sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Percursos Diplomaticos com Emb. Seixas Corrêa, 16/08: ops, postergado uma vez mais...

Já é a terceira vez que este Percursos Diplomáticos, uma série de depoimentos com embaixadores aposentados que eu havia criado com o ex-diretor do Instituto Rio Branco, é postergado uma vez mais, por "razões de força maior": 


A primeira vez foi no início de 2018, quando o embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa, Secretário Geral do Itamaraty em duas oportunidades – a primeira vez sob o governo Collor, a segunda vez no governo FHC, ambas sob o comando de Celso Lafer –, teve de se submeter a uma intervenção cirúrgica, e combinamos de fazer na primeira oportunidade disponível. Como todas as demais datas – uma vez por mês nas sextas-feiras, quando os estudantes do Rio Branco tinham uma folga em sua pesada corveia estudantil – estavam ocupadas no ano passado, combinamos na primeira oportunidade em 2019. Eu, ainda diretor do IPRI, combinei com ele logo nos primeiros dias de janeiro, mas como ele viajaria para os EUA em fevereiro, acertamos de fazer logo depois do Carnaval, no começo de março. 

Mas, como todos os que me acompanham aqui sabem perfeitamente, o chanceler acidental – que coincide ser genro do emb. Seixas Corrêa – tomou-se de súbita fúria em plena segunda-feira de Carnaval, dia 4 de março, poucas horas depois que eu havia postado em meu blog Diplomatizzando uma palestra do embaixador Rubens Ricupero, complementada por um artigo do ex-chanceler e ex-presidente FHC, seguidos de uma violenta crítica que o chanceler improvisado fez aos dois num artigo de seu blog, o famoso Metapolítica 17: contra o globalismo, convidando a um debate sobre a política externa olavo-bolsonarista, e mandou-me demitir imediatamente da diretoria do IPRI.

Quem quiser ler essa minha postagem, pode consultar este link: 

blog Diplomatizzando (10/03/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/ricupero-fhc-e-ernesto-araujo-em-debate.html).

O próprio Seixas Corrêa, frustrado em sua tentativa de demover EA de sua tão furibunda atitude, desistiu de vir a Brasília para essa palestra no dia 8 de março. 

Agora, marcada a terceira tentativa, o embaixador desiste novamente de viajar do Rio a Brasília, provavelmente devido às destrambelhadas declarações do presidente sobre as primárias argentinas, mas esta é apenas uma suposição de minha parte. Formulo a hipótese pelo fato de o emb. Seixas Corrêa ter sido embaixador em Buenos Aires, ter se esforçado duramente para melhorar essas relações estratégicas durante sua gestão, e pode ter ficado temeroso ao ser eventualmente indagado sobre como vê, atualmente, essas relações no quadro de declarações absolutamente inaceitáveis do presidente (e do próprio ministro da Economia), na absoluta indiferença do chanceler acidental.
Lamento a terceira desistência, mas vou ficar esperando para vê-lo numa próxima oportunidade, tanto porque gostaria de mostrar-me a ele em carne e osso, se ouso dizer, pois ele teve a seguinte frase sobre mim, pouco depois de minha exoneração do IPRI, conforme registrei em nova postagem deste meu blog: 

Seixas Corrêa: o Paulo Roberto não existe! - (helàs!)

blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/04/seixas-correa-o-paulo-roberto-nao.html).

Não se trata da primeira surpresa vinda do Itamaraty ou da Funag, que passa por mudanças normais, quando ocorre uma mudança de governo, e outras mudanças menos normais, no padrão de transparência que se espera de uma agência pública.

Já me deparei com algumas censuras, contra mim mesmo, mas a mais notória foi o veto a prefácio do embaixador Rubens Ricupero à biografia de Alexandre de Gusmão (encomendada pela Funag) feita pelo embaixador Synesio Sampaio Goes, tanto mais incompreensível que o texto se atinha ao século XVIII – Tratado de Madri, de 1750 – e só vinha ao século XX para ficar nos anos 194-50, quando o historiador português Jayme Cortesão resgatou a figura excepcional de Alexandre de Gusmão, o "avô" da diplomacia brasileira. A biografia vai ser publicada pela Editora Record no começo de 2020.
Vários outros "desaparecimentos", até aqui inexplicáveis, estão ocorrendo nos sites da Funag e do IPRI, depois de minha defenestração. Por exemplo, tentei acessar algumas vezes este outro vídeo de um outro Percursos Diplomáticos, que eu havia feito com outro ex-Secretário Geral do Itamaraty (sob a gestão Celso Amorim, no período lulopetista), mas não consegui: 



Todas as vezes que tentei, havia este aviso, talvez pelo fato de eu ter me pronunciado nos dez minutos iniciais sobre o significado do evento:

Este vídeo não está disponível.

Quem quiser saber o que eu disse na ocasião pode ler nesta postagem: 

3319. “Percursos Diplomáticos: uma reflexão necessária”, Brasília, 12-24 agosto 2018, 5 p. Introdução ao depoimento do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto, no quadro da série de depoimentos de diplomatas aposentados, que se acrescentam ao anteriores (http://www.funag.gov.br/ipri/index.php/percursos-diplomaticos). Revisto e lido em 24 de agosto de 2018, no auditório do Instituto Rio Branco. Divulgado no blog Diplomatizzando (24/08/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/08/percursos-diplomaticos-samuel-pinheiro_24.html).

Existem vários outros episódios, que estou coletando para um dia revelar. No momento, fico com os meus dois livros já publicados depois de minha exoneração – Contra a Corrente: ensaios contrarianistas... e Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty –, já pensando no que vai entrar no próximo, que já tem até um título tentativo: Ideologia da diplomacia brasileira (aguardem).

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 16 de agosto de 2019 


Marcos Troyjo sobre acordos comerciais, Mercosul e Argentina (Clarin)

Excelente entrevista e muito boas perspectivas nessa parte econômica-comercial, uma das poucas que funcionam racionalmente, pois todo o resto do governo é um desastre, a começar pelo comandante em chefe, um boquirroto e desbocado ignorante e seu bando de sabujos amestrados. Isso se chama síndrome de transtorno bipolar. É o que é o governo.
Paulo Roberto de Almeida

*Entrevista de Clarín con Marcos Troyjo, viceministro de Economia para Comercio Exterior y Asuntos Internacionales de Brasil*

“No hay ascenso económico sin una relación especial con Estados Unidos”

Para el negociador del acuerdo Mercosur-UE, el convenio le impone al bloque medidas impostergables para ganar competitividad.


CLARÍN
Domingo, 11/08/2019
GUIDO NEJAMKIS


Bajar el nivel de protección de las economías del Mercosur, avanzar hacia el libre comercio de automotores dentro del bloque y prepararse, con reformas estructurales, para aprovechar las oportunidades que ofrece el acuerdo con la Unión Europea. El viceministro de Economía para Comercio Exterior y Asuntos Internacionales de Brasil, Marcos Troyjo, en esta entrevista con el Económico, afirma también que, transitando ese rumbo, la mayor economía de América Latina se prepara para un crecimiento sostenido, que deje atrás “los vuelos de gallina”. Economista, politólogo y diplomático de carrera, Troyjo tiene una maestría y un doctorado en Sociología de las Relaciones Internacionales por la Universidad de San Pablo (USP) y un posdoctorado en la Universidad de Columbia, donde fue profesor por cerca de una década. Ahora, en el gobierno de Brasil, es la mano derecha para asuntos de comercio exterior del ministro de Economía, Paulo Guedes.

Clarín —Brasil ejerce en este semestre la presidencia pro-témpore del Mercosur. ¿Cuáles son las prioridades para el bloque?

Troyjo —El origen de la UE fue un acuerdo de carbón y acero con algunos países para después consolidar, con más países, un área de libre comercio. Luego se da un paso mayor a una unión aduanera. En el Mercosur fuimos directamente a una unión aduanera. Es natural que eso haya generado distorsiones. Una de ellas es un Arancel Externo Común (AEC), que se convirtió en un instrumento de aislamiento y no en una herramienta de integración. Trabajamos con nuestros socios del bloque para modernizar el AEC. Queremos trabajar para crear una cronología y una metodología que gradualmente baje el nivel de protección de nuestras economías.

Clarín —El AEC está actualmente en 14%. ¿La idea es reducirlo a qué nivel?

Troyjo —La idea es disminuir mucho, a un promedio de 5%, 6%. El tiempo para eso dependerá un poco de las negociaciones que estamos haciendo con otros bloques. Las prioridades son modernizar la estructura arancelaria, aumentar su cobertura, disminuir el nivel arancelario.

Clarín —¿Podría explicitar, a su juicio, cuáles son las ventajas principales del acuerdo con la UE?

Troyjo —El acuerdo es un verdadero divisor de aguas. Siempre estuvimos muy concentrados en el antiguo modelo de industrialización por sustitución de importaciones. En sectores en los que el Mercosur tiene ventajas comparativas, como la producción y exportación de proteína animal, la nueva fase hará que vendamos cerca de cuatro veces más carne vacuna a la UE que Estados Unidos y Australia juntos. Con una buena estrategia, vamos a conseguir utilizar los recursos incrementales que vendrán de esa nueva situación exportadora para construir agregación de valor. Eso es lo que el acuerdo va a traer.

Clarín —¿Pone a sectores productivos en riesgo?

Troyjo —Los grandes riesgos para el Mercosur son realizar grandes acuerdos de comercio internacional pero no hacer reformas estructurales que aumenten la competitividad. Este es el punto clave. El gran acuerdo que Brasil tiene que hacer, y tal vez esto valga para Argentina, es con sí mismo. Una de las mejores cosas que tiene el acuerdo con la UE es la ventana cronológica para adaptarnos. Si no comenzamos ahora con esas reformas, el tiempo pasará rápido y llegaremos sin las condiciones necesarias para aprovechar al máximo el potencial que el acuerdo nos ofrece. Estos acuerdos exigen mucha adaptación de los sectores económicos más ineficientes. Con el acuerdo con la UE, nuestras economías jugarán el mundial del comercio internacional. Hay que prepararse.

Clarín —¿Puede haber libre comercio automotor Mercosur-UE en 15 años sin libre comercio del sector en el Mercosur?

Troyjo —En mi opinión, no tiene sentido. Es por eso que estamos conversando, trabajando, con nuestros socios argentinos en la construcción de un calendario de liberalización comercial del sector automotor, para que pueda desempeñar efectos multiplicadores en la recuperación del crecimiento económico en Argentina y en Brasil. También para que cada vez más el sector esté a la altura del desafío de la integración con una de las economías más avanzadas en ese segmento, que es la europea.

Clarín —El principal candidato de oposición en Argentina dijo que revisaría el acuerdo con la UE. Si gana el kirchnerismo, ¿habrá problemas para avanzar en la instrumentación del acuerdo?

Troyjo —Alentamos la reelección del presidente Macri, quien junto con el presidente Bolsonaro fueron los grandes protagonistas del logro que conseguimos con la UE. Mi proyección es que cualquiera que ocupe la Casa Rosada después de las elecciones hará muy poco para cambiar lo que fue negociado en Bruselas. Por una razón: las ventajas son muy grandes para nuestras economías. No sólo por los efectos mensurables como más exportaciones y más importaciones de calidad. También por los aspectos de reputación, para alcanzar objetivos como ingresar a la OCDE, obtener mejores financiamientos para proyectos de inversión. Mi perspectiva es que quien gane la elección en Argentina no hará movimientos negativos respecto a la trayectoria de aprobación parlamentaria del acuerdo.

Clarín —En Argentina los empresarios se quejan porque Brasil compra poco. ¿Cambiará eso en el corto plazo?

Troyjo —Brasil pasó por la peor recesión económica de su historia. Llegamos al fondo del pozo, con casi 30 meses de una retracción económica brutal. Eso trajo consecuencias, pero Brasil volvió a crecer. Ahora lo que importa es cómo. La reforma jubilatoria proyecta una salud fiscal muy importante. Las tasas de interés están en el menor nivel de su historia. Es probable que esa trayectoria continúe. Trabajamos para tener un Banco Central independiente. Eso aumenta la institucionalidad de la economía y facilitará más el acceso a capital de largo plazo, de calidad y de baja remuneración. En las próximas semanas comienza el ciclo de la reforma tributaria, que atacará la complejidad del sistema impositivo. Tendremos un proceso vigoroso de privatizaciones. Todo eso aumentará la eficiencia de la economía. Estamos abandonando en algunas empresas como Petrobras prácticas de (exigencias de) contenido local que creaban obstáculos para invertir. Estamos haciendo una reforma del Estado. En materia de crecimiento, Brasil está dejando los vuelos de gallina para pasar a un vuelo sustentable y de largo plazo.

Clarín —El gobierno de Brasil explicitó que busca un acuerdo Mercosur-Estados Unidos, pero la visita del secretario de Comercio Wilbur Ross dejó claro que eso no será fácil ni rápido. ¿Cuál es el camino a recorrer en este tema?

Troyjo —No hay ascensos económicos importantes en los últimos 70 años sin un relacionamiento económico especial con Estados Unidos. Así fue con Alemania, con Japón, con China, con Corea del Sur. Es de interés del Mercosur, a mi modo de ver, tener más y mejores relaciones económicas con Estados Unidos. Allí la conducción del comercio exterior exige que para que el Poder Ejecutivo comience negociaciones, tenga la Autoridad de Promoción Comercial (TPA, según sus siglas en inglés) concedida por el Congreso. Eso ya está dado y vence en junio del 2021. Entonces podemos perseguir la vía arancelaria. Vamos a reunirnos con nuestros colegas del Mercosur, pensar, evaluar, ver si es factible. Es un tipo de acuerdo que lleva tiempo y consume energía. Si no involucra aranceles, no requiere negociar en bloque. En ese caso, del lado de Brasil, podemos tener una conversación bilateral y avanzar en facilitación de comercio, convergencia regulatoria, propiedad intelectual, o sea, podemos avanzar mucho.


https://www.clarin.com/economia/ascenso-economico-relacion-especial-unidos_0_0GAd0RmkV.html

A diplomacia brasileira é uma nau sem rumo - Paulo Guedes, Paulo Roberto de Almeida

Inacreditável o que leio hoje na imprensa brasileira. 
Estupefação minha com a matéria transcrita mais abaixo: 
Todas as pessoas minimamente informadas sobre temas de política externa sabem que a inconsciência diplomática do governo Bolsonaro é incomensurável. Agora, descobrir que o ministro da Economia se revela também um imenso ignorante nessas matérias é mais do que preocupante: é propriamente devastador para o futuro do Mercosul e para a própria credibilidade da diplomacia brasileira.
Será que estamos entregues a um bando de neófitos, inconscientes, ignorantes?
Paulo Roberto de Almeida

Guedes: Brasil pode sair do Mercosul se oposição vencer na Argentina
O governo brasileiro cogita deixar o Mercosul caso a chapa de Alberto Fernández e Cristina Kirchner vença a eleição presidencial da Argentina, afirmou o ministro Paulo Guedes (Economia). Uma eventual saída dependeria, segundo Guedes, da intenção da chapa de “fechar a economia” do país vizinho.
Assim como presidente Jair Bolsonaro, o ministro disse que a reeleição de Maurício Macri facilitaria a relação, mas emendou: “Desde quando o Brasil precisou da Argentina?”. Importante parceiro comercial, os argentinos vivem turbulências na economia há 19 anos.

Matéria completa: 

Guedes diz que Brasil pode sair do Mercosul se Kirchner vencer eleição e fechar economia da Argentina

'Desde quando o Brasil precisou da Argentina?' pergunta ministro sobre o país que é o terceiro maior parceiro comercial brasileiro

Leo Branco
O Globo, 15/08/2019 - 16:23 / Atualizado em 15/08/2019 - 22:04
O ministro da Economia, Paulo Guedes Foto: Reuters
O ministro da Economia, Paulo Guedes Foto: Reuters
SÃO PAULO - O ministro Paulo Guedes disse nesta quinta-feira que o Brasil pode sair do Mercosul caso a candidatura do peronista Alberto Fernández, em que a ex-presidente Cristina Kirchner é candidata a vice, vença as eleições presidenciais da Argentina, marcadas para outubro.
— Não podemos ficar pendurados na crise da Argentina. O Mercosul, claro, é um veículo de inserção do Brasil no comércio internacional. Mas, se a (Cristina) Kirchner quiser entrar e fechar a economia deles? Se quiser fechar a gente sai do Mercosul. Se ela quiser ficar aberta? Beleza, continuamos. O Brasil é uma economia continental. Temos que recuperar a nossa economia — disse Guedes, em evento a empresários e investidores promovido pelo banco Santander, em São Paulo.
Para Guedes, uma continuidade do governo Macri facilitaria a abertura comercial do Brasil, inclusive com os Estados Unidos, por causa da proximidade entre Macri, Bolsonaro e o presidente americano Donald Trump.
— Evidentemente há química excelente do (Mauricio) Macri com o presidente Bolsonaro, e os dois com Trump. Isso tudo facilita as coisas (para uma abertura comercial). Agora, o destino é dos argentinos. Nós somos um país continental e precisamos resolver a nossa dinâmica de crescimento. Desde quando o Brasil precisou da Argentina? — disse Guedes, dizendo que o governo tem preocupação “zero” com um eventual aprofundamento da crise no país vizinho.
À tarde, em palestra durante seminário de gás natural no Rio, Guedes disse que não teme efeitos de uma eventual crise na Argentina ou no mundo, e que o Brasil poderá se aproveitar de eventuais oportunidades em tal cenário — promovendo, por exemplo, o crescimento da atividade de setores da indústria.
— Não vai ser nenhum ventinho do Sul, ou ventania do mundo inteiro que vai dessincronizar o Brasil — disse Guedes. — Não tenho nenhuma preocupação. É evidente que, quando se tem o vento favorável,  fica melhor para o país. Mas nós temos muita convicção de que a dinâmica de crescimento da economia brasileira é própria. O Brasil é uma economia continental. Durante os últimos 15 anos o mundo estava crescendo aceleradamente  e nós não estávamos participando disso. Agora pode ser o contrário, o mundo pode desacelerar e podemos acelerar.
De acordo com o ministro, o país sempre teve uma dinâmica própria de crescimento.
— O Brasil foi até um pouco desindustrializado durante o período em que o câmbio se valorizou  — disse  Guedes. — Agora pode ser o contrário, se o mundo desacelera e caem os preços das commodities, o dólar pode subir um pouco menos e em compensação, com  energia mais barata e o câmbio um pouco mais alto, você  vai reindustrializar vários setores, como autopeças, móveis, sapatos, indústria têxtil. Nós não devemos temer o efeito contágio, o Brasil tem uma dinâmica própria. É  uma ventania que incomoda um pouquinho.
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, depois da China e dos Estados Unidos. Atualmente, a Argentina compra mais do Brasil do que países como Alemanha e Holanda, e é a principal compradora de produtos manufaturados brasileiros.
No domingo, a candidatura de Fernández ficou com 47% dos votos nas primárias obrigatórias, uma espécie de prévia da votação de 27 de outubro. A chapa do presidente Maurício Macri, de cunho liberal, ficou com 32% dos votos.
O fraco desempenho de Macri, muito abaixo das previsões de analistas, provocou pânico no mercado financeiro na Argentina e com repercussões no Brasil. O risco, para muitos analistas, é de que a volta de Cristina ao poder prejudique a abertura comercial e a liberalização econômica promovida por Macri e, também, o acordo comercial assinado entre Mercosul e a União Europeia, assinado em julho.
Guedes avaliou ainda que o Brasil está preparado para a turbulência global causada pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, e agravada entre os países do Mercosul pela incerteza causada pelo resultado pré-eleitoral da Argentina. Para o ministro, a economia brasileira tem uma “dinâmica de crescimento própria” por ser uma das mais fechadas do mundo.
— Vamos continuar abrindo a nossa economia. Não somos dependentes da crise. Fechamos a nossa economia e por isso somos uma ilha, temos uma dinâmica própria de crescimento — disse à plateia.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, não quis fazer uma previsão sobre o futuro do Mercosul caso Alberto Fernández vença a eleição presidencial na Argentina. Fernández e Cristina são tratados por Jair Bolsonaro como “ bandidos de esquerda ”. Em resposta, o candidato da oposição argentina chamou o brasileiro de "racista, misógino e violento".
— Temos que ver qual a plataforma que eles trariam nesta hipótese — disse o ministro.
Após três dias de perdas, a moeda argentina se valorizou 4,88% nesta quinta-feira, fechando a 57,10 pesos, um dia depois que Macri e o candidato opositor Alberto Fernández pediram calma aos mercados. Os papeis das empresas argentinas em Wall Street também subiram, e risco país, que mede o risco de não pagamento da dívida, caiu 8,5%, para 1.780 pontos — uma queda de 166 pontos em relação ao fechamento anterior.


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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...