O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Putin reclama dos ocidentais por problemas que ele mesmo criou - BRICS

 Putin pede ajuda dos Brics para superar sanções de EUA e Europa


Presidente russo tenta compensar isolamento com aproximação do bloco formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul

Estadão, 23/06/2022 | 05h00

KIEV - O presidente russo, Vladimir Putin, pediu ajuda dos Brics – grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – nesta quarta-feira, 22, para superar as sanções ocidentais contra a economia russa decretadas em razão do conflito ucraniano. Em discurso gravado, Putin defendeu uma maior aproximação dos países do bloco.

“Nossos empresários estão sendo obrigados a desenvolver suas atividades em condições difíceis, já que os aliados ocidentais omitem os princípios de base da economia de mercado, do livre-comércio”, disse no fórum econômico do Brics, na véspera da cúpula virtual do bloco. “A aplicação permanente de novas sanções por motivos políticos contradiz o bom senso e a lógica econômica elementar.”

Segundo Putin, a Rússia pretende redirecionar seus fluxos comerciais e contatos econômicos para parceiros internacionais confiáveis, especialmente os países do Brics. Ele afirmou que empresas russas de TI estão expandindo suas atividades na Índia e na África do Sul e satélites russos já fornecem transmissões de TV para 40 milhões de pessoas no Brasil.

“Negociações estão em andamento para abrir lojas de redes indianas na Rússia e aumentar a participação de carros chineses no mercado russo”, afirmou Putin.

O presidente da China, Xi Jinping, comprou a ideia de Putin e criticou as sanções internacionais – embora sem citar diretamente os EUA. “Politizar e instrumentalizar a economia mundial, usando uma posição dominante no sistema financeiro global para impor sanções de forma desenfreada, apenas prejudica os outros, espalhando sofrimento às pessoas pelo mundo”, disse Xi.

Já o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que não chegou a mencionar a guerra na Ucrânia, saudou a abertura no Brasil do escritório nacional do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), o banco dos Brics, que permitirá a ampliação da atuação dos países do bloco no Brasil.

O termo “Bric” foi cunhado por Jim O’Neill, então chefe da equipe de economistas do banco Goldman Sachs, para indicar os mercados emergentes de Brasil, Rússia, Índia e China – mais tarde, em 2010, a África do Sul foi convidada para engrossar o bloco. A aliança sempre teve um caráter mais político que econômico.

Em razão do caráter de suas economias, muitas vezes concorrentes, nunca houve uma intenção declarada de integração ou de assinatura de um acordo de livre-comércio. O NDB, por exemplo, citado por Bolsonaro, foi fundado em 2014 e vem ganhando corpo a passos de tartaruga. Agora, com a guerra na Ucrânia, a Rússia parece disposta a patrocinar uma aproximação entre os cinco países.

Na guerra, Rússia avança sobre Luhansk
Se o esforço de Putin parece ter conquistado aliados externos, ele também obteve ontem avanços no campo de batalha. As forças russas estão cada vez mais perto de conquistar o último foco de resistência ucraniana na região de Luhansk.

As cidades de Sevierodonetsk e Lisichansk foram alvo de intensos bombardeios russos. O governador de Luhansk, Serhi Haidai, disse que os russas atacaram prédios da polícia, das forças de segurança do Estado e do Judiciário. Caso domine a área, a Rússia teria controle quase total da região industrial de Donbas, no leste da Ucrânia – um dos objetivos declarados de Putin.

A Ucrânia, no entanto, não parece aceitar passivamente o avanço da Rússia. Imagens divulgadas pelos russos nesta quarta-feira, 22, mostraram um drone ucraniano se lançando contra uma refinaria de petróleo dentro das fronteiras da Rússia.

O vídeo compartilhado nas mídias sociais mostrou o veículo aéreo não tripulado colidindo com a refinaria de petróleo de Novoshakhtinsk, na região de Rostov, no que seria uma falha constrangedora dos sistemas de defesa aérea da Rússia.

Vasili Golubev, governador da região russa de Rostov, confirmou o ataque, escrevendo que fragmentos de dois drones foram encontrados nos arredores da refinaria de petróleo de Novoshakhtinsk, que pegou fogo. A Ucrânia vem usando drones na guerra, mas nunca reivindicou responsabilidade pelos ataques.

Tensões no Mar Báltico
Em um sinal de que a guerra vem ampliando a tensão no Báltico, o chefe das Forças Armadas da Finlândia, o general Timo Kivinen, disse nesta quarta-feira que seu país está preparado para um ataque russo e oferecerá forte resistência caso ocorra. “Estamos motivados para lutar e construímos um arsenal substancial”, disse Kivinen.

As declarações foram dadas na esteira das tensões entre Rússia e Lituânia, que proibiu o trânsito de certas mercadorias russas para o exclave de Kaliningrado. Ontem, Moscou voltou a ameaçar retaliar o governo lituano. O Kremlin disse que a resposta será no campo diplomático, mas avassaladora. / AP, AFP, REUTERS e NYT

https://www.estadao.com.br/internacional/putin-pede-ajuda-dos-brics-para-superar-sancoes-de-eua-e-europa/

Clássico do pensamento chinês ganha tradução inédita em idioma ocidental - tradução de Giorgio Sinedino

Giorgio Sinedino foi meu aluno no programa de Mestrado em Diplomacia do Instituto Rio Branco.

Clássico do pensamento chinês ganha tradução inédita
 em idioma ocidental

UNESP, Ano 7 | Nº 312 | 23/06/2022

Um dos principais textos do pensamento e da literatura chineses – e que não só continua a intrigar e inspirar leitores sinófonos em nossos tempos, mas também é uma das principais “pontes” para que leitores de outros idiomas possam se aproximar do que nos foi legado pela China Antiga – vem a lume, pela primeira vez em um idioma ocidental, o livro O imortal do Sul da China: uma leitura cultural do Zhuangzi, lançamento da Editora Unesp com apoio do Instituto Confúcio na Unesp. A tradução e os comentários ficam a cargo do pesquisador Giorgio Sinedino, que também assina as traduções de Os Analectos e de Dao De Jing.


 






Lithuanian President Gitanas Nauseda: Now is the time to make NATO even stronger (WP)

Opinion

Lithuanian President Gitanas Nauseda: Now is the time to make NATO even stronger

Finnish soldiers perform war simulation exercises during NATO military drills on June 11 in Varmdo, Sweden. (Jonas Gratzer/Getty Images)

Gitanas Nauseda is the president of Lithuania.

“Never again” was the oath most widely pledged after the end of World War II. Yet for more than 100 days now, Russia’s brutal war of aggression has been raging in Ukraine. The war has fundamentally challenged the security architecture of the West. NATO’s initial response was admirable. But now we must go further — by making urgently needed adjustments to the alliance and its structure. NATO must adapt to a radically changed security environment.

Russia has been publicly challenging the West for at least the past 15 years. It has tried to gain the upper hand through aggressive action, first in Georgia in 2008, then in Ukrainian Crimea and Donbas in 2014. Despite all this, some Western countries have continued business as usual with Moscow, some even expanding their cooperation. For decades, the West has failed to understand what Russian President Vladimir Putin’s regime is about — namely expansionism, revisionism, violence, rule by fear and coercion. Russia is not interested in creation or cooperation, but rather in destruction and rule by force.

Feb. 24, 2022, was the day when the rose-tinted glasses fell off. Now the countries of the West have imposed stringent sanctions on Russia and are delivering heavy weapons to Ukraine. Europe has started moving toward energy independence from Russia. It might seem as though a lot has been done, but this is not enough to stop the war in Ukraine. And are we really doing enough to stop Putin from continuing his aggression elsewhere?

The time has come to understand that Russia cannot be stopped by persuasion, cooperation, appeasement or concessions. Russia takes such gestures as a sign of weakness, as permission to expand and intensify its onslaught. When Putin hears Western leaders talk about the need to negotiate, the need for a cease-firethe need to avoid “humiliating” Russia, he is only encouraged to increase his gamble for world conquest. Recently Putin even compared himself to Peter the Great and openly declared his determination to take back lands previously occupied by the Russian Empire. Such rhetoric clearly demonstrates his contempt for one of the most fundamental pillars of the rules-based international order: the principles of sovereignty and territorial integrity.

Putin is clear in his desire to subvert Western values, cut the links between North America and Europe, and subdue Europe to Russia’s will. He knows that he can achieve these aims by confronting NATO. We can prevent this from happening by ensuring that the transatlantic community has a clear plan for defense. We are at a crucial moment in history, one where we must show decisiveness and determination. The NATO summit scheduled to start on June 29 in Madrid will be our chance to do so.

First, we must clearly define Russia as an explicit long-term threat to the entire Euro-Atlantic area. NATO policies must be adjusted accordingly. There is no place for passive hesitation and appeasement.

Second, we must scale up our defenses. We can no longer place our faith in the policy of tentative reinforcement. We need to make sure that NATO has no weaknesses. It is crucial that no potential adversary should be tempted to attack the alliance. The three Baltic states are already on the front line if Putin decides to test NATO’s boundaries, strength and commitment. In this situation, there is no credible alternative for NATO but to invest more in the defense of the Baltic countries. We must quickly move to modern forward defense by upgrading NATO’s battalion-scale enhanced forward presence to brigade level and by building regional air-defense capabilities. This would send the strongest signal yet to Russia that it will not be allowed to set the parameters for the security of NATO’s eastern flank. Failure to do so would invite further trouble.

Third, we must make sure Ukraine wins. We must provide every form of support to Ukraine, including (and most especially) heavy weapons, quickly and in significant quantities. Time and numbers matter in this war. We must understand that every centimeter of Ukrainian land occupied by Putin’s forces brings Russian terror closer to our door. We must understand that this war is about the world we and our children are going to live in. Values cannot defend themselves. If left undefended, they will perish, and democracy will be replaced by authoritarianism. We need to choose between succumbing or standing up for our values. We need to choose Ukraine.

And finally, NATO’s “open door policy” must be officially maintained as the most effective tool in expanding security and providing peace for millions of Europeans. We should wholeheartedly welcome Sweden and Finland into the alliance. This decision will have a wide-ranging positive impact on the Baltic region and NATO as a whole.

To be truly safe and stable, Europe must be whole and free, united in peace, democracy and prosperity. For this future to become a reality, the success of NATO as the backbone of collective defense spanning the whole transatlantic area is crucial.

This also means that the alliance will have to reinvent itself. Only by being more proactive, investing more in our indivisible security and making it more difficult for adversaries to wreak havoc can we hope to achieve the return of a lasting peace in Europe.

Entrada na OCDE ajudará a destravar acordo Mercosul-UE, diz chanceler

Entrada na OCDE ajudará a destravar acordo Mercosul-UE, diz chanceler

País está empenhado em aderir às práticas necessárias para o acordo

EBC, 23/06/2022 - 08:31 Por Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil - Brasília

A entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ajudará a destravar a ratificação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), disse o chanceler Carlos França. Em entrevista exclusiva à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o ministro das Relações Exteriores afirmou que a análise do “roteiro de acessão” (plano de adesão) do Brasil à OCDE deverá durar dois ou três anos, mas assegurou que o governo brasileiro está trabalhando para acelerar o processo e antecipar esse prazo.

“Sem dúvida que, o Brasil passando a ter assento na OCDE, que congrega embaixadores da maioria dos países da União Europeia, passaremos a ter um diálogo privilegiado com esses países. Esse sim, é um fator facilitador para que possamos transmitir a esses países a visão brasileira sobre todos esses assuntos que temos aqui: meio ambiente, produtividade, inclusão social e governança pública e privada”, declarou o ministro durante o evento Semana Brasil-OCDE, que ocorre até sexta-feira (24) em Brasília.

Aprovado em 2019, após 20 anos de negociações, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos dois blocos para entrar em vigor. No entanto, diversos países europeus suspenderam a aprovação do acordo, o que exigirá negociações adicionais.

Adesão
Em relação ao processo de adesão à OCDE, o chanceler explicou que o “roteiro de acessão” recebido pelo Brasil no último dia 10, em Paris, funciona como um mapa do caminho com as políticas necessárias para que determinado país faça parte do grupo. Até o fim do ano, afirmou França, o país enviará um memorando inicial, quando o pedido de adesão será formalizado.

Segundo o chanceler, o Brasil leva vantagem porque, dos 257 instrumentos normativos da OCDE, o país aderiu a 112. Para entrar no grupo, que reúne as economias mais industrializadas do planeta, mas tem se expandido nos últimos anos, é exigida a adesão a pelo menos 229 instrumentos legais. “O Brasil é o país que historicamente aderiu ao maior número de instrumentos antes mesmo do processo de acessão”, destacou.

O ministro ressaltou que um dos indícios de que a OCDE terá boa vontade para acelerar o processo de adesão é que os comitês temáticos que examinarão o plano brasileiro trabalharão paralelamente, sem a necessidade de esperar um comitê encerrar as atividades para iniciar outro. Há a previsão da montagem de pelo menos quatro comitês temáticos: tributação, meio ambiente, direitos humanos, governança (pública e privada) e produtividade.

Compromissos
De acordo com Carlos França, o governo brasileiro está empenhado com as diretrizes básicas da OCDE. Os eixos, enumerou, são os seguintes: melhores práticas de governança pública, maior transparência, luta contra a corrupção e criação de um melhor ambiente de negócios (facilitação aduaneira e desburocratização do comércio exterior, do recolhimento de impostos, da abertura de negócios e da organização interna de empresas).

“O caminho para a modernidade, para trazer mais investimentos ao Brasil, demanda justamente a acessão a esses princípios. São princípios que eu entendo que a sociedade brasileira quer. Nós pensamos que essa é uma política de Estado”, comentou Carlos França. Ele lembrou que, desde 2015, o Brasil é parceiro-chave da OCDE e está atento às diretrizes da organização internacional.

Nos próximos meses, explicou o chanceler, o governo pretende discutir a adesão aos instrumentos legais que ainda faltam com o Congresso Nacional, com instituições empresariais, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e com a sociedade. O ministro diz ter se reunido com deputados e senadores e recebido a indicação de que o Congresso está disposto a acelerar as votações necessárias.

América Latina
França concedeu entrevista à EBC após a transferência da copresidência do Programa Regional da OCDE para a América Latina e o Caribe, projeto de aproximação da OCDE com os países do continente. Após três anos copresidido pelo Brasil e pelo México, o programa passou a ser comandado pela Colômbia e pelo Paraguai.

Segundo o chanceler, o Brasil e o México trabalharam em três pilares fundamentais do programa regional da OCDE: produtividade, inclusão social e governança. Ao longo da gestão foi incluído um quarto pilar, da proteção ambiental. Por meio do programa regional, a OCDE e os países latino-americanos e caribenhos discutem políticas públicas para o continente.

“Esse programa [regional] nos permite, tendo um contato maior com a OCDE, conhecer quais são os objetivos dessa organização, seus padrões mais elevados e entender as diretrizes que eles estabelecem. Não apenas no processo de acessão, mas muito antes dele”, explicou o ministro.

Desafios
Presente à troca de comando, o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, disse que a América Latina enfrenta uma série de desafios impostos pela pandemia de covid-19 e pela guerra entre Rússia e Ucrânia. “As economias do planeta, incluindo a América Latina, estavam se recuperando relativamente forte, relativamente rápido [da pandemia]. Agora, o mundo convive com a guerra na Ucrânia, que está reduzindo o crescimento global e aumentando a inflação”, declarou.

Para Cormann, a América Latina e o Caribe têm desafios de longa data, que exigem reformas estruturais, aos quais se acrescentaram diversos problemas nos últimos anos. “Devemos fornecer respostas à mudança climática. Temos a aspiração de otimizar os benefícios e as oportunidades da transformação digital nas nossas economias e sociedades. Precisamos ainda perseguir a expansão sustentável do comércio global dentro de um sistema internacional de comércio plenamente operacional”, acrescentou.

A OCDE tem 38 membros, dos quais quatro são latino-americanos: México, Chile, Colômbia, e Costa Rica. O Brasil e Peru foram convidados no início do ano e estão discutindo o plano de adesão, com o “roteiro de acessão” aprovado junto com o de outros três países europeus: Bulgária, Croácia e Romênia. A Argentina foi convidada em 2019, mas ainda está na fase de diálogos.

Edição: Pedro Ivo de Oliveira

https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-06/entrada-na-ocde-ajudara-destravar-acordo-mercosul-ue-diz-chanceler#

ADB busca ex-ministros do STF para entrar com ADIN contra PEC 34 - Guilherme Waltenberg (Poder 360)

ADB busca ex-ministros do STF para entrar com ADIN contra PEC 34 

GUILHERME WALTENBERG 
Poder 360, 23.jun.2022

Diplomatas dizem que proposta que permite a políticos assumirem embaixadas sem a perda de mandato fragiliza separação dos poderes

A PEC 34, que permite a políticos serem embaixadores sem a perda de mandato está avançando no Senado com o patrocínio do expresidente da Casa Davi Alcolumbre (UB-AP). Foi marcada para o próximo dia 5 de julho a 1ª audiência sobre o tema. E os diplomatas já estão mobilizados para barrarem a proposta.

Atualmente, caso queiram assumir uma embaixada, políticos precisam necessariamente abandonar o cargo para o qual foram eleitos. Se as novas regras forem aprovadas, poderão ir para outro país e, ao retornar ao Brasil, terem os seus cargos de volta.

A presidente da ADB (Associação dos Diplomatas Brasileiros), embaixadora Maria Celina de Azevedo Rodrigues diz que a entidade já está em contato com ex-ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) para terem pareceres mostrando o que chama de inconstitucionalidade do projeto.

“Estamos preparando uma ADI [Ação Direta de Inconstitucionalidade] contra essa proposta. Ela fere a separação dos poderes“ , disse ao Poder360.

Ao lado de outros diplomatas, Maria Celina elencou 4 pontos que eles consideram preocupantes da PEC. São eles:

-Fere a separação de poderes;
-Cargo de embaixador pode virar objeto de
-barganha política;
-Municipalização da política externa;
-Falta de formação adequada para o cargo.

Alcolumbre é presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e, desde a escolha do ex-senador Antonio Anastasia para o cargo de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) ele tem articulado a proposta.

Inicialmente, a ideia é que ela servisse de prêmio de consolação para os senadores que não foram escolhidos. Inicialmente, porém, a proposta não empolgou. Agora, com outros assuntos como a crise de preços da Petrobras e a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, a ideia é tentar avançar no tema sem que esse andamento ganhe visibilidade.

BARGANHA
Para Maria Celina, a formação e a rede de contatos construída ao longo da carreira por diplomatas profissionais são diferenciais para que o país atinja os seus objetivos em política externa.

“A natureza do Senado é justamente a de representar os seus Estados. Já a política externa, aquilo que favorece ao país, muitas vezes pode parecer ruim para um Estado ou alguns municípios. Nem por isso deve-se abandonar ideias que favoreçam o país“ ,afirma.

https://www.poder360.com.br/brasil/adb-busca-ex-ministros-do-stf-para-entrar-com-adin-contra-pec-34/

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Para o Brics, parece que NÃO HOUVE invasão da Rússia na Ucrânia e violação da Carta da ONU

 Em cúpula dos Brics nesta semana, Putin retorna ao cenário mundial


Reunião do grupo pode oferecer imagem bem-vinda ao governo russo, alvo de inúmeras sanções desde o fim de fevereiro

Simone McCarthy, da CNN
22/06/2022 às 07:08

Quando o presidente russo, Vladimir Putin, se conectar à cúpula virtual dos Brics organizada por Pequim nesta quinta-feira (23), será a primeira vez que participará de um fórum com chefes de grandes economias mundiais desde o início da invasão da Ucrânia.

Para Putin, isso pode oferecer uma imagem bem-vinda, com seu rosto na tela ao lado de outros líderes: Xi Jinping (China), Narendra Modi (Índia), Jair Bolsonaro (Brasil) e Cyril Ramaphosa (África do Sul). Um sinal de que a Rússia, embora castigada por sanções e protestos pela invasão, não está sozinha.

A mensagem pode ressoar ainda mais o encontro entre China e Rússia, semanas antes da invasão, onde declararam que seu relacionamento “não tem limites”.

Também pode destacar o fato que nenhum dos líderes dos Brics condenou a Rússia diretamente, mesmo tendo vários níveis de interesse em não serem vistos como apoiadores das ações – o que poderia gerar um conflito com amigos ocidentais.

A invasão de Putin provavelmente trará outra complicação para os Brics, um agrupamento de mais de uma década de grandes economias emergentes, que já sofre com a desconfiança entre os membros e ideologias incompatíveis.

Mas a decisão do grupo de avançar com sua 14ª cúpula anual reflete uma visão dos países sobre a ordem global e, por extensão, a situação na Ucrânia, que se afasta da do Ocidente, dizem especialistas.

“Estamos falando de algumas economias muito importantes cuja liderança está disposta a ser vista com Putin, mesmo que seja apenas em uma plataforma virtual”, disse Sushant Singh, membro sênior do Centro de Pesquisa de Políticas (CPR) em Nova Délhi.

“O fato de Putin ser bem-vindo. Ele não é um pária, não está sendo expulso, este é um compromisso normal, que ocorreu todos os anos e ainda está ocorrendo – isso é uma grande vantagem para Putin”, disse Singh.

Embora os países possam argumentar que envolver a Rússia é melhor do que a deixar de fora, a ótica só se torna mais nítida em contraste. A cúpula dos Brics é seguida dias depois pela reunião do G7. bloco das principais economias do mundo, que se uniu contra a agressão russa, e expulsou Moscou de seu bloco após a anexação da Crimeia em 2014.

Tempos turbulentos
Ao contrário do G7, espera-se que os Brics ajam com cuidado quanto ao assunto da Ucrânia na cúpula de quinta-feira, provavelmente falando a favor de uma resolução pacífica, mesmo que seus membros possam pedir cuidadosamente aos países ocidentais que examinem o impacto de suas sanções na economia global.

Pequim – a anfitriã deste ano e de longe a mais poderosa economia das cinco nações, que juntas representam cerca de um quarto do PIB mundial – parece focada em sua própria agenda: promover suas novas iniciativas globais de desenvolvimento e segurança e condenar o que vê como construção de “bloco” pelos Estados Unidos.

Os países dos Brics devem “fortalecer a confiança política mútua e a cooperação de segurança”, coordenar as principais questões internacionais e regionais, acomodar os interesses centrais uns dos outros e “opor-se ao hegemonismo e à política de poder”, disse Xi em discurso no mês passado, onde convocou o grupo a promover o desenvolvimento neste “período de turbulência e transformação”.

Algumas das crises desse período, como a insegurança alimentar e a crescente crise da dívida no mundo em desenvolvimento, são aquelas que o grupo – estabelecido em 2009 como um meio de “servir interesses comuns de economias de mercado emergentes e países em desenvolvimento” – deve abordar.

Desde a sua criação, os Brics, que adicionaram a África do Sul em 2011, estão unidos em pedir mais representação das principais economias emergentes no cenário mundial – e contra o que vê como um domínio desproporcional das potências ocidentais.

Também vimos os países discutindo questões como liquidar o comércio em suas próprias moedas – fora do sistema do dólar americano – uma questão que agora pode ter mais relevância após as sanções ocidentais à Rússia, de acordo com Shahar Hameiri, professor e economista da Universidade de Queensland, na Austrália.

Essas penalidades cortaram o banco central da Rússia da maioria das transações em dólares americanos e removeram as principais instituições do país dos sistemas bancários internacionais.

Assim os países que continuam a fazer negócios com a Rússia buscam maneiras de evitar a violação das sanções. Tanto a Índia quanto a China continuam sendo grandes compradores de combustível russo.

“Não haverá nenhum abraço total da Rússia (nesta cúpula), não há dúvida sobre isso, e tenho certeza de que haverá muita estranheza … Mas por trás disso, esses governos têm interesses compartilhados”, disse Hameiri.

“Qualquer tipo de medida longe de (um sistema denominado em dólar americano) é potencialmente significativo.”

Objetivos opostos
Apesar de alguns interesses comuns, os Brics têm sido atormentado por questões de coesão, dadas as enormes diferenças nos sistemas políticos e econômicos de seus membros e seus interesses geopolíticos divergentes.

Além disso, as complexidades da invasão da Ucrânia pela Rússia podem atenuar quaisquer resultados importantes da cúpula desta semana, mesmo que – com exceção do Brasil – as nações do grupo tenham se abstido de votar em uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas apoiada por 141 países que pediram a Moscou para se retirar da Ucrânia.

A China, por sua vez, acusou a Otan de provocar a Rússia a atacar a Ucrânia, enquanto uma retórica semelhante circulou no debate público na Índia. Na África do Sul, Ramaphosa, no início deste ano, disse aos legisladores que a guerra poderia ter sido evitada se a Otan tivesse “atendido as advertências” sobre a possibilidade de adesão da Ucrânia ao seu bloco.

E embora o Brasil tenha votado para condenar a agressão da Rússia contra a Ucrânia na ONU, Bolsonaro se esquivou – dizendo dias antes que o país permaneceria “neutro”.

Em circunstâncias normais, a China tomaria as medidas usuais – divulgando o grupo como “uma espécie de alternativa suave ao G7” e buscando “retratar os Brics como líderes para o mundo em desenvolvimento… contra o clube das democracias capitalistas ricas”. de acordo com o analista de relações sino-russas Alexander Gabuev.

“Agora é mais difícil de fazer por causa de Putin na sala”, disse Gabuev.

Enquanto isso, uma fonte de atrito interno de longa data dentro permanece sem solução: as tensões entre a Índia e a China, que em 2020 se transformaram em um violento confronto fronteiriço.

Por um lado, os Brics tem sido uma “maneira de garantir alguma forma de engajamento com a China” para a Índia, segundo Singh. Isso continua sendo crítico, pois Nova Délhi está cautelosa em provocar Pequim, especialmente porque fez parceria com os Estados Unidos, Japão e Austrália em seu grupo de segurança e é cada vez mais vista pelos EUA como parte de sua estratégia para combater a China, disse ele.

Mas esses laços também tornam a Índia mais reticente em apoiar os principais resultados da cúpula desta semana.

“Eu ficaria surpreso se qualquer iniciativa substantiva fosse anunciada, porque a Índia enviaria uma mensagem a seus parceiros ocidentais de que está disposta a trabalhar próxima à China e Rússia”, disse Singh. “Isso tornaria a posição da Índia muito complicada.”

https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/em-cupula-dos-brics-nesta-semana-putin-retorna-ao-cenario-mundial/

Chanceler brasileiro: "Há entusiasmo com o Brasil lá fora” - Não lhes parece um pouco exagerado?

 Para ministro das Relações Exteriores, crime na Amazônia não atrapalha entrada do Brasil na OCDE


Carlos França diz que assassinatos de Dom Philips e Bruno Pereira são episódio “lamentável”, mas que foram “muitos transparentes os esforços que fizemos com as Forças Armadas e Polícia Federal”

Por Estevão Taiar, Valor — Brasília
Valor Econômico, 21/06/2022

O ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto Franco França, afirmou nessa terçafeira (21) que, na avaliação dele, os assassinatos do jornalista Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira não criam constrangimentos para a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

“No meu ponto de vista, não cria. Desde o primeiro momento, o governo atuou para apurar o que estava acontecendo”, disse ele, em entrevista a jornalistas, após a abertura da Semana Brasil-OCDE, realizada no Palácio do Itamaraty.

França afirmou que o evento é “lamentável”, mas que foram “muitos transparentes os esforços que fizemos com as Forças Armadas e Polícia Federal”. Ele disse ainda que, em suas viagens para o exterior, “não se fala sobre” a hipótese de um golpe de Estado no Brasil. “Há entusiasmo com o Brasil lá fora”, disse.

Na visão do ministro, o discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre as urnas eletrônicas “vai na direção da transparência”.

A respeito da entrada no OCDE, França disse que o Brasil entregará até o fim do ano o memorando inicial. Também afirmou que o secretário-geral da entidade, Mathias Cormann, “é favorável à realização paralela” dos diversos comitês temáticos para analisarem o acesso do Brasil. Ou seja: a entrada não precisará ser discutida em um comitê de cada vez. Além disso, comentou que a “ideia é que os comitês sejam instalados no ano que vem”.

https://valor.globo.com/politica/noticia/2022/06/21/para-ministro-das-relacoes-exteriores-crime-na-amazonia-nao-atrapalha-entrada-do-brasil-na-ocde.ghtml

A miséria dos tribunais raciais, que precisam separar quem é negro e quem é só pardo: Itamaraty

 Itamaraty terá 1ª diplomata quilombola por meio de cota para negros


Promotora entrou com ação, em 2018, para impedir economista de tomar posse sub a justificativa de que ela não seria negra, mas parda

Júlia Portela
Jornal Metrópoles. 21/06/2022

Em 2017, Rebeca Mello, de 29 anos, foi aprovada em um dos concursos mais concorridos do Brasil, do Instituto Rio Branco, que preenche vagas de diplomata. O sonho de tomar posse, no entanto, demorou quatro anos até virar realidade, após um longo processo judicial para provar ser negra. Somente nesta terça-feira (21/6) ela recebeu parecer positivo da banca para assumir a carreira.

Aprovada dentro de um programa de cotas, Rebeca e outra candidata negra, Verônica Tavares, não puderam assumir o cargo depois que a procuradora da República Anna Carolina Resende Maia Garcia entrou com uma ação questionando a admissão das duas por cotas.

“Eu não era negra o suficiente para as cotas, só para sofrer preconceito”, conta Rebeca ao Metrópoles. Segundo ela, a procuradora argumentava que as duas aprovadas cabiam apenas na categoria “pardo claro”, que não consta na Constituição.

Rebeca é economista e descendente de quilombola, em Cavalcante (GO), um território Kalunga. Verônica Tavares é militante do movimento negro.

Processo com inconsistências
Rebeca afirma que se sentiu injustiçada, uma vez que o próprio Itamaraty já havia lhe definido como negra. Em 2015, ela foi aprovada em um programa de bolsas do instituto para cotistas. Na época, a jovem recebeu R$ 25 mil para custear seus estudos.

No ano seguinte, prestou o concurso, mas a aprovação veio apenas em 2017, sua segunda tentativa. Assim, como cotista, Rebeca teve de passar por um banca examinadora, que a aprovou. O sonho, no entanto, foi interrompido semanas depois, quando a promotora entrou com a ação questionando sua raça.

Sua advogada, Monique Rocha Furtado, relata que impetraram um mandado de segurança contra a decisão, e conseguiram a autorização para passar por uma segunda banca, que reprovou Rebeca. O próximo passo foi entrar com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Judiciário (STJ) contra essa decisão.

“Desde 2018, a gente está lutando para o processo ser julgado, porque foi uma história muito estranha, mas faltava boa vontade do Judiciário”, diz Rebeca.

Ela chegou a prestar um concurso para a Polícia Federal, também muito concorrido. Neste ano, ela foi aprovada e se mudou para São Paulo para assumir a carreira.

Foi então que a história ganhou um final inesperado. No início deste mês, Rebeca e Verônica fizeram um acordo inédito com o Itamaraty e a Advocacia-Geral da União (AGU), que abriu portas para um recomeço. Na decisão, elas aceitaram abandonar os processos e ter uma cerimônia de posse reservada para ganhar o direito de passar novamente por uma banca examinadora.

Nesta terça-feira, o resultado positivo da banca foi publicado no Diário Oficial. “Foram cinco anos de muita luta, muito sofrimento e muito aprendizado”, afirma. “Me colocaram no grupo de aprovados do Itamaraty e pensei ‘gente! o que é isso?’… Parece um sonho.”

https://www.metropoles.com/brasil/itamaraty-tera-1a-diplomata-quilombola-por-meio-de-cota-para-negros

What the Fall of Empires Tells Us About the Ukraine War - Anatol Lieven (Foreign Policy)

A lição é: todos os impérios são brutais, na conquista, na manutenção e no desaparecimento ou partição. O único jeito é tentar uma solução de compromisso, sempre insatisfatória e parcial, para evitar maiores sofrimentos da população.

Nenhum império decai voluntariamente. Todos tentam se manter pela força.

Paulo Roberto de Almeida 

What the Fall of Empires Tells Us About the Ukraine War

Russia’s war can only be understood as a bloody post-imperial conflict.

By Anatol Lieven, a senior fellow at the Quincy Institute for Responsible Statecraft. 

Foreign Policy, June 20, 2022, 6:16 AM 


The Soviet Union is commonly described in the West as the “Soviet empire”—or even “Russian empire”—and in key respects this was indeed the case. During the Cold War, Moscow occupied and controlled a collection of states along its periphery, and the historical record of Russia’s expansion through conquest and colonization is abundantly clear. But in neither journalism nor academia has this led to what should have been a logical conclusion when it comes to understanding conflicts in the former Soviet space: Namely, to place these conflicts into the wider context of what happens when empires fall.

This lack of interest seems odd, given the Western liberal intelligentsia’s deep concern with imperialism and its critiques. When I covered the collapse of the Soviet Union and its aftermath as a journalist for the Times of London, my prism was shaped by years spent working in South Asia—first as a student of imperial history and then as a journalist. It was therefore natural for me to see the disintegration of the Soviet space as a post-imperial process. This was perhaps the greatest difference between my perspective and that of most of my Western colleagues.

The Soviet Union was, of course, a very special case among empires. But that, to a greater or lesser extent, might be said about all of them. Huge differences existed between the British, French, and Spanish empires, let alone the Ottomans or the Chinese. A fundamental dividing line, however, cuts across them all: that between land and seaborne empires. Russia was a land empire—and in some respects remains one, in both its composition and its politics. This has had critical consequences during and after the Soviet collapse, continuing until today.

Notwithstanding the brutal ongoing war in Ukraine and the similarly brutal suppression of the Chechen rebellion, the conflicts and disputes that followed the Soviet collapse have been far from the worst in the history of empires, including relatively recent ones. In every case without exception, the end of empire has led to massive violence. In some cases, this occurred during and immediately after the imperial collapse. In others, the violence occurred after several decades had passed. In Ireland, the Middle East, South Asia, Eastern Europe, and the Balkans, the consequences of the Habsburg, Ottoman, and British empires—and of the nature of their dissolution—are still working themselves out today, generations later.

The relationship between empire and local conflicts has been a thoroughly ambiguous one, summed up most famously in Tacitus’s epithet about imperial Rome, which the Roman historian placed in the mouth of a British chieftain: Ubi solitudinem faciunt, pacem appellant—“they make a desert and call it peace.” The creation of empires involves massive violence, sometimes on a genocidal scale. Thereafter, however, the imperial power’s economic and political interests require the maintenance of peace across its territories. The claim to have ended conflict and brought peace—whether under a Pax Romana, Pax Britannica, or Pax Americana—is also fundamental to its legitimacy and sense of imperial mission.

In every case without exception, the end of empire has led to massive violence.

Yet empires notoriously also freeze, generate, and incubate conflicts. Sometimes this is because imperial rule suspends previous conflicts, as between Hindus and Muslims in British India or Armenians and Azeris under the tsars and Soviets. Sometimes the source of conflict is the empire’s creation of completely new states or states with new borders—such as Iraq in the Middle East—that lump together different ethnicities that had never previously lived in the same polity, divide a people among neighboring states, or force ancient enemies under one roof, as in the former Yugoslavia and many African nations. This leads not only to civil conflicts but sometimes to wars between successor states—as in Kashmir, the former Yugoslavia, and Ukraine—as successor states fight to redraw borders in accordance with their version of ethnic or ethno-religious legitimacy.

Sometimes bitter resentment is the result of mass migration set off by imperial economic development or targeted colonization: English and Scots to Ireland, Chinese to the East Indies, Indians to Fiji and the West Indies, Tamils to what is now Sri Lanka, Georgians to Abkhazia, Russians to the Baltic republics and parts of Ukraine. Nowhere have the results been free of serious tension.

Perhaps the best that can be hoped for is formal or informal arrangements such as those in Malaysia and the Baltic states, whereby the indigenous populations monopolize control over government and the security forces, while the descendants of Chinese and Russian immigrants, respectively, dominate much or part of the economy. The worst outcomes are dreadful massacres such as the killings of Chinese that accompanied the Indonesian coup of 1965 or violent spasms such as the Georgian-Abkhaz War of 1992-93 that began with Georgian armed pogroms against Abkhaz and ended with the ethnic cleansing of most of the Georgian population by the Abkhaz victors.

Neither international law nor democracy provides clear-cut answers to any of these disputes. It was the theory of ethnic self-determination in the name of democracy, as adopted by U.S. President Woodrow Wilson at the conclusion of World War I, that provided an ostensibly liberal rationale for violent separation and cleansing across the vast ethnic tapestry of Central, Eastern, and Southeastern Europe. As in Kosovo, Nagorno-Karabakh, and Crimea, the principles of international law and democracy often work against each other, with the result that states pick and choose between them depending on their own advantage. Majoritarian democracy is a notoriously dangerous principle in ethnically divided societies with different national allegiances, as the history of Northern Ireland from the 1920s to the 1990s so vividly demonstrates.

Finally, it is hardly reasonable to expect local people and their leaders to be automatically obedient to international laws they never made or agreed to. When the British, Ottoman, Habsburg, and Soviet empires collapsed and Yugoslavia disintegrated, it was very natural for Northern Irish Catholics, Kurds, Sudeten Germans, Kosovar Albanians, Kashmiri Muslims, Bangladeshis, Biafrans, Serbs, Croats, Pashtuns, Chechens, South Ossetians, Karabakh Armenians, and Crimean Russians to seek or support independence and/or union with co-ethnics in a neighboring state. Sometimes, as in Ireland, South Asia, and Sudan, the result (after much violence) has been internationally accepted partition. In a majority of cases, things have been decided by some combination of pragmatism and superior force.

There is, however, one great difference in this regard between the aftermath of sea and land empires: Sea powers can go home across hundreds or thousands of miles of water and separate themselves (albeit often only after dreadful independence wars, as in Indochina, Algeria, and Kenya) from the conflicts they leave behind. In former land empires, the old core imperial nation remains on the borders of its former imperial possessions, and its own majority and minority populations often extend across those borders.

This has been true of Turkey, which includes a huge Kurdish population that overlaps with the Kurdish minorities of Syria, Iraq, and Iran and naturally has aspirations to join with them in one Kurdish state. Turkey would have faced similar problems with its large Armenian and Greek minorities had it not murdered or expelled virtually all of them. Germany in the 1920s and ’30s, as the successor state to the German empire and bordering many of the lands of the former Austrian one, faced this issue in the opposite direction: large ethnically German minorities in neighboring states that desired reunification with Germany. The countries of the former Soviet Union contain both of these features.

In one case, a sea empire (Britain) also controlled a colony on its immediate border (Ireland), with the result that those belonging to the imperial settler minority (whose descendants are the Irish Protestants) remain citizens of the former imperial state. A consequence has been that to this day Britain rules part of Ireland and, until the 1990s, was involved in what amounted to a postcolonial war. Saying this is not to blame the British politicians of recent generations. They were not around in the time of Queen Elizabeth I’s and Oliver Cromwell’s bloody conquests, nor were they responsible for confiscating Irish land and settling English and Scots on it. In any case, try, if you can, to navigate the modern issues of Irish independence and partition according to any clear-cut versions of either democracy or international law.

None of this is to excuse the Russian invasion of Ukraine, any more than it excuses the frequently horrendous behavior of other imperial and post-imperial states. What it does suggest is two things: First, that Russian wars in Ukraine and the Caucasus are not part of some wider plan for aggression against the West. The Russian war in Ukraine is about Ukraine. We can therefore seek a pragmatic solution to the war without fearing that this will embolden Russia to threaten NATO and the European Union, with the possible exception of the Baltic states—and then only if the Balts were to take some recklessly aggressive action against Russia (for example, by cutting communications to the Russian exclave of Kaliningrad).

Contrary to much Western reporting, there has been little evidence of any concrete Russian intentions to invade the Baltic states, let alone Finland or Poland. As a Russian official once told me, “We ruled Poland for almost 200 years, and all it brought us was endless trouble. Why on earth would we want to swallow that hedgehog again?” From the point of view of vital Western interests, it is therefore unnecessary to seek permanently to disable Russia.

Secondly, we should approach the search for a settlement in Ukraine in a spirit of ethical realism, aimed at a lasting peace that will secure Ukraine’s independence and potential path toward joining the EU, rather than in a mood of hyper-legalism and hyper-moralism that is all too likely to make peace impossible and which our own history does not justify. In the other post-imperial cases I have mentioned, only very rarely has absolute victory for one side or the other been possible—and then only at the cost of prolonged war and huge suffering. In the majority of cases where some sort of peace, however flawed, has been achieved, it has been through some form of pragmatic compromise. That is the best we can and should work for in the case of Russia and Ukraine.

One funny aspect of contemporary Western liberals is that even as they have publicly beaten their own breasts with contrition and shame for the past sins of Western colonialism, they go on to claim moral superiority over other countries that have inherited some of the same problems and committed some of the same sins. This sort of behavior has a prominent place in the history of religion but is neither moral nor practically helpful.


Anatol Lieven is a senior fellow at the Quincy Institute for Responsible Statecraft and the author of Ukraine and Russia: A Fraternal Rivalry and Ethical Realism: A Vision for America’s Role in the World, with John Hulsman.

 

terça-feira, 21 de junho de 2022

Da série What If? da Economist: Se a China tivesse continuado a ser do KMT, não do PCC? - Julho 2015

 

History

Chiang’s China

What if Mao Zedong’s Communist Party had lost the Chinese civil war to Chiang Kai-shek’s Nationalist Party?

WHEN the second world war ended, the 3.7m-strong army of China’s leader, Generalissimo Chiang Kai-shek, was badly weakened by its fight with the Japanese and a Communist insurgency. But it still had the upper hand against the Communists: superior by far in numbers and equipment. As Soviet forces withdrew from Manchuria in the north-east, which they had taken from the Japanese, Chiang’s forces surged forward to regain the territory. Chinese Communists in the area, who had hitherto been backed by the Russians, were shattered by the onslaught.

But in 1946 the Americans, anxious to prevent an all-out civil war between Chiang and the Communists’ leader, Mao Zedong, persuaded Chiang to stop fighting. It was a moment that may have changed history: the few weeks’ hiatus enabled Mao to replenish his forces with Soviet aid. When the truce broke down, Chiang lost Manchuria and eventually the civil war. Americans—particularly right-wingers—kicked themselves about it for many years afterwards. What if Mao’s victory had been avoided?

China’s spectacular rise in the past three decades has helped the Communists parry suggestions that the country would have been better off without Mao. But it may well have been. Chiang’s army fled to the island of Taiwan, which prospered. Mao’s China suffered economic ruin before Deng Xiaoping eventually began to turn its fortunes around in the late 1970s. Had China’s economy grown at the same pace as Taiwan’s since 1950, its GDP would have been 42% bigger by 2010 than it actually was. In other words, it might have achieved its growth miracle plus another one about the size of France’s economy.

Under Chiang, China would not have had to wait 30 years before becoming part of the global economy. To be sure, Chiang would have tried to protect China’s markets from foreign competition, just as Taiwan and other Asian economies did during their periods of rapid take-off. But he would have been quicker to relax such restrictions. Taiwan was ready for membership of the World Trade Organisation long before China joined in 2001.

HAD CHINA’S ECONOMY GROWN AT THE SAME PACE AS TAIWAN’S SINCE 1950, ITS GDP WOULD HAVE BEEN 42% BIGGER BY 2010 THAN IT ACTUALLY WAS

Asia reimagined

The strategic map of Asia would have been very different had Chiang won the civil war. He would not have supported North Korea’s invasion of the South in 1950. Without China’s backing, Kim Il Sung would probably not have got Stalin’s support for such a venture either. Chiang would not have had a Taiwan problem: Mao’s rebels never had a foothold there.

But Chiang was an ardent nationalist. His relationship with Japan would have been fraught. Millions of Chinese had been killed during Japan’s occupation of China, with the KMT rather than Mao’s forces suffering by far the worst casualties. Animosities between China and Japan, which Mao did not appear eager to play up, might have bedevilled east Asian security long before they did emerge in the 1990s as a source of regional tension. Chiang’s domination of Taiwan as well as the mainland would have given him control over the shipping lanes on which the economy of Japan depends. America’s restraining hand in the region may still have been needed.

But China by then may have become a more politically liberal country. Moves towards democracy would have been slowed by fears of secessionism, especially in Tibet and other ethnic-minority regions (many Taiwanese would have been chafing at the KMT’s rule; they had begun to even before Chiang fled to the island). But a middle class would have grown far sooner than it has under the Communists.

Despite the autocratic rule of Chiang’s KMT, China would have remained an ally of America. Asia would therefore not be riven as it is today by a struggle for supremacy between America and China. Perhaps even Japan would be learning to live with its powerful, rich neighbour.

Much of the tension that now plagues Asia relates to the nature of China’s Communist Party. Neighbouring countries worry about the way the party behaves: secretively, high-handedly and sometimes (at home at any rate) brutally. But all of them fear what might happen were the party now to follow the KMT’s path and liberalise. The KMT was voted out of power in Taiwan in 2000, before returning in 2008. It is likely to be voted out again next year. Few in Asia believe that the Communist Party could ever accept the vagaries of democratic politics. Its eventual demise might well involve bloody tumult; a return, even, to the chaos of the 1940s. The rest of Asia would prefer the devil it knows.


Da série What If? da Economist: If the Ottoman Empire had not collapsed (July 2017)


History

Sultans of spring

The Economist, THE WORLD IF 2017

Imagine the mayhem that might have been avoided had the Ottoman Empire been saved rather than sunk. Blame, among others, Winston Churchill 

WHEN a Serb gunman shot an Austrian archduke in the summer of 1914, the nations of Europe tumbled into war with all the grace of bowling pins. Austria-Hungary declared war on Serbia, whose ally Russia declared war on Austria, whose ally Germany declared war on Russia, whose allies France and Britain declared war on Germany and Austria. By early August the continent was in flames.

Much as it wobbled like the rest, however, one of those bowling pins could not make up its mind. Which way would Turkey fall? Should the fading Ottoman Empire join the Triple Entente (Britain, France and Russia) or go with the Central Powers (Germany and Austria-Hungary)?

Turkey’s 500-year-old empire was shrinking. It had lost its territories in Africa, nearly all its Mediterranean islands and most of its Balkan lands as well as chunks of eastern Anatolia. It was debt-ridden, industrially backward and politically shaky.

Still, the sultan’s lands straddled two continents, controlling access to the Black Sea. His Arabian territories stretched beyond the holy cities of Islam to the mountains of Yemen and the Persian Gulf, where there were rumoured to lie vast caverns of the sticky black liquid soon to replace coal as the world’s chief source of power.

The deal that was reached proved immensely beneficial to all concerned. From France, Turkey received generous debt relief. Russia scrapped all claims to Ottoman territory, and made a limited goodwill withdrawal from parts of Anatolia. Churchill waived further payment on two warships that British shipyards were building for Turkey. And Turkey received assurances that its vulnerable extremities would not be attacked; for an empire that for a century had been preyed upon like a carcass this was a new lease of life.

The rewards to the Triple Entente were equally big. Granted exclusive access to the Black Sea, Russia’s allies could resupply the tsar’s armies when they faltered at the start of the war. With no need to defend its Turkish frontier, Russia moved thousands of crack troops from the Caucasus to shore up its front lines. Turkey signed separate agreements recognising British control of the Suez Canal, Aden and the Trucial sheikhdoms of the Persian Gulf, securing the sea lanes for Britain’s massive deployment of troops from the colonies to the Western Front. Turkey’s own army joined in a broad front against Austria-Hungary. Together, these Allied advantages are thought to have shortened the war by as much as a year; the Central Powers might not have sued for a truce as soon as America entered the war, but fought on instead.

Reprieved from collapse, the Ottoman Empire’s government pursued radical reforms. Challenged by growing nationalist tendencies from Arab, Armenian, Greek and Kurdish subjects, Sultan Mehmed V issued a historic firman or proclamation that recognised these as individual nations united under the Ottoman sovereign.

The sultan got to keep the title of caliph, commander of the Sunni Muslim faithful, which his ancestors had acquired four centuries earlier. This proved useful when the empire had to put down a rebellion of religious fanatics in central Arabia, led by a man called Ibn Saud who gained followers by claiming he would restore Islam to a purer state. But mostly the empire was seen as a tolerant place. When Nazi persecutions drove Jews from Europe in the 1930s, many took refuge there (as they had done when expelled from Spain in 1492), particularly in the province of Jerusalem.

If only

Needless to say, none of the above happened. Quite the opposite. Turkey aligned with Germany in the first world war, and the allies did attempt to invade and divide its empire. Churchill, instead of handing over the warships that ordinary Turks had paid for by subscription, had them seized for the British navy. In 1915 he ordered a catastrophic attack on Turkey; the landing at Gallipoli cost the allies 300,000 casualties. British campaigns against Turkey in Iraq and the Levant cost another million lives.

Turkey’s casualties mounted, by war’s end, to 3m-5m people, nearly a quarter of the Ottoman population. This included some 1.5m Armenians, slaughtered because Turkish officials believed they might become a fifth column for a hostile Russia. And when Britain and France grabbed the Ottomans’ Arab lands, their suppression of uprisings cost thousands more lives.

How much of today’s mayhem in the Middle East, from civil wars to terror in the name of Islam (and of restoring the caliphate) to the emergence of sectarian dictators such as Bashar al-Assad, not to mention of such a grudge-bearing Ottoman revivalist as Recep Tayyip Erdogan, might have been avoided, if only Churchill had embraced Johnny Turk instead of sinking him?