terça-feira, 16 de abril de 2024

Lulopetismo diplomático, no tocante à Ucrânia, é muito diferente do bolsonarismo diplomático?

 Uma postagem do início de 2023, que pode ser lida como absolutamente atual, pelo menos no tocante à Ucrânia e nos amores petistas para com a Rússia:

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Contrastes históricos na diplomacia - Paulo Roberto de Almeida

 Contrastes históricos na diplomacia:

Paulo Roberto de Almeida

O Brasil avançou na pauta ambiental multilateral, desde a superação recente da antipolítica ambiental de Bolsonaro, que foi totalmente destrutiva no sentido estrito e lato do termo, ou seja, nos planos conceitual e operacional. 

Cabe no entanto reconhecer que ele recuou tremendamente na pauta da paz e da segurança internacional, e isso desde a invasão da Crimeia em 2014 (quando Dona Dilma julgou a anexação ilegal de Putin um “assunto interno” da Ucrânia), e mais ainda desde a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia um ano atrás, quando Bolsonaro tinha recém se “solidarizado” com Putin, ao realizar uma inoportuna visita uma semana antes da invasão. 

Fato inédito na história diplomática do país, o Brasil parece ter abandonado o Direito Internacional, postura que foi observada estritamente mesmo sob o Estado Novo de Vargas e durante o regime de exceção da ditadura militar de 1964. 

No Estado Novo, nunca reconhecemos a invasão escabrosa da Polônia por Hitler, em 1939 (continuando relações com o governo no exílio, pois que nossa doutrina jurídica nunca aceitou usurpações pela força), assim como não reconhecemos a invasão e anexação pela URSS de Stalin, em 1940, dos três Estados bálticos, com os quais mantínhamos relações diplomáticas desde os anos 1920. Na ditadura militar, mesmo exibindo certa diplomacia blindada em direção de regimes esquerdistas da região— no Chile de Allende, por exemplo, na Bolívia do general Torres, no Uruguai ameaçado pelos Tupamaros, que chegaram a sequestrar um cônsul brasileiro —, mantínhamos um respeito pró-forma pelo Direito Internacional, absolutamente acatado pela diplomacia profissional.

Nesse sentido, o lulopetismo diplomático e o bolsonarismo na política externa se equivalem de maneira vergonhosa, ao se distanciarem de uma das tradições mais caras de nossa diplomacia, que vinha do próprio Império— ainda que usando o Direito internacional para defender o “direito” do Brasil ao tráfico escravo —, passando pelo Barão do Rio Branco, Rui Barbosa, Oswaldo Aranha, Afonso Arinos e San Tiago Dantas, entre outros. 

Direita e esquerda negligenciam nossas maiores e melhores tradições jurídicas em nome do mais vulgar oportunismo economicista — por algumas toneladas de fertilizantes — ou de uma anacrônica oposição ao “hegemonismo” ocidental, o que nos coloca do lado de duas grandes autocracias, sendo uma a violadora brutal das normas mais elementares do Direito Internacional, assim como da própria Carta da ONU, que juramos defender desde 1945, mesmo não concordando com o iníquo e abusivo direito de veto exercido por cinco grandes potências. 

O recuo não é só operacional, mas é sobretudo conceitual, isto é, no plano dos princípios e valores de nossa diplomacia. Lulopetismo e bolsonarismo diplomáticos deixaram completamente de lado a dimensão moral da nossa política externa. Retrocedemos a um populismo que já faz a nossa desgraça no plano doméstico. 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 16/02/2023


segunda-feira, 15 de abril de 2024

China Continues To Dominate An Expanded BRICS - Alicia Garcia-Herrero (East Asia Forum)

 Nada de muito novo…

China Continues To Dominate An Expanded BRICS – Analysis 

By 

By Alicia Garcia-Herrero

(…)

BRIC was officially launched in 2009 and was renamed BRICS in 2010 when South Africa joined the group. Since then, trade relations have clearly grown, but in a very unbalanced manner.

Most of the growth in trade has been China-centric, with the contribution from the rest of BRICS remaining quite flat until recently. The recent increase is mostly explained by India, which has experienced an acceleration in economic growth. BRICS members are increasingly intertwined with China as far as trade is concerned, but the remaining members have very few ties among themselves. Bilateral trade between BRICS members other than China remains extremely low.

China’s sheer economic size — five times greater than India’s — and China’s increasing assertiveness in foreign policy explain China’s dominance of BRICS. BRICS countries have increasingly similar positions to China at the United Nations. This is not only the case for issues within China’s sphere, such as Xinjiang-related resolutions, but also more global issues such as resolutions on the invasion of Ukraine and the Israel–Palestine crisis.

The  only exception on Ukraine has been Brazil, which voted in line with the West in March 2022. But Brazil’s diplomatic stance on Ukraine has become much more blurred since then and its position has fully aligned with China’s on the conflict in Gaza.

China has been the leading proponent of expanding BRICS to BRICS+. The main reason for expansion was to make BRICS more representative of the developing world and give it a stronger voice on the global stage.

But the six countries invited to join — which has become five after Argentina’s withdrawal — are quite heterogenous. Some are net creditors (such as Saudi Arabia and the United Arab Emirates), while others are net debtors and in a very weak financial position. Half of them are large exporters of fossil fuels (Saudi Arabia, the United Arab Emirates and Iran). Ethiopia and Egypt stand out as members from Africa, a continent that has become increasingly important for China’s and India’s foreign policy.

The questions that arise are what BRICS can achieve with such a heterogeneous group of members, and whether it will be able to maintain its objectives after expansion.

The group has called for comprehensive reform of the International Monetary Fund and the World Bank to make the institutions more representative, accountable and effective in addressing global challenges. BRICS has also consistently advocated for comprehensive reform of the United Nations, arguing that its current structure with five permanent members holding veto power does not represent the interests of all member states.

One increasingly important objective of BRICS is to become the new platform for developing countries to voice their concerns and interests. The international financial architecture is an area where members’ positions can clearly be aligned. BRICS promotes the use of local currencies in trade between its member states, especially in trade with China, as well as supporting rules-based, open and transparent global trade. The expansion of its membership evidently supports this objective.

The actual impact of BRICS expansion will depend on several factors, including the group’s ability to overcome its internal challenges and the response of the West. Still, the smooth expansion is a clear sign that the global balance of power is shifting and that developing countries are playing an increasingly important role in global affairs.

How BRICS will fare over time depends on several factors. First and foremost is how China’s power evolves. There is increasing consensus that China’s long-term growth will continue to decelerate, which will reduce the opportunities that the Chinese market has to offer for BRICS members and others. A second important factor is how BRICS members and their populations come to perceive China.

The heterogeneity of BRICS is not only economic but also political. The elephant in the room is India, which finds itself in an increasingly uncomfortable position in groupings that are dominated by China. Still, the group’s diversity and its members’ respective comparative advantages could turn out to be a boon not only for China but also for India.

BRICS, which started as a primarily economic initiative to mark the transfer of economic power to the emerging world, has grown into an important geopolitical grouping. China’s centrality and the diversity of its members present both challenges and opportunities.

The future of the grouping is uncertain, given its heavy economic dependence on China and the deteriorating sentiment towards China among its members. India’s fast growth and increasing geopolitical heft create additional challenges for the continuation of a China-centric BRICS.

  • About the author: Alicia Garcia-Herrero is Senior Research Fellow at the Brussels-based think tank Bruegel and Adjunct Professor at the Hong Kong University of Science and Technology.
  • Source: This article was published by East Asia Forum. A version of this article was first published here in EconPol Forum.


Os novos donos da verdade oficial: juizes censores - Demetrio Magnoli

 Dá para ler aumentando:



Como anda a militância da diplomacia ideológica e militante? Mais um exemplo… - Augusto de Franco, Nelson Zornitta, Paulo Roberto de Almeida

Transcrevo primeiro a nota de Augusto de Franco:

“ "Irã queria fazer um gesto, a questão é como Israel responderá" - diz Celso Amorim, o militante ideológico do século 20 que continua desencaminhando nossa política externa, sob as ordens de Lula, é claro. Que "gesto" é esse com 300 mísseis e drones sobre áreas civis de Israel?”

Agora um comentário a esta nota de @NelsonZornitta:

“ O ponto a que chegamos é: Amorim não condena o "gesto" do Irã com potencial de matar milhares de israelenses civis e iniciar a guerra derradeira que matará bilhões, mas se eu fizer um gesto para o Celso Amorim, posso ser condenado por atentar contra a democracia?”

Agora meu comentário:

“ Celso Amorim é “mestre” em frases estarrecedoras. Levado a uma exposição em Bucha, na Ucrânia, palco de crimes de guerra e contra a humanidade por soldados russos, disse que “não dá para saber, são apenas fotos”. São “apenas 300 mísseis” diz agora.” (PRA)

Uma história de resistência à violência da ocupação e tirania- Elsie Maréchal (Bélgica, IIGM) - Helen Fry

 Como este espaço é por mim considerado como um “quilombo de resistência intelectual” contra o arbítrio, a prepotência e a violência dos poderosos, eu não posso deixar de homenagear outros resistentes;

From: HelenFry (IIWW Historian)

“Elsie Maréchal was among the few surviving female helpers of the Comet Escape Line, a resistance organisation stretching from Brussels to Paris and down to Bilbao in Spain during the Second World War.

At the age of 16, she enlisted in the Comet Line in 1940, amidst the severe German occupation of Belgium. Bravely, Elsie served as a resistance operative, bearing witness to the atrocities inflicted by the Nazis in her homeland. She observed trains departing daily and witnessed the suffering of her fellow citizens, particularly the Jews.

This only strengthened her resolve to resist. However, tragedy struck in November 1942 when Elsie and her family were betrayed. Despite enduring brutal interrogations and torture, her commitment remained strong and she did not crack.

Although her capture and absence posed temporary setbacks for the Comet Line, Elsie's courage endured as she spent three gruelling years in concentration camps, facing unimaginable suffering.

In recalling her experiences to me in person, Elsie remained modest about her wartime contributions. She collaborated with other inspiring WW2 figures, including Andrée and Elvire de Greef.

Elsie passed away in 2022.”


Defendendo a liberdade de expressão - Lygia Maria (via Roberto Freire)

Transcrevendo a oartir de uma pistagem do ex-deputado Roberto Freire:

Ai esta o artigo que merece ser lido (RF)

A ESQUERDA QUE APOIA CENSURA

Artigo da jornalista Lygia Maria  

Mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. 

 “Se você nunca pensou em dinamitar um porta-aviões, mandar pelos ares paióis de munição ou metralhar o palácio do governo, cuidado! Você pode vir a ser preso a qualquer instante". Assim começa o artigo da revista Pif Paf, publicada por Millôr Fernandes em 1964, sobre a prisão do cartunista Claudius pelas forças de segurança da ditadura militar.

Mas, então, qual seria o motivo da detenção? Aí o texto escancara o aspecto surrealista dos regimes autoritários: "Nem você nem eles sabem por que você foi preso".

Por isso uma das bases do Estado democrático de Direito é a transparência das decisões judiciais, que garante o direito ao contraditório exigido pelo devido processo legal.

O cidadão precisa saber por que é investigado ou punido. A razão é evidente: evitar abusos de autoridade. É vital proteger o indivíduo do poder de polícia estatal.

Esse princípio, contudo, têm sido infringido por decisões do STF, muitas delas monocráticas, em casos envolvendo liberdade de expressão —notadamente aqueles sob comando do ministro Alexandre de Moraes.

Não se sabe quantas contas das redes sociais foram bloqueadas nem a justificativa para tal censura. Sim, censura: remover conteúdo criminoso já publicado é diferente de proibir alguém de publicar. E numa democracia digna do nome, ninguém pode ser proibido de escrever ou falar.

À falta de transparência nas decisões soma-se a precariedade na caracterização dos crimes. Punir palavras que promovam "ataque à democracia", por exemplo, é de uma vaguidão descomunal.

Não é preciso gostar de Elon Musk para perceber que há algo de muito errado na forma como STF, TSE e Moraes têm lidado com a liberdade de expressão nos últimos anos.

Também não é preciso ser bolsonarista para criticar as cortes. A esquerda democrática, como a da Pif Paf, sempre apontou abusos do Poder Judiciário e defendeu a liberdade de expressão, mas parece que agora resolveu vilipendiar sua história por motivação partidária rasteira.“


Uma guerra civil esquecida: a do Sudão - Ishaan Tharoor, Sammy Westfall (The Washington Post)

 

Today's WorldView

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...