quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Celso Amorim não larga a mão de Putin - Duda Teixeira (O Antagonista)

A matéria abaixo é do mês de abril último, quando ainda chovia em Brasilia, mas a postura pró-Putin de Lula e de Amorim só se aprofundou desde então. 26.04.2024 11:33 4 minutos de leitura Celso Amorim não larga a mão de Putin O assessor especial da Presidência e chanceler de fato Celso Amorim (foto) foi até São Petersburgo, na Rússia, para apoiar o ditador Vladimir Putin, que em 2022 ordenou a invasão da Ucrânia. Na quarta-feira, 24, da reunião do Conselho de Segurança Russo, que contou com uma participação por vídeo do ditador Putin. Apenas países aliados... Crusoé O assessor especial da Presidência e chanceler de fato Celso Amorim (foto) foi até São Petersburgo, na Rússia, para apoiar o ditador Vladimir Putin, que em 2022 ordenou a invasão da Ucrânia. Na quarta-feira, 24, da reunião do Conselho de Segurança Russo, que contou com uma participação por vídeo do ditador Putin. Apenas países aliados com a Rússia participaram. "Nós estamos experimentando a emergência de fatos perigosos que estão interligados: terrorismo, violação do direito internacional, o uso de armas proibidas, sanções unilaterais e o uso crescente de novas tecnologias para propósitos ilícitos", disse Amorim. Ora, quem violou o direito internacional foi a Rússia, ao invadir a Ucrânia. Ao ir até São Petersburgo para participar de uma conferência de segurança, organizada pelo Kremlin, o sinal que Amorim envia é exatamente o oposto do discurso que ele prega, pois ele está apoiando o governante que cometeu essa violação. Quando condena as "sanções unilaterais", Amorim também fica ao lado de Putin, pois essa foi a principal maneira de o Ocidente punir o ditador que iniciou a guerra. Além disso, as sanções buscam enfraquecer a máquina de guerra russa. Leia também na Crusoé: Putin quer você "Nós também estamos vendo o retorno de um sistema de segurança baseado em alianças militares que, no passado, levaram à guerra", afirmou. Ao invadir a Rússia sem propósito algum em 2022, Putin não consultou ninguém. Dizer, portanto, que o problema do mundo são as alianças militares é ignorar o fato mais importante na área de segurança dos últimos dez anos. "Amorim aparentemente se esqueceu de mencionar que a Rússia não precisou de nenhuma aliança para fazer a guerra no presente, e ainda o faz", diz o embaixador Paulo Roberto de Almeida. "Mas ele só pode estar se referindo à Otan." Quando Amorim diz que o problema do mundo são as alianças militares, o brasileiro está fazendo coro com Putin ao condenar, sem citar, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, Otan. Putin culpa a Otan pela sua invasão da Ucrânia, mas a aliança não realizou nenhum ataque que pudesse provocar uma guerra. A iniciativa foi toda de Putin. A parada de Amorim na capital russa é a segunda desde que Lula tomou posse, há 16 meses. No ano passado, o diplomata visitou o país e se encontrou com o presidente Putin, para discutir a invasão russa da Ucrânia. A visita, que só foi revelada após o retorno dele ao país, foi vista como um ato de parcialidade do governo de Lula sobre a guerra. Após várias críticas no Brasil, Amorim foi mandado para Kiev, a capital da Ucrânia. Ele foi até Bucha, cenário de uma das atrocidades cometidas pelos russos, e olhou uma exposição de fotos em uma igreja da guerra em uma igreja. "Obviamente, nós somos contra as atrocidades e as mortes em qualquer lugar que ocorram. São imagens fortes, não vou entrar em detalhes. Mas não dá para tirar conclusões totalmente, são fotos", disse Amorim ao jornal Folha de S. Paulo. Em 2019, Amorim já foi apelidado por um jornalista pró-Rússia de "Lavrov brasileiro", em referência ao chanceler russo Sergey Lavrov. Aconteça o que acontecer, Celso Amorim não larga a mão de Putin. Leia também na Crusoé: Veja as fotos que não comoveram Celso Amorim em Bucha

E o Prêmio Nobel da Inconsistência Diplomática vai para… - Paulo Roberto de Almeida

E o Prêmio Nobel da Inconsistência Diplomática vai para… Paulo Roberto de Almeida 1) Donald Trump, pelo desmantelamento do sistema multilateral de comércio durante sua presidência (2017-2020) 2) Jair Bolsonaro, por ter transformado o Brasil em pária internacional durante seu mandato (2019-2022). 3) Benyamin Netanyahu por ter contornado condenação e prisão por corrupção mediante crimes de guerra numa sucessão de atentados terroristas provocados pela política expansionista de seu governo de ultradireita em Israel. 4) Lula da Silva por ter danificado a credibilidade da diplomacia brasileira ao alinhar sistematicamente a política externa do país com ditaduras execráveis, de esquerda e de direita, apenas por serem antiamericanas. 5) Joe Biden por ter continuado a fornecer armas e apoio diplomático ao governo Netanyahu quando este massacra impiedosa e criminosamente população civil palestina e libanesa. 6) Nicolas Maduro, por continuar expulsando venezuelanos com a opressão impiedosa de sua ditadura ridícula e por ameaçar a vizinha Guiana com uma invasão armada. 7) Daniel Ortega, ditador nicaraguense, por fazer da Igreja Católica do país uma ameaça ao seu regime de terror. 8) Viktor Orban por ter alinhado completamente a política externa da Hungria aos interesses pessoais do tirano de Moscou, o Hitler do século 21. Várias escolhas são possiveis… Paulo Roberto de Almeida Brasília, 9/10/2024

terça-feira, 8 de outubro de 2024

La diplomatie au temps de Machiavel - M. de Maulde-La-Clavière

La diplomatie est vieille comme le monde et ne périra qu’avec lui. La Bible, les Egyptiens, les Grecs ont un droit international et diplomatique. Il suffit que deux sociétés coexistent pour qu’elles aient des intérêt à régler; elles font la guerre, par conséquent elles font la paix, et même les institutions internationales représentent, malgré leurs fragilités apparentes, ce qu’il y a de moins variable et de plus indélébile. Les diplomates, comme les notaires, ne changent guère. (p. 1-2) M. de Maulde-La-Clavière La diplomatie au temps de Machiavel Paris: Ernest Leroux, 1892

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

A esquerda fanática - Denis Lerrer Rosenfield (O Estado de S. Paulo)

Apenas uma reserva a este artigo do conhecido acadêmico gaúcho: Lula não é antissemita. suas motivações são claramente politicas, mas da pior espécie: um anacrônico antiamericanismo e uma fidelidade aos antiamericanos, de qualquer tipo: supostamente de esquerda - como são tidos Cuba e Venezuela -, da direita mais reacionária (Putin) e dos fundamentalistas teocráticos opressores das mulheres (Irã), não importa muito a natureza, basta ser antiamericano e antiocidental. Deve ser alguma tara. Paulo Roberto de Almeida A esquerda fanática Denis Lerrer Rosenfield O Estado de S. Paulo, 7/10/2024 O alinhamento não se faz mais segundo valores universais, apregoados por Marx e Engels, mas segue a linha do autoritarismo mais explícito A diplomacia presidencial de Lula da Silva, com apoio entusiasta do PT e o auxílio inestimável de seus assessores esquerdistas, é um exemplo eloquente do que esse setor da esquerda brasileira se tornou. Se antes alguns comedimentos eram ainda resguardados, agora a máscara caiu. O alinhamento não se faz mais segundo valores universais, apregoados por Karl Marx e Friedrich Engels, mas segue, atualmente, a linha do autoritarismo mais explícito, no apoio inabalável a Vladimir Putin e Nicolás Maduro, além dos companheiros de sempre, como os sucessores dos irmãos Castro, e, mais aterrador, na aliança com o totalitarismo islâmico, a exemplo do Hamas, Hezbollah e Irã. As escolhas foram feitas! O Irã acaba de bombardear Israel com 181 mísseis balísticos, alvejando populações civis e bases militares, em uma evidente declaração de guerra, sem que Israel tenha invadido o seu território. Resposta do Itamaraty: silêncio. Manifestou dias depois “preocupação”. Revelador, não? Contudo, quando Israel exerce o seu direito de autodefesa, Lula não cessa de falar, em uma compulsão incontrolável, na qual se revela todo o seu antissemitismo. Se fôssemos seguir a sua lógica, na verdade ilógica, Israel deveria se submeter aos seus assassinos. Os ideólogos do PT poderiam, então, se regozijar em seu “humanismo”. O ataque iraniano não tem nada a ver com a causa palestina. O regime dos aiatolás tem um único e só objetivo: aniquilar o Estado de Israel e, subsequentemente, os judeus pelo mundo afora. Preliminar disso já observamos nos atentados perpetrados na Argentina. Aliás, lá também com a complacência da esquerda peronista. Os palestinos são nada mais do que o pretexto utilizado para atrair a esquerda mundial, sobretudo de corte identitário. Se amanhã houvesse um acordo entre Israel e os palestinos, com a criação de um novo Estado, os ataques iranianos não iriam simplesmente cessar. Em nada ele contribuiria para o objetivo totalitário: a destruição do Estado judeu. Essa esquerda nem mais se preocupa com as aparências: aprecia a violência pela violência, em nome da causa “decolonial”. Poderia, pelo menos, ser coerente: se prega a emancipação total das mulheres, deveria condenar o que ocorre com elas sob o regime totalitário iraniano. São submetidas a controles rigorosos de vestimentas, de exercício da sexualidade, como se fossem servas. Se não o fazem, são reprimidas, censuradas, torturadas e assassinadas às centenas, se não aos milhares. E o que têm a dizer as feministas esquerdistas: nada. Simplesmente se calam e são, dessa maneira, cúmplices. Os valores feministas não valeriam para as mulheres iranianas e para as submetidas aos regimes islâmicos. Tampouco valeriam para as mulheres estupradas e assassinadas nos ataques do 7 de Outubro e para as que são até hoje reféns do Hamas. Provavelmente por ignorância, se não por má-fé, de onde Lula e seus assessores ideologizados tiraram a ideia de que o Hamas luta pela criação de um Estado palestino ao lado do judeu? Nem leram a carta de fundação dessa organização terrorista nem escutaram o que dizem os seus líderes. Eles visam unicamente à aniquilação do Estado de Israel. E a esquerda mundial, sobretudo universitária (lugar de despensamento), se encanta: “From the river to the sea, Palestine will be free” – do rio (Jordão) ao mar (Mediterrâneo), a Palestina será livre. Como assim? Onde fica a criação de dois Estados se Israel deve ser aniquilado? O apreço dessa esquerda pela violência é seu traço definidor. Irã, Hamas e Hezbollah apregoam o culto da morte e do martírio. Festejam massacres, atentados terroristas e tudo aquilo que contribua para a supressão dos valores ocidentais, de liberdade, igualdade, tolerância e bem-estar de suas populações. Cometem crimes de guerra ao utilizarem os seus habitantes como escudos humanos. Lançadores de foguetes, armas e munições estão entrelaçados aos civis que se tornam os seus reféns. Procuram assim fazer com que Israel apareça como o agressor quando ataca os alvos militares. Para o Hamas e o Hezbollah, os palestinos são buchas de canhão. Os túneis servem somente aos terroristas, que ficam em abrigos, enquanto os civis entram no fogo cruzado. Israel, por sua vez, protege a população civil em abrigos construídos com essa finalidade, enquanto os seus soldados lutam a céu aberto. As organizações terroristas cultuam a morte, Israel, a vida. Por último, o Hezbollah é um Estado dentro de um Estado, seu exército sendo superior ao libanês. E não responde às autoridades desse país, mas ao Irã, do qual é um satélite. Ou seja, o Líbano, que já foi considerado a Suíça do Oriente Médio, exemplo de liberdade, tolerância e convivência multiétnica e religiosa, convivendo pacificamente cristãos de diferentes confissões, muçulmanos xiitas e sunitas, drusos e árabes, é hoje um Estado escravo. Perdeu a sua soberania. Triste fim dessa esquerda que, outrora, se apresentava como democrática.

Permanências imperiais e nova ordem global no teste da história - Paulo Roberto de Almeida (Academia.edu)

Permanências imperiais e nova ordem global no teste da história

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor.

Resumo: Considerações de caráter metodológico e de fundamentação histórica sobre a questão de uma “nova ordem global”, como eventual possibilidade a partir de um declínio considerado irremediável da atual “ordem mundial ocidental”, cuja validade conceitual e a sua própria adequação histórica à situação atual são colocadas em discussão. O ensaio adota uma abordagem histórica das características econômicas e políticas da ordem mundial contemporânea (não global), concluindo pela resiliência dos sistemas imperiais, que são os que presidem à ordem oligárquica ainda em vigor.

Palavras-chave: nova ordem mundial; economia global; governança; sistemas imperiais.

Abstract: Methodological and historical reappraisal about the issue of a presumptive “global new order”, as an outcome of an irresistible decline of the current “Western world order”, whose conceptual validity and historical relevance are put into question. The essay adopts an analytical and historical approach about the contemporary features of the economic and political world order (which is not global), concluding by the resilience of the imperial systems, at the top of the oligarchic governance in the current world system.

Key words: new world order; global economy; governance; imperial systems.

Resumen: Consideraciones de carácter metodológico y de fundamentación histórica sobre la cuestión de un “nuevo orden global”, como posible consecuencia del declino supuestamente inevitable del actual “orden mundial occidental”, poniendo en duda la validad conceptual y adecuación histórica de su situación actual. El ensayo adopta un examen histórico sobre las características económicas y políticas del orden mundial contemporáneo (no global), concluyendo por la persistencia de los sistemas imperiales, que aún presiden a la gobernanza del presente orden oligárquico.

Palabras llave: nuevo orden mundial; economía global; gobernanza; sistemas imperiales.

Sumário:

1. Estamos no limiar de uma nova ordem global?

2. A resiliência das estruturas imperiais a despeito de sucessivas crises

3. O sistema onusiano corresponde, de fato, a uma ordem global efetiva?

4. As atuais estruturas econômicas esgotaram suas possibilidades de ajuste?

5. A fratura geopolítica aponta para a substituição da atual ordem mundial?

Referências bibliográficas

 (...)

[Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4676, 27 maio 2024, 25 p.]

Disponível: https://www.academia.edu/124519295/4676_Permanencias_imperiais_e_nova_ordem_global_no_teste_da_historia_2024_

Lula, o amigo do Irã - Editorial (Gazeta do Povo)

Lula, o amigo do Irã Editorial Gazeta do Povo 06/10/2024 18:00 Na atual escala de valores do Itamaraty, comandado nominalmente por Mauro Vieira, mas que de fato segue as diretrizes de Celso Amorim, quando uma ação militar deve ser “deplorada” ou condenada “nos mais fortes termos”, e quando deve ser “acompanhada com preocupação”? Será pelo número de vítimas que deixa? Se mira apenas alvos militares, ou se pretende atingir deliberadamente a população civil? Se é um ataque gratuito, ou uma ação de defesa contra um agressor? A resposta, no governo Lula, é bem mais simples: o grau de veemência das notas do Itamaraty depende apenas de quem é o agressor: se um “dos nossos” ou um “dos deles”. Em 1.º de outubro, enquanto o mundo condenava inequivocamente o lançamento de quase 200 mísseis iranianos contra território israelense, a diplomacia brasileira se pronunciava “deplorando” os ataques aéreos de Israel contra alvos do Hezbollah no Líbano. Apenas no dia seguinte a ação do regime iraniano foi assunto de comunicado da chancelaria brasileira, que disse “acompanhar com preocupação” o episódio, limitando-se a “condenar a escalada do conflito”, sem nenhum palavreado mais duro sobre a ação iraniana em si. Em abril, quando do primeiro ataque direto ao Irã contra Israel, o texto do Itamaraty recorreu ao eufemismo, falando em “relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel”. Lula escolheu ficar ao lado de um regime assassino, que prega abertamente o fim de Israel, financia terroristas, e oprime mulheres, a população LGBT e outras minorias. O duplo padrão nos termos usados pelo Ministério das Relações Exteriores já se observa desde a barbárie terrorista do Hamas, que completa um ano nesta segunda-feira. A primeira nota do Itamaraty sobre o 7 de outubro nem sequer mencionava o Hamas (que já havia reivindicado a autoria do ato), nem usava a palavra “terrorismo”. Só após muita repercussão negativa é que ambos os termos entraram no vocabulário da chancelaria, e mesmo assim havia recaídas constantes, como nas notas publicadas por ocasião da confirmação de mortes de brasileiros, ocorridas ou durante o próprio ataque terrorista, ou posteriormente, no caso de reféns capturados pelo Hamas. Este é um caso em que nem se pode considerar propriamente que Lula esteja tentando exibir ao mundo uma postura de neutralidade enquanto, na prática, adota um lado. No Oriente Médio, o petista escolheu um lado e não faz a menor questão de disfarçar. Enquanto o Brasil está sem embaixador em Israel, o vice-presidente Geraldo Alckmin prestigiava a posse do novo presidente iraniano ao lado de chefões do terrorismo mundial. Contra a única democracia da região, que luta para se defender de ameaças à sua própria sobrevivência (embora não esteja livre de cometer excessos neste esforço de autodefesa), Lula escolheu ficar ao lado de um regime assassino, que prega abertamente o fim de Israel e financia os terroristas que levam o medo aos israelenses; e que, em seu território, oprime mulheres, a população LGBT e outras minorias, e reprime violentamente manifestações populares por liberdade. Esta aliança entre Lula e a teocracia islâmica iraniana vem de antes do 7 de outubro; no início do terceiro mandato do petista, em fevereiro de 2023, a permissão para navios de guerra iranianos atracarem no Rio de Janeiro causou mal-estar entre Brasil e Estados Unidos, cuja embaixadora em Brasília afirmara que “esses navios, no passado, facilitaram o comércio ilícito e atividades terroristas”. Lula também contribuiu para a adesão do Irã ao bloco dos Brics, durante reunião no ano passado. Mas a camaradagem é bem mais antiga, datando da primeira passagem do petista pelo Planalto, entre 2003 e 2010. O episódio mais notável foi o empenho de Lula em costurar um acordo que permitisse aos aiatolás seguir adiante com seu programa nuclear, que o mundo inteiro sabe ter como objetivo a obtenção de uma bomba atômica, o que por sua vez teria o potencial de lançar a região em uma espiral de instabilidade muito maior que a atual. Em nome de um antiamericanismo de DCE e da união de um suposto “Sul Global” – do qual o Brasil, a rigor, nem seria um dos líderes, bastando ver o papel de coadjuvante que o país assumiu na última cúpula dos Brics –, Lula afasta a diplomacia brasileira de todos os princípios da atuação internacional brasileira elencados no artigo 4.º da Constituição, especialmente a “prevalência dos direitos humanos”, a “defesa da paz” e o “repúdio ao terrorismo e ao racismo”. O Irã é um regime que nega explicitamente tais princípios. Um ano após a barbárie de 7 de outubro de 2023, perpetrada por um grupo apoiado por Teerã, e neste momento em que o regime islâmico assume diretamente o trabalho de fustigar Israel, dados os recentes sucessos israelenses na eliminação de líderes de Hamas e Hezbollah, este alinhamento promovido por Lula e Amorim apequena ainda mais o Brasil diante do mundo. Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/lula-amigo-ira/ Copyright © 2024, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

Uma visão sobre o atual cenário internacional - Paulo Roberto de Almeida

Uma visão sobre o atual cenário internacional

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nota sobre as ameaças pendentes ao sistema internacional vindas de ditadores.

 

Fatores estruturais favorecendo o desenvolvimento pacífico das relações internacionais, como o multilateralismo baseado em regras de convivência reciproca, podem ser ameaçados por fatores contingentes, baseado nas paixões e interesses de líderes políticos dotados de poderes excessivos.

A humanidade possui duas graves ameaças à continuidade das relações normais entre povos e nações, uma já em ação, a outra potencial. A primeira se chama Putin, e já é mortífera, sobretudo nas suas relações com Estados terroristas, como Irã e Coreia do Norte; a segunda, é o candidato Trump, que já se provou disruptivo para o sistema multilateral baseado no Direito Internacional, inclusive em sua amizade com, e em sua submissão ao primeiro personagem, verdadeiro Hitler do século 21.

Infelizmente, não estamos muito distantes da guerra de Troia, um conflito justamente motivado por paixões e interesses de autocratas poderosos. A Ucrânia está no centro do conflito mais grave e mais disruptivo nas relações internacionais atuais: ditadores precisam ser contidos; aqueles que querem sacrificar suas vítimas também.

Em situações limites como as que vivemos atualmente, as regras do Direito, ou da simples humanidade, precisam ser impostas por uma força superior às dos ditadores e candidatos a tal, cujo único desejo é o de impor a outros as suas paixões e interesses. 

A defesa do Direito, da Justiça, da simples humanidade vale para a Europa central, para o Oriente Médio, para a África e até para a Venezuela, cujo ditador oprime o seu próprio povo e ainda pretende agredir uma nação vizinha.

Como se posiciona o Brasil e a sua diplomacia em face das atuais ameaças existentes à convivência normal entre povos e nações? Estamos de verdade do lado do Direito Internacional, ou por acaso cultivamos amizades e relações normais com ditadores efetivos ou potenciais?

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4752, 7 outubro 2024, 1 p.


 

 

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...