quinta-feira, 29 de setembro de 2022

O voto presidencial e a escolha do menos ruim - Marcelo Sarsur (Twitter)

 Uma linha interessante no Twitter: 

Marcelo Sarsur 

@msarsur

 

O VOTO PRESIDENCIAL E A ESCOLHA DO MENOS RUIM 

Nassim Taleb, um dos maiores pensadores da atualidade, demonstra como os intolerantes, e não os tolerantes, tendem a vencer as disputas em que participam. Ele ilustra esse fato com uma alegoria instrutiva. 1/

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12:04 PM · Sep 28, 2022·Twitter for Android

 

Se 4 pessoas querem sair para jantar, mas uma delas é alérgica a camarões e outra é vegetariana, pode saber que o restaurante escolhido será vegetariano - e que os pratos não terão frutos do mar. Os que têm gostos mais restritivos, de fato, impõem sua escolha aos demais. 2/


Isso explica muito da escolha dos candidatos presidenciais, e de como chegamos na situação dessa semana. 2 grupos de eleitores são intolerantes: um quer o seu painho, e nele não veem defeitos; o outro quer o seu Mito, e também fazem força para ignorar o que ele tem de errado. 3/


Só que, aqui, os seguidores de São Luís Inácio saem em vantagem, porque pelo menos 52% dos brasileiros já não aguentam mais Bolsonaro e sua combinação tóxica de machismo, homofobia, incompetência, corrupção, apadrinhamento, apropriação sobre a coisa pública e covardia. 4/


A matemática é implacável. Se 52% rejeitam Bolsonaro e nesses 30 a 33% só aceitam Lula, isso quer dizer que os 20% que rejeitam Bolsonaro só chegam a uma maioria se estiverem com os fanáticos da seita petista. Além disso, os 20% não chegam a um nome único para representá-los. 5/


A seita bolsonarista também tem 33% do eleitorado. O suficiente para rivalizar com os petistas e interditar outro nome contra o PT, mas muito longe do suficiente para ganhar a eleição. Podem tumultuar, podem tentar uma ruptura institucional, mas não irão longe com isso. 6/


Se os bolsonaristas querem achar culpado para sua situação, podem procurar o espelho mais próximo. Ou olhar para o falso messias que cultuam. Em situações normais, um Presidente que triplicasse a renda mínima ou que tivesse uma política sã durante a pandemia seria aclamado. 7/


Bolsonaro, no entanto, é Bolsonaro. E por sua personalidade tóxica, pela corrupção de baixo clero dele e dos filhos, pelas crenças delirantes e pelos apoiadores violentos, vai conseguir tripla façanha: ser o primeiro Presidente a não se reeleger; perder ainda no 1º turno; e 8/


Ressuscitar a carreira política do Lula, que já havia sido encerrada com a prisão. Será o segundo militar mais importante para a trajetória política do Lula, perdendo só para o Golbery, que inventou de elevar o sindicalista de São Bernardo a figura nacional, contra o Brizola. 9/


Tamanha é a nossa desgraça, causada pela eleição desse miserável em 2018 e por nossa falha coletiva em tirá-lo do cargo em 2020 ou 2021, que teremos que suportar a volta do petismo ao poder, mesmo sem saber o que isso implica de fato. E de modo desonesto. 10/


A campanha petista promete não um candidato, mas uma volta da prosperidade e da bonança. Algo que eles não podem prometer, mas apenas esperar. Um voto em Lula não é um voto no boom das commodities de 2003-2008. É um voto em outro alguém que não seja o Bolsonaro. 11/

 

La guerre de Poutine contre l’Ukraine est entrée dans une nouvelle phase, encore plus dangereuse - Tatiana Kastouéva-Jean (Le Monde)

La guerre de Poutine contre l’Ukraine est entrée dans une nouvelle phase, encore plus dangereuse

Tatiana Kastouéva-Jean

Directrice du Centre Russie-Nouveaux Etats indépendants à l’IFRI

Le Monde, 29/09/2022


Avec l’organisation, par Moscou, de référendums locaux et de la mobilisation partielle, assortie de menaces nucléaires, Vladimir Poutine poursuit sa fuite en avant en Ukraine, écrit Tatiana Kastouéva-Jean, chercheuse spécialiste de la Russie.


« Poutine ne commencera pas la guerre contre l’Ukraine : les risques sont trop élevés et il y a plus à y perdre qu’à gagner », entendait-on en Europe avant le conflit. Il l’a pourtant fait. « Poutine ne lancera pas la mobilisation, l’idée n’est pas populaire dans la société russe et provoquera un fort mécontentement social. » Il l’a pourtant fait. « Poutine n’appuiera pas sur le bouton pour déclencher une guerre nucléaire, car cela n’aura pas d’effet significatif contre l’armée ukrainienne, permettra aux alliés de l’Ukraine de lui fournir des armes de longue portée et lui aliénera les soutiens des pays comme la Chine et l’Inde »

 

L’avenir n’est pas écrit à l’avance et le pire n’est jamais certain. Cependant, depuis le début de la guerre, force est de constater que le président russe n’est pas guidé par le calcul rationnel et froid des coûts et des bénéfices, mais par une haine viscérale de l’Ukraine, devenue son obsession, et de l’Occident, qui se renforce au fil du temps. 

Ni l’échec de l’offensive sur Kiev et les difficultés de contrôler la totalité du Donbass au bout de sept mois de guerre, ni les morts des soldats russes (les autorités russes en reconnaissent environ 6 000, tandis que les Ukrainiens les estiment à 55 000), ni les sanctions qui pèsent lourdement sur l’économie russe ne semblent entamer la volonté de Poutine de gagner cette guerre quoi qu’il en coûte en imposant une capitulation à l’Ukraine et en infligeant indirectement une défaite à l’Occident.

Trois raisons au moins le poussent à la fuite en avant. Tout d’abord, la conviction que le véritable enjeu de cette confrontation contre l’Occident, dont l’Ukraine ne serait qu’un pion, réside dans sa propre survie, qu’il lie intimement au destin de la Russie. Les vingt-deux ans d’un règne sans partage ont persuadé Poutine de sa mission dans l’histoire russe : rétablir la grandeur du pays, renforcer ses positions dans le monde face à la domination hostile américaine, et même renverser cette domination.


Lutte civilisationnelle

Les pontes du Kremlin décrivent depuis longtemps la confrontation entre la Russie et l’Occident en termes de lutte civilisationnelle. Dans plusieurs de ses discours, Poutine évoque l’Occident collectif qui cherche à achever la tâche commencée par la chute de l’URSS, à savoir affaiblir durablement la Russie, voire la démembrer. Dans la vision de Poutine, les dégâts actuels se justifient à l’échelle historique, telles les conquêtes impériales sanglantes des tsars russes. Dans sa vision du monde, cette guerre était inévitable, et Poutine a préféré frapper le premier, comme son enfance dans les rues de Leningrad le lui a appris.


(...)

 

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Brasil precisa de nova política externa para deixar de ser pária no mundo - Hussein Kalout (FSP)

Brasil precisa de nova política externa para deixar de ser pária no mundo

Em 2023, relações internacionais deveriam priorizar os interesses reais do país, não buscar fantasmas para combater

Hussein Kalout

Folha de S. Paulo, 28.set.2022


O Brasil fechará o ano de 2022 no ponto mais baixo de credibilidade internacional que se tem notícia em nossa história recente. Um país que se isolou e optou por ser um pária, por obra e força de uma política externa destrutiva, guiada por visão conspiratória do mundo.

Uma política externa que está amparada em uma regressão executada desde 2019 em uma ampla gama de políticas públicas; regressão que se fez acompanhar do ataque sistemático do governo aos órgãos de Estado encarregados da execução dessas políticas.

A estratégia de terra arrasada foi implementada com graus variados de sucesso na área ambiental, na saúde, na economia, nos direitos das mulheres, no combate à discriminação racial, na gestão orçamentária, segurança, cultura, ciência, entre outras.

A política externa foi a cereja desse bolo podre, dando contribuição própria para que a perda de respeito internacional decorrente do descalabro interno ganhasse impulso adicional com decisões estapafúrdias implementadas pela chancelaria: do alinhamento rastejante a Donald Trump à antagonização gratuita com a China, de votos solitários e contrários à tradição brasileira na ONU ao abandono da integração regional, da priorização de países de importância relativa apenas por terem governos de extrema direita à ofensa infantil a parceiros fundamentais e grandes investidores no Brasil, como a França e a Alemanha.

Na América do Sul, a política externa bolsonarista cometeu o pecado capital de impulsionar a formação de coalizões antibrasileiras, transformando em inimigos do Brasil governos de países estratégicos, como Argentina, Bolívia ou Chile, simplesmente porque são governados por líderes de ideologia diversa. O pragmatismo morreu com o radicalismo dos incautos.

Impossível ser exaustivo nessa lista de despautérios no espaço de um artigo. Essa amostra serve, contudo, para ilustrar o argumento central: a necessidade de colocar em marcha, assim que possível, uma estratégia de retomada do lugar do Brasil no mundo.

Para isso, será necessário reconstruir a política externa, resgatando as linhas mestras que emanam da Constituição Federal e atualizando antigos paradigmas com vistas a responder a uma realidade internacional cada vez mais competitiva, complexa e desafiadora.

A reconstrução demanda uma política externa que não corra atrás de fantasmas a combater, mas seja pautada pelos interesses reais do país e por uma leitura objetiva da realidade regional e global. Mais do que prender-se a qualquer anacronismo de tempos que não voltam, o país precisa enfrentar as urgências do presente com um olhar posto na construção do futuro que almejamos.

Uma nova política exterior é necessária —realista, pragmática, integrada e coesa—, que não perca de vista o seu viés universalista e solidário.

A política externa de um país não se faz, obviamente, no vácuo ou desconsiderando as demandas mais urgentes da sociedade, especialmente na redução das violentas desigualdades. O Brasil precisa de uma política externa que efetivamente trabalhe para resolver problemas históricos e inaceitáveis do nosso povo, como a fome, o racismo e a desigualdade de gênero.

Precisamos de uma política externa que equilibre as demandas domésticas com as oportunidades internacionais. Não podemos nos ausentar das relações internacionais, lutar contra moinhos imaginados ou dar passos maiores que a perna. A política externa deve refletir um projeto nacional pautado a partir de uma análise dos interesses concretos em jogo na ordem internacional, em consonância com nossas mazelas domésticas.

Os exemplos do passado não devem ser desprezados, desde que não signifiquem uma camisa de força; precisam ser pensados como fonte de inspiração para inovar. Afinal, não se implementa uma estratégia eficaz de inserção internacional olhando apenas pelo retrovisor ou pensando em cenários futuros nunca alcançáveis ou irreais.

A atenção deve estar voltada prioritariamente para o que encontramos na nossa frente nessa longa estrada na busca do desenvolvimento e da influência internacional do país.

O Brasil de 2023 terá de encarar pelo menos cinco grandes urgências: a emergência climática, a ausência brasileira na sua própria região, tensões entre grandes potências com impacto sobre a economia e a paz mundiais, a necessidade de conferir eficácia ao multilateralismo diante de problemas globais e e a importância da aposta na África e na Ásia.

Cada um desses tópicos demandará muito diálogo entre governo e sociedade. As respostas podem variar, mas é fundamental formular as perguntas certas.

Partindo do pressuposto de que a política ambiental brasileira será reconstruída, é preciso perguntar como tirar vantagem do patrimônio representado pela Amazônia para gerar desenvolvimento sustentável, reclamando a nossa liderança natural na agenda da mudança do clima e da transição energética.

Na região, devemos indagar como promover arranjos de integração inclusivos, sem seletividade, para enfrentar desafios comuns (segurança, pandemias, desenvolvimento sustentável, integração física, resposta a catástrofes etc.), independentemente da cor ideológica dos governos envolvidos.

Como devemos nos posicionar diante das tensões entre EUA e China ou entre Otan e Rússia, de modo a preservar nossos interesses bilaterais sem renunciar a princípios caros à política externa brasileira?

Quais seriam as prioridades de reforma de organismos internacionais para fazer face não somente às ameaças à paz, mas também a problemas reais como pandemias, crise de refugiados, guerras comerciais, segurança cibernética, fome e insegurança alimentar?

Quais caminhos tomar e quais estratégias implementar para nos posicionarmos diante do deslocamento do centro de gravidade econômico para a Ásia e da emergência inelutável da África, regiões totalmente negligenciadas pela política externa nos últimos anos?

A resposta a essas perguntas não pode ignorar os ativos brasileiros, tanto seu patrimônio diplomático, que deve ser resgatado, quanto seus recursos humanos, econômicos e naturais, que conferem peso específico ao país na região e no mundo.

A consciência desses ativos poderá ajudar a definir áreas e nichos em que o país poderá ser mais relevante e influente, de modo a priorizar as ações que tendem a gerar mais ganhos e privilegiar iniciativas que visariam minimizar eventuais danos, em um contexto de competição geoeconômica e geopolítica acirrada.

Depois de tanto tempo como pária, será preciso recuperar a credibilidade sem se exceder, evitando qualquer exagero em relação às nossas capacidades, mas sem deixar de ousar, propor e inovar nas áreas e tabuleiros em que podemos ter mais sucesso.

Não há respostas fáceis e nem óbvias às questões aqui levantadas. O único ponto óbvio é que o mundo sente a falta do Brasil e irá celebrar nosso retorno. Virar a página da política externa destrutiva dos últimos anos é a condição indispensável da nossa volta ao mundo.

A reconstrução dessa presença, no entanto, demandará mais que repetir as fórmulas que podem não se adequar à realidade do presente: vai requerer enfrentar as urgências do momento com visão de futuro, exigindo, portanto, uma política externa que reflita não apenas o país que temos, mas também o país que queremos.

Todo brasileiro quer ver seu país ser respeitado nas relações internacionais. O respeito começa pela admiração. A política externa brasileira pode ser um importante instrumento para que povos do mundo inteiro voltem a admirar o Brasil.

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2022/09/brasil-precisa-de-nova-politica-externa-para-deixar-de-ser-paria-no-mundo.shtml

A próxima recessão europeia será russo-energética - Robert Romano (Limited Government Foundation)

 Os conservadores americanos aproveitam a crise energética na Europa para atacar as políticas setoriais do governo Biden.

Mas a matéria contém elementos informativos quantitativos, úteis para avaliar a dimensão do desafio energético europeu, sobretudo para a Alemanha.

Nord Stream natural gas pipeline sabotage brings Europe to point of no return 

 

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By Robert Romano

Americans for Limited Government Foundation, September 27, 2022


The Nord Stream natural gas pipelines, which until the war in Ukraine had supplied 1.9 trillion cubic feet a year to Europe, and 55 percent of Germany’s gas alone, appears to have been sabotaged after two recorded blasts resulted in massive gas leaks into the Baltic sea.

Owned and operated by Nord Stream AG, a subsidiary of Russia state-owned energy giant Gazprom, in 2005, former German Chancellor Gerhard Schroder approved construction of the Nord Stream 1 pipeline, which was finished and went online in 2012. Nord Stream 2 was built from 2018 and finished construction in Sept. 2021 at a cost of $11 billion, and would have doubled the current pipelines’ distribution of 1.9 trillion cubic feet a year to 3.9 trillion cubic feet a year.

In Nov. 2021, Germany delayed final regulatory approval of the pipeline project to about March 2022, right as Russia began moving its forces to its border with Ukraine throughout 2021. After the war began in Feb. 2022, Germany cancelled Nord Stream 2 and by the end of 2022 Russia had completely shut off Nord Stream 1, restricting supplies to Europe as prices went to the moon.

When the wider war in Ukraine began in February, Title Transfer Facility (TTF) in the Netherlands were already up to $25.72 per 1,000 cubic feet, according to the U.S. Energy Information Administration. Prices had peaked in early September at $83.62 before beginning to settle back down as the U.S. and other nations sought to boost production as an offset, down to $56.63 per 1,000 cubic feet before the explosions on Nord Stream.

For comparison, the U.S.-based Henry Hub natural gas is currently trading at $6.79 per 1,000 cubic feet. Even with prices somewhat down, they're still almost 10 times as expensive in Europe compared to here. 

Now, prices are rising once again, as should be expected, as markets contemplate the new chessboard that just lost 3.9 trillion cubic feet a year of potential production from the equation, perhaps permanently. 

Russia has played a major role in supplying European energy for years. In 2020, the European Union imported 9.1 trillion cubic feet of natural gasaccording to Eurostat. And about 41 percent Europe’s imports come from Russia, or about 3.73 trillion cubic feet a year, 24 percent from Norway at 2.2 trillion cubic feet and 11 percent from Algeria at 1 trillion.

Thus, the loss of Nord Stream as a potential source of energy only appears to deepen Europe’s ongoing energy crisis that, combined with the war in Ukraine, grain shortages, and the post-Covid global supply crisis, is plunging the continent into recession.

A good question appears to be who blew up the pipelines. If Nord Stream is permanently damaged, that increases the importance of Russia’s pipelines that currently run through both Belarus and Ukraine, and then from there, through Slovakia and Poland.

Here, Russia seemingly lost a piece of leverage. If the Nord Stream pipelines were the carrot for Germany — i.e. “do what we want and we’ll turn on Nord Stream” — then the pipelines through Belarus and Ukraine are the stick — i.e. “do what we want or we’ll turn off the other pipelines, too”. Now, all Moscow has left is the stick.

The impact, therefore, is to close off Germany from Russian natural gas, perhaps for its own “good,” if, say, the West, or the U.S. or just Ukraine, or some other third party, were responsible for the attack. Germany’s stake in the conflict has dramatically changed without the possibility of further imports from Russia.

Bizarrely, if Russia blew up its own pipeline that it had already turned off, the message could be “the other pipelines are next” and are moving to cut off all European access before the winter.

Or, if it was not Russia, Moscow could still move to now shut off the other pipelines in response, thus further escalating the conflict.

Either way, the implication is that the war in Ukraine is now reaching the rest of Europe in a major escalation. It's the point of no return. Sadly, there are just about two things for nation-states to do with one another in the world: commerce or war. Unfortunately for Europe, as can be seen in the Baltic Sea with the gas rushing to the surface, they are mutually exclusive.

Robert Romano is the Vice President of Public Policy at Americans for Limited Government Foundation. 


terça-feira, 27 de setembro de 2022

Trigo é o fato novo na agricultura brasileira - Rubens Barbosa

Trigo é o fato novo na agricultura brasileira, diz representante do setor

Entrevista com Rubens Barbosa

Folha de S. Paulo, 27/09/2022

Desorganização do mercado de commodities deu novos preços ao cereal

Após a soja e o milho, o Brasil passará a ser um grande player internacional no setor de trigo. A Covid e a guerra entre Rússia e Ucrânia trouxeram novos desafios para o mercado internacional de commodities.

Um dos principais desafios ocorre na cadeia do trigo, produto que está entre os mais afetados pela guerra, devido à importante participação dos dois países envolvidos no conflito no fornecimento mundial desse cereal.

A desorganização do mercado de commodities, trazida por esses eventos, deu novos preços ao cereal. A alta e novas tecnologias da Embrapa vão permitir um impulso na produção de trigo em áreas tropicais do país.A avaliação é de Rubens Barbosa, presidente-executivo da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo). Segundo ele, em busca de uma segurança alimentar, vários países devem procurar o Brasil para investimentos nesse setor.

Um dos interessados é a Arábia Saudita, cujo Salic (Sadi Agricultural and Livestock Investiment), que investe em projetos no exterior para garantir o abastecimento alimentar do país, já manifestou interesse em investir mais nos setores avícolas e de grãos do Brasil. O trigo está no radar desses investidores.

O mercado de trigo vai continuar com preços aquecidos. Mesmo com a liberação das exportações de cereais da Ucrânia, os preços não voltam imediatamente ao patamar anterior à guerra. E esse conflito não tem sinais de um processo de paz.

Internacionalmente, os preços continuam elevados porque os fretes e os seguros estão caros. Internamente, as commodities sofrem o efeito do dólar e do custo Brasil.

Haverá um período de ajustamento, mas isso não ocorrerá tão cedo, afirma Barbosa.

Além dos efeitos da guerra, o trigo está sendo afetado por circunstâncias específicas de cada país. Vários produtores mundiais sofrem o efeito da seca, e o principal fornecedor brasileiro, a Argentina, já não deverá produzir os 21 milhões de toneladas esperados, mas 18 milhões.

"Apesar de tudo isso, não vejo nenhuma perspectiva dramática no fornecimento do cereal ao Brasil, à exceção dos efeitos de mercado, como frete e seguros. O trigo existe e não haverá problema de abastecimento para nós", diz Barbosa.

Alguns países da África e do Oriente Médio, antes dependentes da Ucrânia e da Rússia, tiveram de reorientar suas compras, inclusive buscando produto no mercado brasileiro, que deverá exportar mais de 3 milhões de toneladas neste ano.

O agronegócio vem sendo um dos principais setores da economia brasileira, mas o país precisa muito de um planejamento. Para o representante da Abitrigo, não é possível uma dependência tão grande de matérias-primas, como o fertilizante. A perspectiva de produção desse insumo é de longo prazo, e, mesmo assim, ainda com larga dependência.

O país precisa se cercar das novas tecnologias de produção. Além disso, tem de se conscientizar de que o protecionismo vai ser muito forte a partir de agora.

Para Barbosa, a União Europeia começa a propor uma legislação muito dura, e o Brasil precisa desenvolver uma rastreabilidade para mostrar que os produtos não vêm de áreas desmatadas.

A avaliação do futuro também é importante para esse setor. A China não quer ficar mais tão dependente do Brasil. Está indo para a África e elevando a produção interna.

Se os brasileiros tiveram uma grande facilidade no mercado externo até agora, vão necessitar de um bom planejamento para o futuro, inclusive buscando novos mercados.

O Brasil tem de levar a sério alguns fatos e tomar medidas em questões sensíveis, como a ambiental. "O país não pode permitir que o ilícito continue. Essa é uma questão fundamental e um dos principais problemas que temos." Para o representante da Abitrigo, o governo que assumir em janeiro vai ter de levar muito a sério esse assunto.

O trigo é o fato novo para a agricultura brasileira, e em cinco anos o Brasil será autossuficiente no cereal. O país deverá produzir próximo de 10 milhões de toneladas neste ano, chegando perto do consumo, que é de 12 milhões.

Para Barbosa, a evolução da produção brasileira de trigo é uma questão de segurança alimentar. Trigo e arroz são os cereais mais presentes na mesa do consumidor brasileiro, e a indústria se preocupa com essa vulnerabilidade atual do setor.

Na avaliação do representante da entidade, com a evolução dos preços, o trigo se torna mais atrativo do que o milho. Preço, novas variedades da Embrapa e diversificação regional do plantio vão auxiliar na expansão de que o país necessita.

Barbosa destaca, ainda, a evolução da qualidade do produto brasileiro, que ganha aceitação lá fora. O trigo nacional está indo para mercados da Ásia, do Oriente Médio e da África.

Estimativas de Jorge Lemainski, chefe-geral da Embrapa Trigo, indicam que o país deverá produzir 20 milhões de toneladas de trigo em 2030.

 Fonte: Folha de S. Paulo

Les Pays du Sud dans le multilatéralisme: un colloque à la Sorbonne, 6-7/10/2022

 Le laboratoire AGORA de CY Cergy Paris Université, le centre Roland Mousnier de Sorbonne Université, l’université de Marbourg et l’université de Montréal s’associent dans l’organisation d’un colloque intitulé :

 

 

Les Pays du Sud dans le multilatéralisme

Les 6-7 Octobre 2022

À l’Institut des études slaves (Sorbonne Université) au n°9, rue Michelet, Paris 75006

Organisateurs :

Régine Perron, MCF HDR Histoire des relations internationales, CY Cergy Paris Université

Samir Saul, Professeur Histoire des relations internationales, Université de Montréal

Hubert Zimmermann, Professeur Relations internationales, Université de Marbourg

Christophe Réveillard, Chercheur au Centre Roland Mousnier (UMR 8596 - IRCOM), Sorbonne Université.

 

Le jeudi 6 octobre :

Accueil : 9h30

Introduction : Régine Perron, CY Cergy Paris Université

 

10h : Présidence de séance: Jean-Pierre Dozon, Directeur d’études à l’EHESS

En Afrique du nord et subsaharienne

-Prof. Mohamed Lazar Gharbi, La Tunisie postcoloniale et l’option multilatéraliste (avec le FMI), Université La Manouba, Tunis

-Mariel Reiss, Multilateralism in Eastern and Southern Africa, Université de Marburg

-Komi Abalo et Dossou Ogouchina O'Lougbegnon, Les échanges intracommunautaires entre la zone CEDEAO et la zone CEMAC pour quel multilatéralisme avec la France ?, Université de Montréal (UDEM)

-Elhadji Saer Thiam, La CEDEAO comme exemple de construction du multilatéralisme en Afrique: Entre intégration économique et maintien de la paix et de la sécurité, CY Cergy Paris Université.

 

14h : Présidence de séance : Dominique Barjot, Professeur Histoire économique, Sorbonne Université

En Asie

-Prof. Lun Zhang, Dedans ou dehors: l'évolution de la stratégie de Pékin à l'encontre des organisations internationales, CY Cergy Paris Université

-Andi Akhmad Basith Dir, Expectation Goes South: the European Union’s Timber Regime in Indonesia, Philipps-Universite Marburg/Universitas Diponegoro Indonesia

 

En Amérique Latine

-Hildete de Moraes Vodopives, Centre Roland Mousnier Sorbonne Université, et Paulo Roberto de Almeida, Centro Universitário de Brasilia, Brazil and the challenges of multilateralism: high participation, low decision-making power.

-Getsiva Cayo, Centre Roland Mousnier Sorbonne Université, et Sebastian Adins, Pontifica Universidad Católica del Perú (PUCP), La participation du Pérou dans la formation du Pacte Andin (1968-1975).

 

16h 30: Clôture de la première journée.

  

Vendredi 7 octobre :

9h30 : Présidence de séance : Olivier Forcade, Professeur en histoire des relations internationales, Sorbonne Université

Dans le monde arabe

-Caroline Piquet, Les pays du Golfe dans le système international de 1945 à nos joursCentre Roland Mousnier Sorbonne Université

 

Les petits Etats insulaires et non-insulaires

-Carola Klöck, Climate change negotiations of Island and Non-Island States in International Institutions, Sciences Po Paris

 

Avec l’Union européenne

-Ngeti Zwane, African migration to the European Union, Université de Marburg

-Christophe Réveillard, Les PTOM de la CEE aux pays ACP de l'UE, Centre Roland Mousnier

 

Conclusion : Hubert Zimmermann, Université de Marbourg

 

12h30 : Clôture du colloque

 

Avec le soutien de CY Agora, CY Advanced Studies, du Centre Roland Mousnier, de la Faculté des Lettres de Sorbonne Université et de la Fondation Maison des Sciences de l'homme.

 

Eleições 2022: Política externa: o que dizem os planos de governo dos candidatos à Presidência

Muito vago e sem tocar no essencial do momento: a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia.

 

Política externa: o que dizem os planos de governo dos candidatos à Presidência

Textos divulgados pelas campanhas dos quatro presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas mostram diferenças de abordagem nas relações internacionais; compare.

Por G1

25/09/2022

 


Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet — Foto: Carla Carniel/Reuters, Evaristo Sa/AFP e Andre Penner/AP

Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet — Foto: Carla Carniel/Reuters, Evaristo Sa/AFP e Andre Penner/AP 

A relação do Brasil com os outros países é um dos temas presentes nos planos de governo dos candidatos à presidência nas eleições de 2022. Confira o que cada um deles pretende fazer: 

 

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Em seu plano de governo, o candidato do PT diz pretender recuperar a soberania do Brasil, o que, segundo ele, exige uma política externa ativa e nobre. "O Brasil era um país soberano, respeitado no mundo inteiro. Ao mesmo tempo, contribuía para o desenvolvimento dos países pobres, por meio de cooperação, investimento e transferência de tecnologia", afirma o documento. 

Lula acredita na integração da América do Sul, da América Latina e do Caribe como formas de manter a segurança regional e de promover o desenvolvimento da região por conta das possíveis complementariedades produtivas das nações. 

"É [preciso] trabalhar pela construção de uma nova ordem global comprometida com o multilateralismo, o respeito à soberania das nações, a paz, a inclusão social e a sustentabilidade ambiental, que contemple as necessidades e os interesses dos países em desenvolvimento, com novas diretrizes para o comércio exterior, a integração comercial e as parcerias internacionais", diz o plano de governo. 

Entre as propostas de Lula, estão: 

  • Reconstruir a cooperação internacional Sul-Sul 18 com América Latina e África;
  • Defender a ampliação da participação do Brasil nos assentos dos organismos multilaterais;
  • Fortalecer novamente o Mercosul, a Unasul, a Celac e os Brics;
  • Retomar e ampliar as políticas públicas para a população brasileira no exterior e seus direitos de cidadania a partir de acordos bilaterais, em condições de reciprocidade, para reconhecimento de direitos e uma vida melhor para as populações migrantes;
  • Estabelecer livremente as parcerias que forem as melhores para o país, "sem submissão a quem quer que seja".

 

Jair Bolsonaro (PL)

Bolsonaro afirma, em seu plano de governo, que a nação buscará interações ainda maiores com países que tenham valores compatíveis com os do Brasil. Entre esses princípios, estão, segundo o candidato: ambiente democrático, como eleições livres e transparentes; liberdade de associação; de opinião e de imprensa; segurança jurídica; igualdade e respeito aos poderes constituídos e sua independência constitucional. 

O documento destaca o papel da capacidade das Forças Armadas, principalmente de Defesa, nas relações internacionais. "Além de alinhada com a política externa, deve servir de indutora para assuntos como domínio de tecnologia de ponta por meio de projetos estratégicos", afirma o plano de governo. 

Entre as propostas de Bolsonaro, estão: 

  • Participar de acordos e operações internacionais, notadamente aqueles que busquem a paz, como as missões patrocinadas pela ONU;
  • Ampliar e aperfeiçoar as parcerias econômicas, bilaterais ou multilaterais e viabilizar outras ainda mais ambiciosas;
  • Criar condições para atrair investimentos internacionais que auxiliem no desenvolvimento econômico, na geração de empregos e no bem-estar social;
  • Buscar parcerias comerciais e tecnológicas com aquelas nações que ofereçam respostas às necessidades do país;
  • Ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Entrar na OCDE, segundo o candidato, trará uma série de benefício econômicos para o Brasil. "Essa adesão facilitará negócios porque ela é vista como selo de boas práticas políticas, econômicas e diplomáticas, garantindo segurança e estabilidade nas relações comerciais com outros países", diz o documento. 

Dentre as vantagens do ingresso na OCDE, está a possibilidade de estreitar acordos econômicos com nações que são mais desenvolvidas, além de integrar os acordos internacionais. Essa adesão facilitará negócios porque ela é vista como selo de boas práticas políticas, econômicas e diplomáticas, garantindo segurança e estabilidade nas relações comerciais com outros países. 

 

Ciro Gomes (PDT)

O plano de governo do candidato Ciro Gomes não menciona propostas referentes à diplomacia brasileiro ou às relações internacionais. O documento afirma apenas que "as negociações comerciais e diplomáticas seguirão dois princípios essenciais: a defesa dos interesses nacionais e a soberania do país". 

 

Simone Tebet (MDB)

Quando o assunto são as relações internacionais, o plano de governo da candidata do MDB à presidência tem como um dos principais intuitos melhorar a imagem do Brasil perante as outras nações. 

"Recuperar o prestígio da diplomacia brasileira nos diversos foros internacionais, intensificando a participação do país nos trabalhos das Nações Unidas, particularmente nos que se destinam a: (1) mitigar as mudanças climáticas; (2) promover o desenvolvimento sustentável; (3) garantir a paz e a segurança internacionais; (4) combater o tráfico de armas e de drogas, a corrupção, o terrorismo e a guerra cibernética, entre outras questões globais; e (5) reformar a Carta da ONU e ampliar seu Conselho de Segurança", afirma o documento. 

Entre as propostas de Tebet, estão: 

  • Revigorar a atuação do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC);
  • Facilitar os fluxos bilaterais de pessoas, bens, serviços, investimentos e tecnologia;
  • Implementar redução gradual de tarifas aduaneiras;
  • Ampliar o grau de abertura comercial e de internacionalização da economia brasileira;
  • Promover a integração física e os investimentos em infraestrutura na América do Sul;
  • Consolidar e aprofundar o Mercosul;
  • Avançar no processo de acesso à OCDE.

 

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