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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

1777) A piada do ano de 2009 (demorou mas saiu...)

Bem, eu estava com dificuldades para selecionar a piada do ano de 2009, para encerrar o ano com um toque de humor (ou talvez de desespero). Passei semanas tentando selecionar algum evento, processo, discurso que simbolizasse, da melhor forma possível, a coisa mais engraçada que possa ter acontecido em 2009. Foi realmente duro, não porque faltassem exemplos, mas porque, consoante o espírito deste blog, eu precisava encontrar algo que se situasse no âmbito de minhas preocupações cidadãs e intelectuais. Então, tinha de ser uma piada política e relativa às relações internacionais.

Ok, todo mundo sabe, que comemoramos, em 2009, os 20 anos da queda do muro de Berlim. Eu aliás escrevi um trabalho (neste link), no qual recuso o substantivo queda, preferindo em seu lugar o de derrubada. Pois bem, encontrei a minha piada do ano de 2009. Está aqui"

Queda do Muro de Berlim: a piada de 2009 por um jornalista brasileiro (órfão do socialismo, viuvo do marxismo, por sinal)


"Nunca houve socialismo na Alemanha, nem na URSS", diz jornalista que cobriu a queda do muro
Guilherme Balza
Do UOL Notícias
Em São Paulo, 05/11/2009 - 07h00

Transcrevo o início e alguns trechos selecionados desta matéria, onde estão os trechos que considero uma piada (do contrário eu seria obrigado a gozar da cara desse jornalista, o que ainda posso fazer). Quem desejar ler a matéria completa, clique no link acima indicado, na data.
Aliás, o jornalista saudoso do socialismo, e que continua marxista, hoje é professor, contribuindo, portanto, para deformar um pouco mais seus jovens alunos.

"O jornalista José Arbex Jr, 52, era o único brasileiro dentre os mais de 300 correspondentes internacionais que acompanhavam a entrevista coletiva dada por Günter Schabowski, porta-voz do Partido Comunista Alemão, no dia 9 de novembro de 1989, após um congresso que reuniu PCs de toda a Europa."

"Vinte anos após o evento, na avaliação do jornalista, hoje docente no departamento de jornalismo da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), a queda do muro representou o fim do stalinismo, e não do socialismo. Aliás, para Arbex, nunca houve socialismo na Alemanha Oriental, nem na URSS."

"Sempre houve um investimento em transformar Berlim Ocidental em uma vitrine. De um lado [o oriental] havia os Trabant, um carro minúsculo, feio. Do outro lado, várias Mercedes, centros culturais, entre outros. O capitalismo transformou o lado ocidental em uma vitrine, o que despertou uma ilusão na juventude. Vou fazer uma analogia: quando estava em Moscou, em janeiro de 1990, foi inaugurada uma loja do McDonald's em plena praça Vermelha. Milhares de pessoas ficaram uma hora e meia na fila, sob uma temperatura de -20ºC, para comer um lanche. Aquilo era um símbolo."

"A pior contribuição da queda do muro foi desmoralizar uma ideia, uma proposta, que é o socialismo. As pessoas, em geral, ficaram com a ideia que o socialismo fracassou, mas o que elas não sabem é que nunca houve socialismo na Alemanha, nem na URSS. O que havia era um regime autoritário, controlado pelo Estado, com um retórica marxista, socialista, mas sustentado por ditaduras corruptas, partidos únicos, algo que talvez pudéssemos chamar de "capitalismo de Estado"."

"As pessoas acreditaram no capitalismo, mas hoje são um bilhão de famintos. Existe um desejo de o mundo ser transformado, mas a queda do muro e a frustração posterior com os rumos do capitalismo deixaram um legado de desilusão. E isso é a pior coisa que poderia ter acontecido."

"Eu não acho que a esquerda deveria ter defendido o regime da Alemanha Oriental, corrupto, truculento... Eu jamais defenderia um regime desses, mas, por outro lado, querendo ou não, a derrota desse regime acabou sendo a derrota da perspectiva socialista. A imensa maioria da população mundial acha que o socialismo é uma grande porcaria, e isso é uma derrota. Por outro lado, 20 anos depois, está provado que o capitalismo não oferece mais saída. É um sistema que não é capaz de alimentar os seres humanos, que está falido. Nesse sentido a tarefa hoje está mais fácil. O capitalismo conduz à miséria, fome, degradação ambiental, desemprego, recessão... Uma série de dados nos mostram que o capitalismo está num impasse."

PRA: Bem, ao ler estes dois trechos finais da matéria com esse jornalista detrator do capitalismo e saudoso, ou desejoso de um socialismo "verdadeiro", eu só tenho duas atitudes possíveis:
1) Considerá-lo um energúnemo completo, um exemplo de cidadão que, mesmo tendo tido uma experiência direta e conhecido os socialismos reais, não aprendeu absolutamente nada, ou melhor pretende ignorar o mundo real, e continuar a viver de fantasias; nesse sentido, ele pode ser considerado um energúnemo, pois nem ignorante ele é;
2) Considerar que suas colocações constituem a piada do ano de 2009.

Como não pretendo ofender um colega hoje acadêmico -- mas acho que já ofendi -- prefiro a segunda hipótese.

Esta é a minha piada do ano de 2009.

Paulo Roberto de Almeida (28.02.2010)

1776) FSM, dia 2: piada ou falta de alternativas?

Bem, sinceramente não sei como classificar esta entrevista (abaixo) de um dos gurus -- eu nunca o chamaria de intelequitual -- do Forum Social Mundial. Quero dizer, classificar eu sei: na classe das embromações continuadas, of course.
Mas quero dizer que não sei exatamente qual a categoria de embromação: piada ou confissão? Provavelmente nas duas categorias. Vejamos:

1) There is No Alternative
Ele, por um lado confessou que o FSM não tem alternativas e não sabe bem como, qual, enfim, que tipo de "outro mundo possível" oferecer; os altermundialistas sequer conseguem desenhar o contorno. Eis o que esse guru disse, exatamente:
"Agora o Fórum tem de mostrar alternativas", afirma. "A denúncia vale, mas é para mostrar um diagnóstico. A denúncia da crise não foi acompanhada no FSM de Belém por alternativas, quem esteve lá não saiu armado. não quero que tenha uma, quero que tenham várias alternativas.
Inclusive há uma coisa catastrofista: o neoliberalismo acabou. Não é verdade. A crise é oportunidade, mas oportunidade pra eles também. Estamos dando tempo e espaço pra eles se recomporem. Então eu acho que pra ser coerente com esse diagnóstico, que se revelou correto, o Fórum não deve ser apenas diagnóstico e intercâmbio. O fórum tem que ter alternativa. Qual é o Estado que queremos?
"

Portanto, não sou eu que estou dizendo que eles não tem NENHUMA alternativa possível, é o próprio guru do movimento. Dixit!

2) Eis finalmente, a grande alternativa: a Bolívia
Eis o que disse o guru:
O sociólogo cita a Bolívia como exemplo de "outro mundo possível". "Isso o FSM não toma conhecimento. Se não for o que está acontecendo na Bolívia, eu não sei que outro mundo é possível".

OK, OK, então já temos alternativa, mas por outro lado o FSM não consegue definir alternativas, entenderam?
Eu não...
Paulo Roberto de Almeida (27.01.2010)
Bem, fiquem agora com esse horror de entrevista...

Idealizador do Fórum defende papel secundário para ONGs
Jair Stangler, do estadao.com.br, 27.01.2010

Sociólogo Emir Sader acha que organizações deveriam deixar protagonismo para os movimentos sociais
Para Sader, são os movimentos, e não as ONGs, que levam as pessoas para as manifestações

PORTO ALEGRE - O sociólogo Emir Sader, professor aposentado da USP e um dos idealizadores do Fórum Social Mundial, expôs uma divisão entre os movimentos sociais e as organizações não-governamentais (ONGs). Ele conversou com jornalistas após participar de uma das mesas de discussões na manhã desta terça-feira, 26, em Porto Alegre.

"A particularidade do Fórum é ter movimentos sociais. As ONGs têm papel secundário, que é de ajudar os movimentos sociais a se organizar. Tem que abrir caminho. Mas não. O comitê organizador do FSM, essas pessoas que estão aí desde o início, são de oito
organizações, e seis são ONGs! É tão sem representatividade que tem uma lá que é Abong, Associação Brasileira de ONGs. Usurpam o espaço não havia espaço para os movimentos sociais. Mas agora eu acho que eles deveriam se retirar do primeiro plano e ajudar os movimentos sociais a protagonizarem", afirmou.

Sader disse apreciar a atitude de solidariedade das ONGs, mas criticou a limitação delas ao intercâmbio: "Então acabou o evento e vamos todos pra casa, enriquecidos ou não. Mas a realidade está pedindo outras propostas. Nós podemos estabelecer propostas consensuais, como a regulamentação do capital financeiro, a água como bem público. A vida das ONGs não está ruim, tem financiamento. Mas quantas pessoas as ONGs
levam na marcha?", questiona.
Para ele, essa postura das ONGs acaba limitando a ação do Fórum.
"Agora o Fórum tem de mostrar alternativas", afirma. "A denúncia vale, mas é para mostrar um diagnóstico. A denúncia da crise não foi acompanhada no FSM de Belém por alternativas, quem esteve lá não saiu armado. não quero que tenha uma, quero que tenham várias alternativas.
Inclusive há uma coisa catastrofista: o neoliberalismo acabou. Não é verdade. A crise é oportunidade, mas oportunidade pra eles também. Estamos dando tempo e espaço pra eles se recomporem. Então eu acho que pra ser coerente com esse diagnóstico, que se revelou correto, o Fórum não deve ser apenas diagnóstico e intercâmbio. O fórum tem que ter alternativa. Qual é o Estado que queremos?"

O sociólogo cita a Bolívia como exemplo de "outro mundo possível". "Isso o FSM não toma conhecimento. Se não for o que está acontecendo na Bolívia, eu não sei que outro mundo é possível".

Sader criticou também que o Fórum ainda não tenha criado um canal de comunicação mais eficiente. "Nós não temos uma cadeia de televisão! Pela internet, que seja."

Governo Lula
"Eu preferia que Lula não fosse a Davos", diz Sader. Mas ele vem ao Fórum como o primeiro presidente que está levando a cabo uma política externa independente, um presidente que pela primeira vez reduziu a desigualdade no Brasil. O FHC esteve oito anos lá, com toda a imprensa a favor dele, o queridinho da mídia... Quebrou o País três vezes e tinha uma política externa subalterna aos EUA. O governo Lula em tudo é melhor. Por isso que a oposição não gosta da comparação. Não gostam do filme Lula, façam um filme do FHC..."
Ele classificou ainda como "simplistas" algumas afirmações sobre a preservação do meio ambiente. "Isto deveria estar no centro do Fórum: um modelo de desenvolvimento com sustentabilidade ecológica e social. O governo Lula não é nenhuma maravilha, mas diminui a desigualdade social. A discussão das políticas sociais deveria estar no centro do debate".

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

1775) Von Mises (1938) - A Planned Economy

What Price a Planned Economy?
by Friedrich A. Hayek
Contemporary Review of London, April 1938

I

The link between classical liberalism and present-day Socialism — often still misnamed liberalism — is undoubtedly the belief that the consummation of individual freedom requires relief from the most pressing economic cares. If this seems attainable only at the price of restricting freedom in economic activity, then that price must be paid; and it may be conceded that most of those who want to restrict private initiative in economic life do so in the hope of creating more freedom in spheres which they value higher.

So successfully has the socialist ideal of freedom — social, economic and political been preached that the old cry of the opponents that socialism means slavery has been completely silenced. Probably the great majority of the socialist intellectuals regard themselves as the true upholders of the great tradition of intellectual and cultural liberty against that threatening monster — the authoritarian Leviathan.

Yet here and there, in the writings of some of the more independent minds of our time who have generally welcomed the universal trend toward collectivism, a note of disquiet can be discerned. The question has forced itself upon them whether some of the shocking developments of the past decades may not be the necessary outcome of the tendencies which they had themselves favored.

There are some elements in the present situation which strongly suggest that this may be so, such as the intellectual past of the authoritarian leaders, and the fact that many of the more advanced socialists openly admit that the attainment of their ends is not possible without a thorough curtailment of individual liberty.

We see that the similarity between many of the most characteristic features of the "fascist" and the "communist" regimes becomes steadily more obvious. Nor is it an accident that in the fascist states a socialist is often regarded as a potential recruit, while the liberal of the old school is recognized as the arch-enemy.

(See the complete text in this link)

1774) FSM, dia 2: piadas involuntarias...

Eu já estava mesmo sentindo falta de alguma piada no Forum Social Mundial. Talvez seus participantes estivessem mais contidos, sei lá, com tantas tragédias, aqui e ali.
Mas alguns desses piadistas involuntários do FSM não se esquecem também da necessidade de rir um pouco e não nos deixam sem uma oportunidade para tal.
Vejamos o que eu coletei na imprensa diária:

A esquerda e a crise do capitalismo
Na avaliação de ativistas do movimento altermundista, nem governos nem movimentos populares apresentaram alternativas concretas à ultima crise sistêmica do capital, perdendo uma oportunidade histórica para, de fato, superá-lo. Buscar essas respostas é mais um desafio colocado para o Fórum Social Mundial. Para o venezuelano Edgardo Lander, "o capitalismo, como sistema global, é incompatível com a preservação da vida". Quem quiser discutir superação do capitalismo sem discutir o Estado que queremos estará girando em falso. A resistência eterna é o caminho da derrota", diz Emir Sader.

David Harvey defende transição anti-capitalista
Após a derrocada da União Soviética e dos regimes socialistas do Leste Europeu, e a queda do Muro de Berlim, falar em anti-capitalismo tornou-se proibido. O comunismo fracassou, o capitalismo triunfou e não se fala mais no assunto: essa mensagem cruzou o planeta adquirindo ares de senso comum. Mas os muros do capitalismo seguiram em pé e crescendo. E excluindo, produzindo crises, pobreza, fome, destruição ambiental e guerra. Para David Harvey, o capitalismo entrou em uma fase destrutiva que recoloca a necessidade de se voltar a falar de anti-capitalismo, socialismo e comunismo.

Boletim Carta Maior, 27 de Janeiro de 2010

Retomo (PRA):
1) O venezuelano, por exemplo, acha que "o capitalismo, como sistema global, é incompatível com a preservação da vida".
Puxa vida, tem tanta gente que vive sob o capitalismo e não sabe disso.
A população sob o jugo do capitalismo aumentou muito, inclusive, com a implosão dos socialismos reais, um sistema totalmente compativel com a preservacao da vida, como se pode constatar em Cuba, na Coréia do Norte, e quem sabe até na propria Venezuela...

2) O inglês (ele também pode ser americano, mas é mais fácil achar true believers na Inglaterra) acredita que o capitalismo destruidor precisa novamente ser substituido por sistemas anti-capitalistas, aqueles velhos conhecidos: socialismo, comunismo....
Que gracinha... Ele deve ter hibernado nos últimos 40 ou 50 anos...
Nao o acordem, por favor...

Minha dose de riso diário está completa, por hoje.
Vamos ver o que nos reserva como piada o FSM amanhã...
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Paulo Roberto de Almeida
(27.01.2010)

1773) Um suposto post sobre uma suposta materia sobre uma suposta presuncao...

Confesso que estou ficando cansado de tantos supostos, no jornalismo e na política do Brasil.
Hoje, eu ouvi um jornalista que falava da corrupção no Governo do Distrito Federal, e confesso que o "suposto" preencheu a minha cota de supostos pelo resto do ano, e observem que estamos ouvindo "supostos" já faz um bocado de tempo, desde que o atual ciclo de corrupção começou no presente governo.
O jornalista disse que havia um "suposto dinheiro de propina paga" a não sei mais quem...

Como "suposto dinheiro"? O dinheiro era real, a propina, segundo o jornalista, é que era suposta, até prova em contrário, ou para falar a língua dos tribunais: "sentença transitada em julgado".

Essa hipocrisia do suposto ainda vai me levar a escrever um mini-tratado das suposições, ou pelo menos uma crônica irônica (rimou, mas foi involuntário) a respeito.

Algo do gênero:

Um suposto diplomata escreve, supostamente, obras de relações internacionais, talvez supostas

Um suposto personagem, que supostamente ingressou numa suposta carreira diplomática por suposto concurso, vem escrevendo, supostamente, supostos trabalhos que pretendem ser, supostamente, de relações internacionais e até mesmo de uma suposta política externa brasileira, que se supõe existir num suposto governo de um suposto Grande Líder.
Ele mantem um suposto blog e um suposto site, onde divulga trabalhos que são supostamente seus, supostamente para informar (alguns diriam para supostamente seduzir) supostos estudantes que fazem de conta que estão estudando, supostamente, claro.
Não se deve, no entanto, levar muito a sério seus supostos trabalhos, que são todos supostamente escritos de boa-fé, mas tampouco se pode excluir uma suposta motivação menos nobre, supostamente feita para confortar seu ego, que supostamente faz parte de suas supostas más-intenções.

Ele supostamente se despede, prometendo retomar trabalhos supostamente mais sérios quando supostamente deixar de apresentar cacoetes de linguagem deste tipo.

Paulo Roberto de Almeida (supostamente em 27.01.2010)

1772) Haiti: feliz o pais que tem amigos ricos e poderosos...

Amorim anuncia ajuda do Brasil ao Haiti superior a R$ 375 milhões
Boletim do PT na Câmara, 27.01.2010

O governo brasileiro reiterou na última segunda-feira (25), em reunião internacional realizada no Canadá, a intenção de ajudar o Haiti com mais de R$ 375 milhões em doações, obras e custeio das tropas que mantém naquele país, devastado por um terremoto no dia 12. O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante encontro com o primeiro-ministro haitiano, Jean Max Bellerive; a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton; o chanceler francês, Bernard Kouchner, e representantes da Argentina, Chile, Costa Rica, Espanha, Japão, México, Peru e Uruguai.

Amorim disse, em discurso, que o presidente Lula da Silva determinou a doação de US$ 15 milhões ao Haiti, a título de ajuda humanitária emergencial, dos quais US$ 5 milhões foram repassados à ONU e os outros US$ 10 milhões serão repassados nos próximos dias. “Mas isso é apenas uma fração da ajuda que o Brasil está estendendo aos haitianos, em alimentos, água, remédios, equipes de resgate, hospitais de campanha, máquinas para a remoção de entulhos e abertura de vias, entre outros itens”, afirmou o chanceler, para logo informar que o pacote total de ajuda proposto ao Congresso chega a R$ 375 milhões de reais – cerca de US$ 210 milhões.

“Esse valor inclui as doações, os gastos das forças militares com atividades diretamente relacionadas à assistência humanitária no Haiti, e a construção de dez unidades de saúde em território haitiano. Trata-se do maior pacote de ajuda internacional já prestado pelo Brasil, e de um montante muito significativo para um país em desenvolvimento como o nosso.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na semana passada uma medida provisória (MP) em que destina R$ 375 milhões aos ministérios da Defesa, Relações Exteriores e Saúde, para diversas ações de socorro ao Haiti. Dos R$ 375 milhões para o Haiti, R$ 205 milhões serão destinados ao Ministério da Defesa; R$ 135 milhões para a construção de dez unidades de pronto atendimento médico de 24 horas; e R$ 35 milhões para o Ministério das Relações Exteriores, para reforço à embaixada brasileira. O Itamaraty abriu uma conta corrente para o depósito de doações. A conta número 85.000-4, agência Itamaraty (1503-2) do Banco do Brasil (001), em nome do Ministério das Relações Exteriores - Ajud Humanitária ao Haiti.

1771) Crescimento economico do Brasil - excesso de otimismo?


Brasil será a 5ª economia do mundo em 2013, diz estudo

O Brasil será a quinta maior economia do mundo já em 2013, pelos cálculos da PricewaterhouseCoopers, divulgados na última quinta-feira, em Londres. Até lá, o País terá ultrapassado gigantes como Alemanha, Reino Unido e França. Os prognósticos econômicos indicam ainda que até 2020 o Produto Interno Bruto (PIB) do grupo de sete maiores emergentes – chamado E-7 e formado por China, Índia, Brasil, Rússia, México, Indonésia e Turquia – será maior do que o do G-7. Cinco das 10 maiores economias, até 2030, serão países hoje tidos como emergentes.

O relatório leva em consideração o ritmo de crescimento e a valorização média das moedas de cada país para traçar perspectivas de médio e longo prazos. Para a PriceewaterhouseCoopers, E-7 e G-7 terão pesos equivalentes por volta de 2019. A diferença de riquezas vem caindo – em 2000, o PIB dos sete países mais ricos do mundo era o dobro dos países hoje considerados emergentes pela consultoria – e, este ano, deve sofrer sua maior redução: 35%.

Após a ultrapassagem, a distância seguirá aumentando: em 2030, o E-7 será 30% mais rico que Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Itália (G-7).

“Em 2030, nossas projeções sugerem que o top 10 global do ranking de PIB terá a liderança da China, seguida dos Estados Unidos, Índia, Japão, Brasil, Rússia, Alemanha, México, França e Reino Unido”, afirmou o relatório, assinado pelo diretor de Macroeconomia da PwC, John Hawksworth. Nesse horizonte, as 10 maiores economias serão, pela ordem: China, Estados Unidos, Índia, Japão, Brasil, Rússia, Alemanha, México, França e Reino Unido. Entre os reposicionamentos, três chamam mais atenção: a China, que ultrapassa os EUA, a Índia, superando o Japão, e o Brasil deixando para trás todos os gigantes europeus. Outra constatação do estudo é que a economia indiana crescerá mais rápido que a chinesa na década de 20 “A influência do E-7 já é enorme e esta análise mostra que a questão não é se o E-7 ultrapassará o G-7, mas quando”, explicou Ian Powell, economista da PwC.

Para Powell, as mudanças econômicas já resultam em uma nova geopolítica. “O G-7 já foi expandido para G-20 como o fórum-chave para decisões de economia global.” De acordo com a PwC, o Brasil contará com o crescimento e a exposição internacionais obtidas com a Copa do Mundo de 2014 e com a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. Já a Rússia conta com superpoderes na área de energia e a Índia, graças a seu crescimento demográfico, passará a crescer mais que a China.

As estimativas da PwC são ainda mais otimistas sobre a performance dos países em desenvolvimento do que as feitas por Jim O”Neill, chefe de pesquisa em Economia Global do banco de investimentos americano Goldman Sachs e autor do acrônimo Bric, sigla com a qual destacou a emergência de Brasil, Rússia, Índia e China na década passada.

Segundo O”Neill afirmara em novembro do ano passado, a China superará os Estados Unidos em 2027. Sua previsão anterior, feita há sete anos, indicava que a ultrapassagem aconteceria em 2041.

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Minha opinião é a de que essas previsões pecam por excesso de otimismo. PRA.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

1770) FSM, dia 2: movimentos sociais apoiam Chavez

Bem, acho que ninguém esperava outra coisa. Apenas transcrevo, sem nenhum comentário.
Certos personagens, o principal e o secundário, não merecem sequer uma única letra digitada...

Movimientos apoyan a Chávez en Foro Social Mundial
26 de Enero de 2010, 01:49pm ET

PORTO ALEGRE, Brasil, 26 Ene 2010 (AFP) -
Pocas críticas y mucho apoyo consiguió este martes el presidente venezolano, Hugo Chávez, en el Foro Social Mundial, el mayor evento de la sociedad civil antineoliberal, reunido en la ciudad de Porto Alegre (sur de Brasil) y acostumbrado a recibir con los brazos abiertos a presidentes izquierdistas de la región.

La reciente polémica por la salida del aire en Venezuela de la televisora RCTV Internacional, muy crítica con el gobierno, y la de otras cinco pequeñas emisoras por un supuesto incumplimiento de una ley que entre otras cosas determina la difusión obligatoria de los discursos a la nación de Chávez, llegó a oídos del Foro.

"La relación de los medios con Chávez no es democrática, viven criticando, En cambio, creo que Chávez está intentando una democratización de los medios, que son oligopolios familiares", declaró a la AFP el sociólogo brasileño Emir Sader.

El sociólogo recordó que Chávez ha sido un tradicional participante de las reuniones del Foro Social Mundial, siempre bien recibido por los altermundialistas.

"Entendemos bien a Chávez, porque en Argentina tenemos un problema muy grande con los medios, que crean un clima destituyente. Una frase popular dice que son suficientes diez tapas de (el diario) Clarín para hacer caer un gobierno", declaró el médico y activista argentino Horacio Barri.

"Creo que algunos servicios son bienes públicos. Si RCTV no respetó las reglas, Chávez hizo bien en cancelarle la señal, qué pena que otros presidentes no tengan ese coraje", expresó el brasileño Luis Bernardo Bieber, funcionario público llegado al foro de Brasilia.

En cambio, la activista italiana Rafaella Bollini, de la Associacione di Promozione Soziale, lo criticó: "Respeto profundamente la dinámica de cambio en América Latina, pero si los gobiernos progresistas no son capaces de conectar las dinámicas de cambio con los derechos humanos y democráticos, no podrán construir ese cambio. Estoy en contra del cierre de canales televisivos".

1769) Honduras: fim de crise (talvez...)

HONDURAS!
Ex-Blog do Cesar Maia
26 de janeiro de 2010

1. Hoje é véspera da posse do novo presidente de Honduras, Pepe Lobo. Nesses sete meses, o chavismo recebeu o primeiro contragolpe de resistência democrática. Frustrou-se a tentativa de atropelar a constituição hondurenha e impor a reeleição de um presidente que havia perdido o controle de si mesmo, na medida em que se submetia a sua ministra de relações exteriores, Patricia Rodas, ideologicamente e pessoalmente. A ordem de prender o presidente golpista foi transformada por um general em exílio. Por quê?

2. Honduras, em toda a sua história, desde a União Centro-Americana de 1822, passando por sua autonomia em 1838, sempre viveu um quadro de instabilidade política até os anos 1980. Mas diferente dos demais países centro-americanos (Nicarágua, Guatemala e El Salvador), esta instabilidade e os golpes se davam internamente às elites e sem guerra civil, sem derramamento de sangue. As guerrilhas dos anos 70/80 naqueles países não se repetiram em Honduras.

3. Zelaya e Chávez levaram Honduras à Alba em praça pública, em Tegucigalpa, em 2008. As pesquisas indicavam que Zelaya contava com um apoio relativo de opinião pública nos segmentos mais populares movidos a golpes de demagogia. Quando Zelaya, orientado por Chávez, provocou o confronto, não contava que os números das pesquisas não iriam se transformar em mobilização popular. Interessante é que alguns generais e líderes políticos e empresariais acreditavam que Zelaya produziria aquela mobilização.

4. Chávez enviou muito dinheiro paralelo, militantes profissionais e armas. O presidente da Câmara de Deputados, Micheletti, pagou para ver e nada ou quase nada ocorreu, mantendo a tradição pacifista do hondurenho. Até a comunidade internacional (OEA, EUA, UE) acreditava na capacidade de confronto dos zelayistas-chavistas. Erraram. A resistência democrática num pequeno país contra todo esse envolvimento internacional foi exemplar.

5. Chegou-se às eleições gerais de Presidente, deputados, prefeitos e vereadores, de forma tranquila e com uma participação bem maior que na eleição anterior, desmistificando a proposta de não comparecimento às urnas, com eleições claras e limpas. O resultado é que Honduras ganhou um destaque por sua firmeza e se destacou de seus pares centro-americanos, onde a instabilidade e a insegurança jurídica projetam incertezas. Com isso, a atratividade econômica de Honduras -paradoxalmente- cresceu e passou a ser um espaço importante para os investimentos internacionais. A aposta em Honduras é ganho certo daqui para frente.

6. Pepe Lobo tem tido a humildade, como vencedor incontestável, de chamar a todos para a participação num governo de conciliação. Assume com esta presença e liderança. Honduras e a democracia latino-americana venceram e derrotaram o chavismo.

7. E Lula expôs a diplomacia brasileira a seu maior vexame -quem sabe único vexame- em nossa história de país independente.

1768) As multinacionais brasileiras

As multinacionais brasileiras
O Estado de S. Paulo - 26/01/2010
EDITORIAL

Se a valorização da moeda nacional em relação ao dólar dificulta as exportações das empresas instaladas no Brasil, de outra parte o real forte lhes dá mais cacife para aquisição do controle de companhias estrangeiras, participação em seu capital ou fusão com algumas de suas unidades, além de instalação de subsidiárias. Por exemplo, dois grandes grupos nacionais, a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) e a Camargo Corrêa, estão disputando a aquisição do controle ou fusão de uma de suas unidades com a portuguesa Cimpor, que opera em 13 países, inclusive no Brasil.

O negócio em perspectiva chama a atenção do mercado, mas não é extraordinário. Existem hoje dezenas de empresas brasileiras com braços no exterior, que podem ser consideradas como autênticas multinacionais. Essa evolução, sem dúvida, tem sido possibilitada pelos bons fundamentos da economia, pela vitalidade do mercado de capitais e pela boa reputação de empresas originárias do País.

Não se pode dizer que tais empresas, em sua maioria, sejam de capital puramente nacional, já que às vezes estão associadas a companhias internacionais ou, como as inscritas no Novo Mercado da BM&F Bovespa, têm papéis negociados na Bolsa de Nova York.

Pode-se dizer que a expansão das empresas brasileiras no exterior é uma contrapartida dos investimentos estrangeiros diretos (IEDs) que têm afluído ao Brasil em volumes cada vez maiores. Segundo as estimativas correntes, os IEDs devem ter alcançado US$ 28 bilhões em 2009 (o total líquido até novembro era de US$ 26,68 bilhões, segundo o Banco Central - BC). Estima o mercado que os IEDs somem US$ 37,5 bilhões este ano, podendo superar a casa de US$ 40 bilhões.

Uma boa parte desse dinheiro ingressa no País para a compra ou associação com indústrias manufatureiras, agroindústrias e empresas de serviço. O inverso também ocorre, ou seja, empresas do Brasil estão indo às compras no exterior. Dados do BC indicam saídas de investimentos diretos brasileiros de US$ 6,58 bilhões em 2009 (até novembro), total que pode aumentar bastante com a recuperação da economia mundial.

Ainda que o real possa vir a ter uma desvalorização moderada, não parece provável que esse movimento arrefeça. Muitas vezes, a internacionalização das empresas resulta de circunstâncias específicas. No caso de indústrias siderúrgicas, essa foi a válvula de escape para exportar para o mercado americano produtos semiacabados de aço, que são transformados por usinas adquiridas naquele país. Há também empresas que instalaram unidades em países que mantêm acordos comerciais com os EUA para facilitar o ingresso de seus produtos no mercado americano.

A necessidade de diversificar mercados ditou a expansão de empresas brasileiras em países da América Latina, da União Europeia (UE), do Oriente Médio, da África, do sudeste Asiático e da China. No caso do Mercosul, foram criadas condições mais favoráveis à integração por meio de binacionais ou associadas. Contudo, o que se nota hoje não é um processo condicionado apenas pelo comércio exterior. Há também a busca de oportunidades lucrativas nos quatro cantos do mundo.

Não se trata também de buscar mão de obra mais barata em outros países. A expansão é motivada, principalmente, pela necessidade de ganhar escala e, assim, poder competir melhor, de várias formas, ampliando e diversificando atividades. Além disso, atuando na arena internacional, as empresas aprendem muito, reforçam seu capital humano, aperfeiçoam técnicas de gerência e criam meios para absorver novas tecnologias.

Grandes empresas e até mesmo as de porte médio não podem, conforme sua área de atividade, ficar na dependência exclusiva do mercado doméstico, onde também enfrentam concorrentes transnacionais. Elas são empurradas para o exterior até para tentar firmar-se entre os "players" de expressão.

A ativação de negócios no exterior pelas multinacionais brasileiras atesta o grau de desenvolvimento capitalista do País.

1767) Presidente do Chile quer acordo nacional

A pior coisa que acontece na política de um país é o sectarismo de certos partidos. Em lugar de examinar uma política de acordos baseados em programas e realizações projetadas, alguns se refugiam na recusa principista, que é uma recusa ao diálogo em favor do país, apenas para satisfazer orgulhos feridos ou

Piñera chama oposição para fazer no Chile governo baseado em política de acordos
25/01/2010

Uma semana depois de eleito presidente do Chile, Miguel Sebastián Piñera, da coligação Alianza, apelou para que a oposição, derrotada no último dia 17, participe de um governo de coalizão em favor dos chilenos. A oposição é liderada pela Concertación, coligação da atual presidente Michelle Bachelet, cujo candidato, o senador e ex-presidente Eduardo Frei, perdeu para Piñera.

O presidente eleito, que defende uma "política de acordos", fez o apelo baseado em uma experiência anterior no Chile: eleito em 1989, depois de 17 anos de gestão do ditador Augusto Pinochet, Patricio Alwin, da Concertación, buscou unir as forças políticas em torno de ações comuns.

Segundo Piñera, apenas uma "política de acordos" será capaz de tirar o Chile da lista de países subdesenvolvidos e incluí-lo na relação dos desenvolvidos e sem pobreza. "Hoje queremos uma democracia de acordos para transitar de um país subdesenvolvido, com muitas desigualdades, a um país desenvolvido e sem pobreza. E assim chamamos a reviver a democracia dos acordos", disse ele.

No entanto, o chamamento de Piñera pode não surtir os efeitos desejados. O presidente do Partido Comunista e deputado eleito, Guillermo Teillier, pediu aos partidos que integram a oposição a Piñera que se unam em uma frente "ampla e firme" contra o futuro governo. (fonte: Agência Brasil)

1766) Brasil aprova ajuda financeira e envio de 1,3 mil homens para missão no Haiti

O Brasil está engajando recursos consideráveis na ajuda ao Haiti: já engajava antes e agora passará a comprometer muito mais recursos financeiros e humanos numa aeantura diplomática que foi escassamente discutida pela sociedade e pelo Congresso quando da primeira decisão.
Agora, no rescaldo de uma terrível tragédia humana que requer, sem nenhuma dúvida solidariedade e despreendimento, o fervor nacionalista e patriótico -- e de aparente "concorrência" com esforços similares ou paralelos do 'Império' -- impede que uma discussão apropriada se faça, e aí começamos a rodar uma roda de aprofundamento do engajamento, e de compromissos financeiros, que ficará muito difícil parar em algum momento.
O Haiti, propriamente, já era, e se converterá cada vez mais, em um Estado totalmente assistido, tutelado pela ONU e outros organismos internacionais, por países "solidários" e por ONGs humanitárias e assistencialistas, e se acostumará, como sempre ocorre, com a droga da ajuda externa, ficando totalmente dependente do afluxo contínuo de recursos.
Pode ser que o Haiti escape da maldição da ajuda externa -- que é a de passar a fazer parte do orçamento "normal" do Estado, quando existe um, ou do país, e que vai frequentemente parar nos bolsos da elite -- mas o mais provável é que continue dependente dessa droga durante o futuro previsível.
O Brasil, sem dúvida alguma é um país generoso. Pena que essa generosidade não é adequadamente debatida pela sociedade...
Paulo Roberto de Almeida (26.01.2010)

Congresso aprova envio de 1,3 mil homens para missão no Haiti
O Estado de S. Paulo, 26.01.2010

O Congresso Nacional autorizou nesta segunda-feira, 25, o envio de mais 1,3 mil militares para compor a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). A aprovação do decreto legislativo dobra o número de militares na missão passando de 1266 militares para 2600.

A medida visa atender uma mensagem do Presidente Lula feita em 21 de janeiro, solicitando autorização para reforçar a tropa brasileira no Haiti. A mensagem presidencial também foi assinada pelos ministros da Defesa, Nelson Jobim, e das Relações Exteriores, Celso Amorim.

A aprovação foi por meio de votação simbólica, e a única manifestação contrária ao envio das tropas foi declarada pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), afirmando que "o Brasil não está em condições de ajudar, e sim de ser ajudado", além de citar as enchentes que atingem as regiões sudeste e sul do país.

Brasil doará R$ 375 milhões para o Haiti, diz ministro em Montreal

O Brasil está disposto a doar R$ 375 milhões (o equivalente a US$ 210 milhões) em ajuda ao Haiti, mas a reconstrução do país deve ser feita pelo próprio governo haitiano, disse nesta segunda-feira (25) o chanceler Celso Amorim, que participa, no Canadá, de conferência sobre a reconstrução do país devastado pelo terremoto no último dia 12.

"Não temos que perder de vista que o centro de todo o esforço de reconstrução é um governo haitiano com capacidade para governar", disse Amorim em uma coletiva de imprensa em Montreal.

Os "países amigos" do Haiti iniciaram nesta segunda-feira uma conferência na cidade canadense para definir um plano de reconstrução do país caribenho, o mais pobre do continente.

Segundo o chanceler, o governo enviou ao Congresso brasileiro uma proposta de pacote total de ajuda ao Haiti de R$ 375 milhões de reais, o que equivale a cerca de US$ 210 milhões. (fonte: G1)

1765) FSM, dia 1: lider do MST defende radicalização

Como convém a um partido neobolchevique, que já coloca a reforma agrária em segundo plano...

Stédile defende radicalização do Fórum Social Mundial
Luana Lourenço - Enviada especial da Agência Brasil
Porto Alegre, 25/01/2010

A derrota do neoliberalismo não esgotou o papel do Fórum Social Mundial na busca de "outro mundo possível".

Fórum começa com aplausos em solidariedade ao Haiti
Com uma mesa eclética e que em nada lembrava a abertura do primeiro evento ocorrido dez anos atrás, a edição de 2010 do Fórum Social Mundial (FSM) foi aberta nesta manhã (25) em Porto Alegre com uma homenagem: durante um minuto, os cerca de 200 participantes do debate de abertura bateram palmas em solidariedade ao povo haitiano, afetado por um terremoto.

Ao comentar os dez anos do FSM, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedo Stédile, apontou o imperialismo como o inimigo número um das esquerdas e dos movimentos sociais e defendeu a radicalização dos FSM como espaço de mobilização social.

"Vamos abrir os olhos: não é porque derrotamos o neoliberalismo que podemos sair por aí soltando foguetes. O fórum não pode ser só espaço anti-neoliberal, precisa ser anti-imperialista", disse hoje (25) durante um seminário sobre os dez anos do FSM.

Stédile afirmou que apesar da crise financeira internacional, que pôs em xeque alguns pilares do modelo neoliberal, o mundo ainda vive sob a "hegemonia do capital", com maioria de governos de direita e domínio ideológico dos meios de comunicação.

"Eles [capitalistas] vão adequando seus métodos, se apropriando de outros modelos. Ele eram contra o Estado, mas agora na crise usaram o Estado para salvar os caixas dos bancos e das empresas".

Ao contrário do previsto na Carta de Princípios do FSM, de 2001, que diz que o fórum "não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial", na avaliação de Stédile, o FSM tem que aproveitar o caráter plural da reunião para organizar mobilizações de massa contra o imperialismo.

"O Fórum é uma espécie de concentração, de vestiário, mas não é lá que se decide o jogo. O jogo se decide dentro do campo, com a coordenação de forças e a participação popular".

No entanto, o líder do MST reconheceu que as organizações e os movimentos sociais estão passando por uma "crise ideológica", o que dificulta a articulação.

"Os projetos políticos são difusos e sem capacidade de mobilizar as massas para entrar em campo.

1764) Venezuela, sempre na berlinda...

Primeiro: acho que o chanceler do Chile tem total razão de fazer a advertência, do contrário a política externa oficial vira uma bagunça, com muita gente opinando de maneira caótica, o que daria uma péssima impressão do país. Mas também acho que o candidato eleito se saiu relativamente bem. Melhor que fique quieto doravante...

Chanceler chileno pede a Piñera que evite falar de política externa
Agência ANSA, 22/01/2010

SANTIAGO - O chanceler chileno, Mariano Fernández, pediu ao empresário Sebastián Piñera, eleito presidente do país no domingo, que evite opinar sobre temas de política externa até que assuma o cargo, o que ocorrerá no dia 11 de março.

A advertência é feita após o futuro mandatário ter trocado as primeiras alfinetadas com o venezuelano Hugo Chávez.

- É recomendável que o novo governo comece a dar opiniões sobre temas internacionais somente quando estiver instalado - disse Fernández.

- Não se deve antecipar julgamentos sobre as relações do país num período em que está terminando um governo e começará outro - complementou.

A polêmica teve início quando Piñera, empresário e dono de uma fortuna estimada em US$ 1,2 bilhão, manifestou "diferenças" quanto à democracia venezuelana.

Chávez, em resposta, pediu respeito à soberania do povo venezuelano e, irônico, afirmou que o futuro presidente chileno jamais poderia concordar com as políticas de seu governo, já que se trata de um "empresário muito rico".

- Ele é um empresário muito rico e é impossível que esteja de acordo com uma revolução socialista na Venezuela - declarou. Piñera, então, retomou o assunto e alegou que tem o direito de se expressar.

- Disse que a democracia e o modelo de desenvolvimento econômico que queremos no Chile são muito distintos da maneira que está implementando o presidente Chávez na Venezuela. Dizemos isso com clareza, mas com muito respeito - argumentou o chileno.

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E agora, o grande comandante, mas numa matéria que tem a ver com o debate partidário no Brasil:

A escolha que vai definir o futuro
Coluna do Augusto Nunes
25 de janeiro de 2010

Hugo Chávez, a reencarnação degenerada de Simón Bolívar, agora resolveu fechar todas as emissoras de rádio e televisão que não lhe prestem vassalagem. O clube dos cafajestes latino-americanos faz de conta que se trata de uma questão doméstica. Não se deve interferir em assuntos internos de outros países, com exceção de Honduras.

O silêncio malandro de Lula reitera que, para o melhor amigo do tirano aprendiz, “há democracia até demais na Venezuela”. A mudez de Marco Aurélio Garcia, conselheiro presidencial para complicações cucarachas, mantém o parecer emitido em agosto: “O que ouvi em programas de TV sendo dito sobre o Chávez não está no gibi”.

O neurônio solitário de Dilma Rousseff tem algo a dizer sobre o cabo eleitoral venezuelano? Tem: “Não cabe a mim criticar ou não. Se ele faz isso, é em função da problemática dele”. É a cretinice que faz sentido: a Mãe do PAC e toda a companheirada fazem o que podem para camuflar o entusiasmo.

Para os stalinistas farofeiros, o furacão autoritário na Venezuela tem a suavidade da brisa. Não é censura, sussurram uns aos outros: é o “controle social” dos meios de comunicação, enfim obrigados ao pronto atendimento dos interesses do povo. A Venezuela bolivariana de hoje, sonham, é o Brasil amanhã.

Não será se a oposição entender que tem discurso de sobra. O Brasil que presta deve aceitar o repto de Lula e encarar o confronto plebiscitário. Os eleitores precisam ser convidados a escolher entre a Venezuela e o primeiro mundo, a caverna e a civilização, o primitivismo e a modernidade, a ditadura e a democracia. Entre a opressão e a liberdade.

1763) Uma nova internacional, pela liberacao dos...

Acho que nem Marx, atuante na criação da I Associação Internacional dos Trabalhadores, nem Lênin, criador e inspirador da III Internacional, tinham pensado nesta nova internacional, sem dúvida uma aliada da causa (ainda mais com o apoio do presidente)...

Evento LGBT recebe apoio do presidente
Boletim do PT na Câmara, 26.01.2010

Acontece nesta semana em Curitiba a V Conferência da ILGA (Associação Internacional de Lésbicas, Gay, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais) na região da América Latina e do Caribe (ILGA-LAC). O evento reunirá cerca de 400 militantes de 35 países que trabalham na defesa dos direitos da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Reafirmando seu apoio à causa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou a Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, uma mensagem de saudação a todos os conferencistas.

Na mensagem, o presidente Lula afirma que a luta contra a intolerância e a discriminação, com os consequentes esforços pelo respeito à pessoa humana, aí incluída a consideração pela orientação sexual, tem norteado sua gestão desde o início do primeiro mandato. Além disso, a mensagem tece considerações sobre as ações governamentais de combate à homofobia e o Plano Nacional de Direitos Humanos 3, que, entre outras coisas, defende a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

A mensagem na íntegra será divulgada na abertura da conferência, nesta quarta-feira (27), em Curitiba às 19h. A mensagem do presidente Lula será lida pelo deputado Dr. Rosinha (PT-PR), integrante da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT.

A V Conferência Regional da ILGA-LAC será em Curitiba (PR), de 26 a 31 de janeiro.

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De nada, de nada, pela divulgação...

1762) FSM, dia 1: foi para isso que se reuniram?

Primeiro, a transcrição do que recebi:

Oded Grajew defende mudança de hábitos individuais

Um dos organizadores do Fórum Social Mundial (FSM), Oded Grajew, voltou a defender ontem a mudança de consciência individual e a articulação de diferentes organizações da sociedade em favor de “outro mundo possível”.

“Temos que mudar hábitos arraigados dentro de nós, no nosso comportamento, no dia-a-dia. Nossas entidades têm funcionários. Temos que rever a maneira como tratamos nossos semelhantes. Temos que saber agir sem precisar de o papai fórum nos dizer o que fazer”, ao participar da mesa de abertura do evento, em Porto Alegre.

Ao fazer um balanço de dez anos do evento, Grajew lembrou que o FSM é um espaço de mobilização e discussão, que facilita o encontro entre setores sociais, que devem atuar em rede para avançar, principalmente na questão ambiental.

“Se a gente não mudar o modelo de desenvolvimento, a espécie humana corre risco de extinção neste século. “Nenhuma organização sozinha consegue ir além de determinados limites desafios que hoje são globais”.Para Oded Grajew, esta é a grande sacada: a mobilização em conjunto.

“Não tem causa mais importante. Levo adiante a missão da reforma agrária. Quero ter parceiros, gente e organizações que possam ajudar também na questão feminista, na economia solidária”

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Agora eu, PRA:

Bem, eu acho que o pessoalzinho do FSM vai precisar pensar em mudar de slogan. Que tal?

"Um outro ser humano é possível"
"Um outro homem, uma outra mulher, um outro...(bem, à escolha...)"
"Todos unidos, mudaremos o mundo, começando por nós mesmos"
"Um outro Fórum Social Mundial é possível" (aliás, até mesmo necessário)

1761) FSM, dia 1: começou o festival de inutilidades...

Recebo, em minha caixa de entrada -- e agradeço muito a gentileza -- o primeiro boletim do primeiro dia daquilo que eu já chamei de festival de empulhações: um bando de jovens idealistas sendo enganados por velhos velhacos, que não tem nada de muito inteligente a dizer e que ficam repetindo o mantra inútil: "um outro mundo é possível"...
Bem estou esperando que eles me apresentem esse mundo. (E que me agradeçam por fazer propaganda gratuita de suas bobagens, embora saiba que não vão fazê-lo.)
PRA
Enquanto isso, quem tiver paciência, pode ler o:

Boletim FSM - 25 de janeiro de 2010
Avaliação sobre as conquistas e os limites do Fórum Social Mundial marca abertura do FSM Grande Porto Alegre

Começou hoje (25/1/2010), no Rio Grande do Sul, o "Fórum Social Mundial 10 anos Grande Porto Alegre". Uma das principais atividades do evento é o Seminário Internacional "10 Anos Depois: Desafios e Propostas para um Outro Mundo Possível", que está sendo realizado na capital gaúcha. Intelectuais e representantes de movimentos sociais de todo o mundo estarão reunidos, até o dia 29 de janeiro, para uma grande reflexão sobre os dez anos do Fórum Social Mundial e as transformações políticas e sociais desse período.
A proposta do seminário, no entanto, não é só olhar para trás. O debate deve resultar também na projeção de caminhos futuros para a construção de um outro mundo possível. As conclusões desse seminário serão discutidas em eventos descentralizados, que serão realizados em todo o mundo ao longo do ano, até o próximo Fórum Social Mundial, em Dacar (Senegal), em 2011.
O primeiro dia do seminário avaliou as conquistas e os limites do Fórum Social Mundial, a partir de uma ótica plural, que contou com a participação de...
[sinto muito não vou ficar fazendo propaganda de gente que eu considero simplesmente desonestos anti-intelectuais]

Amanhã (26/1), serão traçados diagnósticos da conjuntura atual sob quatro diferentes aspectos que se completam: ambiental, econômico, político e social. As discussões serão conduzidas paralelamente. Os diagnósticos servirão de base para os debates seguintes. (Veja aqui a programação completa).

Diariamente estará disponível no blog do seminário os resumos de todos os debates. O texto da discussão de hoje já está no ar.

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PRA: Bem, eu percorri o blog com o resumo do dia. Posso dizer que se trata de uma leitura edificante. Nele se pode aprender que:
"Antes do FSM, porém, movimentos e organizações da sociedade civil já haviam iniciado processos de articulação antiglobalização neoliberal em espaços como Chiapas, com o movimento zapatista, e Seattle, propondo novas formas de intervenção política no mundo, ponderou João Pedro Stedile. Estes movimentos foram maximizados pelo FSM, cujo grande mérito foi derrotar a idéia de que o neoliberalismo seria o único futuro possivel para o Planeta. Ou seja, o FSM derrotou o neoliberalismo como ideologia."

Durma-se, se conseguir, com essa grandiosidade alternativa...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

1760) Pobres reclamam de impostos altos

Esta descoberta é inédita para mim. Nunca soube que pobre soubesse medir a carga total dos impostos embutidos em TODOS os produtos e serviços oferecidos no mercado brasileiro, pelo menos não com tanta ênfase e evidência. Em todo caso, eu volto à minha proposta: em lugar de ficar debatendo filosofias políticas -- partidos de esquerda, de direita, liberais ou estatizantes -- um partido deveria assumir resolutamente a decisão de lutar contra impostos, com o único objetivo de reduzir a carga tributária total da economia brasileira, que estrangula a sociedade. Apenas isso: já seria uma revolução...
Como diz o comentarista reproduzido mais abaixo, com base na pesquisa:
"Quem ganha até 2 salários mínimos compromete o equivalente a 53,9% de sua renda com impostos, taxas, contribuições e outros tributos. Na outra ponta da escala, quem tem renda acima de 30 salários, deixa com o Fisco montante que equivale a quase 30% da renda."

Em todo caso, trata-se de uma evidência tão evidente, que sem cair na redundância caberia martelar até o fim dos tempos, ou seja, até quando a carga fiscal caia abaixo de 20$ do PIB. Esse é o meu combate.
Paulo Roberto de Almeida (25.01.2010)

Eleitor pobre quer corte de tributos
Julia Duailibi
O Estado de S.Paulo, Domingo, 24 de Janeiro de 2010

Pesquisas indicam que 7 em cada 10 brasileiros defendem redução de impostos, e não de juro, para gerar emprego

A elevada carga tributária é apontada pelo eleitor de baixa renda como o maior empecilho para a geração de emprego e o aumento do consumo no País. Sete em cada dez brasileiros defendem a redução dos impostos, e não dos juros, como forma de gerar empregos - 65% aceitam menos programas sociais, como o Bolsa-Família, se a contrapartida for reduzir tributos para derrubar os preços.

Pesquisas do Instituto Análise mostram que 67% das pessoas com renda familiar de até R$ 465 dizem preferir um presidente que reduza os impostos dos alimentos para que se compre comida mais barata a um que aumente o Bolsa-Família - opção de 32% dos entrevistados.

"As pessoas sabem que poderiam consumir mais, mas não conseguem por causa dos impostos", afirmou o cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise. Realizadas em 2009, as pesquisas ouviram mil pessoas por mês. "São 70 cidades no País, incluindo as nove regiões metropolitanas e locais do interior", disse ele.

A diminuição da carga tributária, portanto, teria reflexos em outro tema caro ao eleitor: o aumento do consumo. Puxado pelo crescimento real do salário mínimo e do crédito, o consumo das famílias cresceu nos últimos anos - e o governo estima que aumentará 6,1% em 2010.

Nas pesquisa, 67% concordam que o "melhor para a população pobre é que o governo reduza impostos e tenha menos funcionários, com isso o preço dos produtos cai". Já 28% preferem "mais impostos e que com o dinheiro dos impostos o governo faça mais programas sociais".

Corte de impostos é apontada como principal medida contra desemprego - mais até que educação. "A população sente no bolso. A alta carga afeta mais os de renda baixa, que gastam parcela maior do orçamento com alimentação", disse o economista Sérgio Vale, da MB Associados.

Estudo elaborado por Maria Helena Zockun, pesquisadora da Fipe, mostra que, em 1996, famílias que ganhavam até dois salários mínimos gastavam 28% da renda com impostos. Em 2004, 49% da renda foi para o Fisco. As famílias com renda superior a 30 mínimos gastavam 18% da renda com impostos em 96. Em 2004, gastaram 26%.

"Como os mais pobres gastam mais parte da renda com consumo, ficam vulneráveis", diz Maria Helena. "A pessoa pode não ter ideia do quanto há de imposto no produto. Mas vê o preço menor na informalidade. Sabe que com carga menor teria mais acesso a bens." Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, uma caixa de sabão em pó, que custa R$ 3,98, sairia por R$ 2,30 sem os impostos. Um saco de açúcar fica 68% mais caro, com a tributação, e o de cimento, 65%.

Na eleição, a oposição acusará o apetite arrecadatório do governo, que, por sua vez, dirá que promoveu desonerações como a do IPI. "O caso do IPI mostrou que com menos imposto compra-se mais", disse Almeida.

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E um comentário no blog de um jornalista economista (ou vice-versa):

Pobres reclamando de impostos? Faz todo o sentido
José Paulo Kupfer
Blog do Estadão, 25 de janeiro de 2010

Conclusões de pesquisas do Instituto Análise, divulgadas na edição deste domingo do Estadão, permitiram a seu diretor, o cientista político Alberto Carlos Almeida, concluir que a redução da carga tributária é uma aspiração das classes mais populares e que este poderá ser um dos grandes motes da campanha eleitoral em 2010.

Não está claro como a pesquisa foi realizada. Explica-se apenas que foram ouvidas mil pessoas por mês, em 70 cidades. Mas, não se sabe em quantos meses, se os mil consultados variavam ou não, a distribuição geográfica e sócio-econômica deles, e das cidades. Não há informação, principalmente, sobre o questionário submetido aos pesquisados e o teor das perguntas. São ressalvas necessárias, mas o fato é que, do ponto de vista da realidade e da lógica, o achado do Instituto Análise não surpreende.

Por seu caráter escandalosamente regressivo, nosso sistema tributário é uma construção de cabeça para baixo. São, portanto, outras forças – não a da gravidade e da justiça tributária –, que a mantêm de pé. No Brasil, no campo dos tributos, numa completa inversão de valores, quem pode mais, paga menos, e que pode menos, paga mais.

Faz tempo – e põe tempo nisso – estou entre os que batem nessa tecla. Além de ser um estorvo para a competitividade da economia, nosso sistema tributário é, antes de tudo, de uma injustiça indecente, um elemento relevante no quadro de concentração de renda que estigmatiza o desenvolvimento brasileiro.

Recentemente, em 13 de janeiro, publiquei aqui no blog um gráfico em que essa distorção salta aos olhos. A reportagem do Estadão, no domingo o atualiza. Quem ganha até 2 salários mínimos compromete o equivalente a 53,9% de sua renda com impostos, taxas, contribuições e outros tributos. Na outra ponta da escala, quem tem renda acima de 30 salários, deixa com o Fisco montante que equivale a quase 30% da renda.

Há pouco menos dois anos, escrevi o seguinte (íntegra aqui):

“O sistema tributário brasileiro é pior do que péssimo. Um comitê de sábios, convocado para elaborar o pior sistema possível, não conseguiria produzir uma obra de tão má qualidade. O sistema, além de complicado – há multiplicidade e sobreposição de tributos e de regimes de tributação -, é acintosamente regressivo – a base de arrecadação são os impostos indiretos e as contribuições cumulativas, estas incidentes em cascata sobre o faturamento ou, num caso raro em todo o mundo, sobre operações financeiras.”

“Não é por infelicidade ou azar que, no sistema brasileiro, quanto mais pobre, mais, proporcionalmente à sua renda, o cidadão é taxado. Isso se deve ao fato de que a tributação incide mais sobre o consumo e a produção do que sobre a renda, num ambiente em tudo propício à sonegação e à elisão”.

“Como o ‘prêmio’ pela fuga às obrigações fiscais é alto, o resultado de tudo é que poucos a sentem de fato no bolso. Para os abonados, há a válvula de escape do chamado “planejamento tributário”. Para os outros, resta a solução da informalidade.”

“Era de se esperar que, diante das injustiças do sistema tributário e dos desestímulos que ele impõe à consolidação de uma economia competitiva, qualquer reforma que caminhasse na direção de reduzir, ainda que minimamente, tais características, fosse apoiada pela maioria e tramitasse com facilidade no Congresso. Quanta ilusão.”

Conforme publicado pelo Estadão, na pesquisa do Instituto Analise, 67% das pessoas com renda de até R$ 465 (um salário mínimo, em 2009) disseram preferir uma redução dos impostos sobre alimentos a aumentos no Bolsa Família – opção de 32% dos entrevistados. Sem mais detalhes sobre a metodologia da pesquisa, ficam dúvidas sobre o resultado divulgado. Mas, que faz sentido, lá isso faz.

1759) A obsessao totalitaria da esquerda brasileira (3)

Bem, volto ao tema já exposto em dois post precedentes, 1750 e 1751, que caberia recuperar para ler também os comentários:

sábado, 23 de janeiro de 2010
1750) A obsessao totalitaria da esquerda brasileira (1)
[a propósito da matéria: "A obsessão totalitária" - Fábio Portela, Revista Veja, edição 2149 - 27 de janeiro de 2010]

domingo, 24 de janeiro de 2010
1751) A obsessao totalitaria da esquerda brasileira (2)
[na qual eu transcrevia e fazia minhas observações de caráter metodológico a um comentário do leitor que figura abaixo]

O comentarista em questão, um jovem acadêmico baiano -- que eu não chamaria de historiador, pois lhe faltam importantes requisitos metodológicos para tanto; ele é apenas formado em história, com 'h' minúsculo... -- retorna à carga para retrucar ou responder ao que eu disse.
Ele se esquiva, porém, de fazer a única coisa que eu havia pedido a ele, que era comentar o teor da matéria da Veja, em lugar de lançar invectivas contra a revista.
Não contente em continuar a vituperar contra a revista, ele assume a defensiva de suas posições, mas como sempre cheio de adjetivos e colocações impressionistas, sem jamais entrar no coração da matéria, que era, relembro, tecer considerações inteligentes, ou pelo menos interessantes, sobre a liberdade de expressão e a tentativa canhestra -- eu até diria liberticida -- de cercear essa liberdade por uma tribo de órfãos do leninismo encastelados no poder.
Eu havia solicitado tão somente que ele se pronunciasse sobre as frases respectivas de Jefferson e de Lênin, transcritas nessa matéria.
Em lugar de fazê-lo (o que é seu direito), ele prefere continuar atacando o veículo, e silenciar sobre o cerne da matéria.
Ele diz, por exemplo:
"O ataque a revista Veja é justo."
PRA: Acho que isso é uma opinião pessoal, mas como eu disse, isso é o que menos interessa. A matéria poderia ter sido publicada pela Caros Amigos, pela Carta Capital, pela revista do Comitê Central do PSOL (se ele existir e tiver uma), pelo Gramna, o único jornal existente em Cuba (e que serve mais de papel higiênico do que propriamente para informação, uma palavra que passa por piada na ilha), não importa. A única coisa relevante seria comentar se a liberdade de imprensa estaria melhor defendida com a realidade que temos, que se aproxima (mas não muito) da situação descrita por Jefferson, ou se ela estaria melhor com as posições de Lênin, que combinam bastante com o que pretendem os inimigos da liberdade encastelados no poder.

Nosso jovem aprendiz de historiador também diz que "A matéria assinada por Fábio Portela é anacrônica." Mas ele tergiversa sobre o leninismo enrustido no governo Lula, quando o meu pedido a ele era outro. Não pretendo uma discussão ideológica sobre essas viúvas do socialismo, que existem e ficam muito desconfortáveis com um governo que aplica uma política econômica neoliberal. Eu apenas queria os comentários do rapaz sobre a liberdade de expressão.

Não tive nada disso, mas apenas diatribes, adjetivos, impressionismos.
Era minha escolha (e meu direito) não publicar esse tipo de material, para não cansar o leitor, mas como eu abri a discussão, permito-me conceder-lhe uma vez mais espaço para suas manifestações, inclusive por uma questão de justiça: no meio de tantos afazeres, de tantos estudos, ele se deu ao trabalho de interromper suas atividades para me responder, o que é um sinal de consideração.
Vai, portanto, transcrito abaixo, o que ele tem a dizer. Depois eu volto com duas sugestões.
Paulo Roberto de Almeida (25.01.2010)


Equiano Santos deixou um novo comentário sobre a sua postagem "1751) A obsessao totalitaria da esquerda brasileir...":

" Caro PRA,
Permita-me chamá-lo de professor, pois devo ao senhor o meu amor pelas discussões sobre política externa e relações internacionais, além de considerar seus escritos parte da minha permanente formação. Permita-me também uma tréplica, pois minhas poucas palavras e seu desconhecimento a meu respeito acabou sendo objeto de confusão. Isto é perfeitamente normal e me dá grande vantagem sobre o senhor, pois conheço mais de ti do que ao contrário.
Certamente esta tréplica demorou um pouco. Os estudos voltados ao concurso para carreira diplomática, a prática docente e as atividades de pesquisa tomam uma imensa parte do meu tempo. Isso explica a paralisia do meu blog e me deixa bastante impressionado com tamanha versatilidade que o senhor possui.
Vejamos...

Poderia iniciar esta tréplica de variadas formas... Melhor, no entanto, iniciar identificando o seu discurso. Podemos caracterizá-lo como uma conhecida forma de Argumentum ad Hominen, do qual se exclui uma proposição pelo fato da mesma ser objeto de defesa de indivíduos, no mínimo, contestáveis (pelo menos ao seu ver). Se pretende rejeitar minha opinião “batendo em cachorro morto”, tentando me colocar no rol dos saudosistas do socialismo real, houve um erro na pontaria. Lembro-te que o movimento pelo qual tradicionalmente chamamos de esquerda corresponde a um amplo leque de correntes onde, desde os tempos das primeiras manifestações operárias no velho continente, foi caracterizado por seu amplo pluralismo. Esse pluralismo marcou também o próprio marxismo, fazendo de Lênin tão diferente de um Bernstein (não estou aqui para discutir sobre revisionismo, pois todos são revisionistas, vez que não existe uma ortodoxia marxista). Enfim, no que diz respeito ao socialismo real, à apologia a Lenin, Stálin, Fidel e outros personagens que fizeram da revolução um caminho para transformação, sinto o mesmo arrepio que o senhor. Digo mais, na minha prateleira de livros, as “Obras Escolhidas” de Lênin são permanentemente vigiadas pelo “Arquipélago Gulag”, de Soljenítsin. Dito isto, o que falar sobre meu comentário que desencadeou nosso debate?

O ataque a revista Veja é justo. A matéria assinada por Fábio Portela é anacrônica, ao fazer uso de termos sem nenhuma correspondência com o presente. Que soviets, que leninismo? Aponte-me Lênin no programa do PT, no que diz respeito à tática e a estratégia do partido que me calo. Aponte-me alguma apologia de Lula e do governo ao socialismo real que me calo. Aponte-me alguma relação entre o leninismo e o governo Lula que me calo! Não há leninismo, bolcheviques tão pouco. Tudo que se tem são correntes pouco expressivas que, ou são minorias dentro do partido ou que, como minorias, representam a base aliada. Ou o senhor acha que um ministério do esporte representa uma bolchevização do governo? Inclusive, nem nos tempos iniciais, em que o partido era marcado pelo radicalismo, houve um programa que visasse uma revolução.
É dentro deste contexto que caracterizei e ainda caracterizo Veja de saudosista, pois suas análises são caducas e ainda enxergam o mundo de maneira bipolar, comunistas onde não existem. São indivíduos que sonham com as bombas da guerra fria e que passam horas se deliciando com Rambo. Por isso chamei de revista panfletária... E ela é! Panfletária e preguiçosa, pois ao invés de apostar em argumentos inteligentes, apostar em investigações e análises fundamentadas, preferem ocultar e “abrir a boca” com chavões militantes...

Lula governa tendo uma base heterogênea que vai desde os movimentos populares a setores do empresariado brasileiro, escreveu a famosa “Carta ao Povo Brasileiro” se comprometendo com uma agenda econômica do qual não poderia ser modificada e assim o fez. Não estou aqui para defender o governo, apenas para que parem com essa paranóia de que “os comunistas estão chegando” ou de que por trás da bandeira do PT há uma foice e um martelo. O debate é outro...

É necessário dizer ainda, que meu posicionamento perante essa revista não deve ser confundido com a postura de um historiador perante as fontes. Como fonte, as revistas representam um importante meio de informação e todas elas devem ser utilizadas para que, a partir de uma análise apurada, possa construir o conhecimento histórico. Mas lembro ao senhor que existem muitas perguntas que um historiador faz às fontes, entre elas estão “quem escreveu isso?”, “qual sua intencionalidade?”. Ainda não li o seu “Formação da diplomacia econômica no Brasil: Império” . Comprei mas ainda não o li, entretanto tenho certeza que durante suas pesquisas fez estas perguntas às fontes consultadas (Ficarei honrado de ter uma dedicatória do senhor no meu livro se algum dia desses passar por Salvador). Não sou ainda um bom historiador, mas, no projeto de mestrado que estou construindo, procuro analisar as fontes da melhor maneira possível.

Bem, professor...não vou entrar no tema do Programa Nacional de Direitos Humanos, pois minha crítica, como o senhor pôde constatar, foi direcionada a outra questão. Além disso, ainda estou formando uma opinião a respeito e conto com a ajuda do senhor e do seu blog para sempre me fornecer o “outro lado da moeda”.
Obrigado pela atenção... Estaria faltando com a verdade se dissesse que não estou ansioso por uma resposta. Diferente da primeira, porém, esta não haverá um retorno. Voltarei ao posto de leitor do seu blog, posição que, frente ao senhor, confesso, sinto-me muito mais a vontade do que a de um debatedor.
"

(Fim de transcriçao)

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Permito-me um único comentário final:
PRA: O Equiano, como tantos jovens brasileiros, é vítima do festival de idiotices que uma manada inteira de energúnemos -- alguns idiotas completos, outros apenas ignorantes, outros ainda atuando de má-fé -- dissemina impunemente nas universidades brasileiras. Digo impunemente não porque eles devessem ser cerceados, mas porque eles se aproveitam da total irresponsabilidade das universidades públicas para falar bobagens sem jamais se responsabilizar pelo total surrealismo de seus argumentos, que não guardam a mínima conexão com a realidade.
Se eu pudesse fazer apenas duas recomendações a esses jovens, seriam estas aqui:

1) Esqueçam os seus professores, desliguem dessas aulas ridículas, coloquem seus iPods nos ouvidos e abram um bom livro em sala de aula; se puderem faltar, melhor, se não puderem, leiam, apenas, sejam autodidatas intensivos; vocês aprenderão mais, com gente mais inteligente do que os quadrupedes que costumam dar aulas nas faculdades de humanidades;

2) Viajem, muito: mas, tendo em vista o estado mental da maioria de vocês, não viajem ao capitalismo, a Paris, Miami, essas coisas. Tudo isso é déjà vu, já sabemos como funciona o capitalismo e o que se pode comprar nele: iPods, iPhones, computadores Apple (três vezes mais baratos do que neste país protecionista), enfim, tudo aquilo que um jovem cubano gostaria de comprar e não consegue, ou que o brasileiro precisa pagar pelo menos o dobro para obter. Viajem a países magníficos, que combinam com as idéias desses professores aloprados que fingem dar aulas a vocês: visitem Cuba, Coréia do Norte (não creio que consigam, mas cabe tentar), a Venezuela do coronel fascistão, as maravilhas bolivarianas, enfim, tudo aquilo que passa por progressista e libertador. Seria tão mais interessante do que percorrer esses lugares cheios de multinacionais, de especuladores financeiros, de exploração do homem...

Enfim, são apenas sugestões...

1758) O velho papo da mao invisivel e os novos profetas

Em artigo intitulado

A Mão Invisível do Mercado

escrito para o Project Syndicate e reproduzido pela Folha de São Paulo (27/12/2009), o economista e professor da Columbia University, Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, diz que a lição da crise "é a de que os mercados não são capazes de autocorreção. De fato, na ausência de regulamentação adequada, tendem ao excesso. Em 2009, vemos uma vez mais o motivo. A mão invisível de Adam Smith muitas vezes pareceu realmente invisível, porque não estava lá. A defesa de seus interesses próprios pelos banqueiros (ou seja, a cobiça) não conduziu ao bem estar da sociedade, não serviu nem mesmo aos interesses dos acionistas e dos detentores de títulos dos bancos".

Trata-se de notável equívoco quanto ao que disse realmente Adam Smith e quanto ao significado dos mercados livres. Em primeiro lugar, Smith nunca defendeu, realmente, nenhuma política, ou "teoria" como querem alguns, relativamente aos méritos, mais supostos do que reais, dessa famosa construção intelectual identificada como "mão invisível". O que ele disse, concretamente, é que os agentes econômicos, deixados livres para realizarem seus interesses individuais -- ou seja, ao perseguirem unicamente sua própria cobiça -- acabam satisfazendo melhor aos desejos da sociedade do que se estivessem unidos, num suposto acordo coletivo para realizar o bem comum. Adam Smith diz que, ao agirem de forma absolutamente descoordenada e cada qual perseguindo seu próprio interesse, eles acabam atuando em benefício da sociedade, como se uma mão invisível pairasse acima da sociedade a guiar as ações dos indivíduos.
Ou seja, trata-se de uma figura de estilo, não de uma prescrição de política. Justamente em função da ausência de coiordenação, agentes individuais não determinam uma política, mas são simplesmente guiados pelo comportamento dos mercados: se eles encontram clientes para seus produtos e serviços, excelente: terão lucros e ficarão mais ricos. Se, ao contrário, os clientes deles se afastarem, por preços altos ou má qualidade, eles perderão dinheiro e serão expulsos do mercado, a menos que se corrijam rapidamente ou mudem seu modo de atuação (por vezes inclusive mudando de ramo, por incapacidade de competir em mercados livres).

Contráriamente ao que diz Stiglitz, mesmo quando cometem excessos -- e os mercados só cometem excessos porque os clientes sustentam a demanda, mesmo em condições adversas, ou seja, preços das ações em ascensão ou otimismo exagerado quanto aos retornos esperados -- os mercados SEMPRE se corrigem a si próprios, inevitavelmente, pois esta é a função dos mercados.
Isso é tão evidente, que não seria preciso repetir: quando há uma defasagem qualquer no mercado, alguém perderá dinheiro, ou o ofertante do bem ou serviço, ou o cliente suposto, o que provocará quase automaticamente uma resposta no sentido contrário: a retirada do ofertante ou do cliente-consumidor do mercado, ambos por perdas realizadas. Isso pode até demorar um pouco para ocorrer, na ausência de informações fiáveis ou adequadas, mas ocorrerá inevitavelmente.

Ocorre, porém, que, orientados por aprendizes de feiticeiro, como Stigltiz, os governos acham que podem melhor regular os mercados do que os agentes primários, os tais da "mão invisível", e passam a determinar como, quando e a que preço podem ser realizadas tais e tais transações.
Isso é tão evidente, que eu não precisaria tampouco recordar o que ocorre de fato nos mercados.
Quem determina a taxa de juros básica não é o mercado, mas o governo. Quem diz para quem, por quanto e por quanto tempo devem ser oferecidos empréstimos imobiliários é em grande medida o governo, que pretende "estimular" o mercado imobiliário e ser generoso com o seu corpo eleitoral, oferecendo casas baratas e financiadas a perder de vista.
Ou seja, quem cria as condições para as bolhas financeiras ou imobiliárias é o governo, não os mercados.
Mercados deixados livres NUNCA fixariam os juros a 2% durante três anos como o fez o Federal Reserve americano, em TOTAL DESCOMPASSO com o mercado real de oferta e demanda de dinheiro. Taxas artificialmente baixas, em descompasso com a inflação e a remuneração dos poupadores é um tremendo estímulo à formação de bolhas, jamais seriam fixadas ao sabor dos mercados, que teriam CORRIGIDO automaticamente esse descompasso.

Portanto, contrariamente ao que diz Stiglitz, os mercados são, sim são capazes de autocorreção, e o fariam se não fosse a MÃO VISÍVEL do governo que atua em descompasso com os dados fundamentais do mercado. Quem disse ao professor Stiglitz que juros de 2% são juros de mercado?
Como os banqueiros teriam induzido clientes potencialmente inadimplentes se não fosse pelo atrativo dos juros baixos?
Como esses agentes imobiliários oficiais teriam oferecido tanto crédito se não fosse pela garantia de que o governo cobriria eventuais perdas?

Sinto muito, professor Stiglitz, seu raciocínio simplesmente não faz sentido.

Paulo Roberto de Almeida (25.01.201)

1757) Divida publica: deterioracao no Brasil, comparacao com os Brics

A concessão de empréstimos do Tesouro Nacional a bancos estatais foi o principal fator de deterioração dos números da dívida pública em 2009, indicam dados do Banco Central.
A dívida pública bruta total (ou seja, incluindo a União, estados e municípios) alcançou 64,1% do PIB até novembro de 2009, registrando um aumento de 7,8% em relação a 2008, a maior elevação de um ano a outro desde o ano 2000 (Cristiano Romero,"Crédito do Tesouro a banco estatal deteriora dívida pública em 2009", Valor Econômico, 25.01.2010, p. C10).

O valor é similar ao deixado pelo governo FHC a Lula em 2002, sendo que logo em 2003, a dívida total passou a 70,4% do PIB, tendo diminuído depois. "O aumento poderia ter sido maior, se o governo não tivesso mudado, em 2008, a metodologia de cáclculo, que passou a considerar apenas a dívida efetivamente no mercado, retirando os títulos encarteirados, mas sem negociação."
Ou seja, o BC carrega títulos que o governo não consegue colocar no mercado, o que é no mínimo preocupante. Mais preocupante ainda é o fato de que o governo emite títulos à taxa Selic e depois empresta a bancos estatais, que cobram menos, encaixando um custo fiscal considerável nesse tipo de operação (estimado em algo próximo de 150 bilhões de reais).
Segundo o economista Samuel Pessoa, da FGV-Rio, "Isso pode ter as características de uma bomba relógio se a política fiscal ficar muito desorganizada e a Selic tiver de subir muito lá na frente".
A distância entre a dívida líquida e a dívida bruta vem crescendo recentemente: passou de 18% do PIB para mais de 25% do PIB. O problema é que os créditos concedidos a bancos estatais, apeasr de abatidos da dívida bruta, não são líquidos como as reservas internacionais (corretamente abatidas da dívida bruta), pois não podem ser exigíveis no curto prazo. Esses créditos devem ser tratados como uma expansão fiscal, segundo economistas. Retirando-se esses crésitos da contabilidade, a dívida líquida passaria de 43% a 52% do PIB.
Mas, o crescimento da dívida líquida também foi significativo, passando de 37,3% para 43% do PIB, ou seja, um crescimento de 5,7% do PIB.

Comparativamente a outros países, e numa escala crescente, temos o seguinte quadro da dívida pública em 2009, como proporção do PIB (segundo dados do FMI):
Rússia: 7,2
China: 20,2
Argentina: 60,5
Brasil: 68,5
Reino Unido: 68,7
França: 78,0
Alemanha: 78,7
Índia: 84,7
Estados Unidos: 84,8
Itália: 115,8
Japão: 218,6

1756) O que define um heroi?

O Brasil vem prestando homenagem aos militares brasileiros do contingente destacado para servir no Haiti, que faleceram vítimas do terremoto que abalou aquele país duas semanas atrás.
Todos, o governo naturalmente, e os meios de comunicação com grande ênfase, vem classificando esses militares mortos como "herois", e como tais eles foram tratados nas homenagens póstumas (medalha de bravura, promoção post mortem, indenização à família, bolsas oferecidas aos dependentes, etc.).
Confesso que, mesmo sob risco de parecer insensível ou destoante da unanimidade, eu fico me perguntando por que, em que medida e com qual legitimidade eles seriam herois de verdade.
Se vou aos dicionários, as definições que me são dadas do termo são estas:

HEROI: substantivo masculino
1 Rubrica: mitologia. Filho da união de um deus ou uma deusa com um ser humano; semideus.
2 Rubrica: mitologia. Mortal divinizado após sua morte; semideus.
3 Derivação: por extensão de sentido. Indivíduo notabilizado por seus feitos guerreiros, sua coragem, tenacidade, abnegação, magnanimidade etc.
4 Derivação: por extensão de sentido. Indivíduo capaz de suportar exemplarmente uma sorte incomum (p.ex., infortúnios, sofrimentos) ou que arrisca a vida pelo dever ou em benefício de outrem.
5 Derivação: por extensão de sentido. Indivíduo notabilizado por suas realizações; Ex.: os h. das ciências.
6 Derivação: por extensão de sentido. Figura central de um acontecimento ou de um período; Ex.: os h. da Revolução Francesa.
7 Derivação: por extensão de sentido. Pessoa que, por ser homenageada ou por qualquer motivo (nobre ou pouco digno), se distingue ou é centro de atenções. Ex.: .
8 Derivação: por extensão de sentido. Principal personagem de uma obra de literatura, dramaturgia, cinema etc.
9 Uso: informal. Indivíduo que desperta enorme admiração; ídolo.
(Cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa; versão eletrônica)

Eu me pergunto, sinceramente, em quais das categorias poderíamos encaixar os militares brasileiros mortos, geralmente esmagados em decorrência do forte tremor que abalou o Haiti.
Se alguém tiver uma sugestão, agradeço comunicar-me...
(25.01.2010)

domingo, 24 de janeiro de 2010

1755) Lancamento virtual (chat) de O Moderno Principe (e novos cássicos revisitados)

Participei ontem do lançamento virtual (por meio de chat) de meu livro mais recente:

O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado
(Rio de Janeiro: Freitas Bastos, edição eletrônica, 2009, 191 p.; ISBN: 978-85-99960-99-8); R$ 12,00; disponível online neste link: http://freitasbas.lojatemporaria.com/o-moderno-principe.html
Ver sumário completo neste link.

Não o fiz voluntariamente, mas apenas por sugestão da editora, sutilmente constrangido a fazê-lo, claro, para movimentar os negócios, produzir lucros, enfim, essas coisas do mundo capitalista, que devemos todos aceitar (se é que pretendemos viver num mundo capitalista). Confesso que nunca lancei livros, ou se o fiz foi por iniciativa de editoras ou por indução de alguma entidade (universidades, ou associações de cunho acadêmico). Não sou comercialista, não me interessa quanto vão "render" os meus livros, interessa-me apenas que eles sejam lidos, pois a implicação lógica de quem escreve e publica é que seja conhecido, lido, comentado. Tudo bem se não fosse minha proverbial timidez mercadológica, digamos assim: eu espero que meus livros seja "descobertos" e lidos apenas pela sua importância intrínseca, não pelo suporte publicitário que se possa fazer em torno deles. Concedo que um pouco de informação é útil, até mesmo necessária, mas não me sinto bem fazendo isso eu mesmo, posto que já coloco a informação no meu site...

Tampouco aprecio a forma escolhida, por um chat pré-formatado. Talvez se possa melhorar a ferramenta no futuro, mas a que existe atualmente me parece muito canhestra e pouco prática.
Não gosto do meio -- aquela coisa de ficar no "tec, tec, tum" -- e não gosto do ambiente: você não consegue raciocinar direito, tem de ficar respondendo apressadamente a um e a outro, e com isso o que se tem é uma "conversa" fragmentada, entrecortada por pensamentos 'profundos' e comentários ligeiros, como é de hábito numa conversa de roda... Sinceramente, não me sinto bem com o instrumento e com a natureza da comunicação. Pode que no futuro tenhamos chats inteligentes, sofisticados, que permitam um diálogo amplo, tranquilo, transparente e agradável, por enquanto, ficou apenas incômodo.

De toda forma, gostaria de agradecer a todos os que compareceram (poucos "gatos pingados", como diria alguém), e que me prestigiaram nesta oportunidade de interação.
Foi uma chance de conversar um pouco, e também de assumir novas "obrigações", como a de continuar a série dos "clássicos revisitados" que gostaria de fazer. Talvez textos curtos, entre 20 e 50 páginas, e quem sabe um por mês em 2011 (sinto, mas 2010 já está ocupado).
Ontem, num intervalo de restaurante, anotei rapidamente em minha caderneta, quais poderiam ser eventualmente considerados. Fiz a lista out of the mind, sem me preocupar com datas, nomes, representatividade, ou sequer (neste momento) com o tema principal, que é o elemento central de minha série de clássicos revisitados, ou seja, capturar a mensagem central de cada obra, e transplantá-la para a nossa época, como se o autor tivesse renascido, ou como se eu falasse por ele, num diálogo à distância.
Aqui vai a minha lista de:

Cássicos Revisitados

1) Animal Farm - George Orwell
2) Utopia - Thomas Morus
3) Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam
4) Paz Perpétua - Immanuel Kant
5) Paraíso Perdido - Milton
6) O Capital - Karl Marx
7) O Estado e a Revolução - Lênin
8) O Caminho da Servidão - Alfred Hayek
9) O Antigo Regime e a Revolução - Alexis de Tocqueville
10) Novelas Exemplares - Miguel de Cervantes
11) História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil - Pero Magalhães de Gândavo
12) História do Futuro - Antonio Vieira

Existem dezenas de sugestões, eu sei, mas me contenho, no momento, apenas nestas, out of the mind, como disse. Nem todas são para trazer o conteúdo ou o espírito original para os tempos atuais, apenas para aproveitar o seu título atrativo e daí compor uma obra totalmente original.
Vejamos o que aparece no decurso deste ano (já tenho programação que vai me manter ocupado por pelo menos trezes meses, se eu conseguir esticar o ano).

Paulo Roberto de Almeida (24.01.2010)

1754) Hugo Boss, aplaudido e ovacionado no FSM

Bem, se ele aparecer, está claro. Não tenho certeza de que o grande boss desse tipo de surrealismo recorrente apareça no FSM desde ano em Porto Alegre; afinal de contas, ele está enfrentando um bocado de problemas no seu país natal (e sua fazenda pessoal).
Nenhum dos problemas que ele tem, diga-se de passagem, foi criado pelo seu inimigo imaginário (ou real, dirão seus amigos), o imperialismo americano. Todos, sublinho TODOS os problemas são e foram criados pela sua incúria administrativa, pela sua inépcia econômica, pela indigência mental daqueles que o assistem e seguem de maneira completamente idiota (ou submissa, a troco de vantagens, dinheiro, prestígio, whatever...).
Mas, eu tenho absoluta certeza disto: se ele aparecer em Porto Alegre será ovacionado, saudado delirantemente por um bando de pessoas que eu só posso classificar de idiotas completos (sinto muito, meus críticos, mas não consigo achar um termo melhor), pessoas que não se dão ao trabalho de simplesmente constatar o que está acontecendo no vizinho país e que apenas se deixam enganar pela conversa fiada de um candidato a Mussolini (sim, tem gente que acha que, apenas por causa de sua conversa mole anti-imperialista, o caudilho em questão deva ser considerado um líder de esquerda, quando ele é apenas um candidato a condottieri fascista).
Para que se perceba um pouco desses problemas, que podem impedi-lo de aparecer (cercado de gorilas, como convem) no FSM, vejamos o editorial do Globo deste domingo, um jornal perfeitamente burguês e capitalista (mas que também tem idiotas que escrevem artigos nele, como convem a nossa nossa imprensa plural).

Chavismo em crise
Editorial de O GLOBO, 24/01/2010

As últimas ações do coronel Hugo Chávez confirmam que seu histrionismo cresce quando ele precisa desviar a atenção de problemas domésticos. Daí a declaração cômica de que testes de armas secretas da Marinha americana estariam por trás do terremoto no Haiti. Ou a afirmação de que "o império americano está tomando o Haiti sobre os cadáveres e as lágrimas de seu povo".

Quanto ao seu povo, os venezuelanos sofrem com a elevada inflação, o desabastecimento, os apagões (a energia elétrica escasseia por falta de investimentos em infraestrutura), a violência (Caracas é a cidade mais perigosa da América do Sul) e a ineficiência generalizada, uma vez que a ação preferida do governo é a estatização de empresas, sob qualquer pretexto. Há um ambiente propício também à corrupção.

Chávez derrubou a democracia "das elites" venezuelanas para supostamente acabar com a corrupção e refundar o país em nome de um vago "socialismo bolivariano do século XXI", que se revela um regime autoritário e capaz de arruinar um país rico como a Venezuela.

Enquanto o preço do petróleo esteve nas alturas, Chávez, de cofre cheio, patrocinou aliados — Cuba, Bolívia, Equador, Argentina, Nicarágua, Honduras, Paraguai. Hoje, com a crise mundial e o preço do petróleo mais baixo, o chavismo faz água e seus aliados, idem. Cuba ainda espera o fim do embargo americano para melhorar de vida, mas os irmãos Castro não largam o osso. Evo Morales tomou posse para o segundo mandato na sextafeira, tentando costurar a colcha de retalhos que é a Bolívia, situação agravada por ele mesmo com a criação das autonomias indígenas.

A Argentina, importante aliado do chavismo, atravessa grave crise econômica, política e institucional.

Em Honduras, Chávez amargou uma derrota com a destituição do aliado Manuel Zelaya — numa crise que se arrasta há meses e que levou junto o Brasil.

Nesse panorama, enquanto o Chile confirma a maturidade de sua democracia com a vitória de Sebastián Piñera, o presidente Lula, em que pesem recaídas terceiromundistas, consolida a liderança no continente. A Venezuela, mesmo que consiga a adesão plena ao Mercosul (falta apenas a concordância do Senado paraguaio), não terá nele a solução de seus problemas, e ainda criará outros para o bloco. A instabilidade na Venezuela e em aliados de peso, como a Argentina, permite antecipar que 2010 deverá ser um ano tenso na América do Sul, no bloco sob a influência do chavismo.

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PS PRA: Essa coisa de "consolidar a liderança no continente" é uma perfeita bobagem do editorialista do Globo, que não deve conhecer a realidade dos outros países, nem (aparentemente) ler os jornais desses países.

1753) Forum Surreal Mundial: começa amanhã...

Bem, acho que está tudo mundo avisado, inclusive pelos meios de informação da globalização contemporânea, meios que em sua quase totalidade são capitalistas, ou seja, aspirando ao lucro, a ganhos monopolísticos, à acumulação desenfreada, enfim, tudo aquilo que será objeto de condenação, de opróbrio, de rejeicão no FSM de Porto Alegre, aliás perfeitamente globalizado pela internet, pelas redes de computadores, pelos blogs gratuitos (enfim, um free lunch do capitalismo), pelos celulares de última geração, em resumo, tudo o que não existe nos regimes e países que eles vão exaltar (Cuba, Venezuela, etc...).
Contraditório, não é mesmo?
O que se há de fazer?
Os antiglobalizadores são mesmo assim: aproveitam-se das benesses da globalização capitalista para condenar e protestar contra essa mesma globalização capitalista.

Bem, eu espero, pelo menos, que alguns deles, uma ínfima minoria que seja, aproveite esta tarde de domingo para ler as "conclusões antecipadas" que eu fiz a propósito do show que começa nesta segunda e vai até sexta-feira.
Minha contribuição para a boa compreensão do que eu chamei de Forum Surreal Mundial está aqui:

Fórum Social Mundial 2010, uma década de embromação: antecipando as conclusões e desvendando os equívocos
Paulo Roberto de Almeida
Publicado em Mundorama (http://mundorama.net/2010/01/20/forum-social-mundial-2010-uma-decada-de-embromacao-antecipando-as-conclusoes-e-desvendando-os-equivocos-por-paulo-roberto-de-almeida/).

Transcrevo apenas o comecinho:

1. A novela está de volta (com o mesmo enredo...)
Como acontece todo ano, os alternativos da antiglobalização estarão reunidos neste final do mês de janeiro de 2010 para protestar contra a globalização assimétrica e proclamar que um “outro mundo é possível”. Eu também acho, mas a verdade é que eles nunca apresentam o roteiro detalhado desse outro mundo esperado, se contentando com slogans redutores contra a globalização, essa mesma força indomável que torna mais eficiente a interação entre essas tribos e permite que suas mensagens – equivocadas, como sempre – alcancem, em questão de minutos, todos os cantos do planeta. Em todo caso, eles já se consideram tão importantes que já nem mais se dão ao trabalho de protestar contra o outro Fórum Mundial, o capitalista de Davos, como ocorria todo ano naquela estação suíça de esqui: os capitalistas agradecem serem deixados em paz e prometem refletir sobre as propostas do fórum alternativo, se é que alguma será feita.
Como também acontece todo ano, eu fico esperando para ver se alguma ideia nova e interessante – Ok, ok, também podem ser ideias velhas e desinteressantes, mas que sejam pelo menos racionais e exequíveis – vai emergir desse jamboree anual de antiglobalizadores e iluminar as nossas políticas públicas tão carentes de racionalidade e sentido de justiça. Como não confio, porém, que algo de novo vá surgir de onde nunca veio nada de inteligente, resolvi não esperar pela conclusão do encontro de 2010, e me proponho, sem cobrar copyright dos antiglobalizadores, antecipar suas conclusões conclusivas (se é verdade que algo do gênero pode ocorrer; isso corre o risco de nos surpreender).

para ler o texto completo (e vários comentários a respeito) clicar aqui.

Pois bem, retomo agora para tratar de um problema para o qual já fui chamado à atenção por alguns leitores benevolentes, que acham que eu ofendo muita gente, gratuitamente, ao chamar os que participam desse tipo de evento embromador de idiotas, ou até mesmo de perfeitos idiotas.

Acho que tenho de me desculpar e ao mesmo tempo de me explicar, explicitando exatamente o que eu quero e pretendo dizer. Vamos por parte e dividir em categorias toda a tropa, a tribo heteróclita, que participa desse tipo de show mediático e contraditório.
Nos diversos FSMs existem:

1) Ingênuos: são os jovens idealistas, estudantes primeiro-anistas das faculdades de humanidades, geralmente instruidos no anticapitalismo e no anti-americanismo desde o primário e o secundário, por professores perfeitamente mal-instruídos, desejosos de contribuir para o bem-estar da humanidade, que estaria ameaçado por poderosas empresas multinacionais, que exploram os trabalhadores, poluem o meio ambiente (em todos os países, os seus e especialmente aqueles ditos periféricos), sequiosos por participar da campanha de libertação dos mesmos países periféricos da exploração e dominação ignóbil do imperialismo americano; esses jovens são apenas meio idiotas, pois caem na conversa mole desses professores idiotas completas e não conseguem distinguir a fantasia que lhes é servida da realidade que eles tem ao alcance do computador, bastando navegar um pouco para se informar como é feito o mundo. Vamos chamá-los, portanto, apenas de ingênuos, pois suas motivações são nobres, eles são desprendidos, apenas não tendo informação suficiente (mas também são idiotas por não procurá-la, pois ela está disponível livremente nos meios perfeitamente capitalistas e globalizados que eles usam).

2) Idiotas em tempo integral: são os mestres desses jovens ingênuos, que aprenderam meia dúzia de slogans de outros mestres idiotas antes deles, nunca leram Marx (mas apenas contrafações) nem quaisquer livros mais sérios de história ou de economia, e saem por aí, impunemente, ensinando bonagens aos jovens passivos que são seus alunos. Acho que eles não tem conserto, por isso não merecem de mim mais do que estas poucas linhas, pois, à diferença dos jovens idealistas, eles vão continuar assim idiotas durante toda a sua carreira.

3) Perfeitos idiotas profissionais: São alguns expoentes da academia, que passam por "intelequitais", mas que são apenas profissionais da embromação e do oportunismo, pois que são mais conhecidos (já publicaram meia dúzia de obras perfeitamente inúteis) e são sempre convidados para falar nesses convescotes animados, onde as pessoas sensatas (como eu e você) já sabem perfeitamente o que eles vão dizer, de tão óbvio. Eles não são calhordas profissionais, pois não ganham a vida nessas masturbações militantes, são apenas os interventores úteis a convite, já que em geral são professores das universidades públicas e perpetram suas bobagens gratuitamente, apenas se contentando com os aplausos da galera embevecida. Exemplos típicos: Noam Chomsky e Boaventura de Souza Santos.

4) Empulhadores profissionais: São aqueles que têm perfeita consciência de que participam de uma mistificação, pois são pessoas viajadas, conhecem o capitalismo (onde vivem, obviamente) E o socialimo (já foram váraias vezes a Cuba, a convite, obviamente), e fazem isso com um zelo profissional que beira a calhordice. São militantes da causa, e vivem disso. Não creio que acreditem seriamente nas bobagens que propagam, dizem, escrevem, pois se isso ocorre, além de calhordas profissionais seriam idiotas mais que perfeitos. Eles sabem perfeitamente que Cuba é uma miséria material, humana e espiritual, e ainda assim se dão ao trabalho de defender um regime assassino e liberticida. É que os compromissos do passado e certas vantagens do presente os "obrigam" a fazer isso, do contrário cairiam no completo ostracismo e não teriam mais o que fazer, por falta completa de credibilidade. São dos seres mais abjetos que possam viver nas academias atualmente. Eu poderia dar vários exemplos, mas só vou uma abreviatura, pois quem conhece esses meios sabe de quem estou falando: ES.

5) Assassinos em potencial, fazendo de conta que são democratas: São aqueles que animam movimentos ditos sociais, por exemplo, em favor da reforma agrária, que nada mais é do que um pretexto. Dirigem grupos paramilitares, de cunho leninista ou neobolchevique, e acreditam (talvez por também serem idiotas terminais) que estão em Petrogrado em 1917, e esperam a sua oportunidade de "fazer a Revolução". São tipos perigosos, pois vivem do dinheiro da burguesia, das contribuições de todos esses movimentos ingênuos de europeus arrependidos (com a exploração passada), e do seu, do meu, do nosso dinheiro, que são os recursos públicos que eles "roubam" (sim ROUBAM) do Estado a pretexto de fazer obras no campo, educação de camponeses e coisas do gênero). Acho que não preciso citar nenhum nome de tão óbvio.

6) Oportunistas políticos: São todos aqueles políticos profissionais, ou militantes guindados em cargos públicos, que frequentem esses foros (que deveriam ser apenas da sociedade civil, mas que vão neles "a convite", de organizações que são as suas) para divulgar suas ações governamentais, para dizer que o governo está sim, preocupado com a "justiça social" e com a "equidade", que o governo quer sim "democratizar os meios de comunicação", que o governo quer sim tornar a globalização mais humana e fraterna, enfim, um monte de bobagens que eles fingem acreditar (e se acreditam são também idiotas), mas que servem para desculpá-los pelo fato do governo não ter ainda enterrado o capitalismo (imagina se eles vão matar a galinha dos ovos de ouro) e ter começado a construir aquele "outro mundo possível" que vários idiotas franceses antes deles se encarregaram de propagandear. São eles que financiam esse bando de surrealistas, idiotas, calhordas e outros representantes da espécie que se reunem com o seu, com o meu, com o nosso dinheiro para decidir absolutamente nada, apenas continuar o festival de ilusões.

OK, acho que já me expliquei e não chamei a todos de idiotas. Bem apenas quase todos...
Como sempre, vou ser condenado por dizer o que penso.
Sinto muito, folks, eu tenho um problema grave: não consigo deixar de dizer o que penso, quando vejo uma idiotice manifesta.
Sinto muito, tenho esse grave defeito.
Ainda bem que vivemos em democracia, pois num regime como os que vão ser homenageados pelos surrealista do FSM eu nunca conseguiria manter um blog como este...

Paulo Roberto de Almeida (24/01/2010)

PS.: Vejam o post seguinte...