segunda-feira, 20 de julho de 2015

Cruzeiro do Sul: a realidade e a ficcao mercosuliana, em galaxias diferentes

Este é o Cruzeiro do Sul, o real, aquele que está ao alcance dos olhos de todos (em países e cidades não muito poluídos), tal como ele pode ser visto até mesmo sem telescópio, a partir do Brasil, do Mercosul, dos países do Sul em geral:





Todos os demais países do hemisfério sul possuem a mesma percepção do cruzeiro do sul, enquanto constelação, na qual se destaca um estrela intermediária situada à direita, olhando de face, do braço principal da suposta cruz. Por que só o Brasil faz ao contrário?


Nas informações disponíveis em espanhol sobre a famosa constelação, outra não é a posição da quinta estrela, como se pode constatar pela imagem abaixo:


Agora confiram o cruzeiro do sul da casa da moeda do braziu, na capa do novo passaporte que supostamente deve durar dez anos, e que é feito inclusive em nome do mercosul, esse fabuloso bloco de integração, que vive em alguma galáxia distante.
Paulo Roberto de Almeida

Republica Federativa do Escracho? - Marli Goncalves

ESCRACHO, TEU NOME AGORA É BRASIL
MARLI GONÇALVES, 18/07/2015

Digam-me: há palavra melhor para definir o que está acontecendo nesse país para tudo quanto é lado que se olha? Temo que não. Escracho, em todos os seus mais variados sentidos. Um escracho. Um escracha o outro. Nós escrachamos todos. O juiz escracha uns. Os políticos se escracham entre si. O ex escracha a atual. Eu escracho certas pessoas, de um lado, junto de vocês, que também escracham outros e outros; quando não os mesmos, que todos estão se esculachando felizes da vida. Virou Babel


Na boa, isso aqui virou uma esculhambação total. Que até teria um lado divertido se nós também não estivéssemos sendo grandes vítimas desse processo todo. Volto a pensar se não é alguma coisa que estão pondo na água, tão desmedida e pouco produtiva está essa já muito vergonhosa esculhambação geral que assola o Brasil, e que ultrapassa em muito o antigo Febeapá - o festival de besteiras.

Desde muito criança tinha na Dercy Gonçalves, a Rainha do Escracho com faixa e tudo, e a quem se associa imediatamente a palavra, uma ídola. Imaginava até na minha cacholinha que ela bem que podia ser minha parente. Adorava vê-la fazendo aquelas caras de esgares, a boca de caçapa, da qual vertiam impropérios e impropérios. Adorava, não. Adoro ainda, porque a cada dia que passa ela está mais atual, embora tenha morrido há exatos 7 anos, completados agora neste 19 de julho. Na época, assistia a ela onde aparecia, na tevê; enchi e bati pé para que me levassem ao teatro para vê-la e, já jornalista, sempre que podia tentava ouvi-la sobre algum acontecimento.

Imaginam o que ela diria se estivesse acompanhando o atual momento político nacional? Bippi, xxx, bi,bi,biiii, asteriscos - certamente tudo seria impublicável, tantos falsos moralistas estamos criando sobre este chão e que ela apontaria satisfeita. O engraçado é que sei que ela era até meio reacionária depois de tudo o que passou para se firmar na vida artística, mas imagino o que diria agora ouvindo os discursos da presidente, a falação (ah, aqui ela trocaria uma letra, certamente) das CPIs que a cada dia mais parecem espetáculos burlescos de um cabaré viciado, vendo os cabelos asas de graúna tentando se explicar se roubaram mas não sabiam. Depois de tanta luta pelo respeito à mulher artista, queria saber o que ela pensaria da glamorização absurda da prostituição. Dos pitacos religiosos de plantão. Da gargalhada que soltaria acompanhando os passos da oposição. Ou o topete do prefeito modernudo que se acha o coco da cocada (aqui, ela poria um acento, ah, poria sim).

Imagino-a falando a palavra impeachment de todas as formas, menos a normal, e terminando com um sonoro palavrão e gargalhada sempre. Achei um relato, achei sim, de um centro espírita, onde ela teria "baixado" e os médiuns a repreenderam por todos esses palavrões ditos durante toda a sua vida, e até sobre os oito abortos que sempre admitiu ter feito. Não acreditei que esse espírito era ela mesmo, não xingou ninguém nesta sessão! Acho que a gente quando morre leva pro espírito o que temos de melhor.

Pena que Dercy não tenha vivido esses 108 anos completos; só 101. Embora antes de morrer já tenha visto o país começar a virar uma curva esquisita, não imaginaria como tanta coisa se degringolaria e tornaria difícil até diferenciar o ético, o saudável, o progresso quase forçado dos costumes. Veria sendo mantidos os destratos, o racismo, a homofobia, a violência contra a mulher, esse gênero que sempre tem alguém controlando o que faz com a vagina, seus buracos, diria Dercy. "A perereca da vizinha tá presa na gaiola! Xô, perereca! Xô, perereca!"

"Represento exatamente o escracho do Brasil", disse certa vez, completando: "Eu posso ser escrachada, mas não sou bandalha". Não era mesmo, Dercy. Bandalha é essa gente que está comandando cadeiras importantes de vários poderes.

E escracho é o que estão fazendo primeiro para perguntar depois - polícia escracha; imprensa escracha. A gente escracha, mostra o quão desmoralizados são, não usamos mais nem meias palavras para nos referir até às pessoas às quais deveríamos guardar certo pudor, certo respeito. Mas elas próprias também se escracham, e acabam desmascaradas em seus atos. Provocam nosso escrachamento.

Escracho aqui é tão escracho e tem tanto que perde até um de seus sentidos, o político, aquele de ser o protesto que se faz diante da casa de quem desrespeita os direitos humanos.

Afinal, é ou não é um escracho esse mundo estar dividido em partes? PT e os outros. O PT também estar em polvorosa, o PT puro e o sujo? As debandadas sem ideologia para viver. A oposição apoiar o Eduardo Cunha que é uma síntese do atraso? Cada um correndo para um lado? O país à deriva? O ordenamento jurídico sendo estilhaçado numa primeira instância; juiz endeusado e promovido a herói?

Em cima desse palco tem muita gente, e o assoalho não está firme. Tem ator querendo matar outro para pegar o papel. Nem tudo se pode falar. Nas coxias tem gente sabotando até a comida do camarim. E isso não é uma comédia. Está mais para ópera bufa.

Falta uma Dercy para falar umas poucas e boas - definitivas - ela sim, escracharia de verdade tudo isso, com seu palavrório picante.

São Paulo, 2015.


Marli Gonçalves é jornalista -- - - As pessoas que falavam as verdades na lata, com linguagem pro povo entender, sem rodeios, nos deixam e não estão sendo substituídas. Dá saudades. Da Dercy, de Adoniran, de Cazuza. Esses tantos que merecem ser lembrados, porque nos ajudariam agora pelo menos a escrachar mais bonito.
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E-mails:
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marligo@uol.com.br

Ex-SG do MRE ganha 56 mil para dizer que a politica do governo para o Mercosul continua perfeita

Nunca antes no Brasil, um dinheiro público foi tão pouco merecido (salvo as consultorias da empresa JD, claro, mas essas e outras fazem parte do mundo dos crimes petralhas, que ainda não haviam alcançado o Itamaraty).
Pois alguém imagina que o SG SPG vai dizer alguma coisa de diferente do que vem sendo feito até aqui, e que foi ele mesmo quem concebeu, junto com o aspone da PR?
Impossível. Ou seja, esperam o Mercosul afundar mais um pouco...
Paulo Roberto de Almeida

Dilma contrata ex-ministro de Lula para estudos sobre Mercosul e Brics
16/07/2015 12h46

A secretaria-geral da Presidência da República fechou a contratação do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto para propor subsídios técnicos envolvendo a integração regional e extrarregional do Brasil no Mercosul (Mercado Comum do Sul), Unasul (União de Nações Sul-Americanas), Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

O valor do contrato é de R$ 56 mil após a entrega e aceitação dos produtos contratados, e tem vigência entre oito de julho de 2015 e 31 de dezembro de 2015.

Ligado ao PT, Guimarães foi secretário-geral do Itamaraty no governo Luiz Inácio Lula da Silva. No governo de Fernando Henrique Cardoso, o embaixador fazia duras críticas as negociações para formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Guimarães acabou afastado pelo então chanceler Celso Laffer de um cargo no ministério responsável pelo desenvolvimento de estudos e pesquisas.

Desde então, ele se tornou uma referência da esquerda e gozava de acesso direto a Lula. Entre 2009 e 2010, foi ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE); em 2011, já no governo Dilma Rousseff, assumiu o cargo de alto representante do Mercosul.

O extrato do contrato 2015/000118 está publicado no "Diário Oficial da União" (DOU) desta quinta-feira, com o seguinte objeto: "Contratação na modalidade de produto, de profissional especializado para subsidiar a Secretaria-Geral da Presidência da República para propor subsídios técnicos que permitam desenvolver ações e estratégias para a formação teórico-conceitual acerca dos fundamentos da integração regional e extrarregional do Brasil, como também qualificar e aperfeiçoar a participação da sociedade brasileira no contexto dos organismos e mecanismos de integração - MERCOSUL, UNASUL, CELAC e BRICS".
Leia mais em: http://zip.net/bdrC4G

Alemanha nazista: o telegrama que empurrou Hitler ao suicidio (Le Monde)

Etats-Unis : découverte du télégramme qui a poussé Hitler au suicide

Le Monde, Jeudi 16 Juillet 2015
Etats-Unis : découverte du télégramme qui a poussé Hitler au suicide
Tombé aux oubliettes, le télégramme qui a marqué la fin du IIIème Reich a été retrouvé aux Etats-Unis. Il vient d'être vendu aux enchères près de 55 000 dollars.
Alors que le monde fête cette année le 70 ème anniversaire de la Seconde Guerre Mondiale, un détail important a refait surface. Selon le magazine en ligne Slate, il s'agit d'un télégramme écrit par Hermann Göring, commandant en chef de la Luftwaffe, qui aurait précipité le suicide d'Adolf Hitler, le 30 avril 1945. Tombé dans l'oubli, le document est réapparu aux Etats-Unis pendant une vente aux enchères le 11 juillet dernier, dans l'Etat du Maryland. Il a été cédé à un acquéreur anonyme pour la modique somme de 54 675 dollars alors que la prix de départ de la vente était à 15 000 dollars. Le télégramme en question faisait partie de nombreux dossiers, tous récupérés dans le bunker du Führer par le capitaine américain Benjamin Bradin en 1945. Plus d'un mois après le suicide d'Adolph Hitler découragé par son impuissance face aux Alliés, les troupes américaines avaient pris possession de plusieurs points stratégiques des forces de l'Axe. Conservé dans une banque locale en Caroline du Sud (USA), le document n'a été découvert qu'en 1958 par le fils du capitaine, James Bradin. 

Un document historique
James, alors "étudiant et futur colonel de l'armée", a apporté le télégramme à son professeur, Robert Rieke. D'après Slate, ce dernier s'est "(rendu) compte de son importance historique".
 Dans le message envoyé au Führer, Hermann Göring qui s'inquiète pour la situation d'Hitler et sa succession, rappelle à ce dernier qu'il peut disposer des pleins pouvoirs si cela s'avère nécessaire (décret du 29 juin 1941): "vous avez mentionné certaines décisions pour moi et souligné que je serais, si des négociations devenaient nécessaires, en meilleure position que vous à Berlin (...) (si) vous avez perdu votre liberté d'action".
Hitler aurait ainsi mis fin à ses jours, désespéré par sa défaite face aux Alliés et par la trahison de son commandant.

domingo, 19 de julho de 2015

Venezuela-EUA: contatos intimos de primeiro grau - Francisco Toro

Parece incrível: o homem que o FBI e a DEA querem capturar, por seu papel no tráfico de drogas entre Colômbia-Venezuela e os EUA,  encontra amigavelmente o representante do império no Haiti…
Parece que hipocrisia é o outro nome da diplomacia...
No Brasil, como  escreveu um leitor deste blog, e deste post, existe menos pudor em receber o traficante: http://cristalvox.com.br/2015/06/13/secretamente-dilma-recebe-o-maior-traficante-da-venezuela-diosdado-cabello-e-o-chefe-do-cartel-dos-sois/
Paulo Roberto de Almeida

Making Sense of the Shannon-Diosdado Confab


image-2014-11-10-18513179-70-jackson-diehl-washington-postWashington Post op-ed columnist Jackson Diehl has the first comprehensible account of what the effing eff Senior State Department official Thomas Shannon was doing in Haiti a week ago meeting Venezuela’s druglord-parliamentarian Diosdado Cabello.
In Diehl’s telling, Shannon’s key goals were to save Leopoldo López’s life and to help ensure fair legislative elections this year as a way of engineering a soft-landing for the regime.
If so, well done Mr. Shannon!
But Diehl also stresses that allowing meaningful international monitoring of this year’s elections was a key U.S. demand in Port-au-Prince. In her announcement today, Venezuelan elections chief Tibisay Lucena implied that only UNASUR would be invited, and then only to “accompany” the elections.
There are multiple problems with that. First off, UNASUR – the Union of South American Nations – was founded by Chávez and is widely seen as pliant to the Venezuelan regime. What’s more, “accompaniment” is not “monitoring”. Even the Carter Center – not exactly a full-throated CNE critic – has declined to participate in “accompaniment” missions in Venezuela, noting that:
The concept of accompaniment differs from observation in that the purpose of accompaniment is to invite foreign individuals to witness the day of the election with a largely symbolic political presence, while the purpose of observation is to invite international organizations to comprehensively assess an electoral process to enhance the integrity of the voting process, contribute to voter confidence, and inform the international community and domestic stakeholders. (Emphasis added.)
Ni es lo mismo ni es igual.
In short, whether UNASUR accompaniment will meet Shannon’s demand for meaningful, impartial international election observers seems very much open to question.

Esquizofrenia tributaria e desequilibrios regionais no Brasil - Roberto Lacerda

O trabalho abaixo reproduzido evidência as imensas distorções tributárias e de redistribuição de recursos, via Estado e políticas fiscais e orçamentárias, entre estados pagadores líquidos e estados recebedores líquidos no Brasil. Sabíamos que isso existia, mas os dados ainda não tinham sido quantificados precisamente, o que agora foi feito. Seria interessante seguir essa questão ao longo do tempo, ou seja, como essas proporções evoluíram desde, digamos, 1990, para refletir a nova Constituição e o seu novo ordenamento tributário e fiscal federativo e regional, e seguir com a mesma metodologia até o período recente. Se alguém souber de trabalhos desse tipo gostaria de ser avisado.
Os dados aqui coletados devem corresponder, no máximo, a 2012, e creio que a situação se agravou ainda mais em termos de disparidades na federação desde então, pois o governo federal, para garantir o seu curral eleitoral e o seu voto de cabresto nos estados dependentes da União, deve ter transferido ainda mais recursos em 2013 e 2014, mediante esses critérios de baixa política, o que se refletiu na concentração de votos na incumbente (além do terrorismo eleitoral feito pelo seu partido), deformando ainda mais o quadro apresentado abaixo.
O Brasil, decididamente, não é um país normal...
Mas, ainda que não contestando os números e valores, tenho várias discordâncias em relação à interpretação do autor, que faz uma análise muito simplista desses dados, com base numa suposta iniciativa privada no Sul-Sudeste e num intervenção estatal, real, no Norte-Nordeste, deixando de mencionar as políticas macroeconômicas e setoriais de âmbito nacional (câmbio, tarifas, subsídios às indústrias do Sul-Sudeste, entre várias outras), que aprofundaram as desigualdades regionais. É certo que há uma imensa diferença de produtividade e de especializações entre regiões pagadoras e recebedoras líquidas, mas as políticas do governo federal (macro e setoriais) aprofundaram as desigualdades e devem continuar a fazê-lo pelo futuro previsível.
Estimo ser praticamente IMPOSSÍVEL reverter essa situação pois a deformação da representação eleitoral, criada por Geisel durante o regime militar, concede um enorme sobrepeso às regiões e estados atrasados, que acham que estão "lucrando" em serem recipiendários líquidos de recursos federais, quando estão aprofundando o seu subdesenvolvimento. 
Outra discordância minha se refere à Zona Franca de Manaus, um elemento totalmente artificial no bolo tributário, assim como é Brasília (que o trabalho destaca e elimina da comparação) embora por outras razões. Depois eu desenvolvo meus argumentos.
Tudo isso não está refletido neste trabalho, nas caberia estudar a fundo a questão. Vou voltar ao assunto.
Paulo Roberto de Almeida 

Impostos: Estados Pagadores x Estados Recebedores

Nova série: “Livre Iniciativa x Intervencionismo”

Blog do Roberto Lacerda Barricelli, 30/11/2013


Saiba se o Estado onde você mora é um pagador de impostos federais, ou um recebedor. 

Dos 26 Estados mais o Distrito Federal, 11 são pagadores de impostos federais, ou seja, pagam muito mais do que recebem de volta, enquanto outros 15 são recebedores, ou seja, recebem mais recursos federais do que enviaram em impostos para a União. Os Estados pagadores estão majoritariamente no Centro-Oeste/Sul/Sudeste do país, com exceções a Pernambuco e Amazonas. Os demais Estados são recebedores e chegam a receber quase 400% mais recursos do Governo Federal do que pagaram em impostos ao mesmo. Veja a tabela abaixo:

EstadosPagadoreseRecebedores

Não incluo o Distrito Federal na conta de nenhum dos lados, apesar de aparecer como “pagador”, pois o cálculo dos impostos “pagos” pelo DF entra majoritariamente os “Impostos retidos na fonte” dos funcionários públicos da capital federal. O problema é que há mais funcionários públicos que privados (muito mais e falarei disso em outro artigo) e esses “impostos retidos na fonte” não passam de dinheiro do contribuinte que de outros Estados, que já estava nas mãos do Governo Federal e simplesmente não saiu dos cofres, logo, como pode ser contado como “nova contribuição”? 

Voltando! O que fica claro é o beneficiamento dos Estados que geram menos riqueza e consequentemente menos impostos, em detrimento daqueles que geram mais riquezas e impostos. São Paulo, por exemplo, recebeu menos de 10% em recursos federais do que enviou à União em impostos, ficando com um “rombo” de R$262.167.980.043,23 (essa é a diferença do entre o que o Estado de São Paulo gerou em impostos federais e o que recebeu de volta). Confira abaixo quanto de “lucro” tiveram os Estados recebedores e quanto de “prejuízo” tiveram os pagadores:

RecebedoresxPagadores

Obviamente uma pessoa menos atenta, ou mal intencionada, pode alegar que essa diferença serve para manter a estrutura federal, os serviços como as instituições de ensino federais e “reparar os erros históricos que deixaram os Estados recebedores na miséria”.

Primeiro, é óbvio que os Estados poderiam gerir todos os serviços que hoje são federais com muito mais competência e qualidade se ficassem com a maior parte daquilo que pagam em impostos. Segundo, esses mesmos serviços podem ser supridos com mais qualidade e menores custos pela iniciativa privada, através da desregulamentação da economia e corte de impostos (isenção em setores como educação e saúde) para propiciar a livre concorrência, pois quanto maior fora a concorrência, melhores e mais baratos os produtos e serviços devido à necessidade de competir para obter lucro, sendo a transferência do poder Federal aos Estados e dos Estados aos Municípios o primeiro passo para a facilitação do processo de transferência do sistema intervencionista para o Livre Mercado, pois é mais fácil desregulamentar, isentar e tomar as medidas necessárias se a decisão couber aos Municípios.

A autonomia dos Estados para gerir os próprios serviços e recursos facilitaria a autonomia dos municípios em fazer o mesmo, sendo então o Estado apenas o distribuidor dos recursos recebidos de acordo com o que cada município produziu.

Terceiro! Não há erros históricos, mas governos espoliadores e principalmente coronelismo que deixou tais regiões na situação atual. Não é culpa dos Estados mais ricos e desenvolvidos o subdesenvolvimento dos mais pobres. É uma tática antiga criar bodes expiatórios e colocar a culpa pelo próprio fracasso em terceiros, neste caso, a culpa de pobreza de uns, ser da riqueza de outros. São Paulo, Rio de janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e os demais Estados pagadores não causaram a miséria dos recebedores, sendo destes a culpa por tal.

Enquanto os cidadãos dos Estados pagadores geraram riqueza através da livre iniciativa, dos empreendimentos, das lavouras de café (por exemplo) e depois pelo pioneirismo na industrialização no país, os demais Estados permaneceram nas trevas do coronelismo e assistencialismo falso.

Alguns podem destacar o período da República do Café com Leite, durante o qual Minas Gerais e São Paulo se revezavam na Presidência da República, porém, poucos dirão que antes desse período ambos os Estados já despontavam como potências nacionais e que sua importância econômica justificava tal rodízio. Tanto que durante o período da crise do Café a economia nacional foi atingida e não só de São Paulo, sendo que o Governo na época comprou e queimou toneladas de sacas de café para valorizar o produto. Qual foi então a solução encontrada e aplicada após diversas discussões? A industrialização, levando a mão de obra do campo para a indústria e proporcionando através da experiência nas indústrias a qualificação necessária para futura valorização dessa mão de obra e que permitiu o desenvolvimento posterior do setor industrial brasileiro. Inclusive, foram justamente os barões do café os primeiro a investir na indústria “simples” como de calçados e tecidos, em São Paulo e Rio de Janeiro, com mão de obra dos imigrantes italianos (principalmente) que vieram para inicialmente trabalhar nas lavouras de café.

Depois, durante a Era Vargas (1930/1945), apesar de políticas protecionistas, populistas e regulamentadoras, houve uma melhora na industrialização brasileira, principalmente na região Sul/Sudeste. Neste ponto, volta o questionamento: “Viu só, um sulista beneficiando o Sul/Sudeste e por isso que este precisa ajudar no sustento do Norte/Nordeste”. Ora, porque logo no início da industrialização os coronéis na região Norte/Nordeste não investiram no setor? Eles tiveram a oportunidade e optaram por não fazê-lo, por diversos motivos que vão desde política até desconhecimento. Foi por mérito da região Sul/Sudeste que esta se desenvolveu no período, pois os fazendeiros, cafeicultores, banqueiros, entre outros empresários, não deixaram passar a oportunidade.

Quando Vargas “incentivou” a indústria nacional esta já se encontrava na região Sul/Sudeste, logo, esta acaba beneficiada por mérito de investimentos anteriores e não por um viés político específico. Ao final da Segunda Guerra mundial, a indústria brasileira se beneficia com o aumento das exportações, pois muitos países europeus estavam com suas indústrias arrasadas e novamente se beneficiou a região que já investia no setor há décadas.

Depois, ainda tivemos a abertura do país para o investimento estrangeiro no período de Juscelino Kubitschek (1956/1960), quando grandes Multinacionais como a General Motors e a Ford estabeleceram filias e instalaram montadoras no país, sendo a última instalada em 1957 no Bairro de Ipiranga no Município de São Paulo.

Porque nesse período os governos dos Estados do Norte/Nordeste não atraíram grandes multinacionais? Isso só foi ocorrer muitos anos depois quando o então Governador do Estado da Bahia Antonio Carlos Magalhães (um dos coronéis nordestinos e político que tenho enormes ressalvas) fez algo de certo e conseguiu atrair, em 1971, indústrias para o Estado (apoiado pelo Regime Militar) com destaque para as Petroquímicas na cidade de Camaçari. Antes disso, pouquíssimo havia de desenvolvimento industrial no nordeste, com concentração de pouquíssimas e fracas indústrias na capital do Pará (Belém) (que está mais próxima a região Norte).

Podemos então dizer que enquanto o Sul/Sudeste investia na industrialização desde o final do século XIX e principalmente no início do XX, o nordeste começou a passar pelo processo aceleradamente, em regiões específicas e com ajuda do Governo Federal a partir dos anos 70. Vejam, enquanto a livre iniciativa ajudou no desenvolvimento do Sul/Sudeste, a região Nordeste só entrou na “corrida” através de intervenção estatal. Enquanto o Sul/Sudeste hoje está bem mais desenvolvido e têm os Estados mais ricos da federação, a região Norte/Nordeste é mais pobre, pouco industrializada e conta com a maioria dos miseráveis no país. Isso mostra como a livre iniciativa é quem proporciona o desenvolvimento, enquanto a intervenção estatal gera atraso.

Portanto, o intervencionismo do Governo Federal no Norte/Nordeste é historicamente ruim para a região, exceto quando o Governo Federal diminui o intervencionismo, como ocorreu em Manaus, no Amazonas, com a criação da Zona Franca de Manaus (ZFM) em 1957 e concessão de benefícios fiscais em 1967 que tornaram hoje o Estado em um dos “pagadores de impostos”, ou seja, um dos que gera mais riqueza e impostos do que recebe em troca da União. Nesse caso o Estado ajudou, deixando de intervir e a livre iniciativa pode desenvolver a região a ponto de ser importante para todo o Estado.

Manter essa relação de Estados Pagadores e Recebedores é prejudicial ao desenvolvimento das próprias regiões, pois se retira os incentivos para que elas busquem o desenvolvimento e a geração de riqueza através do próprio esforço a partir do momento em que estão garantidas pela esmola do papai Estado, gerando uma eterna dependência dessas regiões em detrimento de seus cidadãos, principalmente os mais pobres.

Por Roberto Lacerda Barricelli

Revisão do Professor de História Fernando Cunha

Fontes:

– Receita da Fazenda Federal: Histórico de Arrecadação por Estado (2013)-http://www.receita.fazenda.gov.br/Historico/Arrecadacao/PorEstado/2012/default.htm

– Portal da Transparência do Governo Federal (Exercício 2013) –http://www.portaltransparencia.gov.br/PortalTransparenciaListaUFs.asp?Exercicio=2013&Pagina=1

– Sua Pesquisa: A Industrialização no Brasil (Referência) – http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/industrializacao_brasil.htm

– Ford do Brasil – http://www.ford.com.br/sobre-a-ford/historia

– InfoEscola: Zona Franca de Manaus (Referência) – http://www.infoescola.com/economia/zona-franca-de-manaus/

– Instituto Mises Brasil – http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=682

Meu tratado geral da mafia complementado pela realidade - Nelson Motta

Algum tempo atrás escrevi um "Tratado Geral da Máfia", disponível neste mesmo espaço.
A realidade veio dar nomes aos bois.
O Brasil enfrenta uma máfia. Vai deixar por isso mesmo?
Ao final artigo, transcrevo novamente meu mini-tratado de uma organização criminosa.
Paulo Roberto de Almeida 


NELSON MOTTA

Princípios, fins e meios

Em nome da ‘causa popular’ vale tudo, extorsão, suborno, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, agir como uma máfia para destruir os adversários e se eternizar no poder

Posso até acreditar que João Vaccari não ficou com um tostão dos pixulécos milionários que arrecadou para o PT na Petrobras. Mas isso não faz dele um guerreiro do povo brasileiro e nem é atenuante para seus crimes; é agravante.
Em países civilizados, de maior tradição jurídica do que o Brasil, como a Itália, a Alemanha e a Inglaterra, a motivação política é um agravante dos crimes, aumenta a pena. Porque o produto do roubo servirá para fraudar processos legais, para atentar contra as instituições democráticas, para prejudicar adversários políticos, e terá consequências na vida de todos os cidadãos que tiveram seus direitos lesados em favor de um plano de poder de um partido.
O ladrão em causa própria dá prejuízos pontuais a pessoas físicas ou jurídicas. O que usa o dinheiro sujo para fraudar o processo eleitoral e manipular a vontade popular, para corromper parlamentares e juízes, para impor o seu projeto político, causa irreparáveis prejuízos a todos porque desmoraliza a democracia, institucionaliza a impunidade e interfere — sejam lá quais forem as suas intenções — de forma decisiva e abusiva nos direitos e na vida dos cidadãos que sustentam o Estado.
Uma das mais nefastas heranças do PT no poder foi a institucionalização — e absolvição — do roubo com motivações políticas, com mensaleiros e tesoureiros corruptos ovacionados como guerreiros e heróis pela militância cega, surda e bem empregada. Por essa ética peculiar, em nome da “causa popular" vale tudo, extorsão, suborno, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, agir como uma máfia para destruir os adversários e se eternizar no poder. Em nome do povo, é claro...
É claro que na maioria desses “roubos políticos", chamados de “expropriação” no tempo da luta armada de Dilma e Dirceu, os guerreiros, diante de tanto dinheiro e tão fácil, não resistem a cobrar seu próprio pixuléco, como registram as históricas imagens de Waldomiro Diniz, braço direito de José Dirceu, pedindo a sua comissão de uma “doação” do bicheiro Carlinhos Cachoeira ao partido, no início da era Lula.
Esse tempo acabou, lugar de ladrão é na cadeia.
Nelson Motta é jornalista

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treze rápidos registros sobre um fenômeno persistente

Paulo Roberto de Almeida

1. A Máfia é uma associação entre iguais, sendo que alguns desses iguais são mais iguais que os demais.

2. Os mais iguais da Máfia são inimputáveis e, nessa condição, não reconhecem leis ou regras de não membros, ou de quaisquer outras origens, que pretendam torná-los imputáveis, o que retiraria, na visão deles, o prefixo deste último conceito. Os mais iguais ficam particularmente irritáveis com as limitações legais que os comuns tentam implementar e que possam contrariar os objetivos gerais da Máfia.

3. A Máfia é uma associação voltada exclusivamente para o seu interesse próprio. O interesse próprio da Máfia e dos mafiosos é o poder, de preferência absoluto, sua conquista e sua manutenção. Eventualmente, eles contam com aliados subordinados, contra quaisquer outras forças ou fatores que possam resistir aos seus objetivos.

4. A defesa do interesse próprio da Máfia é o dever principal e primordial dos iguais e dos mais iguais, sobre quaisquer outros objetivos gerais ou particulares de todos e cada um. Os mais iguais é que dispõem sobre o interesse da Máfia; os demais têm o direito e o dever de segui-los, mais o segundo do que o primeiro.

5. O objetivo geral da Máfia prima sobre os interesses individuais dos mafiosos, que, em nome da obediência estrita a esse objetivo primordial, a ele sacrificarão seus interesses pessoais em favor desse objetivo geral. Tal código de disciplina não é exclusivo da Máfia, sendo comum a determinadas associações corporativas, mas é nela implementado de maneira particularmente eficaz (por vezes hedionda, mas não destinada a ser do conhecimento de almas sensíveis ou de menores de idade).

6. Em contrapartida à fidelidade absoluta e obediência cega às suas principais regras, os membros da Máfia dela recebem total solidariedade, em quaisquer circunstâncias, mesmo quando temporariamente ausentes – geralmente contra a sua vontade – das atividades concebidas e implementadas em favor do objetivo geral da corporação.

7. Os mais iguais constituem uma família original ou forjam laços similares aos de uma família, havendo solidariedade implícita entre os seus membros, que respondem pelo comportamento de qualquer um dos demais integrantes da família. Os menos iguais terão de ter seu estatuto aprovado por alguma família, antes de poderem ser reconhecidos como membros não originais da família maior, mas a ela deverão solidariedade e obediência, como igualmente exigido de qualquer membro original. Uma vez consolidado esse vínculo, ele se torna indelével e indestrutível.

8. Como em outras corporações da espécie, os membros da Máfia devem observar as normas de silêncio obsequioso e de estrito cumprimento às ordens dos mais iguais, observadas as regras de disciplina e de hierarquia que costumam imperar nesses meios. A não observância dessas regras pode submeter o inadimplente às sanções habituais em vigor na Máfia, eventualmente de forma definitiva.

9. A Máfia não professa qualquer religião que não a sua própria, que é estritamente confessional e baseada nas regras gerais e nos princípios da Máfia. Os mais iguais são os altos sacerdotes dessa religião laica, que não possui textos sagrados nem ritos particulares, apenas aqueles que são fixados aleatoriamente pelos mais iguais. A Máfia só deve obediência a um deus: o seu próprio interesse totalitário de manter, ampliar, preservar e eternizar o seu poder. Esse deus é particularmente vingativo.

10. A Máfia tampouco adere a um culto humano qualquer, a não ser ao da seleção determinista dos mais iguais, que devem ser preservados a despeito de quaisquer acidentes naturais e contra quaisquer imponderáveis da fortuna e da sorte. Os demais iguais, como formigas ou abelhas da comunidade, estão ali para preservar o poder dos mais iguais, e assegurar que a espécie tenha continuidade e expansão.

11. A Máfia não se vincula a qualquer ideologia política, a não ser a do seu interesse próprio, que pode conviver com diversas orientações no campo dos regimes políticos e dos sistemas econômicos. Numa analogia superficial, a Máfia se coaduna bem mais com regimes corporativos, fascistas, autoritários, ou mesmo totalitários, e menos com sistemas abertos e transparentes. A Máfia e os mais iguais não pretendem prestar contas de suas atividades e iniciativas a qualquer autoridade que não a dela.

12. Os membros da Máfia têm o dever de contribuir para o fortalecimento, sobretudo financeiro, da corporação, que assume várias formas associativas e identidades. Se algum membro da Máfia enfrentar dificuldades no mundo dos comuns, a corporação lhe presta total solidariedade em quaisquer circunstâncias, determinação ainda mais enfática no caso dos mais iguais, que podem contar com todos os recursos da Máfia. A contrapartida, seguida invariavelmente por todos os membros, é o silêncio e a proteção dos interesses da corporação, de seus negócios e de suas atividades.

13. A Máfia sempre tem razão, e essa razão é exclusivamente aquela expressa pelos mais iguais. Eventuais opiniões em contrário devem ser confrontadas, e seus emissores devem ser convencidos de que a verdade da Máfia é sempre a melhor, independentemente de quaisquer fatos contrários ou provas circunstanciais. Na ausência de convencimento, ou de reconhecimento explícito, a corporação e seus membros têm o dever de corrigir os recalcitrantes e os obstrutores da verdade da Máfia. Perdas colaterais, por vezes até internas, são admitidas nesse processo, que é estritamente controlado pelos mais iguais. A decisão última sobre a verdade da Máfia pertence aos mais iguais, mas, em última instância, quem decide sobre a melhor verdade é o mais igual dentre os mais iguais.


Pela exegese da organização:
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 2542: 7 de Dezembro de 2013


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