hong Kong, forced me out of this comfortable ignorance.”
His first account, “The Chairman’s New Clothes,” was also published in French, in 1971, a year after he had settled in Australia, lured by an eminent Chinese literary scholar, Liu Cunren, to teach at Australian National University. Mr. Ryckmans wrote the book under the name Simon Leys to disguise his identity so that he would not be banned from China.
He returned to China in 1972 on a six-month assignment as a cultural attaché for the Belgian Embassy in Beijing. The wanton destruction of the city’s ancient architectural heritage shocked him.
In “Chinese Shadows,” he wrote of his frantic search for some of the most magnificent of the city’s huge gates, which he assumed had been preserved, even though he knew that the city walls had been taken apart starting in the 1950s. The gates were gone. “The destruction of the gates of Peking is, properly speaking, a sacrilege; and what makes it dramatic is not that the authorities had them pulled down but that they remain unable to understand why they pulled them down,” he wrote.
The Cultural Revolution, he found, had destroyed the beauty of Chinese culture and civilization without destroying what needed to be exorcised: the tyranny of arbitrary rule.
In a telephone interview, Kevin Rudd, a former prime minister of Australia and a former student of Mr. Ryckmans, called him “the first of the Western Sinologists of the ’60s and ’70s to expose the truth of the cultural desecration that occurred during the Cultural Revolution, ripping away the political veneer from it all and exposing it for what it was: an ugly, violent, internal political struggle within the Chinese Communist Party led by Mao.”
Mr. Rudd added, “He was excoriated at the time by Sinologists who had been captured by the romance which many felt for the Cultural Revolution in the early days.”
The irony, Mr. Rudd said, is that the Chinese leadership moved to repudiate the Cultural Revolution after Mao’s death. Many of the delights of old Beijing — the food stalls, the street dancing on a summer’s evening — did indeed return, as did an appreciation for classical art, literature and, finally, the classical scholar Confucius, who had been vilified by the Maoists. Mr. Ryckmans translated, into English, the “Analects,” the collection of sayings attributed to Confucius.
Yet he did not change with the times. “It was difficult to get Pierre to accept that real, sustainable and positive changes had occurred in the China of the period of ‘reform and opening,’ ” Mr. Rudd said.
More than a Sinologist, Mr. Ryckmans was also a formidable European man of letters, earning doctorates in law and art in Belgium, said Richard Rigby, a China scholar and Mr. Ryckmans’s brother-in-law. His lectures, he added, brought the best of both worlds together.
“He could look at a Chinese painting or maybe something by Orwell and essays by Montaigne and put them all together into a coherent whole,” Mr. Rigby said.
Mr. Ryckmans also wrote a novel, “The Death of Napoleon,” which imagines the deposed emperor escaping from exile on St. Helena and making his way back to France. First published in France in 1986 and then in English in 1992, it was hailed as “an extraordinary book” by the novelist Penelope Fitzgerald, writing in The New York Times Book Review, and adapted into a film, with Ian Holm and Hugh Bonneville, in 2002.
Mr. Ryckmans was a frequent contributor to The New York Review of Books, Le Monde and other periodicals and the recipient of several literary prizes.
He was born on Sept. 28, 1935, in Brussels. Besides his daughter, he is survived by his wife; his sons Marc, Etienne and Louis; and two grandchildren.
He also taught at the University of Sydney and spent his later years writing and sailing. A collection of his essays, “The Hall of Uselessness,” discussing topics as far-ranging as “Don Quixote” and Confucius, was published in 2011.
In “Chinese Shadows,” Mr. Ryckmans wrote that even though Mao and his acolytes would leave the scene, and there would be an inevitable relaxation of authoritarian rule, the fundamental characteristics of Communist rule would not change.
“Among various descriptions of Communist China made at different times, one may note differences,” he wrote, “yet if these descriptions have been made conscientiously and perceptively, they will show more than ephemeral journalistic truths, for modifications will be in quantity, never in quality — variations in amplitude, not changes in basic orientation.”
A version of this article appears in print on August 15, 2014, on page A21 of the New York edition with the headline: Pierre Ryckmans, 78, Dies; Exposed Mao’s Hard Line.

Eleicoes 2014: pesquisas eleitorais

Estudo aponta vitória de Aécio no segundo turno. Resta ver como a eventual entrada de Marina diretamente como candidata à Presidência poderia alterar radicalmente o panorama eleitoral.
Maurício David

MACROMÉTRICA PROJETA PROBABILIDADE ELEITORAL COM MODELO ESTATÍSTICO USADO NOS EUA
Valor Econômico, 12/08/2014

1. Para fazer a projeção, a Macrométrica usou o esquema de análise de Nate Silver, o editor-chefe do site "FiveThirtyEight". Silver ficou famoso por ter acertado o resultado de todos os 50 Estados na eleição presidencial americana de 2012, quando Barack Obama se reelegeu, ao vencer Mitt Romney.  O relatório pede cautela. Segundo o texto da consultoria do ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes, ela "corre riscos em função de eventual repúdio do eleitorado à política em geral e de uma eventual perda de competitividade de Aécio, afetando seu fator de conversão (o percentual de eleitores que não votou no tucano no 1º turno e o faz no 2º)".
       
2. Aí entra "a única hipótese arbitrária nesse exercício de projeção, que não sai diretamente da pesquisa eleitoral", segundo a Macrométrica - o percentual de eleitores não comprometidos com nenhum dos dois candidatos que vai permanecer assim até o fim da eleição. Na primeira simulação, esse percentual é fixado em 4%, próximo aos 4,2% registrados na eleição de 2006. Números do TSE, porém, mostram que o total de votos em branco e nulos naquela disputa foi de 6%.
           
3. Para chegar à previsão sobre o 2º turno, a consultoria calcula os fatores de conversão para estimar como seriam distribuídos para Aécio e Dilma os votos que no 1º turno não foram para nenhum dos dois. No Ibope, dos 17 pontos percentuais que migram para ambos, 23,5% - ou 4 pontos percentuais - vão para Dilma e 76,5% - ou 13 pontos percentuais - para Aécio.  "Esses fatores de conversão são parâmetros-chave para a projeção", destaca a Macrométrica, notando que, na sua hipótese, os 39% eleitores não comprometidos vão cair para 4% no 2º turno, um recuo de 35 pontos percentuais. Mantido o mesmo fator de conversão no Ibope, Dilma ficaria com 8,2 pontos percentuais dos 35 pontos e Aécio, com 26,8.
           
4. "O resultado é a vitória de Aécio com 49,8% dos votos, contra 46,2% para Dilma e 4% de VNC (votantes não comprometidos). Como os VNC nunca são considerados na apuração do resultado final, a vitória de Aécio seria com 51,8% contra 48,2% de Dilma, ou seja, por diferença de 3,6 pontos percentuais."   O relatório estima ainda que, se mais de 11% dos eleitores não escolherem nenhum dos dois no 2º turno, Dilma ganhará de Aécio. Isso pode ocorrer "se a falta de empolgação dos eleitores com a campanha representar repúdio à maneira como a política é feita", diz o relatório. Nesse cenário, o total de votos em branco ou nulos será maior do que o normal.
           
5. "Outro ponto de vulnerabilidade da projeção está nos fatores de conversão", afirma a consultoria. Se o fator de conversão de Aécio ficar abaixo de 71,5%, Dilma ganharia mesmo se apenas 4% dos eleitores não votar em nenhum dos dois no segundo turno. "Aconselha-se, portanto, acompanhar as pesquisas com cuidado antes de soltar fogos para qualquer candidato."

===========

BRASIL - Um Novo Rumo para as Eleições
Ilan Goldfajn - Economista-Chefe
Pesquisa macroeconômica - Itaú, 14/08/2014

O Brasil lamentou nesta quarta-feira a morte de Eduardo Campos, um político de 49 anos, presidente do PSB (Partido Socialista Brasileiro), ex-governador de Pernambuco e candidato presidencial sob a coligação Unidos pelo Brasil. Eduardo Campos morreu em um acidente aéreo, saindo do Rio de Janeiro em direção a Santos, no litoral de São Paulo, onde ele participaria de uma reunião com empresários, como parte da campanha. Logo na noite anterior, Campos havia dado uma entrevista ao Jornal Nacional, o noticiário de maior audiência no país. Seu falecimento é uma grande perda para sua família, amigos, e para o Brasil, que perde um líder jovem, ativo e importante. Oferecemos nossas mais sinceras condolências e estamos profundamente entristecidos por este evento trágico.

Eduardo Campos estava em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos. Seu partido tem dez dias para registrar (ou não) um candidato substituto. Uma possibilidade é que Marina Silva, candidata a vice-presidente de Campos, ocupe seu lugar. Marina Silva concorreu à presidência nas eleições de 2010 e obteve 19,4% dos votos. Anteriormente, ela havia sido ministra do Meio Ambiente no governo do presidente Lula, de janeiro de 2003 a maio de 2008. Marina Silva vinha tentando formar seu próprio partido (REDE), mas não foi capaz de cumprir as exigências dentro do prazo. Ela decidiu unir-se ao PSB de Eduardo Campos.

O sucesso de Marina Silva em 2010 foi concentrado principalmente nos grandes centros urbanos. Ela não chegou a vencer em nenhum estado, com exceção do Distrito Federal, mas ficou em segundo lugar no Rio de Janeiro, Pernambuco, Amapá e Amazonas.

Em abril de 2014, Marina apareceu na pesquisa Datafolha com 27% das intenções de voto, atrás de Dilma Rousseff (38%) e à frente de Aécio Neves (16%). Na mesma pesquisa, Eduardo Campos apareceu em terceiro lugar, atrás de Aécio Neves. Logo após os protestos de junho de 2013, a pesquisa do Ibope mostrou Marina em um empate técnico com a presidente Dilma Rousseff em uma simulação de segundo turno (Dilma = 35%, Marina = 34%). Na última pesquisa Datafolha (meados de julho) Eduardo Campos apareceu com 8% dos votos, atrás de Dilma (36%) e Neves (20%). Numa votação de segundo turno entre Neves e Dilma, 55% dos eleitores de Eduardo Campos escolheriam Aécio Neves, enquanto 26% escolheriam Dilma.

Se Marina for confirmada, as chances de a eleição chegar ao segundo turno aumentam, já que é provável que ela obtenha votos daqueles que hoje estão indecisos ou disseram que votariam em branco ou nulo. Além disso, as chances de uma vitória de Dilma caem, pois Marina possui mais intenções de voto do que Campos, e sua candidatura viria após um evento trágico de grande repercussão nacional.

Um dos principais assessores econômicos de Marina, Eduardo Giannetti da Fonseca, defende a recuperação da "credibilidade e consistência do 'tripé' macroeconômico, com superávit primário, taxa de câmbio flutuante e autonomia do banco central." Ele também defende uma nova agenda de reformas microeconômicas, com o princípio básico da "horizontalidade", ou seja, políticas destinadas a todos os setores simultaneamente, ao invés de políticas específicas para setores específicos. (Entrevista ao Estado de S. Paulo, 23 de fevereiro de 2014).

O próximo passo importante no processo eleitoral será a escolha que o PSB fará sobre a manutenção ou não de um candidato presidencial. Caso decida manter um candidato na cédula de outubro, o partido terá que realizar uma convenção para ratificar o candidato, além de um candidato à vice-presidência, e a coligação. Lembrando que já na próxima terça, 19 de agosto, o horário eleitoral gratuito terá início na TV e no rádio.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Governo companheiro: um caloteiro como Nunca Antes

Tesouro atrasa repasse de R$ 19,5 bilhões a programas sociais

Do montante, R$ 17 bilhões já deveriam ter sido transferidos ao FGTS e outros R$ 2,5 bilhões ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)

O Tesouro Nacional tem atrasado a transferência de 19,5 bilhões de reais a dois fundos ligados a programas sociais: o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Segundo informações do jornal O Globo, esse dinheiro está depositado, ainda, no caixa único do Tesouro, numa estratégia que ajudaria o governo na conta do superávit primário, que é economia feita para o pagamento dos juros da dívida.
Deste total, 17 bilhões deveriam ter sido transferidos ao FGTS e o atraso pode, segundo fontes de O Globo, prejudicar as contratações de novas moradias a médio e longo prazo, uma vez que é permitido usar parte do fundo para compra de imóveis. A expectativa é que o assunto seja discutido no Conselho Curador do fundo na semana que vem. Cerca de 10 bilhões do montante devido ao FGTS diz respeito à contribuição adicional das demissões sem justa causa que o Executivo retém desde 2012. Outros 7 bilhões são de subsídios do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). O desconto no preço dos imóveis do MCMV é arcado, em grande parte, pelo FGTS.
No caso dos 2,5 bilhões devidos ao FAT, existe uma previsão de que, em caso de atraso no repasse, a Caixa Econômica arque com a despesa e depois cobre a conta do Tesouro, com correção. O FAT é responsável por benefícios sociais como o Bolsa Família e o seguro-desemprego.
O problema é que a Caixa está sendo prejudicada pelo movimento e já foi questionada  pelo Banco Central sobre as discrepâncias em seu balanço. Ela é responsável pelos pagamentos de benefícios sociais, mas a maior parte deles é financiada com dinheiro do Tesouro Nacional e uma minoria com recursos de Estados e municípios. Entre julho de 2013 e julho deste ano, só o pagamento do seguro-desemprego já teria tomado 2 bilhões de reais de seu caixa.
Diante do impasse, a Caixa recorreu à Advocacia-Geral da União (AGU), que, por sua vez, criou uma câmara de conciliação entre ela e a União. Segundo fontes, a Caixa quer se respaldar juridicamente para fazer frente aos questionamentos do BC. No centro dessa discussão, segundo o jornal Folha de S. Paulo publicou na quarta, está um valor superior a 1 bilhão de reais que ficou preso nos cofres do Tesouro em abril. 
Procurado pelo jornal, o Tesouro disse que os repasses para benefícios sociais, como o Bolsa Família, seguem a programação financeira e que não há anormalidade de transferência. Mas, não se pronunciou sobre o atraso nos repasses ao FGTS. 
Superávit - Neste ano, a meta do governo é economizar 99 bilhões de reais, o equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) para pagamento dos juros da dívida (superávit primário). Contudo, até junho, só havia conseguido um saldo positivo de 29,38 bilhões de reais. 

Argentina, 7 vs Brasil, 5: perdemos no concurso das moratorias

Apesar de ganharmos amplamente na corrida inglória de destruir e enterrar moedas, com 8 a 5 para o nosso infeliz registro, ainda estamos perdendo no concurso das moratórias. Os argentinos conseguiram ser mais caloteiros.
Parabéns, continuem assim...
Paulo Roberto de Almeida 
Una lágrima por Argentina
La última suspensión de pagos de Argentina plantea cuestiones inquietantes a los encargados de la formulación de políticas. Es cierto que las periódicas crisis de deuda de este país son a menudo consecuencia de políticas macroeconómicas destructivas, pero esta vez el desencadenante de la suspensión de pagos ha sido un cambio importante en el régimen internacional de la deuda soberana.
Dicho cambio favorece a los acreedores intransigentes en el caso de las emisiones de bonos regidas por la legislación de Estados Unidos. Al aminorarse el crecimiento de los mercados en ascenso y aumentar la deuda exterior, unas nuevas interpretaciones jurídicas que dificulten más las reestructuraciones y las futuras reprogramaciones de la deuda no son un buen augurio para la estabilidad financiera mundial.
En esta historia no hay héroes y, desde luego, no lo son las autoridades de Argentina, que hace un decenio intentaron imponer unilateralmente una generalizada reestructuración en gran escala a los titulares extranjeros de bonos. Los economistas que pregonaron el "consenso de Buenos Aires" como la nueva forma de dirigir las economías también resultan ridículos a posteriori. El Fondo Monetario Internacional (FMI) reconoció hace mucho haber concedido demasiados préstamos para intentar salvar la insostenible vinculación de Argentina con el dólar cuando se desplomó en 2001.
No es la primera vez que una suspensión de pagos de Argentina ha alterado los mercados internacionales de capitales. Según el cuadro que Carmen Reinhart y yo compilamos en nuestro libro de 2009 Esta vez es distinto, Argentina ha suspendido pagos en siete ocasiones anteriores: en 1827, 1890, 1951, 1956, 1982, 1989 y 2001.
Argentina puede ser casi tan famosa por sus suspensiones de pagos como por sus equipos de fútbol, pero de ningún modo es la única al respecto. Casi todos los países con mercados en desarrollo han experimentado problemas recurrentes en materia de deuda soberana. Venezuela es el que ostenta la plusmarca en la época contemporánea con 11 suspensiones de pagos desde 1826 y posiblemente otras por venir.
En 2003, en parte como reacción ante la crisis argentina, el FMI propuso un nuevo marco para la adjudicación de deudas soberanas, pero esa propuesta chocó con la firme oposición no sólo de los acreedores que temían que el FMI se mostrara demasiado comprensivo para con los deudores problemáticos, sino también de los mercados emergentes que no preveían un riesgo a corto plazo de que se dejara de confiar en su solvencia. Los prestatarios solventes estaban preocupados ante la posibilidad de que, si se suavizaban las sanciones por incumplimiento, los acreedores exigieran tipos mayores.
Recientemente, como consecuencia de una reconsideración de los préstamos del FMI a la periferia de Europa (y a Grecia en particular), el Fondo ha propuesto otro planteamiento para la reprogramación de la deuda que podría ser más fácil de aplicar. El FMI reconoce ahora que, en realidad, se estaba utilizando la mayor parte de su financiación para que no tuvieran pérdidas los acreedores a corto plazo. A consecuencia de ello, no había dinero suficiente para ayudar a suavizar los recortes presupuestarios impuestos por la repentina paralización de la financiación extranjera.
La experiencia de la reciente crisis de la zona del euro presenta un marcado contraste con la crisis de la deuda latinoamericana en el decenio de 1980, cuando no se permitió que los bancos se apresurasen a librarse de sus préstamos. Si se aprueba la nueva propuesta, el FMI denegaría fondos, con condiciones, a los países que tengan cargas de deuda cuya insostenibilidad considere muy probable el personal del FMI; los acreedores tendrían que acceder primero a "reconfigurar" la deuda.
Lo de reconfigurar la deuda es un eufemismo por reestructurar la deuda, lo que permite a los países endeudarse para con los acreedores existentes durante periodos más largos y con tipos de interés menores de los que podrían encontrar en el mercado abierto. Aunque dista mucho de estar claro si le resultaría fácil al FMI mantenerse firme frente a los acreedores muy exigentes, la nueva política, en caso de que se adoptara, endurecería el planteamiento por parte del Fondo de los casos en que se ve repetidas veces aportando dinero bueno para intentar salvar lo insalvable.
En la actualidad, Estados Unidos parece reacio a secundar la propuesta del FMI. Evidentemente, las autoridades estadounidenses están convencidas de que en algunas situaciones la geopolítica prevalece sobre la economía (lo que se refleja, por ejemplo, en la reciente reincorporación del FMI a Ucrania, después de una serie de programas fallidos).
Esa resistencia americana es desafortunada. Sería mucho mejor que Estados Unidos buscara, sencillamente, formas de organizar simples donaciones en casos excepcionales, como el de Ucrania, en lugar de estructurar el sistema financiero internacional en torno a ellos.
En vista de las complicaciones recurrentes para la resolución de contratos de deuda soberana en tribunales extranjeros y de la incapacidad del mundo para organizar un procedimiento fiable y justo en los casos de quiebras extranjeras, tal vez la mejor idea sea la de orientar la mayor parte de las corrientes internacionales de deuda hacia los tribunales de los países deudores. Hace 25 años, Jeremy Bulow y yo hicimos una propuesta de ese tipo; ése sigue siendo el planteamiento correcto.
En ese caso, los países interesados en endeudarse con grandes cantidades en el extranjero deberían crear entidades que prometieran devolver los préstamos de forma fiable. En general, la experiencia respalda ese método. De hecho, el enorme aumento en los últimos años de la emisión de deuda nacional de los países emergentes ha contribuido a reducir las tensiones en los mercados (si bien la continua dependencia de la deuda extrajera en que se encuentran las empresas sigue manteniendo a muchos países en una situación de vulnerabilidad).
Pero el endeudamiento interno no es una panacea. Creer que cualquier país que emita deuda en su propia divisa carece de riesgo, mientras el tipo de cambio sea flexible, resulta asombrosamente ingenuo: entre otras cosas, porque sigue existiendo riesgo de inflación, en particular en el caso de los países con instituciones fiscales débiles y grandes cargas de deuda.
Aun así, el último trauma de Argentina en materia de deuda muestra que el sistema mundial de renegociaciones de deuda soberana sigue necesitando urgentemente una reparación. Es absolutamente necesario reforzar los mercados nacionales de deuda y tal vez hacer cambios en el sentido propuesto por el FMI.
Traducido del inglés por Carlos Manzano.
Kenneth Rogoff, ex economista jefe del FMI, es profesor de Economía y Política Pública en la Universidad de Harvard.
© Project Syndicate, 2014.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...