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terça-feira, 8 de março de 2011

Politica Externa de Dilma Rousseff - Direitos Humanos: retificando os equivocos

Nada como um dia depois do outro: sempre se pode corrigir erros da véspera, no caso, do governo anterior. Erros é uma maneira de dizer, claro; ativistas de direitos humanos teriam outros conceitos para descrever as posturas do governo Lula, sempre amigo de ditadores.
Interessante que as pessoas, no caso diplomatas, não têm nenhum problema em defender um argumento, e depois o seu contrário, sem que isto lhes cause o menor rubor na face.
Alguns chamariam isso de flexibilidade, outros de disciplina. Eu teria outros nomes...
Paulo Roberto de Almeida

Política externa
Embaixadora brasileira na ONU dá sinais de que país vai mudar voto sobre violações de direitos humanos no Irã

“O que eu posso dizer é que para todos os efeitos, nós concordamos em tudo"
Shirin Ebadi, sobre encontro com a embaixadora do Brasil junto às Nações Unidas em Genebra

O governo brasileiro deu nesta segunda-feira mais um passo para corrigir um grande erro cometido durante os oito anos da administração anterior: apoiar países que violam sistematicamente os direitos humanos, como o Irã. A embaixadora do Brasil junto à Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, Maria Nazareth Farani de Azevêdo, recebeu a vencedora do Prêmio Nobel da Paz e crítica ferrenha do regime iraniano, Shirin Ebadi, para um almoço em sua casa. O encontro foi realizado em meio às reuniões do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que ocorrem desde o final de fevereiro, e que devem culminar com a votação nas próximas semanas de uma resolução, condenando as violações aos direitos humanos no Irã.

O almoço desta segunda - que contou ainda com embaixadores de diversos países da América Latina, África e também dos Estados Unidos na ONU - é um sinal de que o Brasil deve apoiar a resolução, que estabelece também o envio de um relator especial da entidade a Teerã. “Por uma questão de princípios e pela maneira como a ONU trabalha, as pessoas não fazem promessas umas às outras fora das sessões oficiais”, disse Ebadi ao site de VEJA sobre a conversa com a embaixadora brasileira no encontro extra-oficial. “O que eu posso dizer é que, para todos os efeitos, nós concordamos em tudo.”

Ebadi sempre criticou duramente a atitude do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de tratar como amigo o fanático que governa o Irã e nega o Holocausto, Mahmoud Ahmadinejad. A iraniana agora vê mudanças na política externa do Brasil. “O país está prestando muito mais atenção nos direitos humanos.”

Ativistas que também participaram do almoço comemoraram o fato de a embaixadora brasileira ter convidado à sua casa um símbolo contra o regime opressor iraniano e outros representantes na ONU. “ A embaixadora estava muito aberta e ela expressou grande apoio ao que a Shirin Ebadi dizia”, afirmou Julie Gromellon, representante da Federação Internacional de Ligas de Direitos Humanos junto à ONU. “O fato de a embaixadora ter convidado todos é um sinal de que o país vai votar a favor da resolução. Acredito que agora a embaixadora esteja aguardando declarações vindas de níveis mais altos do governo brasileiro para deixar isso ainda mais claro.”

Sinais - Mesmo antes de sua posse, a presidente Dilma Rousseff já vinha dando sinais de que mudará a política externa do Brasil. Em uma entrevista concedida ao jornal americano The Washington Post, em dezembro do ano passado, ela condenou o apedrejamento no Irã e qualquer outro tipo de "prática ‘medieval’ contra mulheres”. Ela se referia à sentença decretada contra a iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani por adultério pela arbitrária Justiça da Repúlica Islâmica.

A declaração de Dilma marcou um contraste com a política externa que o Itamaraty vinha adotando nos últimos oito anos. Um mês antes da entrevista da presidente, o Brasil - sob a batuta de Lula - se recusou a apoiar uma resolução na ONU que pedia o fim do apedrejamento no Irã. A medida, que acabou sendo aprovada mesmo sem o voto do Brasil, também condenava Teerã por "graves violações de direitos humanos" e por silenciar jornalistas, blogueiros e opositores.
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Brasil presta homenagem a opositora de Ahmadinejad
Jamil Chade, correspondente
O Estado de S.Paulo, 08 de março de 2011

Diplomacia brasileira oferece almoço, em Genebra, a Shirin Ebadi, Nobel da Paz; Teerã se irrita com sinais de mudança na política externa do País

GENEBRA - Pela primeira vez, o governo brasileiro abriu as portas de sua diplomacia à maior opositora do regime de Mahmoud Ahmadinejad, em um gesto político explícito contra as violações de direitos humanos no Irã. A missão brasileira perante a ONU ofereceu um almoço na segunda-feira, 7, em Genebra, em homenagem à dissidente Shirin Ebadi, prêmio Nobel da Paz, perseguida pelo regime e refugiada na Europa.
O governo iraniano não escondeu a irritação e interpretou a atitude como um recado claro do Brasil de que a lua de mel entre Brasília e Teerã acabou.
"Se a comunidade internacional não agir, o Irã em breve se transformará numa nova Líbia", afirmou Ebadi durante o almoço, que também contou a presença de embaixadores de países como Estados Unidos e outros que defendem uma posição mais dura contra o Irã.
Sanções. Ebadi pediu que o Brasil e os Estados Unidos adotem sanções políticas contra membros do regime de Ahmadinejad, como a negação de vistos para políticos e congelamento de ativos dessas pessoas envolvidas na repressão.
A vencedora do prêmio Nobel, considerada uma das maiores opositoras de Ahmadinejad, ainda defendeu a ideia dos EUA e da Europa de estabelecer na ONU um relator internacional que investigue as violações de direitos humanos no Irã.
"Precisamos dessa investigação para abrir uma nova etapa do diálogo com o Irã. Seria um sinal importante para o povo iraniano que sofre com a repressão."
"Se o Brasil e a comunidade internacional não querem mais uma Líbia, precisam começar a se mover imediatamente para promover um novo diálogo com Ahmadinejad, antes que ele siga o caminho de Muamar Kadafi", enfatizou Ebadi, segundo relato de presentes no almoço. "O povo no Irã não vai silenciar e o governo, de outro lado, continuará com seu massacre", alertou.
A proposta (sobre sanções ao Irã) vai à votação no dia 21. O Brasil já indicou que poderá rever suas posições, algo impensável durante o governo Lula.
Na segunda-feira, a embaixadora Maria Nazareth Farani Azevedo, que promovia o almoço, declarou aos convidados que o Brasil "apoiava" a posição de Ebadi. O Estado obteve informações de que o Itamaraty está sendo pressionado pelos EUA não apenas a aceitar a investigação, mas também para copatrocinar a resolução que pediria o estabelecimento de tal mecanismo.
Durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a opção do Itamaraty foi a de manter um diálogo apenas com o governo de Ahmadinejad. Lula chegou a criticar a oposição ao regime iraniano. Ebadi alertou que o brasileiro estava ofendendo o povo iraniano ao não atender aos apelos da oposição.
Organizações não governamentais (ONGs) comemoram os novos sinais da política externa brasileira. "Não temos ainda garantia de que o Brasil apoiará a criação de uma investigação contra o Irã. Mas abrir suas portas aos dissidentes já é um grande passo", afirmou a assessoria de imprensa da Federação Internacional de Direitos Humanos, uma das entidades envolvidas na organização do encontro.

Sun Tzu para diplomatas: meu artigo no Mundorama

Mundorama publicou meu artigo -- o primeiro de uma nova série, espero -- que adapta alguns ensinamentos do mestre chinês da estratégia para fins mais pacíficos. Só esqueceram, por enquanto, de colocar as três notas iniciais, que transcrevo ao final.
Nota: esta versão corrige pequenos erros de digitação que estão presentes na versão publicada em Mundorama.

Formação de uma estratégia diplomática:
Relendo Sun Tzu para fins menos belicosos
Paulo Roberto de Almeida
07/03/2011
Resumo: Releitura introdutória do clássico Arte da Guerra, de Sun Tzu, adaptando seus argumentos para o objetivo de formulação de uma estratégia diplomática, necessariamente distinta da concepção militar que presidiu à sua elaboração.
Palavras-chave: Sun Tzu. Arte da Guerra. Estratégia diplomática.

Os argumentos constantes do presente ensaio analítico se inserem num conjunto de trabalhos – já feitos ou em preparação – que podem ser enfeixados na categoria dos “clássicos revisitados”, entre os quais um Manifesto Comunista adaptado a estes tempos de globalização,[1] e um Moderno Príncipe,[2] que pretende aproveitar os conceitos do florentino para a política atual. Da mesma forma, pode-se reler Sun Tzu e aproveitar os ensinamentos contidos na Arte da Guerra[3] para uma reflexão de caráter conceitual sobre a estratégia diplomática – referida simplesmente como ED – no contexto das relações internacionais contemporâneas. A esse título, não se trata de refazer, obviamente, uma “arte da guerra para diplomatas”, e sim tão somente de tecer considerações sobre uma (e não a) estratégia diplomática, com base nos argumentos basicamente filosóficos – e, claro, muitas regras práticas – presumivelmente redigidos pelo conhecido mestre chinês, legitimamente considerado o “pai da estratégia” (no seu caso, militar).

Da diplomacia como um instrumento do Estado
A diplomacia é de vital importância para o Estado. Talvez não tão crucial quanto a defesa do Estado por suas forças armadas, pois destas depende a própria sobrevivência física do Estado. Este pode, teoricamente, sobreviver sem manter intensas relações internacionais, ou sem exercer uma diplomacia ativa. Mas ele dificilmente teria vida longa, ou conseguiria preservar seus interesses vitais, sem uma capacitação adequada em matéria de instrumentos defensivos (que são, igualmente, mecanismos ofensivos, credíveis, tanto para a dissuasão quanto para o ataque).
A diplomacia é, todavia, crescentemente relevante não apenas para a defesa dos interesses fundamentais de um Estado, mas, sobretudo, para se alcançar os objetivos nacionais relevantes de uma nação no contexto contemporâneo, partindo do pressuposto que a sociedade humana e a comunidade das nações se afastam, cada vez mais, do direito da força para aderir à força do direito. O mundo contemporâneo abandonou, progressivamente, os esquemas restritos dos arranjos interimperiais – embora a última instância da política internacional permaneça com as grandes potências – para adentrar no multilateralismo dos esquemas de segurança coletiva consolidados nos instrumentos onusianos. Da diplomacia depende – paralelamente ao exercício potencial do poder militar – a preservação de um ambiente de paz e de estabilidade, tanto quanto de cooperação nos planos bilateral, regional ou multilateral a que aspira todo Estado que privilegia a solução de controvérsias pela via das negociações. Esta é uma condição essencial, hoje indispensável, para o crescimento econômico sustentado, os avanços tecnológicos, o progresso social, a preservação do meio ambiente, enfim, para a prosperidade comum.
Adaptando nossa releitura de Sun Tzu ao contexto diplomático, poderíamos dizer que a arte da diplomacia implica cinco fatores principais, que devem ser objeto de nossa contínua reflexão, com vistas a aperfeiçoá-los e incorporá-los cada vez mais às nossas práticas de servidores do Estado no campo da política externa. Estes cinco fatores são: a doutrina, a interação entre a conjuntura e a estrutura, os condicionantes econômicos e geopolíticos da ação diplomática, o comando e a disciplina. A partir desses cinco fatores é possível elaborar uma “estratégia diplomática”, que será objeto da segunda seção deste ensaio introdutório.

A doutrina tem a ver com a concepção mesma da diplomacia, a sua razão de ser. Ela diz respeito aos princípios inspiradores da diplomacia, aos valores que fundamentam a sua ação, às diretrizes que guiam essa ação na prática. Ela também se refere a uma noção clara dos interesses nacionais e aos instrumentos indispensáveis à implementação dos objetivos fundamentais do Estado, cujo pressuposto elementar é, obviamente, o ato de dispor de uma doutrina básica para sua atuação política – sem esquecer uma estratégia militar – no cenário diplomático internacional.
A interação entre a conjuntura e a estrutura pode ser vista como o equivalente funcional daquilo que Sun Tzu chamava de tempo. Essa interação supõe a combinação da sincronia e da diacronia – ou seja, o momento presente e a flecha do tempo –, que constituem os dois vetores de atuação diplomática ao longo de um determinado período. Toda diplomacia lida com o aqui e o agora, mas ela o faz tendo em vista as consequências futuras das ações adotadas na presente conjuntura e levando em consideração a herança recebida do passado recente, que imprime sua marca sobre a mente dos diplomatas e determina, em grande medida, a forma como eles vão agir no presente.
Os condicionantes econômicos e geopolíticos representam o fator que Sun Tzu chamava de espaço, isto é, o ambiente concreto no qual devem se movimentar os “exércitos” diplomáticos, em busca da materialização dos objetivos nacionais.
O comando atende aos mesmos critérios estabelecidos pelo mestre chinês da arte da guerra para esse conceito. Ele tem a ver com a capacidade exibida pelas lideranças diplomáticas – o estadista, o chanceler, os altos responsáveis pela formulação da doutrina e pela definição das principais diretrizes diplomáticas – de indicar claramente aos membros da comunidade diplomática nacional quais são os objetivos pelos quais eles devem se bater.
Sun Tzu considerava que o comando deveria ter as seguintes qualidades: sabedoria, sinceridade, benevolência, coragem e disciplina. Dessas cinco qualidades, a primeira é certamente necessária ao comandante, assim como a quarta, embora esta deva pertencer mais ao comandante militar do que propriamente ao chefe da diplomacia. Maquiavel certamente descartaria a segunda e a terceira, ou seja, a sinceridade e a benevolência, embora considerasse esta última como um recurso a que o condotier poderia apelar quando estivesse em situação de força, justamente. Quanto à ultima, deve ser considerada mais como uma variante do rigor consigo mesmo do que o exercício da disciplina “contra” seus próprios subordinados, que é o objeto do último fator da arte da diplomacia.
A disciplina, no plano da diplomacia, tem a ver com organização e métodos, ou seja, a construção de uma ferramenta burocrática que seja, ao mesmo tempo, eficiente e inovadora, prudente e ousada, preparada no plano da informação e do conhecimento e apta a seguir instruções de forma ordenada e coerente, atuando como uma agência homogênea e uniforme. Isto é possível quando o estamento burocrático-diplomático possui processos de socialização e de construção de um pensamento relativamente unificado e convergente.
Com base nesses cinco fatores, as autoridades diplomáticas de um Estado podem planejar seus objetivos externos – a que chamaremos de “estratégia diplomática – a partir de um conjunto adicional de fatores instrumentais que têm a ver, essencialmente, com a implementação prática desses objetivos, quaisquer que sejam eles. Entre esses fatores figuram os seguintes: a capacidade dos dirigentes diplomáticos em formular metas realistas e adequadas para a mobilização efetiva do estamento profissional diplomático; a avaliação correta dos limites e possibilidades oferecidas pelo sistema internacional para que aqueles objetivos possam ser alcançados; o uso eficiente de todos os mecanismos e instrumentos do sistema internacional – instituições formais, grupos informais, coalizões temporárias de interesse, combinação de iniciativas bilaterais, coordenação regional e exploração dos canais multilaterais – segundo a natureza de algum objetivo específico; coordenação interna das agencias públicas que detêm alguma interface internacional e instruções claras aos agentes diplomáticos nas diversas frentes negociadoras para se alcançar eficácia máxima nas iniciativas diplomáticas desse Estado.
Mesmo sob condições democráticas e, portanto, transparentes, a eficiência e a eficácia na ação diplomática de um Estado dependem, em parte, do tratamento discreto que possa atribuir a determinados temas de seu interesse crucial na frente externa. Toda negociação diplomática é, por definição, uma barganha entre interesses por vezes convergentes, mas em certa medida contraditórios, quando não divergentes ou opostos (na medida em que todo e qualquer acordo sempre implica em custos políticos e econômicos, a começar pela perda relativa de soberania, o que se deve limitar o máximo possível). Daí a necessidade de se encaminhar um determinado tema com base em argumentos de utilidade geral e de benefício recíproco que podem oferecer a base para um entendimento mais próximo dos interesses nacionais.
Esta questão implica também que o trabalho de avaliação deve envolver não apenas os interesses próprios do Estado em questão, mas igualmente os interesses do Estado, ou dos Estados com os quais se negocia, de maneira a permitir as acomodações necessárias. Dito isto, caberia, portanto, passar aos argumentos principais, que têm a ver com a elaboração e a implementação de uma estratégia diplomática (ED).

Da estratégia diplomática como uma das artes especializadas do Estado
Analogamente ao seu equivalente militar, mas nisso talvez destoando um pouco de Sun Tzu, poderíamos dizer que a ED consiste na mobilização de instrumentos políticos, econômicos e militares – ponderados com base numa avaliação comparada e em análises conceituais e factuais sobre as intenções dos demais participantes do jogo diplomático – com vistas à consecução de objetivos nacionais bem definidos, mas sem o recurso à, ou a ameaça do uso da, força militar ou à guerra. Nesse sentido, a ED se opõe à, ou se distingue da, estratégia militar, que pressupõe, de sua parte, o uso ou a ameaça de uso da força bruta, segundo linhas que já foram suficientemente discutidas ao longo da história, desde Sun Tzu até os modernos estrategistas militares, passando por Clausewitz, Henry Kissinger ou Raymond Aron.
No plano puramente conceitual, a formulação de uma ED implica a análise dos fatores contingentes, de obstáculos conjunturais e de barreiras de caráter estrutural que dificultam – em alguns casos até obstaculizam – o atingimento dos objetivos nacionais, tais como definidos pelos estrategistas de um determinado Estado, uma comunidade variada que pode envolver desde estadistas até burocratas do planejamento governamental, passando por representantes da cidadania e consultores independentes (membros da academia, especialistas setoriais, etc.). No plano operacional, a ED pressupõe a mobilização de todos os instrumentos à disposição desse Estado para o atingimento daqueles objetivos, o que implica o uso dos meios propriamente diplomáticos, mas também o apoio das forças armadas e da comunidade econômica do país.
Todo Estado moderno, atuante, inserido na sociedade internacional, normalmente dotado de órgãos executivos e de planejamento, possui ou deveria possuir uma ED. Não se deve, evidentemente, superestimar uma ED: não se trata de algo fixo ou rígido, estruturalmente determinado; mas de uma concepção determinada por fatores conjunturais e até contingentes, concomitante às iniciativas dos Estados e às ações humanas.
Uma ED realista e flexível deve submeter-se, desde logo, a constantes revisões, tantos são os fatores de mudança conjuntural e as alterações no cenário político internacional que influenciam ou impactam os objetivos nacionais de um Estado. Ela deve estar, portanto, sujeita a avaliações regulares por parte de um staff especialmente preparado para essa finalidade e dedicado funcionalmente a esse tipo de tarefa. Não conviria, aliás, que o órgão encarregado da elaboração de uma ED fosse exclusivo e excludente, ou seja, trabalhando unicamente em torno da ED, e sim que ele seja aberto a insumos externos e à colaboração de especialistas e consultores alheios ao próprio órgão, de forma a manter uma atmosfera aberta e inovadora, permitindo até revisões radicais da “velha” ED (ou seja, indo temporariamente num sentido contrário à “razão de Estado”).

Uma ED, ainda que elaborada por um governo determinado, não é, ou não deveria ser, uma concepção e uma ação de um governo, e sim uma iniciativa e uma postura de Estado, ou seja, interessando antes à Nação do que aos partidos e personalidades ocupando temporariamente o poder. Como atividade típica de Estado, a ED deve estar sujeita ao escrutínio de todas as forças, movimentos e grupos de opinião representativos da Nação, ser objeto de discussão e de avaliação quanto a seus fundamentos concretos, seus instrumentos operacionais, seus objetivos explícitos e suas metas implícitas. Normalmente é isso que ocorre em sistemas democráticos, tanto mais intensamente quanto mais abertos e transparentes são os elementos centrais que definem e ajudam a implementar uma ED.
Os processos de concepção, elaboração e de revisão da ED se dão no corpo do Estado, envolvendo as agências voltadas para as relações exteriores, os órgãos de defesa e o governo central, ademais das instâncias dedicadas precipuamente ao planejamento de políticas e de análises aplicadas; eles passam pelo parlamento e alcançam a sociedade, por meio da opinião pública, devidamente informada pelos órgãos de informação.

O planejamento de uma ED implica, antes de qualquer outra ação, tratar dos meios próprios a uma organização diplomática: de nada serve ter uma ED sem a ferramenta que a implementará. Estamos falando aqui de funcionários, equipamentos, recursos, organização, enfim, todos os meios com os quais todo e qualquer Estado leva sua ED da fase de concepção à de aplicação no terreno. Na diplomacia, como na guerra, nada existe estaticamente, ou de forma puramente passiva, mas, sim, compõe-se de interações dinâmicas; os meios precisam ser sempre mantidos, aperfeiçoados, substituídos, instruídos e monitorados.
Diferentemente da guerra, porém, não é preciso ter um planejamento logístico destinado a concentrar forças e operações ofensivas num espaço de tempo delimitado e num terreno previamente estudado. Em outros termos, as ações diplomáticas não necessitam de uma “concentração de fogo” para se lograr alguma vantagem decisiva no calor da batalha. A dinâmica diplomática é mais cumulativa, do que “destrutiva”, e as operações podem ser delongadas em função de uma avaliação contínua e mutável das condições do “terreno”, em função da interação com o “adversário”, que, no ambiente diplomático, não significa uma atitude de confrontação como na guerra e nas demais operações militares. A ED é bem mais intangível do que a EM, baseada no planejamento, certamente, mas em última instância na força bruta.
Diferente da guerra, também, a conduta diplomática se baseia menos em meios materiais, ou equipamentos “pesados”, e mais em negociações diretas, quase pessoais, entre os atores. Não se trata de “aniquilar” o inimigo, mas sim de convencer e compor com um parceiro, mais que um adversário. A guerra desgasta, se mantida durante muito tempo, ao passo que a diplomacia avança com a composição de interesses. A “logística” da diplomacia possui uma lógica própria, baseada – aliás, como no caso das operações militares – na presença sobre o “terreno” e na interação constante com o “adversário”; diferentemente, porém, não se trata de vencê-lo, mas de compor com ele um novo terreno de interações e de cooperação.
Essa presença tem um “preço”, que é o custo da manutenção de representantes diretos – os “agentes avançados” dos serviços de inteligência militar – e do envio de missões temporárias e permanentes, assim como o engajamento pleno em negociações em nível bilateral, regional ou multilateral. Esse preço pode ser o equivalente funcional da manutenção, bastante custosa no âmbito militar, de equipamentos pesados que se destinam, na verdade, a não serem usados, mas que servem basicamente para dissuasão. No caso da diplomacia, a “dissuasão” é na verdade o diálogo e o entendimento, se possível no mais alto nível (mas de ordinário mantida pelo representante permanente, normalmente chamado de embaixador).
A condução da diplomacia será, evidentemente, diferente, segundo o Estado ostenta um regime político centralizado ou unitário, próximo do autoritarismo, ou se esse Estado exibe características claras de descentralização, com dispersão relativa dos centros de poder e participação de vários atores políticos e sociais. O Estado do mestre chinês da arte da guerra, não obstante a descontinuidade ocasional trazida por uma sucessão extraordinária de dinastias, invasões e de reconstruções sucessivas do sistema político, exibiu notável continuidade na centralização imperial, no limite do despotismo “hidráulico”. Nesse tipo de regime, a condução da diplomacia obedece, simplesmente, a vontade do soberano, com alguma participação dos cortesãos e membros do aparato estatal restrito (antigos mandarins, modernos aparatchiks).

A condução da diplomacia nas modernas condições democráticas se faz sob forte pressão de forças sociais suscetíveis de expressar posições distintas e de influenciar o processo de tomada de decisão no plano externo. A despeito da legitimidade que possam exibir essas demandas, seria conveniente que o Estado, em especial seu aparelho diplomático, preservasse sua latitude de ação e ampla margem de opções, de maneira a escolher as melhores vias – que envolvem alianças ocasionais, coordenações formais e até iniciativas individuais – para alcançar os objetivos nacionais desse Estado. Pode-se inclusive conceber certa autonomia de iniciativa e de ações atribuída ao negociador principal, da mesma forma como se concede pleno poder de comando ao general em seu campo de batalha. Em momentos decisivos, essa autonomia deve ser plena, já que a autoridade responsável pelo sucesso (ou fracasso) de uma negociação ou iniciativa diplomática é o próprio agente no terreno, não o soberano em sua capital distante.
Em todas essas questões, Sun Tzu tem muito a ensinar aos diplomatas profissionais (e até aos iniciantes).

Brasília, 5 março 2011.

Notas:
[1] Ver Paulo Roberto de Almeida, Velhos e novos manifestos: o socialismo na era da globalização (São Paulo: Juarez Oliveira, 1999).

[2] Cf. Paulo Roberto de Almeida, O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado (Brasília: Senado Federal, 2010).

[3] O clássico de Sun Tzu pode ser encontrado facilmente na internet, numa infinidade de edições eletrônicas, em várias línguas e nas mais diferentes traduções e adaptações para o Português, voltadas tanto para o contexto militar quanto para o mundo dos negócios.

Paulo Roberto de Almeida é Doutor em ciências sociais pela Universidade de Bruxelas (1984); diplomata de carreira do serviço exterior brasileiro desde 1977; professor de Economia Política Internacional no Programa de Pós-Graduação em Direito do Centro Universitário de Brasilia – Uniceub; autor de diversos livros de história diplomática e de relações internacionais (www.pralmeida.org – pralmeida@mac.com).

Reflexões ao Léu, 5: Livros e leituras... - Paulo Roberto de Almeida

Reflexões ao Léu, 5: Livros e leituras...
Paulo Roberto de Almeida

Quantos livros já fui, estou sendo, serei capaz de ler nesta minha curta vida de leitor desorganizado? Devo confessar que comecei tarde, apenas aos sete anos, e perdi algum tempo de minhas ecléticas leituras da atualidade concentrado demais no marxismo-leninismo. Que fazer? Já fui guevarista, marxista-leninista, social-democrata radical, antes de virar este anarquista literário que me parece bem...
Mas, voltemos: quantos livros eu poderei computar em minha contabilidade de leituras responsáveis? Sinceramente não sei, e sempre me indago sobre se é possível um balanço desse tipo, tantos são os livros que lemos de relance, que começamos e deixamos, que largamos no meio do caminho por desinteresse, que perdemos, que nos roubam (ah, esses amigos infiéis!), que tropeçamos neles numa biblioteca ou livraria...

Segundo cálculos que nos oferece meu amigo o embaixador Francisco Seixas da Costa, atualmente em Paris depois de ter passado por Brasília, a conta é limitada: talvez pouco mais de seis mil livros. Sacrebleu! Só isso?
Escreve ele num dos posts de seu saborosíssimo blog Duas ou três coisas...:

“... se alguém, entre os 15 e os 75 anos (as idades são flexíveis, mas trata-se de uma média de 60 anos de leitura), tiver lido, com regularidade, dois livros por semana, sabem quantos livros leria no final? 6.240 livros!”
Um outro especialista consultado por ele, calculava que “o número máximo real não pode mesmo passar dos cinco mil livros lidos, em toda uma vida. E, para isso, teria de ser um excelente e regular leitor.”
(“Os Livros e as Vidas”, 4/03/2011)

Extremamente preocupantes esses cálculos, pois isto significa que eu estarei deixando de fora pelo menos outros cinco ou seis mil livros, que estão esperando seja em minha biblioteca particular, seja naquelas que frequento mais assiduamente, ou nas livrarias e casas de amigos (sim, de vez em quando aproveito uma visita para remexer em bibliotecas alheias).
Que tragédia! Quantos livros eu deixarei de ler, quanta coisa perdida para sempre?! (Nessas horas eu tendo a me aproximar da teoria da reencarnação, desde que algum ente supremo da mesma “seita” me garantisse que eu voltaria como bibliotecário, do contrário estaria sumariamente demitido.)
Calculo, por cima, que para terminar os livros da minha biblioteca e os que passeiam por aí, interessantes, eu necessitarei ainda de uns 15 ou 20 anos, isso se ler dois ou três por semana, como recomendaria o embaixador e seu amigo leitor.

Bem, talvez não fosse exagerado, mas isso me lembra uma historieta com Winston Churchill, quando lhe perguntaram sobre as razões de seu sucesso.
“Conservação de energia”, disse ele. “Nunca fique de pé, quando puder ficar sentado. E nunca fique sentado quando puder ficar deitado”.

Acho que Churchill tinha razão: vou logo deitar na rede e retomar os quatro ou cinco livros que tenho espalhados pela casa...

Brasília, 8 de Março de 2011

A frase da semana: Machado de Assis

O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço.

Machado de Assis, em "Instinto de nacionalidade" (1873)
transcrito por John Gledson, "Prefácio" a:

Machado de Assis:
Papéis Avulsos
(São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2011), p. 7-34, cf. p. 10

segunda-feira, 7 de março de 2011

Um samba chines na economia -- nada mais previsivel

Quando um país deixa de ser competitivo, até suas festas nacionais são "out-sourced", como diriam os economistas...

Carnaval brasileiro é 'made in China', diz 'Financial Times'
BBC, 07 de março de 2011

Jonal diz que mercadorias baratas importadas do país asiático dominam mercado de fantasias do Brasil - Produtos baratos da China inundam carnaval brasileiro

Uma reportagem do jornal britânico Financial Times afirma nesta segunda-feira que o carnaval no Brasil é "made in China". A reportagem mostra a importância que os produtos chineses ganharam na cadeia produtiva carnavalesca brasileira. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), 80% das fantasias vendidas para o Carnaval são importadas do país asiático.

"Importações baratas da China inundaram o país latino-americano nos últimos anos, em parte como resultado da rápida apreciação da moeda, causando interrupções em diversas partes da economia e colocando um dos maiores dilemas políticos para a nova presidente, Dilma Rousseff", afirma a reportagem. "Agora até mesmo o famoso Carnaval, a festa de quatro dias que termina na terça-feira, é made in China", diz.

O presidente da Abit, Jonatan Schmidt, disse à repórter do FT que "há quinze anos, tudo era diferente - tudo era brasileiro".

Uma lojista ouvida pela reportagem do diário financeiro conta que importa mercadorias da China a preços 40% abaixo dos praticados por companhias brasileiras. Com o real mais forte, a loja, que em 2005 importava 30% do seu estoque, hoje importa 60%.

"Não é só a taxa de câmbio", diz a comerciante. "Há carência de novos equipamentos e investimentos no setor têxtil. A demanda é tão forte agora que a indústria não consegue suprir."

Citando economistas, o jornal diz que os esforços do país para combater a apreciação do real são ineficientes e que "a única solução real, não apenas para a indústria têxtil mas para a indústria em geral, é melhorar a qualificação, investir em maquinário e desenvolver a infraestrutura".

A reportagem sugere que o Carnaval, se continua em espírito sendo uma festa brasileira, é em termos econômicos uma festa dos importados. "Apesar dos esforços da estatal petroleira Petrobras para expandir a sua própria produção de poliéster no Nordeste, é improvável que o Carnaval seja made in Brazil no futuro próximo."

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Espionar o G20?: muito barulho por nada..., ou quase nada...

Much Ado Abouth Nothing, diria Shakespeare.
Eu diria, quase nada...
Pois os piratas (provavelmente chineses) que invadiram computadores no Ministério das Finanças da França, encarregado dos preparativos da última reunião ministerial do G20, estavam provavelmente interessados em saber o que os membros desse grupo informal de "coordenação" poderiam fazer em relação às manipulações cambiais da China, contra os interesses econômicos de seus parceiros no grupo.
Chineses são especialistas nisso.
Destaco os trechos pertinentes da matéria:

M. Baroin a assuré que seules les informations autour de l'organisation du G20 "intéressaient les hackers". Une plainte contre X a été déposée par Bercy. La Direction centrale du renseignement extérieur a été saisie. (...)
L'Anssi a procédé à de nombreuses vérifications dans l'ensemble des services de l'Etat concernés par le G20 afin de s'assurer que l'attaque ne s'était pas propagée au-delà de Bercy.


Parece que estão superestimando a capacidade do G20 na economia mundial...
Paulo Roberto de Almeida

Bercy victime d'une vaste opération de piratage informatique
Le Monde, 07.03.11

Le ministère des finances a été l'objet d'une intrusion informatique d'ampleur pendant plusieurs mois.

Il s'agirait de la plus importante attaque informatique jamais menée contre l'Etat français. Selon des informations diffusées lundi 7 mars sur le site Internet du magazine Paris-Match, et confirmées dans la matinée par Bercy, le ministère de l'économie et des finances a été l'objet d'un piratage sans précédent. Selon une source "proche du dossier" citée par le magazine, la direction du Trésor aurait été la principale cible des "hackers" entre le mois de décembre et ce week-end.

LA PISTE CHINOISE ÉVOQUÉE
François Baroin a confirmé ces informations lundi matin sur Europe 1, tout en soulignant qu'une vaste opération de maintenance avait été menée ce week-end sur le réseau informatique du ministère. Il a également ajouté que la France avait "des pistes" sur l'identité des pirates, sans plus de précision. Il pourrait s'agir de "professionnels déterminés et organisés", selon Patrick Pailloux, directeur général de l'Agence nationale de la sécurité des systèmes d'information (Anssi), au vu de la préparation minutieuse, du mode opératoire sophistiqué et des moyens importants engagés par les hackers.

Paris-Match évoque quant à lui la piste chinoise. Mais Patrick Pailloux se montre très prudent. Comme dans toutes ces affaires de cyberattaques, "de très nombreux ordinateurs ont servi de relais à l'insu de leurs propriétaires à travers le monde" et il sera très difficile de remonter la piste.

M. Baroin a assuré que seules les informations autour de l'organisation du G20 "intéressaient les hackers". Une plainte contre X a été déposée par Bercy. La Direction centrale du renseignement extérieur a été saisie.

CENT CINQUANTE ORDINATEURS ATTAQUÉS
Au total, plus de cent cinquante ordinateurs du ministère ont été infiltrés et de nombreux documents piratés. La méthode des espions est classique : à partir d'une adresse e-mail piratée, le "hacker" prend le contrôle de l'ordinateur de sa cible grâce à un cheval de Troie, en l'occurrence une pièce jointe. Chacun de ses correspondants au sein de l'administration peut à son tour être infiltré, selon le site de l'hebdomadaire.

L'Anssi a procédé à de nombreuses vérifications dans l'ensemble des services de l'Etat concernés par le G20 afin de s'assurer que l'attaque ne s'était pas propagée au-delà de Bercy. D'autres tentatives d'attaques ont été repérées mais elles auraient échoué. "A ma connaissance, seul Bercy a été touché", estime Patrick Pailloux, directeur général de l'Anssi, cité par Paris-Match. Il faudra néanmoins plusieurs semaines aux autorités pour identifier les 150 fonctionnaires ciblés par les espions et sécuriser le système informatique.

DES MOYENS "PAS À LA HAUTEUR DES ENJEUX"

Le député UMP Bernard Carayon, auteur de plusieurs rapports sur les questions d'intelligence économique, a estimé dans un communiqué que cette affaire "souligne la vulnérabilité des systèmes d'information publics". Selon lui, "les moyens français ne sont pas à la hauteur des enjeux : l'Agence nationale de la sécurité des systèmes d'information ne dispose que d'une trentaine d'ingénieurs pour exercer sa mission".

Il préconise, lui, "un audit immédiat des systèmes d'information des administrations publiques" et la création d'un organisme permettant de développer la recherche dans ce domaine. Il prône aussi de rapprocher les entreprises afin de créer "une offre industrielle de confiance, française ou européenne, pour préserver notre indépendance, en s'appuyant sur l'Agence européenne pour la sécurité des réseaux et de l'information".

WordPress cible de cyber-attaques depuis la Chine
La plate-forme de blogs WordPress a été victime jeudi et vendredi d'attaques informatiques provenant vraisemblablement de Chine mais a retrouvé un fonctionnement normal dimanche 6 mars, a affirmé son fondateur Matt Mullenweg.
WordPress, qui héberge des millions de blogs dans le monde, a été la cible d'attaques "très importantes" par déni de service (DDoS) qui ont par moments perturbé les connexions, a déclaré M. Mullenweg au blog TechCrunch. Selon M. Mullenweg, 98 % des attaques venaient de Chine et avaient probablement "des motivations politiques".

Maliciels et attaques informatiques
ZOOM
Intrusion informatique : avant Bercy, le ministère du Trésor canadien
COMPTE RENDU
Google désactive à distance des applications malveillantes sur Android
LES FAITS
Prison ferme pour les adolescents britanniques qui avaient créé le "Facebook du piratage"
LES FAITS
Attaques informatiques contre la Corée du Sud

Economia brasileira: o que esperar em 2011? - George Vidor

Um retrato honesto, factual, objetivo.

Desenho de 2011
George Vidor
O Globo, 7/03/2011

O quadro macroeconômico para 2011 no Brasil já está desenhado: juros básicos na faixa de 12% ao ano com o propósito de fazer a inflação recuar para menos de 5,5%, o que também dependerá do ritmo de crescimento do país (em torno de 4,5%). Já existem alguns sinais de redução na velocidade tanto no ritmo da atividade econômica como no da inflação, que ficarão mais evidentes, em breve.

Os números do primeiro trimestre serão acompanhados com lupa pelos analistas financeiros, pois esses indicadores é que darão pistas sobre a provável duração do novo ciclo de aperto monetário. Na quinta-feira, o Banco Central divulga a ata da reunião do Comitê de Política Monetária, descrevendo o cenário que levou as autoridades a se decidirem pelo aumento de 0,5 ponto percentual na Taxa Selic, o que, aliás, já era aguardado pela maioria das instituições financeiras ouvidas pelo próprio BC.

Os juros deverão permanecer elevados ao longo de 2011 e o melhor que se pode esperar é que as taxas parem de subir já na próxima reunião do Copom, marcada para meados de abril.

Entre os sinais de moderação observados pelos analistas estão os da contratação de mão de obra pela indústria da construção civil. No ano passado, as contratações formais, com carteira assinada, deram um salto no setor, com aumento de mais de 20%. Mas muitas das obras em execução, especialmente de novos edifícios e casas, estariam agora numa fase em que a necessidade de contratações se estabiliza (o período crítico teria sido no fim de 2009).

Por efeito estatístico, mesmo que a economia brasileira parasse de crescer daqui por diante, o Produto Interno Bruto de 2011 já evoluiria 1,7% (em 2010, esse efeito foi de 3,7%). Se a economia brasileira vier mesmo a se expandir os desejados 5%, crescerá bem acima da média dos últimos dez anos.

A safra brasileira de algodão em 2011 será a maior da história. Deve atingir o patamar de dois milhões de toneladas, motivada pelos preços internacionais do produto, que, em termos relativos, somente haviam alcançado cotações semelhantes durante a Guerra de Secessão nos Estados Unidos, quando os estados sulistas confederados, na época essencialmente agrícolas, rebelaram-se contra o Norte que se industrializava, deflagrando o conflito fratricida mais sangrento já visto pela humanidade. Mas isso foi na segunda metade do século XIX.

A colheita nem começou e os produtores já se comprometeram com trading internacionais a exportar um milhão de toneladas. Com isso sobrará para o mercado interno — se sobrar... — um milhão de toneladas, exatamente o volume consumido pela indústria nacional.

As empresas do setor têxtil estão apreensivas, pois ficaram espremidas entre o custo da matéria-prima (que, em um ano, aumentou quase 250%) e a concorrência de produtos acabados da China e de outros países asiáticos, que jogam os preços para baixo.

Como não é possível segurar o preço do algodão, ditado pelo mercado internacional, nessa altura dos acontecimentos as indústrias vão negociar com os produtores o fornecimento de matéria-prima (Mato Grosso atualmente responde por 45% da produção nacional).

A indústria têxtil e de confecções cresceu no ano passado 4,5%, menos que a média da economia (7.5%). É uma extensa cadeia produtiva, que envolve também a indústria química, os fabricantes de aviamentos (botões etc.), a rede do varejo, os estilistas, a mídia especializada, e por aí vai.

A Granja Brasil, empreendimento imobiliário lançado há 12 anos em Itaipava, na Região Serrana do Rio, adotou o sistema de fracionamento em novos lançamentos. Para os apartamentos grandes, com área interna de 600 metros quadrados (e preços que podem chegar a R$2,5 milhões) o fracionamento é oferecido como opção para quem sobe a serra eventualmente, pois o proprietário passa a ter direito a ocupar o imóvel por um certo número de fins de semana por ano (com os feriados longos em esquema de rodízio). Tal opção está conjugada ao recém-inaugurado hotel Clarion, dentro do condomínio, cujo foco são altos executivos que vão a Petrópolis durante a semana, a negócios. Os proprietários de apartamentos fracionados terão direito a desconto de 50% na diária do hotel, em fins de semana, e poderão usufruir de serviços de arrumadeira, lavanderia etc.

Nos Estados Unidos e na Europa esse sistema já é comum. No Brasil é relativamente recente, pois havia dificuldade em se lavrar escritura de apartamentos fracionados (no caso de terreno vazio isso já era rotineiro) e os potenciais investidores não se sentiam atraídos por essa opção.

Livro: A Economia Brasileira - Antonio Dias Leite
Com uma versão atualizada e revisada, a Editora Elsevier está lançando a segunda edição do livro do ex-ministro Dias Leite sobre a economia brasileira (com o subtítulo “Onde estamos, para onde vamos”). O prefácio dessa nova edição foi escrito por Arminio Fraga.

Dias Leite, professor emérito do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi presidente da então Companhia Vale do Rio Doce e depois ministro de Minas e Energia nas décadas de 60 e 70. Meu sogro, que foi colega dele na Escola de Engenharia na antiga Universidade do Brasil, no Largo de São Francisco, no Rio, dizia que Dias Leite já se destacava como um dos mais brilhantes alunos da faculdade.

O livro é muito interessante porque alterna análises históricas com alguns conceitos, em linguagem didática e acessível a qualquer tipo de leitor que tenha gosto pela economia, tema geralmente visto como árido demais.

Libia e o Conselho de Direitos Humanos da ONU: reino da hipocrisia

Moises Naim é um jornalista que gosta de fazer ironias.
Esta, por exemplo:

"El 4 de enero de este año, el Consejo de Derechos Humanos, órgano de Naciones Unidas, publicó su informe sobre Libia. El texto no contiene ni un asomo de crítica al Gobierno de Gadafi y más bien resalta que "varias delegaciones expresaron su reconocimiento al compromiso del país con la defensa de los derechos humanos...". La delegación de Brasil, por ejemplo, enfatizó "el progreso social y económico de Libia y reconoció sus esfuerzos con respecto a personas con discapacidades"."

Provavelmente não houve tempo, no dia 4 de janeiro, para mudar instruções que estavam previsivelmente prontas desde o governo anterior, quando o ditador líbio ainda era tratado como um amigo e quando a ONU praticava sua hipocrisia habitual, com a cooperação do governo brasileiro.

O problema parece justamente este: o governo brasileiro diz que sempre vai agir em consonância com decisões da ONU, mesmo quando estas exibem sua dose de hipocrisia habitual.
Que tal se, por uma vez, o governo brasileiro atuasse de acordo com seus princípios, ou melhor, com os princípios da Constituição (que talvez não sejam os seus, ainda...)?
Que tal se o governo brasileira atuasse com base em valores, pelo menos por uma vez?
Paulo Roberto de Almeida

Ola de cambio en el mundo árabe: Muamar, Hugo y Dani
MOISÉS NAÍM
El País, 06/03/2011

Chávez y Ortega son los dos únicos jefes de Estado que no han condenado a Gadafi

¿Quién hubiese imaginado que Muamar el Gadafi pasaría a la historia como el gran creador de consenso internacional? No es fácil poner de acuerdo a las 192 naciones del planeta. Gadafi lo ha logrado. El mundo entero ha denunciado al dictador libio por masacrar a civiles inocentes. El mundo entero, excepto dos jefes de Estado: Hugo Chávez y Daniel Ortega; el eje de los despistados.

Hasta la Liga Árabe le ha retirado el apoyo a Gadafi. Pero Hugo y Dani, no. Seguramente los convenció Fidel Castro, quien mantiene que la violencia en Libia es culpa de la OTAN, y no de Gadafi. En esto, el dictador libio discrepa de su colega, el exdictador cubano. Según Gadafi, detrás de los disturbios en su país está Al Qaeda. Esta diferencia plantea un problema para Hugo y Dani. Quizás, y para evitar tener que tomar partido por Fidel o por Muamar, concluirán que la desestabilización de Libia es una operación conjunta de la OTAN y Al Qaeda.

Pero quien definitivamente no está de acuerdo con el eje de los despistados es otro de sus aliados: Mahmud Ahmadineyad. "Es difícil imaginar que exista una persona que pueda matar y bombardear a su propia gente. Esto es muy feo... Los exhorto a escuchar a su pueblo y reflexionar sobre sus demandas. La gente debe ser libre y tener poder de decisión sobre su futuro. Todo el mundo está en shock con lo que está pasando en Libia... deben hacer caso al pueblo", declaró el indignado líder iraní. Este es otro candidato al eje de los despistados. Pero por una razón distinta: el pobre Ahmadineyad no parece haberse enterado de que, al mismo tiempo que hacía estas declaraciones, su Gobierno estaba reprimiendo salvajemente a sus opositores -de nuevo-. Cuando descubra que no hay mucha diferencia entre él y Gadafi seguramente tendrá un shock tan profundo como el que le produjo ver la manera en la que el libio trata a su pueblo.

Las tensiones entre Gadafi y Ahmadineyad no son nuevas, y una reveladora manifestación de ellas es que el líder iraní nunca recibió el Premio Gadafi de los Derechos Humanos. Este premio, creado en 1988, se otorga anualmente a quienes "hayan colaborado de forma sublime en la prestación de servicios humanos destacados o en la realización de labores gloriosas en defensa de los derechos humanos" (sic). A Hugo le tocó en 2004 y a Dani en 2009. Unos años después, Chávez correspondió al reconocimiento del libio obsequiándole una réplica de la espada de El Libertador, explicando además que "Muamar el Gadafi es para los libios lo que Simón Bolívar es para los venezolanos". Casi nada.

El presidente venezolano no es el único que ha distinguido al líder libio en el campo de los derechos humanos. El 4 de enero de este año, el Consejo de Derechos Humanos, órgano de Naciones Unidas, publicó su informe sobre Libia. El texto no contiene ni un asomo de crítica al Gobierno de Gadafi y más bien resalta que "varias delegaciones expresaron su reconocimiento al compromiso del país con la defensa de los derechos humanos...". La delegación de Brasil, por ejemplo, enfatizó "el progreso social y económico de Libia y reconoció sus esfuerzos con respecto a personas con discapacidades". Myanmar compartió estos conceptos. Por su parte, "Bielorrusia notó con satisfacción que Libia suscribía todos los tratados internacionales sobre derechos humanos y cooperaba con los organismos de dichos tratados".

La resolución de la Asamblea General de Naciones Unidas que creó el Consejo de Derechos Humanos establece que, al votar por los países que aspiren a formar parte del mismo, "se debe tomar en cuenta su contribución a la promoción y protección de los derechos humanos". Libia fue elegida con el apoyo de 155 países.

Pero ni siquiera este baluarte de la hipocresía internacional pudo mantener a Libia en su seno. Así, el Consejo de Derechos Humanos de la ONU, después de largas deliberaciones, concluyó que la contribución de la Libia de Gadafi a los derechos humanos había caído por debajo de los estándares aceptables y la expulsó.

Pero Hugo y Dani no abandonan a sus amigos. "No voy a condenar a Gadafi... a mí no me consta que sea un asesino", dijo el presidente de Venezuela.

Y al oír esto me vino a la mente la vieja frase de George Orwell: "El lenguaje político... está diseñado para que las mentiras suenen a verdades y que el asesinato sea respetable".

No; los despistados no son ellos. Son quienes les creen.

domingo, 6 de março de 2011

Why America Will Stay on Top - Paul Johnson, historiador britânico

Dito assim, parece mais uma receita para acomodar os americanos: "ah, nós somos inventivos, criativos, flexíveis, geniais, sempre vamos estar na frente de outros povos..."
Pode ser um caminho mais rápido para a decadência.
A China, que no momento é um caso absolutamente extraordinário na história econômica mundial, configura um caso inédito de crescimento econômico inacreditável para os padrões conhecidos combinado a uma das mais férreas ditaduras do cenário político mundial (nisso não muito diferente de seus padrões históricos, diga-se de passagem).
Mas a China não vai crescer assim o tempo todo e não será uma ditadura o tempo todo. Pode ser que ela venha a se tornar o país mais inovador do mundo, no futuro, quando parar de copiar, inventar seus próprios produtos, e se pautar pela liberdade irrestrita de opinião e de organização, o que ainda não é o caso (mas pode ser, antes ainda do que imaginamos).
Os americanos precisam continuar trabalhando duro, e aperfeiçoar-se educacionalmente, pois podem ficar para trás.
Em todo caso, a entrevista de Paul Johnson é interessante, tirando sua opinião sobre a Sarah Palin, uma das políticas mais idiotas que já encontrei no cenário americano (a concorrência é dura, pois os políticos americanos costumam ser singularmente idiotas).
Gostei da receita de Churchill quanto ao sucesso: conservação de energia...
Bem, a maior parte do que vai abaixo é pura opinião, mas ainda assim é interessante.
Paulo Roberto de Almeida

THE WEEKEND INTERVIEW - Paul Johnson, historian
Why America Will Stay on Top
By BRIAN M. CARNEY
The Wall Street Journal, MARCH 5, 2011, page A13

London - In his best-selling history of the 20th century, "Modern Times," British historian Paul Johnson describes "a significant turning-point in American history: the first time the Great Republic, the richest nation on earth, came up against the limits of its financial resources." Until the 1960s, he writes in a chapter titled "America's Suicide Attempt," "public finance was run in all essentials on conventional lines"—that is to say, with budgets more or less in balance outside of exceptional circumstances.

"The big change in principle came under Kennedy," Mr. Johnson writes. "In the autumn of 1962 the Administration committed itself to a new and radical principle of creating budgetary deficits even when there was no economic emergency." Removing this constraint on government spending allowed Kennedy to introduce "a new concept of 'big government': the 'problem-eliminator.' Every area of human misery could be classified as a 'problem'; then the Federal government could be armed to 'eliminate' it."

Twenty-eight years after "Modern Times" first appeared, Mr. Johnson is perhaps the most eminent living British historian, and big government as problem-eliminator is back with a vengeance—along with trillion-dollar deficits as far as the eye can see. I visited the 82-year-old Mr. Johnson in his West London home this week to ask him whether America has once again set off down the path to self-destruction. Is he worried about America's future?

"Of course I worry about America," he says. "The whole world depends on America ultimately, particularly Britain. And also, I love America—a marvelous country. But in a sense I don't worry about America because I think America has such huge strengths—particularly its freedom of thought and expression—that it's going to survive as a top nation for the foreseeable future. And therefore take care of the world."

Pessimists, he points out, have been predicting America's decline "since the 18th century." But whenever things are looking bad, America "suddenly produces these wonderful things—like the tea party movement. That's cheered me up no end. Because it's done more for women in politics than anything else—all the feminists? Nuts! It's brought a lot of very clever and quite young women into mainstream politics and got them elected. A very good little movement, that. I like it." Then he deepens his voice for effect and adds: "And I like that lady—Sarah Palin. She's great. I like the cut of her jib."

The former governor of Alaska, he says, "is in the good tradition of America, which this awful political correctness business goes against." Plus: "She's got courage. That's very important in politics. You can have all the right ideas and the ability to express them. But if you haven't got guts, if you haven't got courage the way Margaret Thatcher had courage—and [Ronald] Reagan, come to think of it. Your last president had courage too—if you haven't got courage, all the other virtues are no good at all. It's the central virtue."

***
Mr. Johnson, decked out in a tweed jacket, green cardigan and velvet house slippers, speaks in full and lengthy paragraphs that manage to be at once well-formed and sprinkled with a healthy dose of free association. He has a full shock of white hair and a quick smile. He has, he allows, gone a bit deaf, but his mind remains sharp and he continues to write prolifically. His main concession to age, he says, is "I don't write huge books any more. I used to write 1,000 printed pages, but now I write short books. I did one on Napoleon, 50,000 words—enjoyed doing that. He was a baddie. I did one on Churchill, which was a bestseller in New York, I'm glad to say. 50,000 words. He was a goodie." He's also written short forthcoming biographies of Socrates (another "goodie") and Charles Darwin (an "interesting figure").

Mr. Johnson says he doesn't follow politics closely anymore, but he quickly warms to the subject of the Middle East. The rash of uprisings across the Arab world right now is "a very interesting phenomenon," he says.

"It's something that we knew all about in Europe in the 19th century. First of all we had the French Revolution and its repercussions in places like Germany and so on. Then, much like this current phenomenon, in 1830 we had a series of revolutions in Europe which worked like a chain reaction. And then in 1848, on a much bigger scale—that was known as the year of revolutions."

In 1848, he explains, "Practically every country in Europe, except England of course . . . had a revolution and overthrew the government, at any rate for a time. So that is something which historically is well-attested and the same thing has happened here in the Middle East."

Here he injects a note of caution: "But I notice it's much more likely that a so-called dictatorship will be overthrown if it's not a real dictatorship. The one in Tunisia wasn't very much. Mubarak didn't run a real dictatorship [in Egypt]. Real dictatorships in that part of the world," such as Libya, are a different story.

As for Moammar Gadhafi, "We'll see if he goes or not. I think he's a real baddie, so we hope he will." The Syrian regime, he adds, "not so long ago in Hama . . . killed 33,000 people because they rose up." Then, "above all," there is Iran. "If we can get rid of that horrible regime in Iran," he says, "that will be a major triumph for the world."

Frank judgments like these are a hallmark of Mr. Johnson's work, delivered with almost child-like glee. Of Mahatma Gandhi, he wrote in "Modern Times": "About the Gandhi phenomenon there was always a strong aroma of twentieth-century humbug."

Socrates is much more to Mr. Johnson's liking. Whereas, in Mr. Johnson's telling, Gandhi led hundreds of thousands to death by stirring up civil unrest in India, all the while maintaining a pretense of nonviolence, Socrates "thought people mattered more than ideas. . . . He loved people, and his ideas came from people, and he thought ideas existed for the benefit of people," not the other way around.

In the popular imagination, Socrates may be the first deep thinker in Western civilization, but in Mr. Johnson's view he was also an anti-intellectual. Which is what makes him one of the good guys. "One of the categories of people I don't like much are intellectuals," Mr. Johnson says. "People say, 'Oh, you're an intellectual,' and I say, 'No!' What is an intellectual? An intellectual is somebody who thinks ideas are more important than people."

And indeed, Mr. Johnson's work and thought are characterized by concern for the human qualities of people. Cicero, he tells me, was not a man "one would have liked to have been friends with." But even so the Roman statesman is "often very well worth reading."

His concern with the human dimension of history is reflected as well in his attitude toward humor, the subject of another recent book, "Humorists." "The older I get," he tells me, "the more important I think it is to stress jokes." Which is another reason he loves America. "One of the great contributions that America has made to civilization," he deadpans, "is the one-liner." The one-liner, he says, was "invented, or at any rate brought to the forefront, by Benjamin Franklin." Mark Twain's were the "greatest of all."

And then there was Ronald Reagan. "Mr. Reagan had thousands of one-liners." Here a grin spreads across Mr. Johnson's face: "That's what made him a great president."

Jokes, he argues, were a vital communication tool for President Reagan "because he could illustrate points with them." Mr. Johnson adopts a remarkable vocal impression of America's 40th president and delivers an example: "You know, he said, 'I'm not too worried about the deficit. It's big enough to take care of itself.'" Recovering from his own laughter, he adds: "Of course, that's an excellent one-liner, but it's also a perfectly valid economic point." Then his expression grows serious again and he concludes: "You don't get that from Obama. He talks in paragraphs."

***
Mr. Johnson has written about the famous and notorious around the world and across centuries, but he's not above telling of his personal encounters with history. He is, he says, "one of a dwindling band of people who actually met" Winston Churchill.

"In 1946," he tells me, "he came up to my hometown because he was speaking at the Conservative Party conference up the road. And I managed to get in just as he was about to leave to make his speech. And I was 16. He seemed friendly, so I was inspired to say, 'Mr. Winston Churchill, sir, to what do you attribute your success in life?' And he said without any hesitation"—here Mr. Johnson drops his voice and puts on a passable Churchill impression—"'Conservation of energy. Never stand up when you can sit down. And never sit down when you can lie down,'" he relates with a laugh. "And I've never forgotten this," he says, "because as a matter of fact, it's perfectly good advice."

Here he adds the kicker: "Interestingly enough, Theodore Roosevelt, who had a lot in common with Winston Churchill in many ways, but was quite a bit older, said of him, 'Oh, that Winston Churchill, he is not a gentleman. He doesn't get to his feet when a lady enters the room.'"

Mr. Carney is editorial page editor of The Wall Street Journal Europe and the co-author of "Freedom, Inc." (Crown Business, 2009).

Novas formas da guerra: sabotagem informatica

O artigo abaixo apenas confirma o que já se sabia: israelenses e americanos fizeram um ataque direto ao programa nuclear iraniano, mas usando simplesmente um virus de computador programado para desorganizar o processo de enriquecimento de urânio nas centrais iranianas. Parece que foi tão eficiente quanto um ataque aéreo com mísseis...
Paulo Roberto de Almeida

US and Israel were behind Stuxnet claims researcher
BBC News Technology, 4 March 2011

Iran's Bushehr reactor is believed to have been on of the intended targets for Stuxnet.
Israel and the United States created the Stuxnet worm to sabotage Iran's nuclear programme, a leading security expert has claimed.

Ralph Langner told a conference in California that the malicious software was designed to cripple systems that could help build an Iranian bomb.

Mr Langner was one of the first researchers to show how Stuxnet could take control of industrial equipment.

It is widely believed that its target was machinery used to enrich uranium.

Speaking at the TED conference in Long Beach, California, Mr Langner said: "My opinion is that Mossad [Israel's intelligence agency] is involved."

However he speculated that Israel was not the main driver behind the creation of Stuxnet.

"There is only one leading source, and that is the United States," said Mr Langner.

In a recent report on Stuxnet, the security firm Symantec said that it would have taken a team of between five and 10 developers, six months to create the worm.

Mr Langner said that the project would have required "inside information", so detailed that "they probably knew the shoe size of the operator."

Stuxnet first came to light in July 2010. Nearly 60% of reported infections were inside Iran.

Damaging centrifuges
The worm targets industrial control systems, known as programmable logic controllers (PLCs), made by Siemens.

While PLCs are used to control a wide variety of automated systems, it is believed that it was those inside Iran's nuclear facilities that were the intended target.

Analysts who have examined the Stuxnet code say it could have been used to damage centrifuges which play a crucial role in the process of enriching uranium for both nuclear power and weapons.

The United States and Israel have led an international campaign to halt Iran's nuclear programme, however there is no hard evidence to link either country to the creation of Stuxnet.

Earlier in the week Iran's Interior Ministry denied that Stuxnet had been responsible for a shutdown at the country's Bushehr nuclear reactor.

A report by the International Atomic Energy Agency showed that Russian engineers working at the plant had removed 163 fuel rods.

Iranian sources said that the action was taken as a result of problems with the rods, rather than Stuxnet.

Sun Tzu para diplomatas: uma estrategia diplomatica

Eu não disse a Arte da Guerra para diplomatas, e sim Sun Tzu para diplomatas, o que é muito diferente.
Meu mais recente trabalho publicado:


Formação de uma estratégia diplomática: relendo Sun Tzu para fins menos belicosos
Brasília, 5 março 2011, 8 p. Sun Tzu revisitado com o objetivo de traçar uma estratégia diplomática.
Espaço Acadêmico (ano 10, n. 118, março 2011, p. 155-161; ISSN: 1519-6186)
Relação de Originais n. 2251; Publicados n. 1023.

sábado, 5 de março de 2011

Carnaval: bloco Barao do Rio Branco (desfilando duas vezes)

Não, não é o próprio, infelizmente, e não sei se ele sabia sambar, mas o fato é que o Barão (o único, verdadeiro, impoluto) morreu pouco antes do Carnaval de 1912, o que levou o governo Hermes da Fonseca a decretar a postergação da festa para abril.
Crime de lesa povo! Para quê!?
Não adiantou nada. O povo festejou em fevereiro e em abril novamente.
Esse é o mote do livro de meu colega Luis Claudio Villafane Gomes Santos, O Dia em Que Adiaram o Carnaval, objeto desta simpática matéria no Globo de hoje.
Paulo Roberto de Almeida

O ano em que houve dois carnavais
Roberta Jansen
O Globo, 5 de março de 2011, página 28

Morte do Barão do Rio Branco fez governo adiar a festa, mas povo brincou duas vezes

É o sonho dos foliões mais animados; uma verdadeiro pesadelo para quem é avesso aos festejos: comemorar o carnaval duas vezes por ano. Por incrível que pareça, isso já aconteceu uma vez no Brasil, em 1912, por conta da morte do Barão do Rio Branco – tido como responsável pela consolidação do território nacional e, por isso, aclamado herói. A fascinante e bem pouco conhecida passagem foi resgatada pelo historiador e diplomata Luís Cláudio Villafañe G. Santos. No recém-lançado O Dia em que adiaram o carnaval – política externa e a construção do Brasil (Ed. Unesp), ele a utiliza como ponto de partida para discorrer sobre a construção da nacionalidade brasileira.

Não que o povo tenha ficado feliz com a morte do Barão. Longe disso. Ele realmente era muito admirado pela população. Sua morte, em 10 de fevereiro de 1912, a uma semana do início das comemorações do carnaval daquele ano, foi bastante lamentada. Como mostra Santos, em seu livro, o jornal “A República” não economizou na emotividade: “Nenhum brasileiro atingiu mais alto o culto da veneração popular. O Barão do Rio Branco era verdadeiramente um patrimônio nacional. A nação que o amou em vida, há de idolatrar-lhe reverentemente a sua memória”. A “Gazeta de Notícias” também não fez por menos, registrando, ao noticiar a morte, que “o país inteiro soluça”.

– Pela documentação que juntei, houve, de fato, uma reação muito forte da população – conta o historiador.

Como registra Santos, de forma espontânea, independentemente do luto oficial, o comércio fechou as portas, bem como os bancos e escritórios privados, além das repartições públicas. Os cinemas e os teatros não funcionaram naquele dia. E bailes e festas foram cancelados. Logo, o governo determinou que, em virtude do luto, as comemorações não começassem no dia 17 de fevereiro, conforme previsto no calendário, mas fossem transferidas para 6 de abril, em sinal de respeito.

Acre é anexado: nova vitória de Rio Branco
José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, era adorado pelo povo. Em 1902, quando retornou ao Brasil para assumir o Ministério das Relações Exteriores, ele foi aclamado nas ruas pela mesma população que, dez anos depois, chorava copiosamente sua morte.

– Ele já era um personagem bem popular quando voltou do exterior – atesta Santos.

– Uma multidão o esperava no porto, onde desembarcou, e acompanhou sua carruagem pelas ruas. Quando, num determinado ponto, os cavalos não puderam prosseguir, estudantes se ofereceram para puxá-la. Enfim, uma volta triunfante, extraordinária.

E não é para menos. O Barão, que na época ocupava o posto de Embaixador na Alemanha, tinha servido de advogado brasileiro em duas arbitragens internacionais cruciais à delimitação de nossas fronteiras: a de Palmas, em 1895, em que conseguiu assegurar para o Brasil boa parte do território dos estados de Santa Catarina e Paraná em litígio com a Argentina; e a do Amapá, em 1900, em que obteve uma vitória sobre a França na disputa da fronteira com a Guiana Francesa.

Foi justamente o prestígio obtido nesses dois casos que fez com que o então Presidente Rodrigues Alves escolhesse o Barão do Rio Branco – a quem sequer conhecia pessoalmente – para ocupar o posto máximo da diplomacia do país naquele ano de 1902, em que o governo se via às voltas com uma nova discussão sobre fronteiras, desta vez com a Bolívia, pelo então território do Acre. A despeito da oposição de nomes de grande peso da época, como os de Rui Barbosa e Pinheiro Machado, o Barão conseguiu aprovar o Tratado de Petrópolis, pelo qual o país anexava o Acre mediante pequenos territórios na fronteira com o Mato Grosso, uma indenização em dinheiro, e a ferrovia Madeira-Mamoré.

– Houve uma grande discussão no Congresso e na imprensa, e forte oposição ao tratado. Mesmo assim, ele acabou sendo aprovado, no que, até hoje, é considerada uma grande vitória do Rio Branco – afirma Santos. – Ou seja, o Barão, que já tinha retornado ao país com a popularidade em alta, obteve sucesso com a questão do Acre logo no seu primeiro ano, promovendo uma escalada de sua popularidade.

Por tudo isso, sustenta Santos, a tristeza gerada pela morte do Barão é bastante plausível.

– Os jornais todos da época registram uma grande comoção popular, com pessoas chorando nas ruas, cinemas fechados, um impacto grande – diz o historiar. – Dado o contexto, a reação me parece coerente.

Foi diante dessa situação que o governo do Marechal Hermes da Fonseca decidiu, então, adiar o Carnaval. Não funcionou. Os brasileiros acabaram festejando duas vezes. Uma, em fevereiro mesmo, a despeito do luto. Outra, de 6 a 10 de abril, seguindo as determinações governamentais. A irreverência prevaleceu, como atesta a letra da marchinha feita para o segundo Carnaval: “Com a morte do Barão/Tivemos dois carnavá/Ai que bom, ai que gostoso/Se morresse o marechá”, numa referência nada sutil à possível morte do presidente.

Carnaval remonta ao período colonial
E se a consolidação do território brasileiro, com a definição de suas fronteiras, foi crucial na construção de uma identidade nacional, como mostra Santos, o carnaval também o foi.

– O carnaval tem uma história que vem da Colônia, com o chamado entrudo, em que as pessoas jogavam água, farinha, xixi umas nas outras – conta Santos. – Com o fim do Império, ele começa a incorporar os batuques africanos; o Rei Congo, em que os negros representam suas realezas. Na virada do século XX, quando o Rio vive um período importante de modernização, começa também a importar aspectos do Carnaval europeu, do Rei Momo, do Pierrô e da Colombina. Então, esse momento da virada do século, é justamente o momento em que o carnaval começa a ganhar uma aceitação social mais ampla.

E é também na virada do século, mais precisamente em 1896, que o futebol entra no país. Junto com a noção de territorialidade, dois importantes símbolos nacionais.

– Ou seja, dois dos mais fortes simbolo nacionais são bem recentes – afirma Santos. – Símbolos da identidade que parecem eternos e muito antigos, na verdade, não o são. É o mesmo caso da extroversão e alegria do brasileiro que é bem recente.

Mas, como frisa o pesquisador, não se tratam, necessariamente, de noções construídas pelo Estado.

– O Estado tem um papel importante, mas ninguém controla a construção da identidade – diz o diplomata. – Há uma circularidade das ideias. As massas, as classes subalternas trabalham as ideias. O produtos final, ninguém controla. Não há exatamente uma pessoa conduzindo o processo.

Por falar em crescimento: impossivel com nossa taxa de investimento

Investimento no Brasil é o terceiro menor entre 20 países emergentes
Érica Fraga
Folha de S.Paulo, 04/03/2011

A taxa de investimento brasileira está entre as mais baixas do mundo emergente e, segundo pesquisa recente do Banco Central com analistas, permanece muito aquém do necessário para garantir crescimento de 5,5% ao ano. Depois de crescer a um ritmo recorde de 21,8% em 2010 (apesar de forte desaceleração no último trimestre), investimentos em máquinas e instalações produtivas atingiram o equivalente a 18,4% do PIB. Essa taxa de investimento representa recuperação em relação aos 16,9% de 2009, mas seguiu abaixo do nível pré-crise, de 19,1% em 2008.

Entre um grupo de 20 países considerados emergentes pela Bolsa eletrônica S&P, o Brasil está entre os três que menos investem (na frente apenas de Egito e Filipinas). De acordo com Robert Wood, analista de Brasil da consultoria EIU (Economist Intelligence Unit), na América Latina, países como Peru, Chile e Colômbia têm conseguido aumentar suas taxas de investimento para níveis próximos a 25% do PIB. Já China e Índia atingiram taxas de investimento próximas de 47% e 32% do PIB, respectivamente, em 2010.

A taxa de investimento do Brasil -baixa em comparação com a de seus pares- limita a capacidade de expansão econômica do país. O BC fez um levantamento recente com analistas do mercado financeiro em que perguntou que taxa de investimento seria “condizente com um crescimento potencial de 5,5%”. Em média, a resposta foi 24%, quase seis pontos percentuais acima do patamar atual.

Crise economica, divida publica, inflacao: quem sabe uma rezinha?

De onde mais a gente espera, aí mesmo é que não sai nada...
Em todo caso, eu estava lendo uns materiais sobre a inflação brasileira, o descontrole fiscal deixada em herança maldita pelo Lula, e também sobre a enorme dívida pública sendo construída nos EUA, como resultado de todas essas medidas keynesianas de gastança dirigida pelo governo Obama (mas começou com Bush), quando, não mais que de repente, me entrou na caixa uma singela oração, certamente enviada por uma crente sincera a este irreligioso renitente que sou.
Quase apago, e coloco a remetente no Junk Mail, mas pensando bem, resolvi não apenas salvar como postar aqui.
Quem sabe pode ajudar o Mantega, o Geithner, o Bernanke, a própria Dilma e o Obama, nessas agruras que eles enfrentam, atualmente, para combater, a primeira a inflação e o descontrole fiscal, o segundo a enorme dívida pública ascendente?

Nossa Senhora dos Impossíveis (sem copyright...)

Prece Milagrosa de Nossa Senhora dos Impossíveis Sempre que você se encontrar diante de uma difícil situação, onde suas forças e seus conhecimentos não são capazes de resolver, não caia em pânico. Peça ajuda à Nossa Senhora dos Impossíveis Oração Ò Incomparável Senhora dos Impossíveis, Mãe de Deus, Rainha dos Anjos, Advogada dos Pecadores, Refúgio e Consolação dos Aflitos, livrai-nos de tudo o que possa ofender-vos e a vosso Santíssimo Filho, meu Redentor e Querido Jesus Cristo. Virgem bendita dê proteção a mim e a minha família das doenças, da fome, assalto, raios e outros perigos que possam nos atingir. Soberana Senhora dirige-nos em todos os negócios Espirituais e Temporais. Livrai-nos das tentações do demônio para que trilhando o caminho da virtude, pelos merecimentos de vossa puríssima Virgindade e o preciosíssimo sangue de vosso Filho, vos possamos ver, amar e gozar da eterna glória, por todos os séculos. Amem! Nossa Senhora Dos Impossíveis O título de Nossa Senhora dos Impossíveis vem do fato de ter acontecido com Nossa Senhora três coisas humanamente impossíveis, a saber; Maria concebida sem pecado original Maria Virgem e Mãe Maria Mãe de Deus

Brasil fora do mapa da Apple: nosso atraso monumental

Um leitor deste blog ou do meu site, ou dos meus textos, seja lá o que for, mas provavelmente sabedor de minha "macmania", me envia o seguinte comentário-pergunta:

On 05/03/2011, at 14:22, Rxxxxxxx Axxxxxx wrote:

Mensagem enviada pelo formulário de Contato do SITE.

Nome: Rxxxxxxx Axxxxxx
Cidade: Brasilia
Estado: DF
Email: xxxxxxx@hotmail.com
Assunto: Sem assunto
Mensagem: Apenas compartilhando uma matéria revoltante:

http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/50961_FORA+DO+MAPA+DA+APPLE
Como explicar que o país com o quinto maior território e população, e com a \"sétima\" maior economia do mundo tenha ficado fora dos países selecionados pela Apple para o lançamento do Ipad 2? É o governo nos \"protegendo\" dos malignos produtos estrangeiros?
==========

Ao que eu respondi assim:

Rxxxxxxx,
Se voce olhar o Brasil a partir de fora, ou seja, permanecendo no exterior certo tempo para fazer as comparações necessárias, você constatará facilmente como o Brasil é ridiculamente atrasado em relação a qualquer país asiático, com PIB e população muito inferiores aos nossos.
O Brasil não é atrasado absolutamente, mas relativamente somos atrasados em função de governantes caolhos, empresários protecionistas e um Receita Federal e outros órgãos reguladores absolutamente ridiculos.
Não sei se voce sabe mas o iPad (que agora podemos chamar de 1) foi licenciado para comercialização no Brasil apenas OITO (8) meses depois de lançado internacionalmente. Claro, a Anatel precisava fazer os testes para ver se o tablet não ofendia nenhum dos nossos maravilhosos critérios de segurança e de proteção ao consumidor.
Se você comparar os preços de produtos da Apple nos EUA e no Brasil, você constatará que com o preço de UM pago no Brasil, você poderia comprar DOIS nos EUA.
Estas são apenas algumas facetas de nosso atraso, que é sobretudo mental...
---------------------
Paulo Roberto Almeida

Eu me permito agora acrescentar os seguintes comentários, depois de ter lido a matéria (boa, que recomendo, com reservas) aos leitores) da revista acima indicada.
Não é a Apple que exclui o Brasil do seu mapa, é o Brasil que se exclui, voluntariamente, do mapa da Apple, por diferentes motivos, todos estúpidos e lamentáveis: alta carga de impostos, dificuldades burocráticas na importação, enfim, todos os entraves self-damaging que vocês possam imaginar.
Não preciso dizer que somos extorquidos pela Receita e pelos altos lucros dos intermediários e comerciantes em virtude da baixa concorrência vigente no mercado brasileiro.
Acreditem: SOMOS ATRASADOS, e o pior é que ainda não nos demos conta disso....
Paulo Roberto de Almeida

sexta-feira, 4 de março de 2011

Brasil-Estados Unidos: visita de Obama - entrevista Frank D. McCann

Minhas fontes secretas me passaram, antecipadamente, a entrevista que o historiador e brasilianista Frank D. McCann, especialista em Forças Armadas brasileiras -- autor de Soldiers of the Fatherland, já traduzido e publicado como Soldados da Pátria -- deu ao Estadão sobre a visita do Obama ao Brasil, que deve, em princípio, ser publicado no Estadão do domingo (ainda devem estar traduzindo).
Paulo Roberto de Almeida

Nota em 5/03/2011:
Um leitor deste post chama a atenção para a seguinte frase de McCann (destacada no seu comentário):
"For the first time in all the years I have studied Brazil, I thought that Brazilian government spokesmen seemed arrogant."
Bem, ela se refere especificamente à política externa de Lula, caracterizada por um anti-americanismo infantil e um desejo meio estúpido de confrontar os EUA, apenas pelo gosto de se mostrar independente ou anti-hegemônico. Coisas do petismo rudimentar...

Entrevista com Frank D. McCann, historiador brasilianista
O Estado de S. Paulo

O Estado de S. Paulo
1) Qual é a expectativa do senhor, um acadêmico americano que há tanto tempo estuda a história brasileira, tem da visita do presidente Obama ao Brasil?
Well, Wilson, I always hope for the best. A state visit by an American president is important and can have long lasting results. Franklin D. Roosevelt’s visit in 1936 cemented his friendship with Getulio Vargas which contributed to Brazil joining the Allied side in World War II and opened a period of intense relations that led to Brazil’s industrialization. Today Brazil is much more important than it was then, and I hope that Obama acts accordingly.

2) Qual é o balanço que o senhor faria da história das relações entre Brasil e EUA?
The history of relations between the two countries is dense and deep, reaching back to the late 1700s. Their relations have been marked by continuous trade, American suspicion of monarchial government and Brazilian worries about republican subversion, Brazilian fear of American interest in Amazonia, Brazilian dependence on the American coffee market, American worries over British influence, then German influence, and finally communist subversion. The United States has been a continuous presence in the Brazilian mind, while Brazil has been a rather vague one in the American mind. Underlying placid, generally friendly relations there has been tension that never rose to violence, but never completely disappeared. This tension was especially curious because so much of it seems to have been generated on the American side. Moreover, it existed regardless of the type of government ruling Brazil. Monarchial, republican, nationalist, developmentalist, left-leaning, right-wing military, and civilian-centrist governments have all had their share of problems with the United States. In recent decades as the United States pressured Brazil to end its atomic program, and more recently questioned why Brazil wanted to have atomic submarines, it never seems to have entered the minds of American leaders that Brazilians do not trust the United States to remain forever friendly. Washington failed to understand that when it ordered the invasion of Panama, the attack on Grenada, and the two wars against Iraq such actions made Brazilians nervous and somewhat suspicious.
The resurrection of the US Fourth Fleet was a perfect example of Washington’s tone deafness when it comes to understanding how its actions are viewed by others. That fleet number had been first used in World War II to designate the American naval forces based at Recife. That experience was generally positive for the Brazilian navy. The fleet was deactivated after the war, so its reactivation and its mission in regard to the Caribbean and the South Atlantic required careful explanation. But the official explanation was vague at best.
It turned out that the Fourth Fleet has no ships of its own, that it is merely a headquarters that has to request the loan of ships in case of some operation. It is not the powerful instrument of American power that many commentators in Brazil feared. Unnecessarily its “reactivation” raised the level of tension in Latin America and certainly in Brazil
One of the problems is that Washington thinks of Brazil as part of Latin America, when it should be thinking of it on its own terms first, and only secondarily as it relates to the countries around it. The reality is that Obama is making a Latin American tour, Brazil, Chile, and El Salvador, he is not just coming to see Brazil and its leaders. It is obvious that there is no commonality among the three countries that he will visit, they are just a grouping that satisfies some odd ideas that the State Department developed for this trip. Brazilians can consider their country truly important when foreign leaders go there and not make a grand tour.

3) É possível comparar a vinda de Obama com outras visitas de presidentes americanos ao Brasil?
Yes, the history of such visits is quite interesting. But,first, I should say that no American president has matched the standard set by Emperor Pedro II’s 1876 tour of the United States. The Emperor traversed the United States from New York to San Francisco, Chicago to New Orleans, Niagara Falls to Boston, and opened the Centennial Exposition in Philadelphia. It was a truly extraordinary event. He was the only reigning monarch to visit the US in the 19th century.
Theodore Roosevelt was the first president to ever leave the country when he visited the Panama Canal construction in 1906. After leaving the White House he, of course, made his famous journey with Colonel Rondon through Mato Grosso and Amazonia. Herbert Hoover, between his election and inauguration, made an extensive tour of Latin America that included a stop in Rio de Janeiro in 1928.
The first sitting president to visit Brazil was Franklin D. Roosevelt in November 1936. In a way that visit was a model for later ones, because he was en route by ship to Buenos Aires for an inter-American conference. During his stop in Rio de Janeiro he dined with President Vargas and addressed the congress. He emphasized the history of friendly peaceful relations between the two countries, characterizing them as being a “brotherhood.” He declared that “The fine record of our relations is the best answer to those pessimists who scoff at the idea of true friendship between Nations.” Although FDR was a political realist I think he did believe, or at least hoped, in true friendship between our governments and peoples. Unhappily, his idealism did not survive his presidency. He visited again in January 1943, at Belém and Natal en route and returning from the Casablanca conference. His meeting with Vargas in Natal was a key event in wartime relations. But note in both cases he was here because of a journey to somewhere else. He did not come solely because of Brazil’s importance. This kind of stop over became part of the model for American presidents traveling abroad.
Harry S Truman flew to Rio de Janeiro for the September 1947 Rio Conference (Inter-American Conference for the Maintenance of Continental Peace and Security); he spoke at the conference in Petrópolis, addressed the congress and attended the Sete de Setembro military parade. President Truman hosted festivities on the battleship USS Missouri, which had arrived to take him back home. He visited Brazil but only saw the capital and the road to Petrópolis. His primary purpose was to attend the conference.
His successor, Dwight Eisenhower came for three days in February 1960, stopping in Brasília, Rio de Janeiro, and São Paulo, as part of a tour that landed in Argentina, Uruguay, and Chile. The visit was made sadly memorable by the disaster of the plane that carried the US Navy band crashing into Pão de Açucar while trying to land at Santos Dumont.
It took until March 1978 for the next president to travel to Brazil in the person of Jimmy Carter. He came not as part of a Latin American tour but as part of a South Atlantic tour. After Brasilia and Rio de Janeiro he flew to Lagos Nigeria. Ronald Reagan returned to the Latin American tour model by visiting Brasília and São Paulo on November 30 through December 3, 1982, then flying off to Colombia, Costa Rica, and Honduras. His visit is best remembered by his awkward toast in Brasília, “to the people of Bolivia”! George H.W. Bush spent a day in Brasilia, in December 1990, before hurrying off to Montevideo, Buenos Aires, Santiago, and Caracas. In June 1992 he returned to Rio de Janeiro for the Earth Summit. He only visited the Cidade Marvelhosa, and at least did not then go to another country. Bill Clinton maintained the tour model in October 1997 stopping in Venezuela, Brazil, and Argentina. In Brazil he did the triangle of Brasilia, São Paulo, and Rio de Janeiro in two days. George W. Bush, returned President Lula’s visit to Washington by spending a day at the Granja do Torto in November 2005 then flying off to Panama for a day. He returned in March 2007 for a day in São Paulo, thence to Uruguay, Colombia, Guatemala, and Mexico for a day each.
Wilson, please excuse this tedious listing but it shows clearly that Obama is following the Latin American tour model. Clearly such visits have little to do with real diplomacy and much to do with projecting an image.

4) O que significa o fato de Obama ter dito que o presidente Lula era “o cara”, mas não ter vindo ao Brasil durante o governo Lula, e agora fazer uma visita de Estado com Dilma Rousseff há menos de três meses na Presidência?
You would have to ask President Obama what he meant by “o cara”. I don’t know what word he used in English. Perhaps he meant that Lula was “the guy”, the man, which in street talk would have been positive. Why he did not make a visit during Lula’s government is a bit strange, but he had a lot to do to correct some of the mess the Bush people left behind. In fact why he would leave the United States now, while it is in the midst of such a terrible economic and political crisis is a question that should be asked.
Frankly speaking, the Lula government projected a tone that felt mildly hostile to the United States. I said tone because there were no acts of hostility but an oddly antagonistic feeling. For the first time in all the years I have studied Brazil, I thought that Brazilian government spokesmen seemed arrogant. Certainly Brazilians were right to be upset with the failure of Washington to prevent the financial disaster. As the elections in November showed the American people are angry about it too.
It is a bit trivial but it is possible that Chicago’s loss of the Olympics to Rio de Janeiro may have affected Obama’s attitude a bit. After all he did campaign personally for his city and he is not a man who enjoys losing.
Lula’s embrace of Chavez makes sense from the perspective of Brasilia, but his enthusiasm looks odd to Washington. The same is true of his relations with Mahmoud Ahmadinejad of Iran, as did the quixotic attempt with Turkey to negotiate an end to the danger of Iran developing an atomic bomb. The Obama administration was put off, not because Brazil did not have the right to use its diplomatic influence, but by the way it was done. The tone was off key.

5) Podemos dizer que Brasil e EUA vivem o seu período de maior afastamento ou houve outros períodos piores?
I do not think “afastamento” is the right word. During the last years trade has been very active, the Brazilian migrant or immigrant population is huge, Brazilians are investing heavily in the United States. And, of course, tourism continues strong and investment in Brazil is at all time high levels. The tension that I mentioned earlier has been higher than usual these past few years. But we have successfully weathered worse periods. The trade competition with Nazi Germany in the late 1930s was potentially much worse, but had a happy outcome.

6 ) O que contribuiu para o atual afastamento?
I think both sides failed to understand how the other perceived their words and actions. There is an impatience among some in the Brazilian government to see Brazil accepted as a world power. They are impatient for Brazil to have its rightful place in the world. I imagine that most educated Brazilians are tired of the idea of the country of the future. They want the future now. Brazil is not a country most Americans immediately think of as a world power. In fact Brazil is not a country that most Americans think of at all. The vast majority of Americans know very little, if anything, about Brazil, partly because it is rarely taught about in schools and universities. Portuguese is rarely taught in the universities. There is little financial support nationally for Brazilian studies except in a handful of institutions. The Brazilian government has arranged support for programs in a few prestige universities, but this has had little impact nationally. So it is not surprising that leaders in the two countries do not easily understand each other’s point of view.
If you read the speeches that American presidents from FDR to George W. Bush have delivered in Brazil you will see a lot of similarity. They all speak of friendship, of alliances, of potential, of great natural resources, of a dynamic people, and of economic growth. They call Brazil a regional leader, as Nixon said, “so goes Brazil, so goes South America.” But they do not think of it as an equal. They have difficulty seeing the world from the perspective of Brasília. For Obama to talk of forging “new alliances” is to serve old wine in a new bottle. I can’t imagine that such phrases excite anyone in the Itamaraty and worse I doubt that there is any reality behind them.

7) De que forma a política americana em relação ao Brasil também influiu para que os dois países se afastassem?
Again it is a matter of perspective. Washington does not see Brazil as itself, American leaders see it as part of Latin America, as the pattern of the presidential tours shows. Obviously, Brazil is today much more connected to its neighbors than it was fifty years ago, but it still does not see itself first and foremost as Latin American. It is Brazil, first and foremost, Brazil above all.
Unfortunately this difference in perspective is deep seated in the United States. Even in the universities, if Portuguese is taught at all, it is taught in Departments of Spanish. It would be interesting to know how many of the people in Obama’s entourage speak Portuguese fluently.

8) O que causou mais estragos à relação Brasil-EUA: a iniciativa brasileira (e turca) junto ao Irã, na questão nuclear, ou a posição do Brasil em relação à crise de Honduras?
The Obama administration reacted coldly to Brazil’s initiatives regarding Iran and Honduras. In neither case was the State Department expecting Brazilian involvement. It might have been American haughtiness, but certainly Washington was insensitive to Brazil’s interests in both cases. I wonder what kind of communications had gone on between the Itamaraty and the State Department? Mrs. Clinton seemed surprised and a bit annoyed in her comments about both cases. The two governments can’t develop supportive positions unless they are talking regularly and deeply. Of the two cases I found the Honduras one the most disturbing. Washington, in effect, was supporting or at least accepting a coup d’etat, while Brasilia was saying that it was not acceptable. Considering that Brasilia has had much more direct experience with coups than Washington has had, you would think the Americans would pay more attention.

9) A postura do Brasil no caso iraniano inviabilizou qualquer esperança brasileira de ir permanentemente para o Conselho de Segurança das Nações Unidas ou há outros motivos para a resistência americana à pretensão brasileira nesse sentido?
This is one of the most difficult questions in Brazilian-American diplomatic history. Brazil is one of the founders of the United Nations. Even in the dark days of World War II the State Department carefully consulted then foreign minister, Oswaldo Aranha, about his ideas for the new organization. Brazilian diplomats were active in the negotiations at the formative conferences at Chapultepec and San Francisco. Aranha was, of course, the first president of the General Assembly. I think that if FDR had lived he would have insisted that Brazil have a seat on the Security Council. Looking back it is very odd that two failed, even conquered, countries, France and China were given seats and veto power. We know that the British and the Russians opposed a Brazil’s membership, thinking that it would be an echo of the United States.
For Washington to now support India, over Brazil, is to violate the history since World War II. India was a mere colony when the UN came into existence. That does not mean it should be ignored, just that Brazil has a more senior claim that should be respected.

10) Qual é a visão que o governo Obama tem do Brasil, hoje?
I doubt that Obama has thought seriously about Brazil or its role in the world. If he had, or if his closest advisers have, he would not be doing another tour of Latin America but would be doing one solely of Brazil. To talk of trade with Chile or El Salvador, countries with populations of 15.2 million and 6.9 million is strange, when there could be much more trade with just the states of São Paulo and Minas Gerais, with their populations of 41 million and nearly 20 million respectively. Size matters, but seems to get diminished in the State Department. He will likely speak the same old platitudes and avoid strong backing of Brazil in the United Nations. It is odd in the extreme that the United States has negotiated trade agreements with small countries and has not done so with Brazil. Obama’s advisors should be constantly telling him that 200 million Brazilians and their seventh-ranked economy are important to the United States, or should be important.

11) Quais serão os temas críticos da visita?
Necessarily President Obama wants to strengthen the relationship. Trade dynamics will probably be discussed. The American subsidies of agriculture, particularly cotton, must be on the table. Likely there will be discussion of Iran’s nuclear ambitions and what can be done about them. Nice things will be said about Egypt and worries will be expressed about Libya, unless that crisis has been resolved by the time of the visit.
Hopefully there will be talk of importing Brazilian ethanol fuel into the United States. Domestic politics has delayed and side-tracked free entry and has raised pointless barriers, even while Washington has preached free trade to the world.
Apparently the Americans will be offering assistance with civil security for the coming 2014 World Cup and the Summer Olympics in 2016. I hope they recall that Washington has a checkered history with such assistance in Brazil. How much assistance the Americans can offer in controlling the narcotics problem in Brazil seems problematical. They have been singularly unsuccessful in controlling the narcotics trade in their own country or stopping the stream of drugs from Mexico.
It will be interesting to see what Obama has to offer regarding the FX2 jet fighter. France won out some years ago selling helicopters to Brazil by bribing decision-markers in Brasília. French law allows that sort of thing but American law forbids it. A multi-billion dollar contract would go a long way toward bringing the two militaries closer and would stimulate collateral trade deals.
And, of course, looming over these conversations is the Chinese giant. For the first time since the 1930s the United States is no longer Brazil’s major trading partner. The Chinese purchases of iron ore, other minerals, and soy beans have overwhelmed the American position. They have overwhelmed the Brazilians as well. The scale of the Brazil-China trade has no equal in Brazilian history. Both the Brazilians and the Americans are worried and uncertain what to do, so they both have reasons to find ways to manage the Chinese giant.
Foreign Minister Antonio Patriota will make the Americans feel comfortable. He speaks English with a near American accent and that will have a soothing effect. Unhappily the American side does not speak Portuguese in equally comforting tones.

12) Comenta-se no Brasil que o presidente Obama poderia intervir na licitação para compra de caças por parte da Força Aérea Brasileira, para ajudar a Boeing na disputa contra a Rafale (França) e Saab (Suécia). O que poderia acontecer? Uma oferta mais ampla, envolvendo garantias de transferência de tecnologia?
Washington has been signaling that it is willing to share the technology which could be a huge boost to Brazil’s aviation industry.

13) Brasil e EUA também têm conflitos na área comercial, com sobretaxas americanas sobre produtos brasileiros comprados pelos americanos, como etanol, suco de laranja etc. Há alguma possibilidade de Obama oferecer alguma boa mudança para o Brasil nessa área?
Wilson, you’ll have to ask the White House and State Department on this one. If Obama is smart that is exactly what he will do. Unfortunately, the contrary political pressures in the United States are very strong and very short-sighted about such things.

14) Apesar das divergências com os EUA, o Brasil pode argumentar que fez o seu “dever de casa” (home work). É um país formalmente democrático, que respeita os foros internacionais, aberto ao capital estrangeiro, signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, participa de operações de paz das Nações Unidas, assinou o Regime de Limitação de Tecnologia de Mísseis. Nada disso é suficiente para que o Brasil tenha sua cadeira permanente no Conselho de Segurança?
I think it is more than sufficient. Brazil should have had the seat decades ago. Unfortunately the United States does not have complete power to make such a decision. The British, Russians, French, and Chinese have a say. Brazil should pressure the Chinese to speak in its favor. President Obama should loudly and energetically support Brazil’s membership, but I do not know if he will.

15) O que deverá ficar de saldo dessa visita?
Honestly, I hope it deepens relations, but I doubt that it will. The history of such trips does not encourage me. The tour model of such trips necessarily weakens the possible impacts and confuses the thinking of the travelers. It is a shame that President Obama is not taking this opportunity to go to Salvador da Bahia, likely the most African city in the Americas. It would make have a huge influence on African Americans to see their first brother in the White House swaying to the rhythms of Olodum in the Pelourinho. And who knows what else he might have learned and might have stimulated.

Frank D. McCann
Professor of History Emeritus
University of New Hampshire
5 March 2011