sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Industria das indenizacoes: com o meu, com o seu, com o nosso dinheiro...

O comentário abaixo lista apenas alguns, poucos, pouquissimos exemplos das falcatruas que vem sendo feitas com o dinheiro de todos os brasileiros, para beneficiar alguns espertinhos, que alegaram "resistência contra a ditadura" para enriquecer -- ou pelo menos viver da poupança alheia -- à custa de todos os brasileiros...
A desfaçatez é tão grande que nem tenho palavras para classificar esse tipo de imoralidade.
Paulo Roberto de Almeida

A empulhação da bolsa-ditadura
Reinaldo Azevedo, 12.08.2010

Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, considerou um “retrocesso” a revisão do valor de algumas indenizações pagas a “perseguidos políticos” ou a seus familiares.

É mesmo?

A indenização virou a farra do boi. Há alguns casos realmente fabulosos. O cartunista Ziraldo, que ficou rico com o jornal Pasquim, recebeu R$ 1 milhão a título de pagamento retroativo e tem pensão mensal de R$ 4.375. Por quê? Jaguar, seu amigo e sócio, não ficou tão rico porque, confessadamente, diz ter bebido tudo o que ganhou. A ditadura proibia as pessoas de dizer certas coisas, é verdade. Mas não impunha a ninguém que bebesse a própria fortuna. Millôr Fernandes, que também foi do Pasquim, não pediu indenização e afirma que luta contra a ditadura não era poupança. Na mosca.

A viúva de Carlos Lamarca foi indenizada e recebe uma gorda pensão. O homem era militar, desertou, matou seus pares. A comissão decidiu promovê-lo postumamente — como se tivesse competência pra isso —,antes de decidir o valor da prebenda. Promoção? Para Lamarca? Por que mesmo? Por serviços prestados ao Exército ou à causa comunista? A coisa toda é de um ridículo atroz.

Carlos Heitor Cony, que chegou a redigir um dos editoriais do Correio da Manhã em favor do golpe militar — isso é história — se disse perseguido porque demitido mais tarde. Recebeu pouco mais de R$ 1,4 milhão! E sua pensão mensal era de mais de de R$ 23 mil até outro dia. A quantas anda hoje, não sei. Terá ele aberto mão de tamanha generosidade? Seria o moral. Afinal, pouco depois da demissão, virou uma estrela do Grupo Manchete, com sala decorada com mármore rosa importando sei lá de onde — mas era podre de chique! —, numa revista que não dizia um “a” contra o regime, muito pelo contrário. Sua única veia de contestação, se assim se pode chamar, era uma fotinho de Adolfo Bloch abraçado a Juscelino, que tinha sido importante para a consolidação do grupo. Que eu saiba, Cony foi o mais premiado de todos. Justiça?

Indenização a quem realmente padeceu agruras quando já rendido por agentes do Estado? Compreendo, defendo e sou favorável. Indenização a quem refez plenamente a sua carreira e, em alguns casos, até ficou rico, ainda que por vias oblíquas, com a ditadura? É oportunismo da pior espécie. Indenização a quem pegou em armas (ou seus descendentes) para derrubar o regime, consciente dos riscos que corria, para matar ou morrer — e muitos mataram em vez de morrer? É uma indignidade.

Esse descalabro tem de ser revisto. Entre as indenizações pagas e as já aprovadas, o espeto passa de R$ 4 bilhões. E quem paga não é a ditadura. Quem paga é o povo brasileiro.

PS - Só para lembrar. Lula também recebe a prebenda. A grana passa de R$ 6 mil por mês. Por quê? Porque ficou 30 dias preso no começo dos anos 80 — aquela prisão junto com o “Menino do MEP”… Felizmente, não lhe tocaram num fio de cabelo. No de Lula, quero dizer. Estava construindo o PT, por meio do qual chegaria à Presidência da República, e jamais deixou de receber um mês de salário, pago primeiro pelo sindicato e depois pelo partido. Usou aquele evento para se fazer de mártir, grande militante, representante do povo e, finalmente, presidente.

Agora todo-poderoso, defende os regimes iraniano e cubano, entre outras tiranias, notórios por torturar e matar prisioneiros.

Memória é importante em jornalismo.

Um comentário:

  1. O procurador não está discutindo a condição de anistiados. Pretende apenas cumprir seu papel e verificar a legalidade dos atos de pagamento, diante evidências de possíveis irregularidades com o erário.
    Importante destacar que em todas as demandas judiciais em que se discute valores a Comissão de Anistia se defende com argumentos "históricos" e ideológicos, de acordo com a conveniência do momento - jamais técnicos.
    O caso do terrorista Carlos Lamarca e dos camponeses do Araguaia são a maior prova disso. Ao contrário do que entende o sr Paulo Abrão, que confunde a discricionariedade amparada por lei com atos despóticos dissimulados, vivemos, hoje, um período democrático.
    A Constituição Federal enterrou a época de obscurantismo e firmou, entre tantas conquistas, a garantia dos mais altos valores, servindo de antídoto para os abusos cometidos por quem quer que seja, mormente pelas autoridades constituídas.
    A Carta Republicana nasceu para pôr fim a um ciclo autoritário e iniciar uma experiência democrática duradoura. Nada justifica, portanto, que pessoas investidas em cargos significativos da Administração Pública operem de maneira contrária a tal entendimento.
    Quero ORDEM e PROGRESSO!

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