sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Jamil Chade sobre o acordo Mercosul-UE: 25 anos de avanços e recuos (UOL)

Após 25 anos, Mercosul e US fecham a maior parceria comercial do mundo

Jamil Chade

UOL Notícias, 06/12/2024

https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2024/12/06/apos-25-anos-mercosul-e-ue-fecham-maior-parceria-comercial-do-mundo.htm?cmpid=copiaecola

Num processo que durou um quarto de século e atravessou cinco presidentes brasileiros, o Mercosul e a União Europeia finalmente chegaram a um acordo para o estabelecimento da maior parceria comercial e de investimentos do mundo, envolvendo mais de 700 milhões de pessoas. O pacto, porém, terá enormes dificuldades para ser ratificado do lado europeu, diante do protecionismo da França, da resistência de Itália, Holanda e Polônia, e da fragilidade de alguns de seus principais cabos eleitorais, como a Alemanha.


A história geopolítica de um acordo improvável 

Jamil Chade 

UOL, 06/12/2024

https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2024/12/06/mercosul-ue-guerra-trump-e-china-fazem-sair-acordo-antes-impossivel.htm?cmpid=copiaecola

Foram necessárias uma guerra, uma ameaça protecionista, o avanço da extrema direita e um abalo geopolítico gerado pela China para um acordo quase impossível ser transformado em um pacto.

O anúncio do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia apenas aconteceu por conta de eventos extraordinários, fora do controle de ambos os blocos.

Se os europeus, por décadas, se recusaram a aceitar uma abertura mais ousada aos produtos do Mercosul, a guerra na Ucrânia mostrou a vulnerabilidade do abastecimento de alimentos do continente, mesmo sendo um importante produtor.

Também foi fundamental o resultado da eleição nos EUA. Para os europeus, ficou evidenciado o risco do impacto que a vitória de Donald Trump poderia ter ao comércio mundial. O republicano já prometeu aplicar tarifas contra aliados, inclusive europeus, sinalizou para uma nova guerra comercial para privilegiar seus negócios e um protecionismo aguerrido.

Dentro da UE, os negociadores também levaram em consideração o fato de que existe o risco real de que, num futuro próximo, a extrema direita chegue ao poder, com uma agenda nacionalista e que fecharia os espaços para um acordo.

A tudo isso se soma o desembarque da China como a maior potencial comercial do mundo, algo que poucos poderiam imaginar quando a negociações entre o Mercosul e a UE foi lançada. Em Bruxelas, uma das armas para pressionar por um acordo foi alertar aos países do bloco que, sem esse pacto de livre comércio, não haveria como jamais voltar a concorrer contra os produtos chineses.

Diante dessa transformação geopolítica, tanto os sul-americanos como os europeus cederam e aceitaram que pontos antes considerados como "inaceitáveis" pudessem ser acatados.

Grandes eventos mundiais, de fato, são responsáveis por iniciativas que, até então, poderiam ser consideradas como impensáveis. Foi das cinzas de um Holocausto que surgiu uma utopia do tamanho da ONU. Foram de duas guerras destruidoras que deram lugar ao maior projeto de paz dos últimos séculos: a UE, baseada na aliança entre os ex-inimigos franceses e alemães.

Em 2001, o lançamento das negociações para a Rodada Doha, na OMC, foi um produto direto do sentimento de solidariedade que o mundo sentiu depois dos ataques terroristas de 11 de setembro. O projeto jamais seria concluído.


Reler Celso Furtado? Certamente, mas outros economistas também - Leda Paulani (USP), Paulo Roberto de Almeida

Reler Celso Furtado? Certamente, mas outros economistas também

Leda Paulani (USP), Paulo Roberto de Almeida 

 A professora Leda Paulani escreve sobre a importância de se reler, ou de sempre ler, Celso Furtado. Vou transcrever a normta sobre seu artigo. Ao final, agrego uma nota pessoal.

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Por que voltar a ler Celso Furtado?

Pensador mostrou que o subdesenvolvimento não era etapa, mas um tipo específico do “progresso” capitalista. E apontou a relação entre degradação da Natureza e economia agroexportadora imposta ao Sul. Reedição de livro clássico é convite a debates fundamentais

OutrasMídias

Descolonizações

por A Terra é Redonda

Publicado 05/12/2024 às 16:19

Por Leda Maria Paulani, em A Terra é Redonda

Introdução à nova edição do livro O mito do desenvolvimento econômico, de Celso Furtado, da Coleção Explogante

Se há um traço distintivo na obra de Celso Furtado é a ideia de que não havia restrições objetivas para que o Brasil se tornasse um país forte, soberano, senhor de seu destino, com economia e cultura próprias e com um lugar ao sol no comando dos rumos mundiais. Mas, nele, isso nunca foi reflexo de um imaginário nacional grandioso, mas vazio, que se escorava preguiçosamente na fantasia do “país do futuro”.

https://outraspalavras.net/outrasmidias/por-que-voltar-a-ler-celso-furtado/ 

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Nota PRA:

Cabe, sim, reler Celso Furtado, mas criticamente, tendo em conta a passagem do tempo histórico, o Zeitgeist econômico (o dele era o desenvolvimentismo cepaliano dos anos 1950) e os aportes de outros economistas de vertentes distintas. Doei toda a minha biblioteca “furtadiana”, praticamente completa (inclusive reedições), junto com mais de 600 outros livros (até aqui), sobretudo História, Economia e Direito (ainda falta a parte de RI, PExtBr, Brasil e AL), à Biblioteca do Itamaraty, que é preciosa. A coleção feita até aqui pode ser vista a partir deste link: https://draft.blogger.com/blog/post/edit/29855243/4585112328623704914 

Douglass North esteve no Brasil, justamente na época em que Celso Furtado se esforçava por retirar o Nordeste do subdesenvolvimento: North anotou as observações de Furtado sobre a necessidade de industrialização da região, mas se surpreendeu pelo fato de Furtado quase não se referir sobre a necessidade de educação.


Nota pela Biblioteca do Itamaraty de meu perfil profissional e relação de alguns livros

Apresentação, pela própria Biblioteca do Itamaraty, de meu perfil biográfico-diplomático (ou seja, sem a parte acadêmica, igualmente importante), e uma relação sumária de meus próprios livros, embora ainda incompleta. Transcrevo:


Publicado em 01/03/2023 12h20

Paulo Roberto de Almeida nasceu a 19/11/1949 em São Paulo, filho de João de Almeida e Laura Augusta de Almeida. Entre 1969 e 1970, cursou Ciências Sociais (2 anos), na Faculdade de Letras, Ciências Humanas e Filosofia da Universidade de São Paulo. Em 1975, licencia-se em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Bruxelas, tendo apresentado dissertação intitulada Idéologie et Politique dans le Développement Brésilien, 1945-1964 (inédita). Em 1976, obtém o título de Mestre em Planejamento Econômico pelo Colégio dos Países em Desenvolvimento da Universidade de Estado de Antuérpia, com a tese Problèmes Actuels du Commerce Extérieur Brésilien: une évaluation de la période 1968-1975 (inédita).

Em 1977, ingressa na carreira diplomática. Entre 1977 e 1979 atua como Terceiro Secretário na Divisão da Europa Oriental. Em seguida, de 1979 a 1982, na qualidade de Terceiro e Segundo Secretário, exerce a chefia dos setores Econômico e de Promoção Comercial na Embaixada em Berna. De 1982 e 1984, na Embaixada em Belgrado, atua também como chefe do Setor de Promoção Comercial. Em 1985, removido para Brasília, atua como Primeiro Secretário, lotado na Secretaria de Relações com o Congresso. A seguir, de 1986 a 1987 é nomeado Assessor do Sub-Secretário-Geral para Assuntos Políticos Multilaterais. Promovido a Conselheiro em 1987, atua como Encarregado de Negócios a.i. na Delegação do Brasil para o Desarmamento e os Direitos Humanos em Genebra.  

Ainda em Genebra, atua como Chefe do Setor de Ciência e Tecnologia na Delegação Permanente do Brasil junto ao Escritório das Nações Unidas e das Organizações Internacionais entre 1987 e 1990. De 1990 a 1992, é o Representante Alterno na Delegação Permanente do Brasil junto à ALADI, em Montevidéu. Entre 1993 e 1995, foi nomeado Chefe dos Setores Econômico e da OCDE, na Embaixada do Brasil em Paris. De volta a Brasília, entre 1996 e 1999, é indicado Chefe da Divisão de Política Financeira e de Desenvolvimento, Ministério das Relações Exteriores. De 1999 a 2003, atua como Ministro-Conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington, encarregado dos setores financeiro, científico-tecnológico, cultural, acadêmico e educacional. Entre 2003 e 2006 é nomeado Assessor Especial do Chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. De 2013 a 2015, foi o Cônsul Geral Adjunto no Consulado Geral em Hartford. De 2019 até sua aposentadoria em 2021, foi lotado na Divisão de Arquivos e Comunicações.

Uma seleção de seus livros publicados segue abaixo:

- Apogeu e demolição da política externa brasileira: reflexões de um diplomata não convencional (Brasília: Diplomatizzando, 2020) NC: 327(81)"2021" A447a

 - Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020, 169 p.);  

- Um contrarianista na academia: ensaios céticos em torno da cultura universitária (Brasília: Diplomatizzando, 2020; 363 p.);

 - A ordem econômica mundial e a América Latina: ensaios sobre dois séculos de história econômica (Brasília: Diplomatizzando, 2020, 308 p.); 

- O Mercosul e o regionalismo latino-americano: ensaios selecionados, 1989-2020 (Edição Kindle, 453 p.) 

- Marxismo e socialismo: trajetória de duas parábolas da era contemporânea (Brasília: Edição de Autor, 2019);  

- Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (Boa Vista: Editora da UFRR, 2019); NC: 321.02(81) A447

- Contra a Corrente: ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018 (Curitiba: Appris, 2019); 

- A Constituição Contra o Brasil: ensaios de Roberto Campos sobre a Constituinte e a Constituição de 1988 (São Paulo: LVM, 2018); NC: 929:330(81) A447c 

- O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de Roberto Campos (Curitiba: Appris, 2017); NC: 929(Campos, R.) A447

- Révolutions bourgeoises et modernisation capitaliste: démocratie et autoritarismo au Brésil (Sarrebruck: Éditions Universitaires Européennes, 2015); NC: 321.7(81) A447

- Die brasilianische Diplomatie aus historischer Sicht: Essays über die Auslandsbeziehungen und Außenpolitik Brasiliens (Saarbrücken: Akademiker Verlag, 2015); NC: 327(81) A447

- Nunca Antes na Diplomacia…: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014); NC: 327(81) A447n 

- Integração Regional: uma introdução (São Paulo: Saraiva, 2013); 

- O Príncipe, revisitado: Maquiavel para os contemporâneos (Kindle edition: 2013); 

- Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (Rio de Janeiro: GEN, 2012); 

- Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização (Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011); 

- O Moderno Príncipe (Maquiavel revisitado) (Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2010); 

- O estudo das relações internacionais do Brasil: um diálogo entre a diplomacia e a academia (Brasília: LGE, 2006); 

- Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (São Paulo: Senac, 2001; 2005); 

- Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas (São Paulo: Paz e Terra, 2002); 

- Mercosul: Fundamentos e Perspectivas (São Paulo: LTr, 1998).”

(Fim de transcrição; relação de livros incompleta.)

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O final da biografia termina sumariamente por esta singela informação: “De 2019 até sua aposentadoria em 2021, foi lotado na Divisão de Arquivos e Comunicações.”

Essa foi a distinção que recebi, ser lotado numa obscura Divisão dos Arquivos (um ambiente que sempre apreciei), sob a direção de um primeiro secretário, depois de ter sido Diretor do IPRI (de agosto de 2016 a març de 2019, o que não consta da Nota), lotação por vingativa iniciativa do então chanceler acidental, um patético personagem do mais do que patético desgoverno, o mais bizarro de toda a história republicana, que terminou criminosamente com uma aventura golpista, felizmente frustrada. (PRA)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Relação dos livros doados à Biblioteca do Itamaraty entre 2020 e 2024 - Paulo Roberto de Almeida

 Relação dos livros doados à Biblioteca do Itamaraty entre 2020 e 2024

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Lista cumulativa das doações efetuadas entre 2020 e 2024 (até 5/12/2024).

Sequência da postagem anterior: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/12/colecao-paulo-roberto-de-almeida-na.html

 

        Listas de livros costumam ser enfadonhas, confusas, pouco práticas. A minha coleção CPRA, já integrada à Biblioteca Azeredo da Silveira, do Itamaraty, contém, sendo breve, quatro categorias de livros impressos, mas que não necessariamente figuram sob essa ordem na Biblioteca do Itamaraty, que tem a sua própria forma de catalogar os livros: 

1)    Livros pessoais de Paulo Roberto de Almeida;

2)    Livros editados por mim, uma dúzia e meia talvez;

3)    Livros dos quais eu participei, como colaborador, quase duas centenas, ou mais;

4)    Livros de terceiros, de longe o volume maior dos livros doados, em todas as categorias.

 

        Vou simplesmente agrupar abaixo as relações que eu mesmo fiz cada vez que eu os deixava na Biblioteca para serem catalogados e inseridos na coleção CPRA. Há uma quinta categoria que são os livros digitais, em formato Kindle ou pdf, que estão, ou na Amazon (que também contém os livros editados e publicados por editoras comerciais), ou que figuram em plataformas de interação acadêmica, tipo Academia.edu ou Research Gate. Neste caso, farei uma listagem organizada, a ser inserida nos mesmos canais.

    As listas abaixo [no arquivo em pdf em Academia.edu) são provisórias, uma vez que continuo agregando novos livros, aqueles que continuo editando ou com os quais colaborei, além de todos aqueles (e são, de longe, os mais numerosos) que pertencem ao meu patrimônio pessoal, dentre os quais estou selecionando os mais úteis aos colegas diplomatas e usuários da Biblioteca do Itamaraty, que considero serem representativos de minha biblioteca pessoal. Depois de quatro anos de doações algo erráticas, interrompidas durante a pandemia, não posso garantir que minhas listas sejam perfeitamente fiáveis e completas, mas uma consulta ao acervo da própria biblioteca poderá ajudar na visualização dos meus livros, praticamente todos aqueles que estão conectados à minha própria produção intelectual. 

Trata-se de um work in progress, pois ainda tenho muito a fazer.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4808, 5 dezembro 2024, 50 p.

Divulgado: Academia.edu (link: https://www.academia.edu/126099743/4808_Relacao_dos_livros_doados_a_Biblioteca_do_Itamaraty_entre_2020_e_2024)


Nota: A IA da plataforma Academia.edu preparou ela mesma uma nota introdutória ao arquivo postado, no seguinte teor: 

"Apresentamos uma lista cumulativa das doações de livros à Biblioteca do Itamaraty entre 2020 e 2024, organizada em categorias que refletem nossa produção intelectual e contribuições pessoais. Embora as listas sejam provisórias e em constante atualização, esperamos que sirvam como um recurso útil para colegas diplomatas e usuários da biblioteca. Estamos abertos a perguntas e comentários! "

Desfrutem!

Países do Mercosul aprovaram texto de acordo com UE: 2024. Comecei a escrever sobre a relação bem antes disso - Paulo Roberto de Almeida

 Os jornalistas dizem que o acordo demorou 25 anos para ser concluído. Acho pouco. Eu comecei a acompanhar a aproximação dos dois blocos desde 1990, quando cheguei em Montevidéu, um ano antes da assinatura do Tratado de Assunção, do que é prova este primeiro artigo: 

186. “Europa e América Latina no rumo da Integração: Desafios do Presente, Promessas do Futuro”, Montevidéu, 29 junho 1990, 16 p. Texto de conferência sobre problemas da Europa e América Latina em perspectiva.

Depois, escrevi um artigo para ser publicado em nome do então presidente Fernando Collor num jornal uruguaio: 

220. “MERCOSUL: o Salto para o Futuro”, Montevidéu, 18 dezembro 1991, 4 p. Texto de artigo escrito para ser publicado na revista uruguaia La Comarca (“Negocios y Empresas del Mercosur”) em nome do Presidente Fernando Collor de Mello.

Logo em seguida, os europeus começaram a tentar fazer do Mercosul um bebé necessitando da mamadeira comunitária, para cresceer belo e forte. Escrevi um artigo sobre os primeiros esforços de cooperação: 

248. “Mercosul-CEE: Acordo de Cooperação”, Brasília: 29 maio 1992, 2 p. Nota informativa, sem assinatura, sobre a assinatura do Acordo de Cooperação Interinstitucional entre a Comissão das Comunidades Europeias e as instituições do Mercosul, realizada em Santiago do Chile nesse dia, descrevendo os objetivos e o contexto político do acordo. Publicado em forma resumida em diversos jornais do dia 30.05.92 e, em forma completa, sob o título “Mercosul e CEE abrem caminho da cooperação” no Correio Braziliense, Caderno Internacional, número especial sobre o Mercosul (Brasília: 7/07/1992, p. 4). Relação de Publicados n. 084.

Continuei escrevendo sobre a integração no bloco tendo em conta o exemplo europeu: 

257. “Tudo (ou quase tudo) que você sempre quis saber sobre o Mercosul ... e nunca teve a quem perguntar”, Brasília: 3 julho 1992, 9 p. Trabalho em forma de perguntas e respostas sobre aspectos diversos do Tratado de Assunção e do processo de integração sub-regional, numa perspectiva comparada com a experiência europeia. Publicado, sob o título “O que você quer saber sobre o Mercosul e não sabe a quem perguntar”, no Caderno Internacional do Correio Braziliense, especial sobre o Mercosul (Brasília: 7/07/1992, p. 6). Relação de Publicados n. 086.

Já então eu falava de Vidas Paralelas, Mercosul-UE: 

275. “CEE-Mercosul: Vidas Paralelas”, Brasília: 22 setembro 1992, 15 p. Texto de palestra proferida em Seminário sobre o “Mercosul e a Comunidade Econômica Europeia: Aspectos Legais Relevantes dos Processos de Integração”, organizado pelo Escritório Pinheiro Neto-Advogados, em São Paulo (23 de setembro de 1992).

Continuei nessa trilha, e vários dos trabalhos então produzidos serviram para preparar meu primeiro livro sobre o Mercosul, analisado sob a ótica do experimento europeu bem mais exitoso: 

286. “Mercosul e Comunidade Econômica Europeia: Aspectos Históricos e Políticos dos Processos de Integração em sua Dimensão Institucional Comparada”, Brasília: 12 outubro 1992, 19 p. Texto elaborado para consolidar a reflexão comparada sobre esses processos institucionais. Encaminhado ao IRI/PUC-RJ. Revisto e modificado parcialmente em 14/11/1992. Publicado no Boletim da Sociedade Brasileira de Direito Internacional (vol. XLV, n. 77/78, janeiro-março 1992, p. 143-151). Relação de Publicados n. 076.

Até passei a subsidiar palestras sobre o Mercosul na Europa, com base na minha expertise sobre o assunto: 

295. “Le Present et Le Futur du Mercosud: l’Optique Brésilienne”, Brasília: 29 outubro 1992, 16 p. Texto preparado para palestra do Emb. Jorio Dauster, Representante junto às Comunidades Europeias, no Colóquio “Le présent et le futur du MERCOSUD”, na “Académie Diplomatique Internationale” de Paris (30 outubro 1992).

Também cheguei a fazer artigos e subsídios para palestras para o então chanceler, futuro presidente: 

300. “Mercosul: A Integração em Marcha”, Brasília: 11 novembro 1992, 12 p. Artigo-ensaio sobre a integração regional preparado para publicação em nome do Chanceler Fernando Henrique Cardoso na revista em espanhol da UNESCO, Dialogo. Revisto e reduzido no Gabinete, sob o título “Mercosul: a perspectiva brasileira”.


311. “O Brasil, a Integração do Mercosul e a Integração Europeia”, Brasília: 13 janeiro 1993, 11 p. Subsídios para discurso do Chanceler Fernando Henrique Cardoso na “Chattam House”, Londres, em sua viagem à Inglaterra (27/01/1993).


313. “The Southern Common Market Integration Process, Mercosul: The Brazilian Perspective”, Brasília: 20 janeiro 1993, 12 p. Subsídios para discurso do Ministro de Estado na Canning House Conference “Latin American Integration: its potential and significance for business” (Londres 27/01/1993).

Esta palestra, em especial, serviu de base para escrever meu primeiro livro, que teve exatamente esse mesmo título: 

333. “O Mercosul no contexto regional e internacional”, Brasília: 5 abril 1993, 26 p. Texto-guia para palestra no Seminário “Mercosul e Comunidade Europeia: Os Trabalhadores no Processo de Integração” (IRES-DESEP-CESIT, Campinas, 5-6 de abril de 1993) e apresentado apenas parcialmente. Revisto em 14 de abril de 1993 e apresentado no Seminário Latino-Americano de Planejamento Urbano, promovido pelo Programa de Estudos Latino-Americanos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS e realizado em Campo Grande/MS, de 4 a 8 de maio de 1993. Publicado nos Anais do seminário: O Desafio do Desenvolvimento (Campo Grande, UFMS, maio de 1993, p. 191-203). Publicado na revista Política Externa (São Paulo: vol. 2, nº 2, setembro-outubro-novembro 1993, p. 86-103). Relação de Publicados n. 127 e 147.


348. O Mercosul no contexto regional e internacional (São Paulo: Edições Aduaneiras, 1993, 204 p.). Relação de Publicados nº 141.

Esse meu primeiro livro está livremente disponível em minha página de Academia.edu: 

O Mercosul no contexto regional e internacional


A ilusão de ótica de que uma meta de inflação mais alta traria os juros para patamares nais baixos - Marcelo Guterman

 Marcelo Guterman é um DEMOLIDOR de ilusões econômicas, não apenas entre jornalistas, mas entre os próprios economistas...

Ilusão de ótica

A jornalista Maria Clara do Prado, do Valor, junta-se ao coro daqueles que pensam que uma meta de 3% para a inflação é exageradamente baixa para o Brasil. Até o gestor Luís Stuhlberger, uma das estrelas da Faria Lima, afirmou outro dia que a maioria dos emergentes tem meta maior do que 3%, no que ele está redondamente enganado. Na verdade, a maioria dos emergentes tem meta igual ou menor que 3%, sendo as únicas exceções relevantes a África do Sul, a Índia, a Rússia e a Turquia. Nem preciso dizer que, desses quatro, dois não têm economias funcionais.

Mas voltemos ao artigo da jornalista. Confesso que fiquei confuso, porque ora Maria Clara parece defender uma meta maior, ora parece defender uma reforma de todo o sistema de metas, sem especificar o que seria colocado no lugar. Como essa segunda hipótese parece só um devaneio, vou concentrar-me na primeira, que é mais prática.

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Maria Clara afirma que o sistema de metas só teve sucesso 6 vezes ao longo da sua vigência no Brasil. Deve estar se referindo aos anos em que a inflação ficou abaixo da meta. De fato, isso aconteceu somente nos anos 2000, 2006, 2007, 2009, 2017 e 2018. Aqui, ela parece criticar o próprio sistema de metas, porque o nível da meta, em grande parte do tempo em que não foi cumprida, era acima dos 3% atuais. Se o sistema não conseguiu entregar inflação na meta com a meta em 4,50% ou acima, então o sistema não presta, não é mesmo?

Mas vamos, como disse acima, nos ater à hipótese de que a jornalista esteja defendendo uma meta mais alta. Ora, em todo esse tempo até 2019, quando a meta começou a ser lentamente reduzida, a inflação ficou acima da meta na maior parte do tempo. É o que podemos observar no gráfico 1.

Neste gráfico, mostro o IPCA, a meta, e uma média da diferença observada entre os dois. Essa média é calculada em três períodos: julho/2003 a junho/2011, julho/2011 a dezembro/2016 e janeiro/2017 a outubro/2024. O primeiro período refere-se ao mandato de Henrique Meirelles no BC, o segundo ao mandato de Alexandre Tombini e o terceiro aos mandatos de Ilan Goldfajn e Campos Neto. Defasei em 6 meses o início de cada período em relação à tomada de posse no BC de cada presidente porque a mudança de política monetária leva algum tempo para ter efeito.

A média da inflação no período Meirelles foi de 1,3% acima da meta, no período do Tombini foi de 2,6% e no período Goldfajn/Campos Neto, foi de 1,1%, mesmo com uma pandemia no meio. Note que a política monetária de Alexandre Tombini produziu uma inflação muito acima da meta MESMO COM UMA META MAIS ALTA, DE 4,5%. Ou seja, uma meta mais alta não serviu de nada para que o sistema tivesse mais sucesso.

Mas será que, pelo menos, Tombini conseguiu praticar uma taxa de juros mais baixa, sonho de consumo daqueles que clamam por uma meta mais baixa? É o que podemos observar no gráfico 2, em que mostro a taxa de juros real observada (Selic média menos o IPCA de 12 meses) calculada nos mesmos períodos do gráfico 1.

A média da taxa de juros real no período Meirelles foi de 10,7%, no período Tombini foi de 6,5% e no período Goldfajn/Campos Neto foi de 4,5%. Ou seja, tivemos menor inflação com menor taxa de juros real nesse último período. Ok, a taxa agora está mais alta, mas acho que já fiz meu ponto: Tombini, afinal de contas, não conseguiu praticar uma taxa de juros real mais baixa somente porque a meta era mais alta.

O argumento mais comum de quem defende uma revisão da meta é o alto grau de rigidez da economia (os salários, por exemplo, não podem ser reduzidos e o mercado de trabalho é muito engessado), os problemas fiscais e o grande grau de indexação da economia brasileira. Com relação a este último ponto, uma inflação maior perpetua o problema. Há quem tenha esperança de que uma mudança legislativa poderia, em uma canetada, acabar com a indexação de contratos. Trata-se de uma ilusão, porque os agentes econômicos vão arrumar uma forma de se defender da inflação. A única forma de acabar com a indexação é ter uma inflação decente por muito tempo. E 6,5% (topo da meta anterior) não é uma inflação decente.

Com relação à rigidez e aos problemas fiscais, a meta não tem nada a ver com isso. Vimos no gráfico 1 que, não importa qual seja a meta, não conseguimos cumpri-la. E esse não cumprimento é tanto pior quanto pior for a qualidade da política monetária. Aumentar a meta só fará com que a inflação nominal aumente, não conseguiremos cumpri-la de qualquer forma, exatamente por causa dos problemas estruturais apontados. No final do dia, teremos uma taxa nominal de juros e uma inflação maiores, com o mesmo nível de taxa de juros reais. O aumento da meta é só uma ilusão de ótica.

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Carga tributária total, setorial e natureza da incidência, nos EUA e no Brasil - Ricardo Bergamini

 Transcrevo o que acabo de colocar no Facebook, com base em mensagem de Ricardo Bergamini: 

O economista Ricardo Bergamini comenta sobre a natureza, a composição e os volumes respectivos das cargas tributárias dos Estados Unidos e do Brasil. Nós, obviamente, estamos do lado oposto: tributamos os mais pobres, em lugar dos mais ricos:

"Hoje, a distribuição de lucros e dividendos é isenta [no Brasil], mas passará a ser tributada com a criação de um imposto mínimo para quem ganha acima de R$ 600 mil por ano. A medida deve ser discutida no Congresso em 2025 e, se aprovada, passar a valer em 2026.
A composição da Carga Tributária dos Estados Unidos tem como base 83,46% de sua arrecadação incidindo sobre a Renda, Lucro, Ganho de Capital, Folha Salarial e Propriedade (classes privilegiadas da nação americana), e o Brasil 55,45% e apenas 16,54% [nos EUA] incidindo sobre Bens e Serviços (arroz, feijão, remédios, transportes e educação), e o Brasil 44,55%. Com uma Carga Tributária total de apenas 26,6% do PIB, e o Brasil de 33,0% do PIB.
No Brasil, por deformação cultural, seria uma proposta comunista, mas é à base da grandiosidade dos EUA, com um PIB de US$ 30,0 trilhões (no Brasil, tributando à fome a miséria, é de US$ 2,0 trilhões)."

Ricardo Bergamini só utiliza dados oficiais em todos os seus comentários.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...