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sábado, 30 de junho de 2012

O capitalismo promiscuo do Brasil: um exemplo (entre outros)

O que a IBM está fazendo não é exatamente investir em uma empresa com tecnologias promissoras, inovação de primeiríssimo nível, ou com produtividade excepcional.
Ao que se conhece da história da IBM -- uma empresa que evolui dos chamados mainframes, os grandes computadores corporativos, para um fracasso no terrenos dos microcomputadores e sistemas pessoais, e que hoje é basicamente uma empresa de serviços de software -- não é ela que vai aprender com Eike Batista, e sim o contrário.
O investimento que ela está fazendo é basicamente um só: influência política e acesso ao poder, onde estão as facilidades para se fazer negócios, financiamento facilitado e outras "facilidades" para se fazer as coisas num país complicado como o Brasil.
Tudo isso nos aproxima da Rússia, da China, da Índia, países que, como o Brasil, também possuem esse tipo de capitalismo fortemente influenciado pelo Estado, ou que depende do Estado para vicejar.
Triste país no qual as vocações principais não estão na inovação e no empreendedorismo, mas na compra de favores estatais. Talvez um dia isso mude, mas por enquanto é assim: o capitalismo promíscuo é o nosso horizonte atual, e se depender dos companheiros no poder vai continuar assim por muito tempo (afinal, eles lucram com isso)...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil

Brasil: IBM compra 20 % de empresa tecnológica del magnate Eike Batista

IBM
Infolatam/Efe
Río de Janeiro, 8 de abril de 2012
Las claves
  • IBM va a desarrollar las actividades de tecnología de información del grupo EBX, en un contrato de diez años de duración y con un valor calculado en mil millones de dólares.
La compañía estadounidense IBM anunció la compra de un 20 % de SIX Automação, empresa tecnológica del magnate brasileñoEike Batista.
En virtud del acuerdo, cuyo valor no fue divulgado, IBM va a contribuir a la creación de programas informáticos y servicios para los sectores de hidrocarburos, minería y construcción naval, entre otros, que son las principales áreas de negocio de las compañías que integran el conglomerado EBX, propiedad de Batista.
EBX dijo en un comunicado que espera que la experiencia de IBM sirva para potenciar la entrada de SIX Automação en el mercado de soluciones tecnológicas industriales.
IBM va a desarrollar las actividades de tecnología de información del grupo EBX, en un contrato de diez años de duración y con un valor calculado en mil millones de dólares.
Este acuerdo contempla todas las actividades del grupo EBX, incluyendo sus operaciones en Chile y Colombia, según un comunicado conjunto.
La semana pasada Batista vendió una participación del 5,63 % de las acciones preferenciales de EBX al fondo de inversiones Mubadala, de Abu Dabi, por 2.000 millones de dólares.
Eike Batista es el hombre más rico de Brasil y el séptimo del mundo, según la clasificación de la revista Forbes, y es dueño del conglomerado EBX, compuesto por la petrolera OGX, la minera MMX, la logística LLX, la compañía de construcción naval OSX y la operadora portuaria Portx, entre otras.
SIX Automação es una de las compañías más nuevas del conglomerado y fue fundada en octubre del año pasado, después de la adquisición de la empresa AC Ingeniería


Paraguai: a forca do direito contra o direito do nada...

Por uma vez (e desculpo-me por dizer isso), o Paraguai está certo.
Meu primeiro livro sobre o Mercosul, foi distinguido, entre outras censuras do Itamaraty, com um parágrafo cortado pelo censor encarregado de zelar pela pureza da doutrina e da fé: se tratava justamente de um parágrafo sobre o Paraguai, onde eu objetivamente argumentava sobre as peculiaridades aduaneiras do país, o que era apenas uma constatação da realidade. Mas o Itamaraty preferiu esconder meu comentário, comprovando mais uma vez que, quando não se tem nada a dizer sobre um problema qualquer, aí mesmo é que se pretende tapar o sol com a peneira.
Tudo bem, o livro saiu sem esse parágrafo, o que não lhe fez falta, mas a censura ficou travada em minha mente, como uma violência intelectual, e gratuita, além do mais, pois eu nada dizia além do que era um fato: ou seja, o Paraguai é um país peculiar, em seu comércio exterior, não exatamente o legal, se entendem o que quero dizer.
Mas, uma das consequências implícitas do parágrafo em questão seria mais ou menos este: Brasil e Argentina talvez não devessem ter convidado o Paraguai para integrar o bloco e o Paraguai não deveria ter aceitado ingressar. Era uma situação de pós-golpe anti-Stroessner, e a adesão permitiria talvez ajudar a estabilizar a situação política paraguaia, mas não iria resolver, claro, suas peculiaridades aduaneiras no curto prazo. Em todo caso, o Paraguai ingressou, e os maiores problemas do Mercosul não foram causados por suas peculiaridades aduaneiras, e sim pelo desrespeito que Argentina e Brasil demonstram em relação às regras básicas do bloco.
Neste caso, permito-me dizer que estou com o Paraguai, contra todos aqueles que se apressam em condenar o "ritual sumário" e até o "golpe" dado naquele país, que resultou no impeachment do bispo priápico que lhe servia de presidente. Ainda que tudo isso possa ser sustentado (mas eu não sustento), tudo é uma crise política interna ao Paraguai.
Nem o Mercosul, nem a Unasul têm o direito de se imiscuir nos assuntos internos do Paraguai. Ainda que não se goste do impeachment, deve-se respeitar a soberania paraguaia. Nem havia qualquer efeito sobre o Mercosul ou a Unasul.
Agora, as ações tomadas pelos outros dirigentes desses blocos foram, sim, perfeitamente ilegais, pois não são fundamentadas em qualquer dispositivo jurídico dos tratados constitutivos dos dois blocos e seus outros instrumentos legais.
Paulo Roberto de Almeida 

Paraguai rejeita suspensão de Unasul e 'avaliará sua continuidade' no bloco

Governo afirma que não houve 'sustento jurídico algum' para Paraguai ser suspenso do bloco sul-americano

EFE, 30 de junho de 2012 | 17h 38
ASSUNÇÃO - O governo do Paraguai disse neste sábado, 30, que "não aceita" a decisão tomada ontem pela Unasul de suspender o país temporariamente da organização e advertiu que "avaliará, conforme seus legítimos direitos e interesses, sua continuidade" no bloco sul-americano. Em comunicado, a chancelaria denunciou que a suspensão foi "adotada à margem das disposições" do tratado que criou a Unasul e tomada "sem sustento jurídico algum".
Cúpula da Unasul decide suspender Paraguai - Alex Ibañez/Efe
Alex Ibañez/Efe
Cúpula da Unasul decide suspender Paraguai
"Nenhuma norma vigente autoriza a exclusão de um Estado membro, ou de seus representantes, das reuniões de Unasul", por isso o governo paraguaio "exige que se assinale concretamente a disposição que serviu de fundamento" para esta ação.
O Executivo de Federico Franco assumiu o poder no Paraguai no último dia 22, após a destituição de Fernando Lugo pelo Parlamento. O ocorrido levou a Unasul e o Mercosul a suspender ontem o Paraguai dos dois blocos até as próximas eleições, previstas para abril de 2013.
A chancelaria reafirmou que no Paraguai "não se deu, nem existe ruptura da ordem democrática", como argumentam os países vizinhos. Ainda foi expresso "alerta à comunidade internacional sobre o procedimento utilizado, o qual se baseou principalmente em emoções políticas".
Segundo a chancelaria, a decisão ainda oferece o risco de que o Tratado Constitutivo da Unasul seja debilitado e desvirtuado, ao apontar que a medida tomada foi ilegal e ilegítima.
Em outro comunicado emitido ontem, o Governo de Assução também qualificou de ilegal a decisão do Mercosul, apontando que seriam tomadas as ações "que correspondam para deixá-la sem efeito", quanto a suspensão do bloco.

Os Brics e seu futuro economico - Paulo Roberto de Almeida


O futuro econômico dos Brics (se existe um...)

Paulo Roberto de Almeida
Respostas a questionário de jornalista

Recebi, de um jornalista de uma rede de comunicações, que havia lido um trabalho anterior meu sobre o Brics – até então apenas Bric – uma série de questões para uma entrevista formal. Apenas como forma de organizar meu pensamento, alinho abaixo alguns comentários que podem servir de guia para a entrevista oral.

1) O Brics já está em um período de estagnação ou ainda não pode ser considerado um grupo que já produziu o seu melhor?

PRA: Existe uma profunda incompreensão de certa parte da mídia – o termo cobre os meios de comunicação de forma geral, com destaque para a imprensa escrita – com respeito ao que é, realmente, esse grupo chamado Brics, que parece ter assumido uma estatura de grupo formal e de entidade dotada de poderes próprios, quando nada disso se aplica no terreno da realidade.
A sigla designa uma assemblagem arbitrária de países, dotados de certas características externas aparentemente semelhantes, mas que nada representa a não ser o que estava implícito em seu significado original, feito por um economista de um banco de investimentos: quatro (agora cinco, embora este seja bem menor, e tenha entrado por razões políticas, não econômicas) grandes economias em desenvolvimento, não pertencentes ao bloco de grandes potências econômicas ocidentais (inclusive o Japão), que são tradicionais democracias de mercado. Os quatro originais nada mais eram do que grandes promessas de crescimento econômico – por uma série de razões próprias a eles, mas isoladamente, e não como grupo – e que por isso foram identificados como grandes oportunidades de investimento, pelas promessas de ganhos de mercado que representam: grandes territórios e populações, boa dotação em recursos naturais, por vezes humanos, também, crescimento razoável e crescente inserção nos circuitos da economia global.
Nada mais do que isso, ponto. A partir dessa adjunção voluntária, arbitrária e totalmente oportunista de quatro países sumamente diferentes feita por um indivíduo interessado apenas em ganhos de mercado, dirigentes desses países resolveram, dado o bom acolhimento e o charme pouco discreto da sigla, formalizar uma suposta união para perseguir objetivos alegadamente comuns. Quais são esses objetivos? Cabe aos dirigentes desses países, que promoveram seus encontros ministeriais e de cúpula, dizerem, com suas próprias palavras, o que eles, como grupo, pretendem fazer em relação aos grandes problemas da agenda mundial: crescimento, meio ambiente, segurança, direitos humanos, democracia, criminalidade internacional, e muitos outros temas que ocupam a agenda da ONU, do G7 e de outras organizações intergovernamentais.
Por causa disso, os Brics, ou o Brics, constituem um grupo econômico? Nada mais longe da realidade. Quando se fala de um grupo econômico, se entende um grupo de países integrados comercialmente, produtivamente, com intenso intercâmbio entre eles, com base num conjunto de regras comuns, e tendencialmente apontado para a convergência de políticas econômicas. Os Brics não exibem essa condição; não são, portanto, um grupo econômico, a não ser arbitrariamente, como declaração própria, mas isso não é comprovado pelos fatos.
Não se pode, portanto, falar em crescimento ou estagnação conjuntos: cada um dos fenômenos econômicos dos Brics serão, essencialmente, constituídos de processos exclusivamente nacionais, independentes, autônomos, não correlacionados entre si. Não existe uma base comum, políticas comuns, apenas intercâmbio, o que se dá com quaisquer outros ajuntamentos heteróclitos de países que se faça.
Porque falar dos Brics e esquecer, por exemplo, um grupo chamado CIMT? Não existe? Pois acabo de criar: Coréia (do Sul, obviamente), Indonésia, México e Turquia. Ainda não se reuniram? Pois é: estão perdendo a oportunidade de serem conhecidos. Mas eles não têm nada em comum? Engano! Exibem tantas características comuns quanto os Brics possuem entre si. Não são tão grandes? Não tem importância: podem ter maior crescimento e ser tecnologicamente mais avançados...

2) O crescimento que colocava os quatro países no mesmo grupo já se encerrou ou está sendo apenas afetado pela crise internacional?  

PRA: Crescimento, por si só, não serve de cola: cada país pode crescer por razões diferentes, não conectadas entre si. A natureza do crescimento de cada um dos Brics (na verdade, apenas China e Índia vinham crescendo de maneira consistente nos últimos anos, e aparentemente já vêm enfrentando uma baixa de ritmo, dada a crise das economias norte-americana e europeia) não tem nada a ver com os fatores de crescimento dos demais, uma vez que eles possuem características diversas e se inserem de maneiras distintas na economia mundial, assim como seus intercâmbios recíprocos obedecem a padrões diferenciados, únicos no plano bilateral.
Em outros termos, eles estavam crescendo de maneira completamente descoordenada, cada processo obedecendo a impulsos próprios, sem qualquer base comum. Que eles venham agora a sofrer impactos da estagnação ou depressão nas economias desenvolvidas, isso se fará, também, por canais próprios a cada um, sem qualquer relação estrutural entre si. A crise afeta os países individualmente, não esse grupo um pouco arbitrário chamado Brics.

3) É possível comparar o Brics com os Tigres Asiáticos, que cresceram a taxas altas e depois se estagnaram?

PRA: Não, pela simples razão de que os assim chamados tigres asiáticos JAMAIS constituíram um grupo, ou uma entidade formal. São países de economias dinâmicas do Pacífico asiático que tiveram seus processos de crescimento vinculados à economia mundial capitalista, mas cada qual com políticas próprias, sem coordenação entre eles. Se eles estagnaram – uma vez mais, cada qual segundo características próprias – os fatores podem ter sido os mesmos, atuando de forma independente em cada um deles, ou diversos, a que cada país reagiu de forma independente, com base em políticas nacionais. Taiwan e Coréia do Sul enfrentaram crises, mas não estão estagnados. Vietnã, que nunca foi chamado de tigre, vem crescendo de maneira significativo nos últimos anos; eventualmente enfrentará problemas mais adiante, como ocorre com qualquer economia, mas não se pode atribuir processos independentes a uma única causa ou pelo fato de países integraram, ou não, grupos formais. Alguns dos tigres pertencem a Asean, mas ela é uma entidade flexível, voltada para comércio e cooperação, sem o grau de aprofundamento das políticas econômicas que possui, por exemplo, a UE.

4) O desenvolvimento dos Tigres Asiáticos deixou legados tecnológicos (especialmente na Coreia do Sul) e o modelo de industrialização foi recriado em outros países da região (novos tigres). É possível falar em um modelo semelhante para o Bric?

PRA: A Coréia do Sul teve sucesso tecnológico e industrial devido a políticas absolutamente nacionais, não por ter sido incorporada a um grupo que não existe, ao qual se deu o nome de “tigres asiáticos”. Não existe nenhum modelo dos tigres, a não ser um propósito compartilhado (mas não coordenado) de se integrar mais intensamente à economia mundial, desenvolvendo laços produtivos, acolhendo investimentos diretos e fazendo acordos comerciais com países consumidores. Isso não constitui nenhum modelo, já que os países assim decidiram fazer com base em ferramentas já disponíveis existentes no mercado: abertura a investimentos, a acordos preferenciais de comércio, treinamento de mão-de-obra, ambiente favorável aos negócios internos e externos, nada disso constitui modelo, e sim apenas demonstrações de bom senso.
Assim como nunca existiu um grupo chamado “tigres asiáticos” e nunca existiu um modelo deliberadamente aplicado por esses países, e sim decisões nacionais, não existe um modelo para os Brics, que, sim, decidiram formar um grupo formal, sem que isso, contudo, se tenha traduzido em ferramentas próprias de integração ou de coordenação de políticas econômicas.

5) Já é possível falar em um legado do Bric e o que é possível esperar ainda do grupo?

PRA: O único legado acumulado pelos Brics, até o momento, é o registro de suas reuniões formais, em nível ministerial ou de cúpula, e as declarações feitas nessas ocasiões. Não se sabe se isso é legado, ou mero registro de ocorrências. O que eles fizeram, por exemplo, para avançar certos temas da agenda mundial? Ou suas próprias agendas? O Brasil, por acaso, começou a crescer mais rapidamente apenas por fazer parte desse grupo? Altamente duvidoso que isso tenha ocorrido, sobretudo porque as causas do baixo crescimento do Brasil estão no próprio Brasil, não na economia mundial, ou na China, que até favoreceram bastante esse pequeno crescimento, pela demanda de matérias primas e mercados para seus outros produtos.
Para esperar algo desse grupo seria preciso que ele tivesse um poder de alavancagem sobre a economia mundial que ele ainda não tem. E seria preciso que ele oferecesse respostas a problemas comuns que não foram vistas ainda. O Brasil, por sua vez, tem buscado “soluções” (entre aspas) no protecionismo comercial (que visam, aliás, importações de um dos Brics) e no estímulo ao consumo, que não constituem respostas a nenhum dos problemas de produtividade e de competitividade do país. Para fazê-lo crescer – o que não tem nada a ver com os Brics – seria preciso maiores investimentos, obras de infraestrutura, redução da carga tributária e um ambiente geral de negócios favorável a investimentos estrangeiros. Nada disso depende dos Brics, apenas do próprio Brasil e de seu governo.

6) Seria o momento de pensar em uma reformulação?

Só se pode reformular algo quando se dispõe de um diagnóstico preciso sobre a origem de problemas, bem identificados e com prescrição adequada. Como os Brics se reúnem regularmente, talvez eles tenham suas próprias receitas, mas suspeito que as soluções para os problemas de cada um deles não tenha nada a ver com as respostas aos problemas dos demais, a não ser num nível muito alto de generalidade: expansão da economia mundial, abertura comercial e aos investimentos, poupança, crédito, moedas estáveis, bom ambiente de negócios. Isso pode existir, ou não, mas cabe aos governos nacionais transformar as condições existentes em oportunidades de aumento da renda e riqueza nacionais (sempre nacionais), o que deriva da competência de cada um deles, não da existência de um grupo, formal ou não. Aliás, o exemplo da UE demonstra que mesmo com um grupo altamente estruturado, a possibilidade de crises é bem real...
Os Brics não parecem dispor de uma tal identidade de políticas e de propósitos que justifiquem pensar em reformulação, sem que se saiba, primeiramente, do que, exatamente, ou em que direção. Na verdade, não existe diagnóstico comum a respeito de qualquer coisa que se pense fazer em torno dos Brics, uma vez que não existe nenhum coesão formal entre eles. Toda e qualquer especulação em torno dos Brics vale para qualquer outros países, tomados isoladamente ou conjuntamente: ou seja, se trata de exercício meramente retórico, sem argumentos concretos. Os Brics, se continuarem pretendendo assumir políticas comuns, terão um largo caminho pela frente para se apresentar, pelo menos, como grupo, o que eles ainda não são, pelo menos não do ponto de vista econômico.

Paulo Roberto de Almeida (Brasília, 30 de junho de 2012)

Pequeno desabafo moral - Paulo Roberto de Almeida

Trecho de uma correspondência enviada a quem me consultou sobre um problema anódino. Não tenho receitas, ou melhor, tenho, mas não adianta nada prescrevê-las agora, pois não teriam aplicação. No momento, me contento com este diagnóstico:

O Brasil, infelizmente, enfrenta uma fase de decadência institucional e de deterioração moral que vai se refletir profundamente em seu desempenho econômico nos próximos anos. 
Nada disso é excepcional historicamente. Outros países já enfrentaram esse declínio estrutural, que por vezes é essencialmente moral e mental: a China, durante pelo menos dois séculos; a Grã-Bretanha, nos oitenta anos que precederam Margareth Thatcher; e a Argentina, pelo menos desde 1930, e continuando...
Ou seja, o Brasil também enfrenta sua decadência moral, e infelizmente vamos ter de sofrer um pouco até que a sociedade se recomponha e que líderes mais preparados assumam o comando da nação.
Estas são as consequências da nossa má educação, da desiguadade social, da corrupção moral das elites. E vamos pagar um alto preço por isto.
Não creio que a situação tenha reversão no curto prazo: dependeria ou de uma educação política dos cidadãos que não está próxima de acontecer, ou de grandes desastres econômicos que tampouco vão acontecer.
Então, é o afundar lento na decadência. Infelizmente.
Enfim, aqueles que tomam consciência da situação podem refletir sobre isso e colaborar para a conscientização de outros.
Mas, as forças políticas que nos comandam, e toda a máquina publicitária em torno disso, são mais fortes do que os alertas morais de uma minoria extremamente reduzida. Vamos ter de atravessar nossa decadência, esperando apenas que consigamos preservar nossa dignidade moral frente a tantos descalabros da elite política (que aliás não merece esse substantivo) que nos desgoverna.
Paulo Roberto de Almeida 


Addendum extra-moral:
Existem muitas maneiras de se fazer um país crescer, com ditadura, ou sem, pela via do Estado ou dos mercados. Existem muitas maneiras de se distribuir renda, pelo emprego, ou por subsídios estatais. Todas essas modalidades podem ser analisadas economicamente, por seu custo-benefício e algumas conclusões empíricas sobre as formas mais eficientes de se conduzirem essas políticas. Enfim, mesmo a ciência aparentemente "científica" da economia está sujeita a interpretações e modalidades diversas sobre o que fazer, quanto disso ou daquilo, o que se quer exatamente como resultado (e isso é matéria a discussão).
O que não é matéria de discussão, são certos critérios morais. Por exemplo: um bandido é um bandido, e não existe nada que me possa levar a apertar a mão de um bandido, ou melhor, uma pessoa que roubou recursos públicos para seus fins particulares. Este norte moral, acima da economia dos ganhos, eu possuo. Não posso dizer o mesmo de certos membros de nossas elites políticas.

Paraguai: pequena licao de Direito de um pequeno pais aos grandes do Mercosul e da Unasul

Seria bem melhor, para todos os que tomaram decisões políticas, não ter de ler, ouvir, receber, esta pequena-grande lição de Direito (constitucional, internacional, diplomático, de direito, simplesmente), dada por um pequeno país que defende sua soberania a grandes países, cujos governos pretendem se imiscuir, indevidamente, nos assuntos internos desse pequeno país.
Quando as decisões políticas são mal formuladas, erradamente tomadas, sem qualquer fundamentação no direito, seus autores se expõem a esses riscos morais: tomar lições de boa conduta jurídica de quem tem muita coisa a ensinar...
Paulo Roberto de Almeida 



COMUNICADO DE PRENSA SOBRE DECISIÓN DEL CONSEJO DE JEFAS Y JEFES DE ESTADO Y DE GOBIERNO DE LA UNASUR

Ante la Decisión del Consejo de Jefas y Jefes de Estado y de Gobierno de la Unión de Naciones Suramericanas circulada en la noche de ayer por la Secretaría General de UNASUR, el Ministerio de Relaciones Exteriores de la República del Paraguay manifiesta cuanto sigue:

1. Que no acepta dicha Decisión, por haber sido adoptada sin observar las disposiciones del Tratado Constitutivo de la Unión de Naciones Suramericanas.

2. En efecto, en virtud del Tratado Constitutivo de UNASUR, la convocatoria a reuniones extraordinarias del Consejo de Jefas y Jefes de Estado y de Gobierno solo puede ser realizada a través de la Presidencia Pro-Tempore, que en la actualidades ejercida por la República del Paraguay. Además, la Presidencia Pro-Tempore debe preparar y presidir dichas reuniones(Artículos 6 y 7).Sin embargo, la Presidencia Pro Tempore Paraguaya en esta ocasión ha sido desconocida, y la reunión extraordinaria se convoca por un procedimiento no previsto ni autorizado en el Tratado.

3. Por otra parte, la decisión de suspender el derecho de participación a los representantes del Paraguay en la referida reunión se tomó sin sustento jurídico alguno. No existe norma vigente que autorice a excluir a un Estado Miembro, ni a sus representantes, de las reuniones de UNASUR. Por el contrario, en el Artículo 2 del Tratado Constitutivo se indica claramente que UNASUR tiene como objetivo construir, de manera participativa y consensuada, un espacio de integración y unión entre los Estados Miembros, en el marco del fortalecimiento de la soberanía e independencia de los Estados.

4. Llama la atención que el documento invoque el Protocolo Adicional al Tratado Constitutivo de UNASUR sobre Compromiso con la Democracia, habida cuenta que el mismo no está vigente para la República del Paraguay, ni para los demás Estados Miembros de UNASUR, por no reunir el número de ratificaciones necesarias para el efecto.

5. Resulta curioso, además, que el Consejo de Jefas y Jefes de Estado y de Gobierno se proponga tratar el tema de la situación política en la República del Paraguay sin dar oportunidad a que el Gobierno Paraguayo informe sobre los últimos acontecimientos, después de una semana de haberse llevado a cabo la Misión de Cancilleres y Representantes de los Estados Miembros y del Secretario General de UNASUR.

6. La Decisión circulada se ha dictado en contradicción con los principios constitutivos de UNASUR, y, en particular, no respeta la soberanía del Paraguay, descalifica –indebidamente y sin competencia para hacerlo – el funcionamiento de sus instituciones democráticas, y desatiende la decisión declarada de construir, de manera participativa y consensuada, un espacio de integración y unión entre los Estados suramericanos.

Asunción, 28 de junio de 2012

Mercosul e Unasul se suspendem do Paraguai (pior para os blocos)...

Sim, o Mercosul e depois a Unasul sairam do Paraguai, o que deve ser triste para essas entidades, já que elas estão causando um mal a si próprias.
Qualquer que seja o entendimento que se dê ao conceito de "ruptura democrática", é evidente que não ocorreu nada desse tipo no Paraguai, ainda que os puristas (mas só de uma tendência, entendem?) acreditem que o "rito sumário" também seja um conceito banido da Constituição do Paraguai, dos tratados constitutivos do Mercosul, de sua cláusula democrática, bem como dos instrumentos da Unasul.
Não sendo assim, pode-se caracterizar como "golpe" -- num sentido metafórico, mas que produziu efeitos reais -- o fato de que três mandatários do Mercosul tenham decidido afastar o quarto por telefone, sem sequer consultá-lo ou ouvi-lo, como aliás recomenda o Protocolo de Ushuaia. 
O golpe continuou com a aprovação -- que já tinha sido aprovada pelos parlamentos respectivos -- pelos mesmos três, do ingresso pleno da Venezuela num bloco, cujo depositário dos instrumentos jurídicos vem a ser o mesmo quarto membro suspenso por telefone.
Qualquer jurista diria que esse ingresso violou as normas do Mercosul, mas o que são juristas em face de poderosos doutrinadores políticos?
Creio que o Mercosul e a Unasul se diminuem a si mesmos ao perpetrarem tais inovações verbais.
Paulo Roberto de Almeida 

Unasul decide suspender Paraguai do bloco

Suspensão do país ocorreu com base no tratado constitutivo do bloco sul-americano

O Estado de S.Paulo, 29 de junho de 2012 | 21h 57
Ariel Palacios, enviado especial a Mendoza
MENDOZA - Os países da Unasul decidiram nesta sexta-feira, 29, aplicar ao Paraguai a mesma suspensão realizada pelo Mercosul. Os representantes do bloco sul-americano determinaram que o novo presidente temporário do bloco será o Peru.
Mercosul suspendeu Paraguai nesta sexta-feira - Enrique Marcarian/Reuters
Enrique Marcarian/Reuters
Mercosul suspendeu Paraguai nesta sexta-feira
A suspensão ocorreu com base no tratado constitutivo Unasul. A Unasul também aprovou a criação de uma comissão para fiscalizar o processo eleitoral paraguaio.
Mais cedo, A presidente argentina, Cristina Kirchner, anunciou que a Venezuela será incorporada plenamente ao Mercosul em 31 de julho. A cerimônia que transformará Caracas no quinto sócio pleno do bloco do Cone Sul ocorrerá com toda a pompa no Rio de Janeiro.
A entrada da Venezuela só foi possível graças à ausência temporária do Paraguai do Mercosul, já que o país estará suspenso das reuniões do bloco durante os próximos dez meses. Segundo Cristina, as sanções serão aplicadas até que o Paraguai tenha "o pleno restabelecimento da ordem democrática" e volte ao país "a soberania popular".
No dia 22, Fernando Lugo foi destituído após um processo de impeachment – rejeitado pelos países do Mercosul, que consideraram o processo uma ruptura da ordem democrática. Cristina referiu-se à destituição de Lugo por parte do Senado e sua substituição pelo vice Federico Franco como "golpe de Estado". No domingo, a chancelaria argentina anunciou a suspensão temporária do Paraguai da reunião de cúpula do bloco, em Mendoza.
"Temos de fazer neste semestre o melhor esforço para que as eleições de abril de 2013 sejam democráticas, livres e justas", disse a presidente do Brasil, Dilma Rousseff. Cristina, por seu lado, disse que os países sul-americanos precisam "continuar sustentando a legalidade e a legitimidade, de forma que não sejam permitidos ‘golpes suaves’ que, sob o verniz de legalidade, estilhaçam a institucionalidade".

O presidente dos prejuizos (nos pagamos...)

Um dia, algum economista vai fazer um balanco, estimar os prejuizos e contabilizar as perdas, diretas e indiretas, da presidencia do "nunca antes". Nunca antes no Brasil tivemos alguem capaz de produzir tantos danos em tao pouco tempo. 
Provavelmente, os maiores danos nao sao exatamente materiais: se trata do atraso mental e do fechamento da inteligencia que o iluminado provocou em tanta gente. 
Paulo Roberto de Almeida 


‘Custo Lula’ 
Carlos Alberto Sardenberg 
O Globo, 28/06/2012 


 Há menos de três anos, em 17 de setembro de 2009, o então presidente Lula apresentou-se triunfante em uma entrevista ao jornal Valor Econômico. Entre outras coisas, contou, sem meias palavras, que a Petrobrás não queria construir refinarias e ainda apresentara um plano pífio de investimentos em 2008. “Convoquei o conselho” da empresa, contou Lula. Resultado: não uma, mas quatro refinarias no plano de investimentos, além de previsões fantásticas para a produção de óleo. 
 Em 25 de junho último, a Petrobrás informa oficialmente aos investidores que, das quatro, apenas uma refinaria, Abreu e Lima, de Pernambuco, continua no plano com data para terminar. E ainda assim, com atraso, aumento de custo e sem o dinheiro e óleo da PDVSA de Chávez. Todas as metas de produção foram reduzidas. As anteriores eras “irrealistas”, disse a presidente da companhia, Graça Foster, acrescentando que faria uma revisão de processos e métodos. Entre outros equívocos, revelou que equipamentos eram comprados antes dos projetos estarem prontos e aprovados. 
 Nada se disse ainda sobre os custos disso tudo para a Petrobrás. Graça Foster informou que a refinaria de Pernambuco começará a funcionar em novembro de 2014, com 14 meses de atraso em relação à meta anterior, e custará US$ 17 bilhões, três bi a mais. Na verdade, as metas agora revistas já haviam sido alteradas. 
O equívoco é muito maior. Quando anunciada por Lula, a refinaria custaria US$ 4 bilhões e ficaria pronta antes de 2010. Como uma empresa como a Petrobrás pode cometer um erro de planejamento desse tamanho? A resposta é simples: a estatal não tinha projeto algum para isso, Lula decidiu, mandou fazer e a diretoria da estatal improvisou umas plantas. Anunciaram e os presidentes fizeram várias inaugurações. 
 O nome disso é populismo. E custo Lula. Sim, porque o resultado é um prejuízo para os acionistas da Petrobrás, do governo e do setor privado, de responsabilidade do ex-presidente e da diretoria que topou a montagem. Tem mais na conta. 
Na mesma entrevista, Lula disse que mandou o Banco do Brasil comprar o Votorantim, porque este tinha uma boa carteira de financiamento de carros usados e era preciso incentivar esse setor. O BB comprou, salvou o Votorantim e engoliu prejuízo de mais de bilhão de reais, pois a inadimplência ultrapassou todos os padrões. Ou seja, um péssimo negócio, conforme muita gente alertava. Mas como o próprio Lula explicou: “Quando fui comprar 50% do Votorantim, tive que me lixar para a especulação”. 
 Quem escapou de prejuízo maior foi a Vale. Na mesma entrevista, Lula confirmou que estava, digamos, convencendo a Vale a investir em siderúrgicas e fábricas de latas de alumínio. Quando os jornalistas comentam que a empresa talvez não topasse esses investimentos por causa do custo, Lula argumentou que a empresa privada tem seu primeiro compromisso com o nacionalismo. A Vale topou muita coisa vinda de Lula, inclusive a troca do presidente da companhia, mas se tivesse feito as siderúrgicas estaria quebrada ou perto disso. 
Idem para o alumínio, cuja produção exige muita energia elétrica, que continua a mais cara do mundo. Ou seja, não era momento, nem havia condições de fazer refinarias e siderúrgicas. Os técnicos estavam certos. Lula estava errado. As empresas privadas foram se virando, mas as estatais se curvaram. Ressalva: o BNDES, apesar das pressões de Brasília, não emprestou dinheiro para a PDVSA colocar na refinaria de Pernambuco. Ponto para seu corpo técnico. 
 Quantos outros projetos e metas do governo Lula são equivocados? As obras de transposição do rio São Francisco estão igualmente atrasadas e muito mais caras. O projeto do trem bala começou custando R$ 10 bilhões e já passa dos 35 bi. Assim como se fez a revisão dos planos da Petrobrás, é urgente uma análise de todas as demais grandes obras. 
Mas há um outro ponto, político. A presidente Dilma estava no governo Lula, em posições de mando na área da Petrobrás. Graça Foster era diretoria da estatal. Não é possível imaginar que Graça Foster tenha feito essa incrível autocrítica sem autorização de Dilma. Ora, será que as duas só tomaram consciência dos problemas agora? Ou sabiam perfeitamente dos erros então cometidos, mas tiveram que calar diante da força e do autoritarismo de Lula?
 De todo modo, o custo Lula está aparecendo mais cedo do que se imaginava. Inclusive na política.

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40 Comentários

 CLAUDIUS - 30/06/2012 às 2:35 Tá aí pessoal. Desde a sua criação o dinheiro torrado na Petrobrás daria para comprar as reservas da Arábia Saudita uma vez e meia. Desde o início ela era cabide de empregos para filhos e apaniguados de militares. Depois eles sairam, passaram a receber generosas aposentadorias pela PETROS Assumiram os compadres do PT.Virou PETROSINDICATO. Veio o delírio do ApeDELTA Lula e anunciou que o Brasil abasteceria o Mundo de álcool, biodiesel e petróleo do pré-sal. Se não fosse o Tio Sam, tão odiado e maltratado pelos petistas, não teríamos álcool, o deles feito de milho, para importar e tocar a frotoa. A Empresa anunciou que já comprou este ano 80 milhões de litros de gasolina, diesel, óleo pesado para caldeiras e lubrificantes. E para continuar com 3 anos de atraso na produção precisa de mais dinheiro que o Páis não tem. E Dilma, o triunfo da vontade de Herr Lüla, era do Conselho Consultivo da Petrobrás, atualmente petrobhosta. Adivinhem para onde se dirige o Brasil? República Socialista Bolivariana depois da febre tifóide.

 esther correa - 30/06/2012 às 2:03 Caro Augusto O aprendiz de caudilho não dá uma dentro. Quando era presidente ainda dissimulava, mas agora não dá mais. Acho que as empresas do Eike Batista são virtuais, como o pré sal de Lula. Ninguém sabe, ninguém viu.

 FM - 30/06/2012 às 0:56 O artigo de C.A. Sardenberg explica o descalabro da nossa maior estatal e demonstra como age ditatorialmente L.I.L.S. quando se trata de gastar o dinheiro que não é dele para se promover. Pelo que nos relata Sardenberg, Dona Graça Foster, técnica, e Dilma Housseff ministra, botaram a viola no saco e vestiram a camisa, calção, meias e chuteira, do governo Lula e dane-se a Petrobras e o Brasil seguindo a linha petralha, primeiro os desvarios de Lula para continuar popular. Agora Graça Fortes, que bom para o Brasil, resolveu usar a camisa de técnica por baixo da camisa da Dilma e essa sabendo que a situação já está preta e que o tempo de blindar seu antecessor já passou, afinal farinha pouca meu pirão primeiro, resolveu se calar, apenas balançando afirmativamente com a cabeça para Graça Foster, como se dissesse vai que é sua.

 Cajucy Cajuman - 30/06/2012 às 0:49 Ótimo artigo. Simples, objetivo e sem papas na língua. parabéns. jb amaral gurgel - 30/06/2012 às 0:45 Revelador e contundente o artigo do Sardemberg. Fecha o circulo. O chefe dos mensaleiros e do mensalão nao estará no banco dos reus, no Supremo.O que aconteceu na Petrobrás precisa de um inquérito de algum procurador da Italia ou da Espanha.Independente. Há uma plataforma no Rio com mais de mil petistas que não trabalham mas recebem da estatal. Todos terceirizados. Nem a CGU,TCU ou MPF conseguiram saber quantos terceirizados estão na Petrobrás. Os desmandos se espalham em volta da estatal, onde o braço da sra. Foster nao alcançou. A bandalha em estaleiros,plataformas e Transpetro envolve a cupula do PMDB.O rolo é maior do foi feito na Eletrobras e Furnas. O custo Lula é o custo Brasil.

 veiaco - 29/06/2012 às 23:39 Os investidores de Eike Batista que o digam. Sumiram, será que sabem de alguma coisa que não sabemos? Alguma estatização bem ao estilo Cristhina ou à la Chaves? Algum endurecimento político à la Che, sem perder la ternura, jamais?

 Renato - 29/06/2012 às 23:21 Taí pra todos verem. Lula é o maior enganador da história desse paíz. Quando era presidente parece que houve um lavagem cerebral de boa parte dos brasileiros. Do povo… Vá lá. Este é facilmente enganado, mas do empresariado é um verdadeiro absurdo!!!

 Adilton - 29/06/2012 às 23:21 E o patrimônio do apeDELTA, doutor em nada, pós-doutor em mentiras e família, aumentou quanto?

 LABOR - 29/06/2012 às 23:11 No âmbito social esse cara já custou muito, nas relações internacionais também. A economia não vai bem. O tempo nos trará surpresas nada agradáveis.

 Chico - 29/06/2012 às 23:03 Esse nunca me enganou. Deveria ser processado e preso por crime de lesa-pátria. 

mateus rio de janeiro - 29/06/2012 às 22:42 Uma COPA 2014 e OLIMPÍADAS 2016 para os contribuintes comunizados pelo PT pagarem, apesar da petralhada antes dos anúncios desses eventos no BRASIL terem afirmado que não haveria desvio de dinheiro público para financiar a COPA e a OLIMPÍADA. Dilmá não teve a humildade de reconhecer os erros e gasta dinheiro público sem controle em obras superfaturadas, humilhando aposentados e servidores públicos com congelamento das aposentadorias e salários, com a desculpa da crise na EUROPA para não respeitar os trabalhadores comunizados, porém gasta bilhões para receber e bajular os olhos azuis bancando o custo de eventos esportivos…

 João Filho - 29/06/2012 às 22:41 A Dillma já prevendo a demência psiquiátrica do Lulla, quer voo solo para a sua reeleição. indignada - 29/06/2012 às 22:15 O Lula conseguiu destruir o Brasil. Esse crápula é um demente e deve ser banido da vida pública. Lula está acabado junto com o Brasil. A Petrobrás foi privatizada pelos pelegos. Lula vivia dizendo que o PSDB queria privatizar a Petrobrás, o que seria melhor para o país, pior foi essa privatização do PT. Parece que o rei está nu e agora muitos que calaram quando esse crápula era presidente, hoje já começam a tecer opiniões contrárias, mostrando o quanto Lula foi nefasto para o Brasil. Dilma não é diferente de Lula, pois na época era o braço direito dele. Mas, antes tarde do que nunca, e é bom que esses jornalistas que estavam no armário começam a opinar verdadeiramente em favor do Brasil arrancando a máscara e mostrando as mentiras desse ser abjeto.

 João - 29/06/2012 às 22:04 E a nossa autossuficiência em petróleo? É também outra bravata?

 José Figueredo - 29/06/2012 às 19:53 Pois é,e a refinaria vai para os trinta bilhões e não fica pronta.El Chavito deu um nó cego e nós ficamos acarcando o chapéu.Com este dinheirão todo,dava para alugar um navio,ir buscar no oriente e abastecer todo o sul de gasolina por dez anos.

 tonhão - 29/06/2012 às 19:42 Se ufanar da Petrobras? A PIOR e a mais CARA gasolina do mundo. É isso que dá ter uma ex-favelada, um ex-torneiro mecânico e uma ex-guerrilheira dirigindo e metendo o bedelho na maior empresa brasileira.

 Zé Maria - 29/06/2012 às 19:29 Augusto, o caso é simplesmente de polícia! Eu mesmo tenho dito em toda parte onde posso e piso, no teu blog, no do Reinaldo. A passagem desse apedeuta pelo governo foi – continua sendo – um flagelo semelhante à de Átila pela Europa medieval. É caso gravíssimo que deveria ocupar o Ministério Público da União de modo a enquadrar esse facínora e sua cambada em crime de lesa pátria, de responsabidade. Trata-se de uma mega quadrilha que tomou de assalto o nosso País e conseguiu o notável feito de enquadrar-se em praticamente todos os artigos do Código Penal. No entanto, nada foi nem é feito e os facínoras estão aí soltos, livres, absolutamente confiantes na impunidade. Os estragos desses bárbaros estão por toda parte, restando pouca coisa ainda de pé. O Legislativo totalmrente anulado, submisso; o Judiciário, visivelmente de cócoras – que o digam os tourinhos e os ricardões de todas s instâncias; as outrora , atentas e ativas entidades representativas influentes, como OAB e ABI, jazem aí silentes, omissas, numa miopia muito conveniente…a situação está de vaca não reconhecer o bezerro. É assustador o desmando, o despautério, a irresponsabilidade. Sinceramente, não consigo vislumbrar uma luz no fim desse túnel.

 Santeófilo - 29/06/2012 às 19:25 Alguém pode pensar que eu sou um ressentido ou na melhor das hipóteses um sem noção. Porque digo isso? Simples: por mais que me esforce fica cada vez mais difícil ler com certo prazer e respeito esses artigos que vez ou outra aporta aqui no blog. Não!! Pelo amor de Deus o que acabei de dizer não tem nada a ver com a qualidade do texto. O artigo está bem escrito. Afinal o jornalista Sardenberg alem de competente é muitíssimo bem informado. Ocorre que isso que ele escreveu, para nós, pessoas bem informadas, não é nenhuma novidade, portanto é absolutamente inútil. Na verdade na verdade o que eu desejaria que o grande jornalista fizesse era aproveitar o tempo (2 horas) que ele dispõe diariamente na radio CBN para informar aos seus carentes ouvintes o que ele só tem coragem de dizer nos jornais. O Sardenberg é um jornalista íntegro e independente, grande Santeófilo. Gente assim é cada vez mais rara na imprensa. abração

 Luís Roberto SBO - 29/06/2012 às 18:47 Será q.ella tá querendo pular fora do barco????? …o barco que está à deriva nos últimos 10 anos….Se um ou uma pullar fora do barco o restante vem tudo atrás….háháhá….num barco q.está afundando qual bicho nojento que é 1º. à saltar fora???????

 Luís Roberto SBO - 29/06/2012 às 18:44 Nós q.pensamos, sabíamos de tudo isso. o des-governo do lulla palanqueiro foi a maior fraude do Mundo e q.está continuando com a neurônio-zero. Nunca, elles foram o meu presidente. O meu grande e enorme Presidente de um País chamado BRASIL, chama-se FHC, o resto(lulla/dilma)não passam de agentes fraudadores de dados e história.

 Nelson - 29/06/2012 às 18:39 Eu tenho a ligeira impressão que temos uma oposição “comprada”, pois as coisas estão acontecendo contra o nosso país e o que vemos é uma leniência daqueles políticos que deveriam liderar o “grito” contra as barbaridades todo dia anunciadas aos nossos olhos e ouvidos. O povo que raciocina está esperando uma reação, que seja forte, aos desmandos e incompetências jamais vistos em tempo nenhum no nosso país por este (des)governo que aí está. É muita incapacidade, muito comodismo, muita roubalheira. E a nossa esperança recai exatamente na Oposição. Vamos Oposição, grite! Seja a nossa voz! Reaja! Denuncie!

 Claudio Manoel - 29/06/2012 às 18:18 Meu caro Sardenberg, a verdadeira herança maldita, é a deixada por Lula…

 Silvio - 29/06/2012 às 17:41 Claro que sabiam. E aposto que deram apoio ao títere na época. É que agora a água subiu muito,como era de se esperar.A Petrobrás não tem dinheiro para o investimento no pré-sal, suas ações se desvalorizaram dramaticamente,a produção caiu e a importação de gasolina vem crescendo assustadoramente com forte impacto nas contas da estatal.O preço da gasolina vem sendo mantido artificialmente pelo governo, que não o quer aumentar para o consumidor com medo da inflação.Ocorre que a tábua salvadora da CIDE está no fim e o aumento para o consumidor virá logo. Dilma é tão responsável ( ou irresponsável ) como Lula. Humdia Elles Caem - 


29/06/2012 às 17:12 Lula é SADIM, o MIDAS invertido, todo ouro que toca, vira pudim 

 ana soriano - 29/06/2012 às 16:51 A Marta já rompeu. Falta falar. A Dilma se não tomar cuidado pode ser responsabilizada pela corrupção instituída. O Lula sempre foi ruim. Um irresponsável como estamos vendo pelo artigo. Mas o prejuízo é muito maior. As pessoas decentes estão desmotivadas. Esta semana quando foi aprovada a medida provisória 13/12, na qual foi embutido um artigo alheio à lei e que determinando o fim das concorrênias para as obras do PAC, vi com muita tristeza o abatimento do senador Álvaro Dias. É muito difícil tentar moralizar a política quando o maior dos custos Lula, que é o loteamento de nosso parlamento, está acabando com a ética e rifando o patrimônio da nação. O Renan Calheiro redator do projeto não teve argumentos para justificar a inclusão de emendas lesivas a nação. A oposição não pode fazer nada. Foram 46 votos contra 11. Está tudo dominado. O pior presidente que o Brasil já teve deveria ser responsabilizado por todas esses erros mencionados no artigo. A presidente Dilma é responsável por essa emenda. Estão zombando de todos nós: os que acompanham e os alienados.

 Razumikhin - 29/06/2012 às 16:20 Deixar um semianalfabeto (2 anos na escola); aprendiz de torneiro mecânico (mais 2 anos até perder o dedo e ser aposentado) e sindicalista (de porta de fábrica em dia de greve) definir o plano de investimentos de uma empresa do tamanho da Petrobrás dá nisso, ou melhor niço. Lula nunca mais.

 NENNO G. - 29/06/2012 às 15:54 Eu fico imaginando, como pode certos indivíduos, que nunca administraram um simples boteco, nunca venderam um copo de cachaça para alguem, de um dia para o ou- tro, passam a administrar o patrimonio público, que é de todos. Alguns, como o individuo em questão, não administra a propria casa, que segundos intímos da família, é feito pela mulher. Como é que estes des- preparados passam a manipular o bem público, ao seu bel-prazer e ninguem dos que o cercam, tenham a co- gem de corrigi-lo. A era lula, ficara na história do pais, como um tempo de desmando e ignorancia. Não é possivel, que ainda haja que não queira ver estas barbaridades e defenda a conduta do energúmeno.

 Alexandre Roncador - 29/06/2012 às 15:52 As eleições estão chegando, está mais do que na hora de refletir, e ele só continua dando tiro no próprio pé. Ainda tem muita podridão que virá a tona por aí e não vai demorar muito. Marcus Borelli - 29/06/2012 às 15:50 O brasileiros estão sendo enganados desde o dia 1 de Janeiro de 2003 quanto este apedeuta começou a fingir que governa alguma coisa. Ninguém governa só com saliva. É um mentiroso falastrão.

 Eduardo - 29/06/2012 às 15:27 Hoje ele levou mais uma tremenda botinada mesmo no lugar onde a Marta lhe havia dado um tiro no pé. O homem parece que vai escorregando para a lata de lixo da história mais rápido do que se imaginava mesmo!

 Antonio - 29/06/2012 às 15:17 O Brasil está acordando!!!!!!!

 Joao Jose Ribeiro Neto - 29/06/2012 às 14:59 Me espanta quando se publicam as mazelas de nossos governantes e as pessoas ficam com cara de Maria Arrependida, como se não fosse sabido que são”obras” que movimentam a corrupção e que fazem o dinheiro publico mudar para de mãos indo parar nas cuecas, malas, meias e sabe-se la onde mais não importando que estas obras nunca termimem pois enquanto durarem nossos bolsos é que vão esvasiando. O custo é Brasil mais quem paqa por ele somos nós os contribuintes. Acorda Brasil!!!

 Oliver - 29/06/2012 às 14:47 O CUSTO MULA Vamos combinar: que raio de democracia é esta que permite um celerado no poder por tantos anos sem a menor oposição ? Cadê o “corpo técnico” de nossas instituições ? Cadê as pessoas PAGAS COM O NOSSO DINHEIRO para dizer para este imbecil que as coisas tem que ser feitas de acordo com planejamento ? Que inveja do Paraguay, meus amigos. Uma a uma, as democracias dessa américa latrina vão se livrando dos seus populistas boquirrotos juntados num Foro de São Paulo, uma coisa estúpida parida por esquerdatozóides igualmente estúpidos, em busca de uma causa para lhes encher as cuecas de grana alheia. Mas a que preço ? O texto brilhante e oportuno de Sardenberg é a lápide do resultado de todos estes anos de falatório, pré-sais, etanóis, marolinhas, auto suficiências, democracia em excesso e mordidas na canela de um idiota que já mereceu ser impeachado sem dó nem piedade. Que sociedade abanando o rabinho emerge dessa sem cerimônia com o nosso dinheiro, de todas as claques políticas ? De todos os poderes ? Mancomunados com a causa do dinheiro fácil, sem dono, sangrando a nação com a esmola farta distribuída a fundo perdido pelo curral eleitoral mais desavergonhado que está banânia já pariu latindo. O custo do vigarista não é só dele; é o custo de um bando de vagabundos aboletados em cargos onde não trabalham, não merecem estar, estão lá por missão, não por vocação e agem como aviõezinhos da quadrilha, na porteira dos desvios de grana que atordoam os honestos que ainda nos restam. Minha única esperança é saber que ainda teremos uma país inteiro para reconstruir, depois que essa gangue for apeada do poder. O problema, no entanto, continua sendo o excesso da política nas áreas eminentemente técnicas. Políticos aparentemente bons administradores se convencem de soluções picaretas, cuja única intenção é causar polêmica e alavancar reputações pelo lado torto da administração séria e honesta de nossas instituições. Vão derrubando tabuletas, exterminando sacolinhas plásticas, criando controlares e regorgitando asfalto pelas vias públicas, para ficarmos eternamente dependentes de milhares de engenheirinhos e tecnocratas encostados nas tetonas públicas, mamando fácil em nossos bolsos combalidos. Mérito, meus amigos. Onde está o mérito ? O capitalismo, ao menos, enriquece quem trabalha. Já este socialismo chinfrim, capitalista do capital alheio e adminstrador da conversa mole e do trabalho pouco, vai se instalando placidamente em nosso berço esplêndido, dividindo um bolo que nem assado foi. Estão fugindo com a farinha !!!

 glaucia dias - 29/06/2012 às 14:37 É uma pena que esperam tamanho prejuízo para poder mudar a rota, devido ao popululismo.

 antonio - 29/06/2012 às 14:22 Lula, deveria ir para a Cadeia, pois isto se chama irresponsabilidade fiscal, e apropriacao indebita.LULA CANALHA.

 Luiz - 29/06/2012 às 14:21 A quem esse Lobão quer enganar HEIN? Os acionistas ou ao povão que vota no apeDELTA? Vão dar uma tremenda prensa na Graça Forte e obrigar ela aparecer em cadeia nacional afirmando que não e nada disso e que ela e uma mentirosa desde pequenina nééé. O PT e isso ai… Se vacilar a VALE também vai pro brejo. Por Mônica Bergamo – A DIRCEUSISTA JURAMENTADA Lobão diz que declarações da presidente da Petrobrás não foram entendidas. http://bandnewsfm.band.com.br/Colunista.aspx?COD=82&Tipo=Poder,%20cotidiano,%20moda%20e%20celebridades

 Kenia - 29/06/2012 às 14:09 Agusto, um dos melhores textos que já li no sei blog foi um que comparava JK a Lula. Você já escreveu algum que compara Lula e FHC? Estou farta de ouvir de gente ignorante com tendencias esquerdoides mal resolvidas dizer que Lula fez muito pelos pobres (populismo barato) enquanto sabemos que só colheu os frutos do plano Real. Abraços Cara Kenia, há inúmeros posts que comparam Lula a FHC, entre eles, este é ótimo: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/fhc-merece-adversarios-menos-bocais-e-aliados-mais-corajosos/. Um abraço, Júlia Rodrigues.

 Antonio Carlos Roos - 29/06/2012 às 13:45 Lulla !! A maior enganação de todos os tempos!!

 MarceloF - 29/06/2012 às 13:05 Vai ver a bichinha palanqueira está dando um aviso para o chefe intrometido. Não dá em nada. O povão não quer nem saber o que é déficit orçamentário, lucros cessantes ou coisa que o valha. Os acionistas minoritários deveriam processar a Petrobras pelos desmandos da gestão anterior, incluindo a responsabilidade dos seus ex-diretores. Aliás o BNDES só não bancou a PDVSA pq. esta não apresentou as garantias solicitadas. Sds., de MarceloF.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Mercosul: fim de uma aventura bizarra - Alto Representante renuncia

Realmente bizarra essa aventura institucional, tomada num sentido totalmente direcionado, a ponto de não sabermos se ele era Alto Representante, ou Auto-Representante.
O lado orçamentário, certamente extravagante, era o menos bizarro de todos, já que governos soberanos -- e o nosso era um -- têm o direito de gastar inutilmente com inutilidades caras (ainda que a legitimidade disso era altamente questionável).
Os aspectos certamente mais controversos estavam mesmo localizados na ampla agenda do Auto-Representante, uma espécie de "chanceler" do bloco, que na verdade, em lugar de defender seus princípios constitutivos, estava querendo enfiar à força no Mercosul, outros países, em total descumprimento das regras elementares de política comercial do bloco.
Já vai tarde, o que nunca deveria ter sido criado.
Uma aventura patética, para ser mais exato.
Paulo Roberto de Almeida 



Diplomata brasileiro renuncia a alto cargo no Mercosul
quinta-feira, 28 de junho de 2012 14:23 BRT 
MENDOZA, Argentina, 28 Jun (Reuters) - O diplomata brasileiro Samuel Pinheiro Guimarães renunciou nesta quinta-feira ao cargo de Alto Representante do Mercosul, durante a reunião com chanceleres do bloco.
O brasileiro alegou falta de apoio aos projetos apresentados por ele, segundo relataram à Reuters fontes presentes ao encontro.
Logo após ouvirem Guimarães, os chanceleres do Uruguai e da Argentina se disseram surpresos com a renúncia. Os representantes brasileiros não souberam informar se o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, foi previamente informado.
A renúncia ocorreu durante a reunião do Conselho do Mercado Comum do Mercosul.
Os chefes de Estado do bloco se reúnem nesta semana na cidade argentina de Mendoza em meio à crise com o Paraguai, deflagrada pelo impeachment do então presidente do país, Fernando Lugo.
A destituição de Lugo foi condenado pelos países da região, que consideraram que o ex-mandatário não teve garantido amplo direito de defesa.
A representação paraguaia foi suspenso pelo bloco da reunião de cúpula de Mendoza.
A presidente Dilma Rousseff embarca nesta quinta-feira para a reunião do Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
(Reportagem de Ana Flor)

Mercosul: 3 + 1 = 5 (por incrivel que pareca...)

Pois é, a matemática do Mercosul anda um pouco desarranjada.
Aliás, não só a matemática.
A Venezuela, por exemplo, começou batendo a porta da Comunidade Andina de Nações e pedindo ingresso no Mercosul; como ela não cumpria (e aparentemente não pretendia cumprir) os requisitos de acesso, se inventou um estatuto bizarro: pelo protocolo de acesso, de 2006, ela foi definida como "membro pleno em processo de acessão", figura jurídica que não figura em nenhum artigo do Tratado de Assunção, nem nos anais da diplomacia conhecida nos últimos dez mil anos.
Mesmo tendo todo o tempo de mundo (e mais um pouco), para cumprir os requisitos de acesso, a Venezuela não conseguiu incorporar a Tarifa Externa Comum e as demais normas mercosulianas de política comercial, ou seja, o "membro pleno" não tinha passado sequer pelo vestibular do Mercosul.
Ainda assim, e descurando por completo a inadimplência venezuelana, três membros, menos o Paraguai (depositário dos acordos do bloco), aprovaram seu ingresso, demonstrando pouco respeito pelas normas que eles próprios estabeleceram para vigorar plenamente (e supostamente válidas para eles também).
Não contentes, decidiram pressionar o parlamento paraguaio para que este  também aprove esse ingresso irregular (e não estou falando de democracia, obviamente, mas na Venezuela).
Agora, tendo "suspendido" o Paraguai irregularmente, por telefone, os mesmos três querem fazer a Venezuela entrar pela porta dos fundos e se instalar na sala, sem atentar para a nova irregularidade, que significa a ratificação expressa e explícita de todos os membros, como estabelecido no TA. E cabe justamente ao Paraguai comunicar aos demais membros que todos os trâmites foram cumpridos e que a decisão entra em vigor.
Ou seja, o Mercosul não padece só de lacunas institucionais; ele padece de violações deliberadas de seu ordenamento jurídico.
Um diplomata brasileiro não identificado diz o seguinte: "As normas são meio ambíguas. Tudo depende da interpretação jurídica." Uma ova; as normas são claras; basta ler o TA para constatar esse regra simples.
Quem são os fora-da-lei?
Paulo Roberto de Almeida 


Mercosul quer aproveitar ausência do Paraguai para incorporar a Venezuela

Por Tânia Monteiro e Ariel Palacios
O Estado de S.Paulo, 28/06/2012

Brasil, Argentina e Uruguai articulavam ontem, no primeiro dia de reunião técnica do Mercosul em Mendoza, a punição do quarto membro-fundador do bloco do Cone Sul, o Paraguai, e uma oportuna manobra para incluir a Venezuela como sócia plena do organismo. A punição aos paraguaios - último entrave para o ingresso de Caracas no Mercosul - deriva do processo de impeachment que destituiu, na semana passada, o então presidente Fernando Lugo.
Amanhã, a presidente brasileira, Dilma Rousseff, a argentina, Cristina Kirchner, e o uruguaio, José Mujica, tendem a decidir num café da manhã no Hotel Intercontinental de Mendoza o futuro do Paraguai - que está suspenso das reuniões do bloco desde o fim de semana - no Mercosul. Na avaliação dos três países, a destituição de Lugo e a posse de seu vice, Federico Franco, não deu ao primeiro tempo suficiente para que se defendesse de várias acusações, incluindo a de “má gestão”.
Sem o obstáculo de Assunção, cujo Senado era o único que vinha obstruindo a entrada da Venezuela no Mercosul - solicitada por Hugo Chávez em 2004 -, Caracas deve ganhar sinal verde para o ingresso.
“A Venezuela poderia entrar como membro pleno. É uma possibilidade. As normas são meio ambíguas. Tudo depende da interpretação jurídica. Mas isso tudo será definido na reunião trilateral”, explicou uma fonte diplomática ao Estado. Segundo vários diplomatas, quando a suspensão do Paraguai for levantada, após a eleição prevista para abril de 2013, a entrada da Venezuela será um fato consumado.
A Argentina é o país que mais defende que o bloco tome esta atitude agora. Nas conversas preliminares, o entendimento é que este “é o momento mais apropriado” para se tomar tal decisão. A medida criaria um constrangimento político ao Paraguai, já que o Congresso paraguaio é contrário à entrada da Venezuela no bloco.
Em contrapartida, Dilma, Cristina e Mujica, indicaram ao Estado fontes dos países envolvidos, devem aplicar “punições brandas” ao Paraguai. A carta de fundação do Mercosul prevê sanções a países-membros que rompam a ordem democrática. Assunção se defende afirmando que o rito do processo de impeachment - que no caso de Lugo não passou de 30 horas - é definido, segundo a Constituição, pelo Senado.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Uma educacao mediocre vai ter mais dinheiro para continuar mediocre...

A única consequência dessa aprovação de 10% do PIB para gastos com educação no Brasil -- um índice que poucos países no mundo, talvez nenhum, exibem -- é que a má educação terá um pouco-bastante mais dinheiro, praticamente o dobro do que se gasta hoje, para continuar uma má educação.
Não existe nenhuma chance de que ela venha a melhorar apenas pela destinação de mais recursos para o setor.
Os que assim pensam estão querendo nos enganar ou se enganam a si próprios. Ou melhor: os militantes da causa estão pensando em primeiro lugar em seu próprio bolso, para ganhar mais para que a educação não mude em seus fundamentos.
A educação, com mais ou menos dinheiro (e provavelmente nem se chegará a 7% do PIB, o que já é enorme), continuará medíocre, dominada por esse monstro metafísico que se chama MEC, um dinossauro de outras eras, repleto de saúvas freireanas.
Digo claramente: sou contra. Pode-se fazer melhor com o mesmo volume de dinheiro que hoje. Basta reformar as bases em que funcionam os sistemas de ensino no Brasil.
Mas essa é uma longa discussão. E não vai acontecer nada...



Câmara aprova 10% do PIB para a Educação

Comissão especial concluiu a votação do Plano Nacional de Educação (PNE). Se não houver recurso, texto seguirá diretamente para o Senado. Mercadante declara que meta será difícil de ser executada.
Em uma sala lotada de estudantes e de representantes de movimentos sociais, a comissão especial do Plano Nacional de Educação (PNE - PL 8035/10) aprovou a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do País em políticas do setor em até dez anos. O índice vinha sendo reivindicado por deputados da oposição e parte da base aliada do governo, além de representantes de entidades da sociedade civil.

Hoje, União, estados e municípios aplicam juntos cerca de 5% do PIB na área. Na proposta original do Executivo, a previsão era de investimento de 7% do PIB em educação. O índice foi sendo ampliado gradualmente pelo relator, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), que chegou a sugerir a aplicação de 8% em seu último relatório.

Um acordo feito nesta terça-feira (26) entre governo e oposição garantiu o apoio do relator aos 10%. Pelo texto aprovado, o governo se compromete a investir pelo menos 7% do PIB na área nos primeiros cinco anos de vigência do plano e 10% ao final de dez anos. A proposta segue agora para o Senado.

Flexibilidade - Oito destaques apresentados ao relatório de Vanhoni sugeriam mudanças na meta de investimento em educação. Pelo acordo, apenas a meta de 7% em cinco anos e 10% em dez anos foi colocada em votação. Autor do destaque aprovado, o deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) acredita que essa alternativa teve apoio do governo porque oferece flexibilidade na gestão orçamentária. Isso porque outras propostas previam metas intermediárias ano a ano.

Para o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, a aprovação dos 10% é resultado da pressão de entidades ligadas ao setor: "São dois fatores primordiais que garantiram que esse acordo fosse consagrado: o trabalho técnico de diversas instituições, que mostraram a necessidade dos 10%, e a mobilização popular".

Apesar de ter votado pelos 10%, Vanhoni voltou a afirmar que os 8% seriam suficientes para uma "melhoria significativa da educação no País". "Esse valor já daria conta dos grandes desafios da educação hoje, que são a incorporação das pessoas que estão fora do sistema e a melhoria da qualidade do ensino. Contudo, não compete ao relator ir de encontro a 99% da comissão especial", avaliou.

Difícil - O Ministério da Educação (MEC) divulgou nota informando que irá estudar as repercussões da proposta. De acordo com o texto, o ministro Aloizio Mercadante avaliou que o aumento do investimento será uma "tarefa política difícil de ser executada".

A pasta informou que vai estudar as implicações financeiras da proposta aprovada ontem e que aguarda a tramitação no Senado. De acordo com o MEC, ampliar os investimentos para 10% do PIB "equivale, na prática, ao longo da década, a dobrar em termos reais os recursos para a Educação nos orçamentos das prefeituras, dos governos estaduais e do governo federal".

"Em termos de governo federal equivale a colocar um MEC dentro do MEC, ou seja, tirar R$ 85 bilhões de outros ministérios para a Educação", disse Mercadante, segundo o texto divulgado pelo ministério.

Sanção - A proposta do PNE não prevê sanção no caso de descumprimento da meta estabelecida. Para o presidente da comissão especial, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), "não há razão para se desconfiar, em princípio, da não efetivação das metas". "Um instrumento legal que cria uma referência de valores deve ser acompanhado e nós, aqui no Congresso, vamos fiscalizar a sua execução periodicamente."

O deputado Paulo Rubem Santiago afirmou que o cumprimento dos 10% ainda depende, além da aprovação no Senado, da pressão de movimentos sociais. "É preciso ter em vista que o Orçamento no Brasil é autorizativo. A efetivação dessas verbas ainda depende de mobilização ao longo dos próximos dez anos", alertou o deputado.

Destaques - Outro destaque aprovado nesta terça-feira foi a antecipação da meta de equiparação do salário dos professores ao rendimento dos profissionais de escolaridade equivalente. O relatório de Vanhoni previa o cumprimento dessa meta até o final da vigência do plano. O destaque aprovado, por sua vez, estabelece a equiparação até o final do sexto ano do PNE.

"Temos de evitar o abandono das salas de aulas por profissionais competentes. Uma remuneração justa para o magistério é condição básica para a melhoria do ensino", justificou o deputado Biffi (PT-MS), um dos autores do destaque. "É notório como os salários da rede pública de educação estão defasados. Os professores têm hoje a profissão mais desvalorizada do País", disse a deputada Fátima Bezerra (PT-RN), que também sugeriu a mudança.

A comissão especial aprovou ainda o prazo de um ano após a sanção do PNE para a aprovação da Lei de Responsabilidade Educacional. O projeto, que já está em tramitação na Câmara (7420/06), estabelece responsabilidades de gestores públicos na melhoria da qualidade do ensino. Ambos os destaques aprovados receberam o apoio de Vanhoni.

Rejeitados - Outros destaques colocados em votação, no entanto, foram rejeitados. Uma sugestão do PSDB antecipava do terceiro para o primeiro ano do ensino fundamental o prazo para a alfabetização dos estudantes. Já um destaque do PDT estabelecia um sistema nacional de gestão democrática, com a realização periódica de conferências e a criação e conselhos para avaliação das políticas do setor.

Outras propostas rejeitadas estabeleciam regras claras sobre as responsabilidades de cada ente federado na aplicação de verbas em educação. A autora de uma das propostas, deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), argumentou que a União investe apenas 20% do total que é aplicado em educação no País. O restante fica a cargo dos estados e dos municípios. Para a deputada, a União deveria arcar com pelo menos 30% do valor global.

A divisão prévia de responsabilidades também foi defendida pelo deputado Ivan Valente (Psol-SP), que criticou a rejeição dos destaques. "Para atingir os 10% do PIB, a União tem de se comprometer mais, já que ela detém 70% da arrecadação fiscal do País", argumentou.

(Informações da Agência Câmara e Agência Brasil)