sexta-feira, 12 de julho de 2024

Ex-chanceler acidental de Bolsonaro se reciclou como animador de cursinhos da ultra-direita

 Patético: o ex-chanceler acidental do ex-presidente falastrão, ao ter sido afastado de qualquer chance de retornar à diplomacia ativa desde sua estrepitosa saída do Itamaraty em marco de 2021 — talvez conte com uma vitória da direita de volta ao poder em 2026, para retomar a carreira — está reduzido a vender cursinhos improvisados de política internacional, na falta de algo melhor para fazer.

Poderia escrever suas memórias: “Como eu destruí o Itamaraty a serviço de amadores em política externa”.se quiser subsídios sobre o desmantelamento da diplomacia brasileira, pode buscar nos cinco livros que eu produzi sobre sua estarrecedora gestão a serviço do bolsolavismo diplomático, desde “Miséria da Diplomacia: a destruitda inteligência no Itamaraty” (2019), até “Apogeu e Demolição da Politica Externa” (2021), passando por três outros livros disponíveis no Kindle-Amazon.

Paulo Roberto de Almeida 

11/07/2024

Anúncio de cursos online de política por Ernesto Araujo:

“Afinal, o que realmente está acontecendo na França? Qual é a estratégia de Macron?

Torne-se um assinante da Academia Folha Política e tenha acesso a todas as aulas semanais ao vivo, além das mais de 100 aulas anteriores: academiafolhapolitica.org/fazerparte

Inscreva-se gratuitamente no canal da Academia Folha Política no Youtube: youtube.com/@academiafolha…”


Ex-chanceler virtual de Bolsonaro, chefe do chanceler acidental, permanece preso - Paolla Serra (O Globo)

 Operadora de telefonia envia a Moraes localização de aliado de Bolsonaro que tenta comprovar que não fugiu para os EUA

Investigado por elaborar uma suposta minuta golpista, Filipe Martins está preso preventivamente desde fevereiro

Por  — Brasília


A operadora de telefonia Tim encaminhou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a geolocalização de Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mostrando que ele esteve no Paraná e em Brasília, no final de 2022. Martins tenta provar ao magistrado que não viajou a bordo do avião do governo brasileiro, burlando o sistema migratório dos Estados Unidos, nesse mesmo período.

    O documento foi juntado na tarde desta quarta-feira ao inquérito em que Martins é investigado. O ex-assessor de Assuntos Internacionais foi preso preventivamente pela Polícia Federal, em 8 de fevereiro deste ano, durante a deflagração da Operação Tempus Veritatis, que apurava uma suposta organização criminosa que teria atuado para manter Bolsonaro no poder por meio de uma tentativa de golpe Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. 

    A trama, segundo o inquérito, teria envolvido a entrega da minuta e a preparação para realizar um golpe de Estado “com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais em ambiente politicamente sensível".

    De acordo com o relato da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Martins elaborou uma suposta minuta golpista após o resultado das eleições em 2022 que previa a prisão de Moraes e uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com informações levantadas pela PF, o ex-assessor esteve no Alvorada nos dias 18 de novembro e 16, 20 e 21 de dezembro de 2022.


    quinta-feira, 11 de julho de 2024

    Parlamento do BRICS+: uma proposta oportunista de Putin - Paulo Roberto de Almeida

    Putin propõe um ‘Parlamento’ para o Brics+

      

    Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

    Nota sobre uma proposta de Putin e seu aspecto manipulativo. 

     

    Hoje no Mundo Militar, 11/07/2024: 

    “Vladimir Putin disse hoje que pretende criar um "parlamento para o BRICS". O objetivo é acelerar o processo de transformação do BRICS em um bloco antiocidental de países, liderado pela Rússia e pela China, para enfrentar o bloco liderado pelos EUA e Europa, com o Brasil inserido no bloco russo-chinês.”

    Link: https://x.com/hoje_no/status/1811410042165338238?s=08

     

    Comentário de Paulo Roberto de Almeida:

    A realidade é que o BRIC original NUNCA correspondeu a uma coordenação política pensada estrategicamente pelas quatro diplomacias originais como perseguindo objetivos legítimos, convergentes, propositivos, visando desenvolvimento econômico e social, dento do espírito e da letra da Carta das Nações Unidas, de quatro grandes economias não ocidentais. Entre 2006 e 2009, funcionou em nível ministerial, entre os quatro membros iniciais (Brasil, Rússia, China e Índia), a partir de 2009 em nível de cúpula. A África foi introduzida em 2011 pelas mãos da China, para atender a seus objetivos africanos. 

    Ele tinha sido concebido, na origem, por um economista de banco de investimentos, com base num mero estudo de caráter não diplomático, mas como plataforma para investimentos, visando metas puramente financeiras. 

    Sua ideia foi usada pelos chanceleres de quatro governos que possuíam suas próprias metas nacionais, mas é evidente que as duas grandes autocracias, já exibindo desacordos com uma suposta “hegemonia ocidental”, buscaram transformá-lo num grupo diplomático, de maneira oportunista, para atender a objetivos nacionais, segundo seus próprios critérios geopolíticos, diplomáticos, talvez militares. 

    Não existe um ÚNICO acordo econômico-comercial entre os cinco membros da era BRICS, mas criaram, em 2014, um banco de fomento a investimentos em infraestrutura (o que os demais bancos multilaterais podem fazer, ou fundos institucionais ou o mercado de capitais, talvez com critérios de eligibilidade próprios às grandes empresas chinesas, pois o banco tem sede em Xangai), e um fundo de socorro emergencial que não foi ainda testado. 

    Sua ampliação em 2023 para cinco novos membros (o BRICS+, agora com países alinhados a uma visão mais propriamente russo-chinesa do mundo) adota uma outra visão diplomático-estratégica, que talvez não seja mais aquela que prevalecia nos anos 2000.

    A proposta atual de Putin de se instituir um Parlamento do Mercosul representa um passo a mais no sentido de formalizar o grupo de dez (ou mais países) como um instrumento a mais na panóplia de ativos suscetíveis de serem mobilizados para declarações convergentes com os objetivos diplomáticos das duas grandes autocracias. 

    Cabe agora verificar se países dotados de objetivos próprios no cenário internacional, e ciosos de sua autonomia própria no domínio das políticas externas nacionais (como Brasil e Índia), vão alinhar-se aos interesses de um império expansionista, que conduz atualmente uma guerra de agressão, e a outro país decisivo no terreno comercial e tecnológico, que pode dar início a uma nova guerra de agressão.” 

    Paulo Roberto de Almeida, diplomata e professor.

     

    Paulo Roberto de Almeida

    Brasília, 4701, 11 julho 2024, 2 p.


    A irrelevância do Mercosul - Editorial (O Estado de S. Paulo)

     A irrelevância do Mercosul

    O Estado de S. Paulo | Internacional
    Editorial, 11 de julho de 2024

    Em uma reunião de cúpula do Mercosul, cuja principal notícia é a ausência de um dos chefes de Estado, o argentino Javier Milei, retrata perfeitamente a insignificância do bloco sul-americano.

    O acirramento de divergências ideológicas que colocam interesses políticos dos líderes de alguns dos sócios do Mercosul acima dos objetivos do bloco econômico deu a tônica de um encontro com declarações vazias e um documento final anódino. Diante de desafios maiores, perdeu todo o bloco.

    Não é de hoje que o Mercosul falha em sua missão de colocar os países-membros Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e agora Bolívia - em destaque no mercado global, o que, sem dúvida, atravanca o desenvolvimento regional. Criado há mais de 30 anos, o bloco deveria estimular o livre-comércio e defender a democracia. Mas, nos últimos tempos, chefes de Estado duelam por pautas estranhas aos objetivos de longo prazo do Mercosul para agitar suas militâncias internas.

    Prova mais recente disso é que Milei preferiu viajar a Balneário Camboriú (SC) para participar de um convescote da extrema direita ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro, que quando era presidente também faltou à cúpula do Mercosul por pura picuinha. Estivesse à altura do cargo que ocupa, o argentino teria apresentado as suas propostas aos seus pares. Coube à sua chanceler, Diana Mondino, pedir reformas para que o bloco deixe de ser 'pequeno, medroso, protecionista e estagnado' e se torne mais 'voraz'. Está certíssima.

    Milei perdeu, ainda, a chance de se alinhar ao presidente uruguaio, Luis Alberto Lacalle Pou, na defesa de negociações bilaterais entre integrantes do Mercosul com outros blocos ou países. Antes isolado na empreitada, o Uruguai pede a revisão das regras do bloco para que venha a firmar acordos comerciais com a China. O posicionamento de Brasil e Argentina sempre tem peso, haja vista que se trata dos dois maiores países do bloco.

    Resistente a qualquer proposta de Milei, o presidente Lula da Silva afirmou, por sua vez, que os países devem resolver suas diferenças 'dentro do bloco, e não fora dele'. O que o petista rejeita mesmo é um 'choque de adrenalina' no Mercosul, como o defendido por Mondino, com revisão do orçamento, das tomadas de decisão e da dinâmica interna. O petista tachou a ideia de 'pseudorreforma' que 'afasta o Mercosul de suas bases sociais'.

    Em que pesem os nós do Mercosul, o petista, mais uma vez, apequenou o debate com manifestações calculadas apenas para atiçar a polarização com o desafeto argentino. Em discursos, Lula da Silva criticou o 'ultraliberalismo' e o 'nacionalismo arcaico', como se sua saga pelo desenvolvimentismo não representasse a perseverança no atraso.

    No que realmente importa, como o destravamento do acordo comercial Mercosul-União Europeia, parado há mais de 20 anos, o petista não admitiu o fracasso da suposta liderança que chamou para si. Enquanto isso, por esforços diplomáticos, o bloco vai buscando acordos pouco relevantes com países do Oriente Médio, América Central e Ásia. Entre discursos e comunicados, restaram contradições e muito diversionismo, o que só explicitou a irrelevância do Mercosul.

    terça-feira, 9 de julho de 2024

    Uma política externa para o mundo atual- Rubens Barbosa (Estadão)

     Opinião:

     Uma política externa para o mundo atual

    A visão de que estava havendo a restauração de uma política externa ativa e altiva minimizou ou ignorou as mudanças pelas quais o Brasil, a América do Sul e o mundo estão atravessando

    Por Rubens Barbosa 

    O Estado de S. Paulo, 09/07/2024 | 03h00

    O Brasil voltou. O presidente Lula da Silva, no início de seu governo, repetiu essa afirmação como o recomeço da política externa depois de um período, no governo anterior, em que as atitudes e posições brasileiras isolaram o País e o então Brasil foi visto como um pária no cenário internacional. A visão de que estava havendo a restauração de uma política externa ativa e altiva, como caracterizada nos dois primeiros mandatos, minimizou ou ignorou as mudanças e transformações pelas quais o Brasil, a região sul-americana e o mundo estão atravessando. Sem falar nos desafios e nos riscos para perseguir as novas oportunidades que estão se abrindo ao País.

    No Brasil de 20 anos depois da primeira eleição de Lula, o País está dividido e polarizado, sem lideranças em todos os setores da sociedade, sem partidos políticos com programas definidos, com o Congresso e o Judiciário com poderes e com voz amplificadas e o Banco Central independente. As prioridades políticas, econômicas, sociais e de defesa mudaram.

    No âmbito regional, a América do Sul, com crescente criminalidade, pesada burocracia e grave déficit educacional está mais desintegrada, mais empobrecida e mais marginalizada. As crises na Argentina e na Venezuela têm impacto sobre o Brasil. Tornaram-se flagrantes a ausência de liderança do Brasil e o aumento da presença de potências extrarregionais, como a China.

    No contexto global, além da crescente rivalidade entre a China e os EUA, as guerras na Europa, entre a Rússia e a Ucrânia, e no Oriente Médio, entre Israel e o Hamas, com o risco de escalada, colocam riscos para o Brasil. Potências regionais, como Índia, Turquia, Indonésia e os países do Golfo, defendem seus próprios interesses e escolhem suas parcerias dependendo do que está em jogo. Mesmo em questões de grande visibilidade e envolvimento dos EUA, como o apoio à Ucrânia em sua luta contra a Rússia, a percepção é de que se trata de problema ocidental, sem interesse para o não Ocidente. Na medida em que uma nova ordem começa a se configurar, surge a competição sobre o que vai substituí-la.

    Finalmente, a ordem internacional baseada em regras negociadas em instituições internacionais criadas depois de 1945, como as Nações Unidas, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt) e agora a Organização Mundial de Comércio (OMC), o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, perderam força. As regras baseadas nessa ordem internacional continuam a existir, mas as instituições estão paralisadas por ações individuais ou por desacordos entre seus membros. Discute-se uma nova governança global. Em comércio e política industrial, até os EUA estão implementando políticas antiglobalização, condenadas no passado e que penalizaram países, como o Brasil.

    Depois de um ano e meio de governo, apesar da correta definição das principais prioridades na área externa (presença do Brasil no cenário internacional, meio ambiente e mudança de clima e América Latina), poucos avanços concretos – que estariam beneficiando o Brasil – podem ser identificados.

    Nesse cenário, os principais elementos de uma política externa, adequada para o mundo de hoje, deveriam incluir, entre outras, as seguintes linhas de atuação:

      - Voltar a ser uma política de Estado, com visão de médio e longo prazo, sem influências ideológicas ou partidárias.

    - Manter equidistância e independência na defesa do interesse nacional, sem tomar partido ou lado nos conflitos e confrontações que ocorrem hoje no cenário global.

    - A voz do Brasil, como potência média global, deve ser ouvida nos vários tabuleiros e fóruns internacionais, sem alinhamento automáticos, reconhecendo, porém, suas limitações, pela ausência de excedente de poder, para influir em temas cujos resultados dependem de outros interesses.

    - As prioridades definidas pelo atual governo na área externa deveriam ser implementadas com políticas que efetivamente representem interesses do País: na América do Sul, assumir a liderança com propostas concretas (melhorar infraestrutura como estratégia de abertura para a Ásia; criação de cadeias produtivas globais para atração de investimentos, defesa da democracia e as relações com a Argentina e Venezuela); no comércio exterior, visando à redução das vulnerabilidades, com a diversificação de mercados e de produtos e a negociação de novos acordo de livre comércio, a finalização dos acordos com a União Europeia e a área de livre comércio na Europa e a abertura de conversação dos diferentes grupos econômicos e comerciais com a Ásia.

    - O Itamaraty deveria recuperar sua competência de coordenação interna em relação às ações externas em áreas como meio ambiente, mudança de clima, negociações comerciais e temas globais (em especial, democracia, direitos humanos, mudança de clima, defesa e segurança).

    Do ponto de vista do Brasil (não de um partido político), a política externa deve visar a maior e mais consistente presença do Brasil no mundo e a benefícios concretos para o comércio exterior e aos investimentos que ajudem o crescimento da economia, com o fortalecimento da indústria, a diversificação do mercado externo para produtos agrícolas, o aumento da renda interna, a redução das desigualdades regionais e individuais, a segurança e a defesa.

    PRESIDENTE DO IRICE, FOI EMBAIXADOR EM WASHINGTON E LONDRES https://www.estadao.com.br/opiniao/rubens-barbosa/uma-politica-externa-para-o-mundo-atual/ 

    sábado, 6 de julho de 2024

    Um outro tipo de genocídio: o nuclear - Putin e Mdevedev e o bombardeio nuclear da Ucrânia

     Putin e Mdvedev transformaram os russos em criminosos nucleares potenciais, voltados para a eliminação radical da resistência ucraniana contra a sua guerra de agressão. A deformação coletiva é algo inédito na história da humanidade.

    Paulo Roberto de Almeida 

    ⚡️Poll: More and more Russians think a nuclear strike on Ukraine is justified.

    One in three Russians believe a nuclear strike against Ukraine would be justified, according to research from the Levada Center, a Russian independent polling organization. 

    https://kyivindependent.com/more-and-more-russians-think-a-nuclear-strike-on-ukraine-is-justified/

    Postagem em destaque

    Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

    Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...