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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O psicopata da Noruega e o Brasil: racismo, de onde menos se espera...

Primeiro a transcrição de matéria sobre as referências ao Brasil feitas em documento do maluco norueguês que matou dezenas de pessoas na última semana:

Atirador de Oslo tem visão racista do Brasil
Opinião e Notícia, 26/07/2011

Brasil é citado 12 vezes no manifesto de 1.500 páginas atribuído a Anders Behring Breivik

O Brasil é citado no longo manifesto de 1.500 páginas atribuído a Anders Behring Breivik, autor do duplo atentado da última sexta-feira, 22, em Oslo, na Noruega, como exemplo do que ele considera o efeito negativo da mistura de raças.

“Os resultados são evidentes e se manifestam num alto nível de corrupção, falta de produtividade e um eterno conflito entre várias ‘culturas’ competindo, enquanto as ‘subtribos’ criadas (preto, mulato, mestiço, branco) paralisam qualquer esperança de sequer alcançar o mesmo nível de produtividade e igualdade de, por exemplo, Escandinávia, Alemanha, Coreia do Sul e Japão”, escreveu o autor dos ataques.
‘País permanentemente disfuncional’

E ainda: “um país com culturas que competem entre si se destruirá internamente a longo prazo ou terminará como um país permanentemente disfuncional como o Brasil”.

O Brasil é citado 12 vezes no manifesto de Breivik. O arquivo de 1.500 páginas foi distribuído para os cerca de 7 mil “amigos” do atirador no Facebook horas antes dos atentados.

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Agora meus comentários:

O psicopata tem razão quanto ao altíssimo nível de corrupção no Brasil, aliás até nas mais altas esferas do Estado -- como o provam as duas mais recentes demissões ministeriais no Brasil, e só não foram mais por estranha leniência dos que comandam -- mas se engana totalmente quanto À origem. Não tem nada a ver com raças ou sua mistura: brancos, loiros de olhos azuis, como diria um corruptor ativo, são os mais frequentes na roubalheira de alto coturno, mas negros também poderia ser corruptores ativos se tivessem mais acesso aos postos da alta cúpula. Não existe nenhuma restrição religiosa, étnica, cultura, social, na corrução brasileira: ela é ampla, disseminada, multicultural e multirracial; todos roubam e se pudessem roubar mais, assim o fariam, numa ampla democracia multirracial da roubalheira organizada e desorganizada. Faz parte, digamos assim, da nossa formação, essa apropriação do alheio, sem distinção de raças...

Tampouco existe conflito ou competição entre raças, e sim racismo ordinário, os energúmenos de sempre, praticando seus preconceitos vulgares, os racistas mais idiotas que existem em toda e qualquer cultura ainda não suficientemente mesclada.
Como o Brasil é um pouco mais misturado do que outros povos, o racismo aqui tende a assumir menor acuidade social, e só se manifesta entre brancos de classe média baixa, que convivem com delinquência e atribuem isso a características "genéticas", o que é de uma ignorãncia atroz.

Aliás, se fôssemos falar de racismo, ele só pode vir dos negros militantes, dos ativistas das causas racialistas, desses promotores das políticas separatistas de cunho racial, desses disseminadores da falsa ideologia da "afrodescendência", enfim, desses construtores do Apartheid que o Brasil não teve até hoje, mas que pode vir a ter por causa desse câncer que ameaça nossa sociedade.
Paulo Roberto de Almeida

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Enviado pelo comentarista, abaixo, a quem agradeço a dica:

Cotas para negros e índios em concursos públicos
Blog da Yvonne Maggie, qua, 20/07/11

O governador Sérgio Cabral assinou o decreto 43.007 reservando 20% das vagas de todos os concursos públicos do Estado do Rio de Janeiro para negros e índios. O decreto entrou em vigor no dia 7 de julho de 2011. O § 4 do artigo 1º, diz: “Para os efeitos deste decreto será considerado negro ou índio o candidato que assim se declare no momento da inscrição”. Logo abaixo, o § 5 afirma “A autodeclaração é facultativa, ficando o candidato submetido às regras gerais estabelecidas no edital do concurso, caso não opte pela reserva de vagas.” No artigo 2º salta aos olhos o paradoxo recorrente em quase todos os casos em que se reservam vagas com base na “raça”: “Decretada falsidade na declaração a que se refere o artigo 1º § 5 será o candidato eliminado do concurso e, se houver sido nomeado, ficará sujeito à anulação de sua admissão ao serviço público, após procedimento administrativo em que lhe seja assegurado o contraditório e a ampla defesa, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.”

Se o candidato negro ou índio é assim considerado por autodeclaração – seguindo o preceito internacional – como pode ao mesmo tempo dizer-se “detectada a falsidade?”. Está faltando uma peça neste quebra-cabeça. Como será avaliada a falsidade da autodeclaração?

O governador eximiu-se deixando para os burocratas a invenção das regras que deverão definir se há verdade ou não nas declarações ou autodeclarações. Há exemplos que me levam a imaginar a solução que se dará aqui. No Paraná reserva-se, desde 2003, 10% das vagas para negros em concursos públicos. No Mato Grosso do Sul, 10% para negros e 3% para índios e, nos dois casos, um tribunal, ou uma comissão, julga por meio de fotos, ou de documento onde esteja inscrita a cor do cidadão, se a autodeclaração está correta. Como farão isso aqui no Rio? Quem definirá o procedimento para julgar o mentiroso?

6 comentários:

Anônimo disse...

"... se fôssemos falar de racismo, ele só pode vir dos negros militantes..."

É, a culpa do racismo é dos negros...

O senhor deveria aposentar-se...

ALlan disse...

Caro Paulo,
também me preocupa demais essa política racialista.
A autora que coloco abaixo é famosa em chamar a atenção contra esse tipo de política. Aqui ela comenta sobre cotas em concursos públicos que eu desconhecia ser tão disseminada pelo país...
http://g1.globo.com/platb/yvonnemaggie/2011/07/20/cotas-para-negros-e-indios-em-concursos-publicos/

Paulo Roberto de Almeida disse...

Recomenda-se ao Anônimo Não Aposentado que leia o Estatudo da (Des)Igualdade Racial, para constatar de onde, exatamente, provêm o racismo no Brasil.

Aliás, eu não sei por que ser Anônimo para participar de um debate público.

O Anônimo por causa tem vergonha de ser negro, ou de ser branco, ou de qualquer outra coisa?

Recomendo você precisar suas posições.
Quem não tem argumentos, como se diz, atira contra o mensageiro.
O racismo está sendo construído no Brasil por militantes da causa negra.
Esta é uma opinião pessoal que se fundamenta em certas constatações visuais, digamos assim.
Não nego o racismo de brancos, mas deploro o racismo artificial dos afrodescendentes falsos, que querem separar o povo brasileiro.
Eu, por exemplo, sou pela mais ampla mistura racial.
Desafio o Anônimo a comentar isto.
Paulo Roberto de Almeida

Anônimo disse...

O racismo existe, isso é fato.
Contudo, o que me deixa deveras incomodada é que, geralmente, o racismo parte do próprio negro, que se ofende quando chamado de tal e só aceita a alcunha quando ela configura alguma vantagem.
Desta forma, o que temos visto é uma cultura do politicamente correto deturpada em que o próprio negro nao aceita a sua cor e vê em qualquer lugar e qualquer comentário fonte de discriminação.
Isso sem comentar a atual política governamental que se recusa a ver ( ou talvez nao queira mesmo ) que o problema do nosso país nao é a cor de ninguém; e sim a pobreza,a péssima educação, a concentração de renda, a corrupção e a improbidade administrativa que impedem que o país cresça socialmente.

Anônimo disse...

"A senzala e a escola são pólos que se repelem".
*Joaquim Nabuco, in "O Abolicionismo".

Somos um país de mestiços, nenhuma "engenharia social" poderá mudar isso. Conceder ao negro "status" de "portador de necessidades especiais" não é o mesmo que emancipá-lo. Menor concentração de renda (avoengos da senzala!) e educação de qualidade, esse é o caminho!

Vale!

Anônimo disse...

Quanto aos acontecimentos em Oslo, sugerimos artigo da Foreign Policy "Rise of the Ridical Right" no link: http://www.foreignpolicy.com/articles/2011/07/25/rise_of_the_radical_right?page=full

O artigo do Financial Times "Killer personifies rise of new far-right" no link: http://www.ft.com/intl/cms/s/0/55aab1f8-bb0d-11e0-8bed-00144feabdc0.html#axzz1T6zo7TEX

Vale!