quarta-feira, 14 de abril de 2021

Embaixador do Brasil na França culpa esquerda por hospitais lotados (Metropoles)

Correto! A esquerda tem um poder extraordinário no Brasil: ela ordenou que milhares de pessoas, em lugar de trabalhar, como sugeriu o atilado e clarividente presidente, fossem aglomerar em frente a hospitais reivindicando, não um trabalho, mas essas coisas inadequadas, como tubos de oxigênio e atendimento imediato. A esquerda deveria ser encaminhada a campos de reeducação pelo trabalho, como o bom Stalin fazia com os recalcitrantes. Elementar caros franceses...

Paulo Roberto de Almeida 

 Embaixador do Brasil na França culpa esquerda por hospitais lotados


Diplomata Luis Fernando Serra chegou a ser cogitado para assumir o Itamaraty, no lugar de Ernesto Araújo

Flávia Said
Metropoles14/04/2021 7:45 

O embaixador do Brasil na França, Luis Fernando Serra, afirmou à imprensa em Paris que a culpa por hospitais lotados hoje no país é da falta de investimentos da esquerda em saúde.

O diplomata foi convidado a participar da emissão da BMFTV na noite de terça-feira (13/4), depois de a França anunciar a suspensão de voos ao Brasil. Serra chegou a ser cotado para substituir Ernesto Araújo como chanceler. Ele é benquisto no Palácio do Planalto por defender o governo federal, inclusive em protestos diante da embaixada.

Ao tratar da crise de Covid-19 no Brasil, Serra não indicou qual seria a responsabilidade do presidente da República.

“Se os hospitais estão lotados é por causa dos 24 anos da esquerda no Brasil, que não construiu hospitais suficientes”, afirmou, segundo reportagem do portal UOL. “Não é por conta de o presidente se recusar a confinar o país?”, questionou o repórter.

Para o embaixador, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não pode ser responsabilizado. Ele citou decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que conferiu a estados e municípios poder para estipular medidas restritivas locais.

“O STF decidiu que o presidente não tem o poder de confinar”, afirmou. “Isso precisamos dizer. Ele não teve o poder de confinar”, continuou. A rede de TV francesa ainda mostrou um trecho de um discurso de Bolsonaro no qual o presidente, em março, diz que o país precisa parar de chorar. “Você entende isso?”, perguntou o repórter ao diplomata.

“Claro que entendo. Ele é solidário e quer que as pessoas trabalhem”, respondeu o embaixador. Segundo ele, o confinamento impede os brasileiros de trabalhar e 35 milhões de pessoas precisam de renda diária para sobreviver. “Não há a cobertura social que existe na Europa”, justificou. Ele ainda alegou que, se não forem autorizadas a sair, essas pessoas “morrem de depressão ou de fome”.

Suspensão de voos
O embaixador disse que não considerava a interrupção da ligação aérea entre França e Brasil como uma sanção, mas foi incisivo em alertar ao apresentador que ele deveria entender que o turismo não representa uma parte significativa da economia nacional.

“Não dependemos do turismo. Recebemos apenas 6,5 milhões estrangeiros que visitam o Brasil, um país de beleza extraordinária, enquanto a França recebe 95 milhões de estrangeiros. O peso do turismo não é enorme”, alegou.

Na entrevista, Serra foi confrontado com os dados de mortes por Covid-19 no Brasil e, diante do comentário do jornalista francês de que existe uma percepção de que Bolsonaro “não faz muita coisa” para lidar com a pandemia, o embaixador subiu o tom.

“Você acha que ele faz pouca coisa? Então, vou te dizer uma coisa: o Brasil é o quarto, quinto país do mundo que mais vacinou. Você sabia disso? Fale isso, fale isso!”, insistiu o diplomata.

Ele ressaltou o número de vacinados no Brasil, mas não fez referência ao acordo entre o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, e a farmacêutica chinesa Sinovac, que fornece 80% dos imunizantes hoje aplicados no país.

“O presidente vacinou 30 milhões de brasileiros. E, por conta desse dado, nós somos o quinto país que mais vacinou, depois dos EUA, China, Índia e Reino Unido. Você não acha que esse é um bom resultado?”, retrucou.

https://www.metropoles.com/brasil/embaixador-do-brasil-na-franca-culpa-esquerda-por-hospitais-lotados


Brasil: um país totalmente preparado para NÃO crescer - Banco Mundial

Brasil despencou em ranking de PIB per capita nos últimos 40 anos, aponta FMI

País volta a níveis de 2013

Pode ter meio século perdido

Brasileiros conseguem comprar cada dia menos com o que ganham Cris Faga/Imago Images (via DW)


14.abr.2021 (quarta-feira) - 9h22

À 1ª vista, o Brasil tem um poder econômico impressionante. Medido pelo PIB (Produto Interno Bruto) em dólares, de acordo com a paridade do poder de compra, o Brasil ocupa a 8ª posição entre as economias mundiais. Mas o quadro é completamente diferente se dividirmos o poder econômico pela população, ou seja, se forem considerados o PIB per capita e a paridade do poder de compra, sendo contabilizados também os diferentes custos de vida nos países.

De acordo com esse método, o Brasil ocupa atualmente a 85ª colocação entre 195 países do mundo. O FMI (Fundo Monetário Internacional) publicou recentemente novos prognósticos, segundo os quais os brasileiros continuarão perdendo renda em relação ao resto do mundo até 2026, quando chegarão à posição de número 90.

O assustador dessas estatísticas, porém, é a perspectiva histórica: em 1980, o Brasil ainda ocupava o 50º lugar entre os países do mundo, segundo a renda per capita de sua população. Mas, desde então, de 7 a 10 países superaram o Brasil a cada década. Há 40 anos que o Brasil vem caindo nesse ranking, que registra o que cada população tem disponível como renda.

RENDA ENCOLHE DESDE 2013

Os brasileiros tinham a renda comparativamente mais alta em 2013: era de, em média, US$ 15.886 no final do ano, ponderada de acordo com a paridade do poder de compra. No final de 2020, os salários haviam encolhido para US$ 15.000. As projeções de crescimento futuro do FMI em seu último relatório estendem-se até 2026. Até lá, os brasileiros ainda não terão atingido a renda de que dispunham em 2013, dada a fraca expectativa de crescimento.

Desempenho econômico brasileiro decepciona devido à falta de competitividade do país em vários setores Picture Alliance/DPA/W.Rudhart (via DW)

Na América Latina, Chile, México e Argentina estão acima do Brasil em termos de renda média per capita. A Colômbia também deve superar o Brasil em breve.

Em retrospecto, sempre há bons argumentos a serem encontrados para a redução da renda nos últimos 40 anos: os planos econômicos fracassados ​​e a severa recessão de 1983, perto do fim da ditadura. E mais o Plano Collor, de 1990, no qual o governo confiscou as poupanças para combater a inflação. Tudo isso gerou quedas bruscas na renda semelhantes à de agora, na pandemia, ou às ocorridas após 2010 durante a queda dos preços das commodities ou dos escândalos da Operação Lava Jato.

DESEMPENHO DECEPCIONANTE

Mas seria enganoso vincular a redução da renda da população a eventos isolados. Porque mesmo o elevado crescimento dos anos 2000, com a alta dos preços de commodities como minério e soja, não foi capaz de impedir o declínio do povo brasileiro na escala de renda global, mas apenas de desacelerá-lo. A renda do brasileiro aumentou quase 30% entre 2001 e 2010, mas oito países no mundo apresentaram aumento mais elevado no período.

As razões para o desempenho decepcionante da renda do Brasil são mais profundas – mas são bem conhecidas: é a baixa competitividade do Brasil. Isso se aplica a toda a economia, política, Judiciário, assim como à burocracia, mas também à força de trabalho, com algumas exceções.

“Não é nada de novo, não precisa perder muito tempo em reuniões e comitês, é integrar o Brasil à economia mundial, reduzir proteção comercial, fazer reformas administrativa, fiscal e tributária, investir mais, aumentar o capital humano. Já conhecemos a agenda há dez, 20 anos”, afirmou Alberto Ramos, do banco de investimentos Goldman Sachs, em entrevista ao jornal Valor Econômico“A razão de ela ser a mesma é exatamente porque não avança. E o futuro será igual ao passado se não reformar.”

E o futuro não parece bom neste momento, segundo Ramos. “Se não acertar o passo, em vez de uma década, vai perder meio século.”


O Itamaraty na Cultura Brasileira - Alberto da Costa e Silva (org.); 1a. ed. revista, preparatória a uma 3a. edição

O Itamaraty na Cultura Brasileira

Alberto da Costa e Silva 

Organizador


Editor Executivo

Paulo Roberto de Almeida

[revisão da edição original, sem os textos adicionais preparados para a 3ª. edição]



Capa: Foto do Palácio Itamaraty, Brasília, DF.

1a. edição: Instituto Rio Branco (2001); 

2a. edição: Instituto Rio Branco e Livraria Francisco Alves Editora (2002)

_____________________________________

 

Costa e Silva, Alberto da (org.); Almeida, Paulo Roberto de (ed.)

O Itamaraty na cultura brasileira. – 3a edição; Brasília: Funag, xxxx

xxx p.

 

     ISBN: 978-85-xxxx-xxx-xx

 

1. Brasil – 2. Diplomacia – 3 História – 4. Literatura – 5. Música – 6. Cultura – I: Costa e Silva, Alberto – II: Título

 

CDD –xxx-x

____________________________________________

CIP – Brasil. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

 

[Esta versão: Paulo Roberto de Almeida (14/04/2021); sem os textos adicionais


Sumário

 

Prefácio à terceira edição (expurgada desta versão)........... 9

O Itamaraty na cultura brasileira............ 15

Diplomacia e cultura................... 25

Varnhagen, história diplomacia............ 40

Ritmos de uma vida: Brazílio Itiberê da Cunha. Músico e diplomata..... 60

Joaquim Nabuco.................... 96

Pai e filho: Luiz Guimarães Júnior e Luiz Guimarães Filho.... 116

Aluízio Azevedo: A literatura como destino........... 151

Domício da Gama............ 176

Oliveira Lima e nossa formação......... 198

Gilberto Amado: além do brilho............ 217

A vida breve de Ronald de Carvalho......... 234

Ribeiro Couto, o poeta do exílio.............. 25

Viagem a Beira de Bopp............ 272

Guimarães Rosa, viajante........... 293

Antônio Houaiss, a cultura brasileira e a língua portuguesa.......... 312

Vinícius de Moraes: o poeta da proximidade......... 327

Vinícius, poeta e diplomata, na música popular......... 343

João Cabral, um mestre sem herdeiros........... 364

O fenômeno Merquior............. 387


(Textos preparados para a 3ª. edição, expurgados desta versão:

Vasco Mariz: meu tipo inesquecível..... 412

Lauro Escorel: um crítico engajado.......... 439

Roberto Campos: um humanista da economia na diplomacia............... 459

Wladimir Murtinho, Brasília e a diplomacia da cultura brasileira........ 492

Sérgio Corrêa da Costa: diplomata, historiador e ensaísta.................. 503

Meira Penna, um liberal, crítico do Estado patrimonial brasileiro........ 541

Diplomacia no tempo: notas sobre a evolução da carreira diplomática. 572


Nota à Segunda Edição............ 577

Sobre os autores............ 579



Texto integral, revisto, da 1a. edição, neste link: 


https://www.academia.edu/46849306/O_Itamaraty_na_Cultura_Brasileira_2001_



Esperando Godot: o nunca existente neoliberalismo brasileiro (2007) - Paulo Roberto de Almeida

 Esperando Godot: o nunca existente neoliberalismo brasileiro

 

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.org)

Paper preparado para o I Congresso da ABRI

(Brasilia, 25-27 de julho de 2007)

 

Sumário: 

1. Introdução: as razões e o significado de um debate 

2. Parâmetros conceituais do suposto neoliberalismo: o “consenso de Washington”

3. O contexto histórico-econômico do “neoliberalismo” no Brasil

4. O núcleo duro do neoliberalismo no Brasil e seu desempenho histórico

5. Questões de sustentabilidade interna e externa do neoliberalismo no Brasil

5. Questões de sustentabilidade interna e externa do neoliberalismo no Brasil

7. Uma avaliação preliminar da era “não neoliberal” no Brasil

8. Conclusões: o “iliberalismo” essencial da formação social brasileira

 

 

1. Introdução: as razões e o significado de um debate

A bibliografia especializada na história econômica do Brasil contemporâneo e, mais especificamente, no estudo dos padrões de desenvolvimento econômico observados ao longo do último meio século, costuma praticar uma espécie de bipolaridade conceitual entre, de um lado, um modelo dito “autônomo” ou “desenvolvimentista” – que teria sido aquele praticado, grosso modo, por Getúlio Vargas e por governos do regime militar – e, de outro, um modelo dito “associado” ou “dependente” – alegadamente defendido por lideranças contrárias ao “nacional-trabalhismo” do primeiro e ao estatismo dos segundos –, modelo que teria sido encarnado pelos governos Collor e FHC. O primeiro encontra, ao que se diz, defensores intelectuais nas correntes identificadas com o chamado estruturalismo e a heterodoxia econômica – pretensamente de extração keynesiana –, ao passo que o segundo modelo teria adeptos na ortodoxia econômica e no liberalismo de tipo econômico, mas também político. Basicamente, segundo as “explicações” históricas oferecidas, os primeiros promoveriam o desenvolvimento nacional por meio de políticas ativas patrocinadas pelo Estado, ao passo que os segundos prefeririam ver o Brasil guiado unicamente pelas chamadas “forças do mercado”.

Segundo a literatura de cunho interpretativo, essas orientações divergentes em matéria de política econômica teriam se sucedido e alternado em diversas épocas desde o final da segunda guerra mundial, ao sabor da correlação de forças entre correntes opostas: “intervencionistas”, de um lado, “liberais”, de outro. A dicotomia filosófica conformaria uma espécie de “zig-zag econômico” entre uma postura basicamente “independente” (também identificada com o “nacionalismo econômico”) e uma outra essencialmente “interdependente” (por suposição inversa comprometida com uma orientação mais aberta em relação ao capital estrangeiro). Em que pese o simplismo dessa visão, ela parece ainda encontrar ainda adeptos nos dias que correm, como revelado no debate público (pobre, [e verdade) em torno das principais escolhas de políticas econômicas (macro e setoriais). 

A incompreensão mútua entre ambas as correntes, aliada a certas caracterizações apressadas, derivou muitas vezes para o equacionamento simplista do “intervencionismo estatal” com o “desenvolvimento nacional”, de um lado, e para uma identificação igualmente mistificadora entre o “liberalismo” e o “crescimento dependente”, por definição “alinhado” e “desnacionalizador”, de outro. Para ficar apenas nos casos mais evidentes, assim como os dois governos de Getúlio Vargas e o de João Goulart teriam encarnado todas as virtudes do “nacional-desenvolvimentismo”, os governos de Dutra, de Collor e de FHC concentrariam, por excelência, os vícios do modelo “associado”. Mas estes são apenas os casos mais paradigmáticos do maniqueísmo virtual praticado por certa historiografia em relação aos caminhos do desenvolvimento nacional.

Existem casos de “fronteira”. Vejamos os mais evidentes dentre eles. Tendo sido precocemente jogado num incômodo ostracismo pelo nacionalismo ideológico de alguns estudiosos não exatamente isentos do ponto de vista político, o Governo JK poderia ser visto, de alguma forma, como uma espécie de “patinho feio” da história econômica brasileira, primeiro por ter sido considerado um exemplo de governo desnacionalizador, para ser depois reabilitado no altar desenvolvimentista do período contemporâneo. Os governos José Sarney e Itamar Franco poderiam lhe fazer companhia, pelo caráter híbrido – isto é, intervencionista-liberalizante – das políticas econômicas conduzidas de forma errática em suas respectivas administrações, da mesma forma como alguns governos militares, hoje cultuados como “planejadores”, como teria sido o caso do governo ultra-estatizante de Ernesto Geisel. 

A pergunta que cabe legitimamente ser colocada, ao início deste ensaio de revisão histórica, é se esse tipo de avaliação essencialmente dicotômica no campo econômico – consubstanciada, por exemplo, nos vocábulos “desenvolvimentista” ou “liberal” com que muitos pesquisadores acadêmicos rotulam esses governos – permanecerá fazendo parte do nosso universo historiográfico. O próprio conceito de “liberalismo” continuará, por sua vez, a ter a conotação essencialmente pejorativa que assumiu para gerações inteiras de brasileiros engajados na luta pelo desenvolvimento nacional? Seria a busca de “interdependência econômica” uma espécie de “pecado original” de economistas e líderes políticos considerados excessivamente associados ao modelo capitalista de mercado?

Escapa às pretensões do presente trabalho a tentativa de resgatar a reputação e a credibilidade política do liberalismo econômico, sobretudo num país ainda seriamente marcado por julgamentos ideologicamente comprometidos por décadas de lutas entre “varguistas” e “anti-varguistas”, entre “autônomos” e “associados”, entre “nacionalistas” e “entreguistas”, entre “independentes” e “interdependentes”. Tampouco se pretende reconstituir por inteiro uma história econômica e política já adequadamente coberta por estudiosos de grande calibre acadêmico e de credenciais insuspeitas.

O presente ensaio histórico persegue um objetivo mais modesto, ainda que mais desafiador: explorar não apenas a teoria, mas essencialmente a prática do que se poderia caracterizar como “política econômica do liberalismo”, tal como posta em prática durante a fase recente da trajetória econômica brasileira, aquela identificada por muitas lideranças políticas da atualidade como tendo sido “neoliberal”. Sua principal virtude talvez possa ser encontrada na tentativa de operar uma consulta às evidências materiais desta época e de proceder a uma releitura das interpretações efetuadas de maneira tendenciosa com vistas a redimensionar o que foi por muitos chamado de “neoliberalismo econômico”.

Algumas premissas iniciais e uma hipótese de trabalho precisam ser formuladas desde já, de molde a deixar clara a postura do autor em relação às acusações lançadas contra a política do “liberalismo econômico”, tal como praticado desde o início dos anos 1990 no Brasil. Isso se justifica pelo fato de que, nas ciências humanas, a discussão de qualquer temática – que não possui, muitas vezes, a materialidade e a possibilidade de testes ou experiências concretas, que constituem a marca das chamadas ciências “exatas” – exige, previamente, um entendimento quanto aos conceitos empregados e em relação às hipóteses de trabalho. No caso deste ensaio, os conceitos centrais, obviamente, são os de “liberalismo” e de “dirigismo”, na experiência histórica do desenvolvimento econômico brasileiro, e a principal hipótese de trabalho é a de que o Brasil é, claramente, um caso exacerbado de intervencionismo estatal durante toda a trajetória histórica desse processo, em contraposição ao que teria ocorrido, hipoteticamente, no caso de uma expansão mais equilibrada da iniciativa privada e das forças de mercado no sistema econômico brasileiro. É essa hipótese de trabalho que explica, aliás, a escolha do título do trabalho, uma vez que, como ocorre na peça de Samuel Beckett, o personagem principal jamais aparece em cena ou dá ele sinais de que existe, efetivamente.

Caberia deixar claro que nunca houve essa entidade fantasmagórica que muitos representantes de correntes acadêmicas – e, no seu seguimento, os jornalistas e militantes políticos – chamam de “neoliberalismo”, assim como não existem, no cenário político brasileiro, personagens que poderiam ser chamados de “neoliberais”, pela simples razão que nunca houve, no Brasil, algo que se pareça, de perto ou de longe, com o liberalismo econômico. Trata-se de uma designação que, nos últimos quinze anos aproximadamente, converteu-se em uma espécie de superlativo conceitual, quando não um epíteto ofensivo, equivalente a uma condenação sumária ao “gulag dos entreguistas”.

O conceito “neoliberal” esclarece pouco e confunde muito. Para que tivéssemos tido neoliberalismo, teria sido preciso que tivesse existido algum liberalismo concreto, de alguma forma afastado ou travado em suas manifestações práticas por formas veladas ou abertas de estatismo ou de dirigismo centralista, que depois tivessem sido, estes últimos, varridos por alguma “onda neoliberal” dominante nos círculos dirigentes e nas academias das últimas duas décadas. Não é o que constatamos pela leitura dos debates ocorridos nesta fase, nem o que se verifica por um exame detido da realidade econômica do país. 

Dito isto, vejamos como pode ser organizado este debate intelectual (unilateral, é verdade) em torno das idéias “neoliberais” no Brasil. Numa primeira seção, trataremos de resumir o que os “acusadores” entendem serem políticas “neoliberais”, que costumam ser confundidas, ainda que erroneamente, com as prescrições do chamado “consenso de Washington” (CW). Em seguida, com base em perguntas formuladas em torno dessas “acusações”, trataremos dos aspectos enfocados nas prescrições, confrontando sua suposta aplicação com a prática efetiva do Brasil em cada uma dessas vertentes, para constatar em que medida a política econômica do país seguiu, de fato, os cânones do “neoliberalismo”. Ainda que algumas simplificações sejam inevitáveis, acreditamos que a contribuição aqui efetuada possa esclarecer a natureza do desenvolvimento brasileiro no período recente e, sobretudo, evidenciar o quanto ainda o Brasil encontra-se afastado de “neoliberalismo” (ou do liberalismo, tout court). Nesse processo, alguma repetição de argumentos do autor, expressos em trabalhos anteriores, é igualmente inevitável.

 

(...)

Ler a íntegra neste link: 

A primeira viagem de volta ao mundo por um navio e tripulação brasileira - Eduardo Vessoni (Nossa Viagem)

Há 140 anos, 1ª volta ao mundo brasileira foi marcada por perrengue

Eduardo Vessoni
Colaboração para Nossa Viagem
13/04/2021 04h00

A primeira circum-navegação do mundo feita por uma tripulação brasileira tinha tudo para dar errado (e, em partes, deu).

Doenças a bordo, alimentação e condições higiênicas precárias e "qualidades náuticas medíocres" eram a realidade dos 197 homens que, entre 1879 e 1881, deram a volta ao mundo, entre o Rio de Janeiro e o Japão, a bordo da corveta Vital de Oliveira.

Ao mar
Até então restrita a pesquisadores, a epopeia brasileira completa 140 anos em 2021 e chega ao público com o recém lançado Primeira circum-navegação brasileira e primeira missão do Brasil à China (editora Dois por Quatro), livro da jornalista Marli Cristina Scomazzon e do pesquisador Jeff Franco.

"Foi algo importante não só para o país mas para toda a América Latina. Era um livro necessário pois não havia nenhuma publicação dedicada ao tema", explica a coautora, em entrevista para Nossa.

Sob comando do capitão Júlio César de Noronha e primeira do gênero a ser empreendida pela Marinha brasileira, a viagem tinha um duplo objetivo: capacitar marinheiros e transportar a primeira missão diplomática do Brasil na China, a cargo do Ministério das Relações Exteriores.

Sem entrar em detalhes para não dar spoiler do fechamento daquela travessia, a missão de trazer mão de obra chinesa seria abortada em Hong Kong por diversos motivos.

"A viagem até poderia não ser novidade para a humanidade, mas atualmente a marinha avalia a viagem como um marco importantíssimo para o amadurecimento da força naval brasileira", avalia Alessandro Dambroz, capitão-tenente do departamento de Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha do Brasil.

Assim como explica Dambroz, as circum-navegações fazem parte da formação de oficiais da Escola Naval e, em todas as viagens internacionais. "O navio de Estado é considerado Território Nacional, em qualquer lugar que ele esteja. É na verdade uma embaixada flutuante", completa.

Mas até que se chegasse do outro lado do mundo, aquela viagem imperial de 430 (penosos) dias a bordo seria um verdadeiro inferno em alto-mar.

Perrengues
A viagem de mais de 35 milhas náuticas, o equivalente a quase 65 mil quilômetros, já começou mal.

Criticada pelos altos custos, a expedição deixou o Rio de Janeiro com uma tripulação que contava com uma única muda de roupa ("uma calça e uma camisa de abrigo", cada um) para enfrentar as baixas temperaturas em alto-mar e o inverno da Europa.

Sem falar nos que dormiam no convés e na superpopulação a bordo, por conta do excesso de criados para cada um dos oficiais embarcados. A falta de vitamina B1 e comidas frescas causaria ainda doenças na tripulação, como o beribéri, e a enfermaria era um cubículo sem ventilação ao lado dos fogões da cozinha.

Como lembra o capitão Dambroz, a longa jornada teve também dificuldades como a aquisição de alimentos nos portos visitados e adaptação às mudanças bruscas de temperatura, além de baixas na tripulação por conta dos doentes mais graves que eram deixados em hospitais ao longo da viagem.

Porém, segundo relatos encontrados pelos autores do livro, a higiene do navio era a pior possível e violava todas as leis de saúde.

"Foi um perrengue sanitário", descreve Marli, que acredita que um dos piores momentos foi a longa travessia de 42 dias entre o Japão e São Francisco, na Califórnia, marcada por mortes, clima invocado e uma umidade constante que chegou a descolar a madeira dos móveis a bordo.

"As condições a bordo no século 19 ainda eram bastantes difíceis quando se fala de viagens de longo curso", explica o capitão-tenente Alessandro Dambroz.

Segundo um dos relatos no livro, longe da terra firme, a última morada daquela gente era o oceano.

Dos quase 200 embarcados, 148 completaram a viagem. A baixa de cerca de 30 marinheiros, entre mortos e desertores, seria nada se comparada à primeira circum-navegação do gênero, encabeçada por Fernão de Magalhães, quase quatro séculos antes.

Dos 237 homens, apenas 18 voltaram com vida. Nem o próprio Magalhães escaparia da morte durante a viagem.

História para todos
Sem as formalidades da historiografia, os autores Marli Cristina Scomazzon e Jeff Franco entregam um relato dividido em breves capítulos temáticos que não seguem uma ordem cronológica dos acontecimentos.

"Depois da apuração dos fatos, essa foi a nossa maior preocupação, deixar a leitura atraente para um público não especializado", conta Marli.

A ideia do livro surgiu, há mais de seis anos, durante pesquisas que a dupla fazia em uma biblioteca de São Francisco, na Califórnia, quando Jeff se deparou com uma notícia publicada em um jornal local que relatava a passagem "de um navio brasileiro muito importante".

O quebra-cabeças de jornais, relatos da viagem e correspondências oficiais deu origem a esse que é considerado o primeiro livro a abordar em detalhes a primeira circum-navegação da Marinha brasileira.

Entre as novidades que a publicação traz, estão o levantamento dos nomes de todos os que passaram pelo barco, até então desconhecidos, e a redescoberta do mapa da viagem que se encontrava em um sótão da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, encartada no livro em forma de poster.

"A própria Marinha brasileira dizia que não havia carta náutica dessa viagem, mas eu sabia que existia por conta dos registros em que o capitão Noronha indicava a existência de um mapa", conta Jeff Franco, que levou três anos para ter acesso ao documento.

Para Marli, um dos documentos mais importantes sobre os quais se debruçaram durante a pesquisa são os "livros de quartos", uma coleção de 36 diários que reúne milhares de páginas manuscritas por oficiais que se revezavam a cada quatro horas para relatar o que havia ocorrido durante seu turno.

De acordo com a DPHDM (Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha), outras sete circum-navegações seriam empreendidas pela Marinha brasileira, entre 1888 e 2008, "quando as condições orçamentárias e de planejamento permitiram".

A corveta Vital de Oliveira voltou à Baía de Guanabara no final de janeiro de 1881, com metade de seu objetivo atingido, e faria usa última grande viagem, no ano seguinte.

https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2021/04/13/ha-140-anos-1-volta-ao-mundo-brasileira-foi-marcada-por-perrengue.htm

Vida e morte - Ana Carla Abrão (OESP)

Vida e morte

Ana Carla Abrão
O Estado de S. Paulo, 13 de abril de 2021


O Brasil é Severino. Severino de Maria, do finado Zacarias. A obra-prima de João Cabral de Melo Neto nunca foi tão nossa, tão real, tão ampla como em 2021. Como o retirante de Morte e Vida Severina, que vai da Serra da Costela ao Recife no extraordinário poema regionalista publicado em 1955, hoje vivemos a vida que não se vive, mas que se defende.

A realidade se estampa nos números da nossa tragédia social, a começar pela triste marca de mais de 350 mil mortos por covid-19. Na mesma esteira, seguem-se outros tristes números. O PIB per capita (que funciona como um indicador de riqueza da população) encolheu em média 0,6% ao ano na última década, segundo o Ibre/FGV.

Quando comparado ao PIB per capita dos Estados Unidos, voltamos ao início dos anos 2000, com nosso PIB per capita equivalendo de volta ao mesmo Å do norteamericano de então. Ou seja, em termos absolutos e relativos, ficamos mais pobres.

Também corremos o risco de sermos menos pessoas ativas economicamente no futuro. Não só porque se morre muito hoje, mas também porque o desalento leva a menos nascimentos. Isso significa um risco de termos menor capacidade de produzir riqueza e de financiar aqueles que não são produtivos â crianças e aposentados â lá na frente. Não só o País já perdeu a oportunidade de se beneficiar do bônus demográfico, que reduziu a razão de dependência entre os segmentos economicamente dependentes e o segmento classificado como produtivo a 44% (44 brasileiros com menos de 15 e mais de 64 anos dependentes de 100 pessoas em idade de trabalhar), como podemos vir a ter uma aceleração adicional dessa razão. Pela primeira vez na nossa história, conforme noticiado pelo Estadão no último domingo, algumas regiões do Brasil registraram mais mortes do que nascimentos. Os dados se referem aos primeiros dias de abril e, embora preliminares e explicados pelo elevado número de mortes, expõem a inversão de uma relação que mostrava nascimentos superando em mais que o dobro os óbitos. A depender dessa tendência, da sua intensidade e duração, o desafio da produtividade â já tão grande â será ainda maior no futuro.

Nessa esteira de números de tristeza e de piora nas perspectivas futuras, a educação surge como mais uma grande tragédia. O impacto da pandemia sobre a aprendizagem e sobre o aumento na evasão escolar pode significar o comprometimento de uma geração de crianças e jovens. Esse, sim, é o mais grave dos tristes legados, pois significa enraizar ainda mais a pobreza e a desigualdade que já tanto castigam. Os dados do IBGE mostravam um retrato ruim em 2019. Ali, mais da metade dos adultos brasileiros não havia concluído o ensino médio, segundo a Pnad Contínua, divulgada em meados do ano passado.

Dentre os nossos 50 milhões de jovens entre 14 e 29 anos, 10 milhões abandonaram ou nunca frequentaram a escola. Desses, 71,7% são pretos ou pardos.

Com a pandemia e a assimetria dos seus impactos por renda, gênero e raça, não haverá o que se comemorar nesse campo nos próximos anos. Ao contrário, contrata-se assim a manutenção da pobreza, além de subemprego, criminalidade e aumento da desigualdade social.

Outros números se juntam para compor esse triste mosaico. Desemprego elevado â em particular, mais grave entre mulheres, pretos e pardos ; aumento na concentração de renda (acentuada pela discrepância na trajetória de salários nos setores público e privado) e nos níveis de pobreza; agravamento da situação fiscal dos Estados e municípios e o consequente enfraquecimento da sua capacidade de provisão de serviços públicos de qualidade. Dentre outros que se misturam com a agenda populista e fisiológica que há muito nos tomou de assalto.

Mas não quero aqui deprimir ainda mais meu leitor. Afinal, a esperança, última a morrer e única ainda viva quando até o otimismo já se foi, vem em outra esteira. Paralela à esteira da morte, ela surge em reação à atual distopia e celebra a vida. É o Mestre Carpina de João Cabral, que responde a esse Brasil retirante ser o espetáculo da vida a melhor resposta para a morte.

Ao mesmo tempo que o Brasil sucumbe, abre-se na urgência o espaço para uma agenda que, ainda franzina, deverá fazer convergir ao centro uma alternativa que trará de volta o País dos brasileiros. Essa agenda deverá colocar a justiça social e a redução das desigualdades no topo das suas prioridades, e buscá-las por meio de políticas públicas que carregarão não a marca da ideologia, mas, sim, a da ciência e a do rigor. Isso, sim, é convergência. Isso, sim, será recolocar o Brasil nos trilhos. Afinal, somos todos, como em Morte e Vida Severina, irmãos das almas num País que hoje chora suas mortes. Mas que tem tanta vida que faz valer a pena buscar uma saída.

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ECONOMISTA E SÓCIA DA CONSULTORIA OLIVER WYMAN. O ARTIGO REFLETE EXCLUSIVAMENTE A OPINIÃO DA COLUNISTA

After a Strong Crisis Response, Asia Can Build a Fairer and Greener Future - Jonathan D. Ostry (IMF)

A Ásia continua crescendo, em meio à pandemia... 


After a Strong Crisis Response, Asia Can Build a Fairer and Greener Future

By Jonathan D. Ostry 

In some Asia-Pacific countries, the unpleasant memory of the pandemic is receding; elsewhere, second or third waves of infections are raging. A recovery is underway, but the regional averages obscure wide differences within and across countries.

Everywhere, the pandemic has inflicted historic income losses borne mostly by the less advantaged: low-wage and informal workers, as well as youth and women. A region known for its trademark growth-with-equity model now runs the risk of entrenching excessive inequality. If policymakers do not act, they risk stunted opportunities, fragile growth, and even social unrest.

Divergence Rules

Overall, exports and manufacturing have benefited from surging global demand for pandemic-related supplies. But economies more dependent on services are mostly languishing. We project regional growth to rebound to 7.6 percent this year and 5.4 percent next year.

Advanced economies (Australia, Japan, Korea) are benefiting from positive growth surprises late last year, strong policy responses, and spillovers from the large US fiscal package.

Some emerging markets, notably Indonesia, Malaysia, and the Philippines, are contending with increased coronavirus cases and renewed lockdowns, and therefore face a weaker recovery.

Growth in China and India has been revised up. For China, the markup to 8.4 percent this year reflects stronger net exports and the US fiscal stimulus, while the revision to 12.5 percent for India is driven by continued normalization of its economy and a more growth-friendly fiscal policy, even as the number of active cases has ticked up sharply in recent weeks.

Pacific Islands and other small states have been hit hard by the collapse in tourism and the sharp contraction in demand for commodities.

Disease variants looming

Wherever populations have received rapid and broad vaccine rollouts, health conditions have improved and propelled stronger recoveries. But the emergence of new variants and waves of infection, and questions about vaccine efficacy, remind us that the health crisis is far from over and that there is huge uncertainty surrounding the outlook.

The changing external environment is a central driver of risk in the region, given Asia’s outward orientation to trade and capital flows. The combination of expansionary fiscal policy in the United States with the marked increase in US 10-year government bond yields is reverberating in the region. Our analysis highlights important spillovers for Asian economies.

  • Asia is likely to experience favorable spillovers through trade channels as US fiscal expansion boosts growth and imports—that’s the good news for the region.
  • But if US yields rise faster than markets expect, or if there is miscommunication about future US monetary policy, adverse spillovers through financial channels and capital outflows, as during the 2013 taper tantrum, could compromise macro-financial stability.

 

chart 1

 

The consequences will thus vary according to country-specific trade and financial linkages. The share of foreign holdings of Asia’s government debt has diminished in recent years, reducing exposure to nonresident investors. In addition, greater official reserve holdings, more flexible exchange rates, stronger supervision over bank balance sheets, and better anchored inflationary expectations should dampen the impact of any faltering in foreign investors’ risk appetite.

However, the increase in debt across government, household, and corporate balance sheets means that higher borrowing costs—when they come—will hurt. Managing the risks and laying the foundation for a sustainable inclusive post-pandemic recovery requires deft policies today.

chart 2

 

Agenda for the post-pandemic 

Ensuring that vaccines are widely available in all countries remains the first priority. Boosting supply and administration capacity is essential, and international cooperation is needed to ensure universal distribution at affordable prices.

Fiscal support, targeted to those in need, should remain in place until the pandemic is behind us and private demand recovers. Broad lifelines should be phased out only gradually as the pandemic recedes and future support should then be geared to achieve needed reallocation of resources toward new dynamic (green and digital) sectors. Even now, policymakers need to be attentive to anchoring public debt in credible medium-term frameworks, especially where fiscal space and buffers have been eroded.

Monetary policy should continue to be data-dependent and attendant to macroeconomic and financial-stability risks. The challenges going forward may be significant given the possibility of renewed bouts of capital outflows, and risks from inflated house prices in some countries. Policy makers will have to rely on monetary policy and other instruments to safeguard macro-financial stability in this challenging environment.

But stability is only one objective. Growth productivity and the size of the pie, and giving all citizens a fair shot at this growing pie are equally important. Policy makers must recommit to a greener and more inclusive recovery that ensures equality of opportunity in Asia’s growing and more sustainable economy.  

Trade has historically been an engine of growth in this region, boosting incomes and living standards and lifting millions out of poverty. Since the mid-1990s, however, the pace of trade liberalization has stalled and too many tariffs and non-tariff barriers are in place. Broad liberalization would deliver sizeable output gains in the medium term and help to offset the scars from the current crisis.

Corporate debt, already high before, has increased further with the pandemic, despite exceptional fiscal and monetary policy support. Corporate sector policies must now pivot from liquidity to solvency support: streamlining insolvency procedures; maintaining credit to allow viable firms to recover; and facilitating fresh equity capital to help firms reduce debt and grow.

The Asian recovery stands out because of prompt and effective policies during pandemic’s acute phase. The next phase is even more challenging: to lay the foundation for a more inclusive, greener, and resilient region.

chart 3

 

Jonathan D. Ostry is Acting Director of the Asia and Pacific Department at the International Monetary Fund.

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Glenn


Glenn Gottselig
Blog Editor, IMF
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