Esqueci de muitas dessas postagens, mas sou ocasionalmente relembrado de algumas delas, quando alguém entra, lê e comenta, como ocorreu com essa tradução de partes de um livro tradicional sobre a história da China, que aproveito para transcrever abaixo.
Curiosa é a história do imperador que tinha 3 mil (repito: TRÊS MIL) concubinas. Como é que alguém consegue tere três mil concubinas?: como é que ele arrumava tempo para contentar todas? Talvez tenha sido por isso que foi traído por uma delas (insatisfeita, certamente) que o mandou assassinar. Melhor ficar só com uma... já dá trabalho demais...
Paulo Roberto de Almeida
Pequena historia da China
Harry Judge (ed.),
World History, from earliest times to 1800 (vol. 3)
Oxford: Oxford University Press, Oxford Illustrated Encyclopedia, 1988
p.73, China
Possui uma história registrada começando aproximadamente 4 mil anos atrás, com os Shang que se estabeleceram no vale do Huang He (Rio Amarelo).
Sob os Zhou orientais, a partir do sexto século AC, Confucio e Mencio formularam conceitos que se tornaram patrimônio da sociedade chinesa. O taoismo apareceu no terceiro século AC.
Gradualmente, a cultura chinesa se expandiu a partir do vale do Huang He. Uma forma de escrita com caracteres representando a forma das coisas mais do que sons -- estabelecida por Shi Huangdi, o primeiro senhor de uma China unificada, para ser escrita de forma unificada -- uniu um povo dividido pela geografia e por numerosos dialetos.
A partir dos Qin, o conceito de um império unificado prevaleceu, sobrevivendo períodos de fragmentação e dominação por dinastias não-chinesas, como os Yuan. Sob dinastias fortes como a dos Han e dos Tang, o poder da China se estendeu longe em direção do Ocidente, até o Turquestão, e do Sul, no Anan. A China exerceu uma poderosa influência em vizinhos, como os da Coréia e do Anan. Invasores bárbaros e dinastias estrangeiras habitualmente adotaram as tradições culturais chinesas,
As idéias do Budismo começaram a alcançar a China em torno do primeio século AD e foram progressivamente transformadas para ser assimiladas na cultura chinesa. O povo chinês, demonstrando notável inventividade, estava à frente do Ocidente em tecnologia até aproximadamente o fim da dinastia Song. Entretanto, depois da conquista Mongol o país fechou-se em si mesmo. O aprendizado, altamente valorizado desde tempos imemoriais, tornou-se prisioneiro de um estudo estereotipado dos clássicos confucianos, posto que o sucesso nos exames baseados no conhecimento dos clássicos era o meio de promoção no serviço público. Oportunamente, o estudo dos clássicos teve uma influência intelectual amortecedora.
Através da história, a China, o Império do Meio, como era chamado pelos chineses, via-se a si mesmo como superior a todos os outros povos -- uma visão partilhada pelos filósofos do Iluminismo. Os países ocidentais tentaram estabelecer vínculos comerciais com a dinastia Qin, com pouco sucesso porém. Com o enfraquecimento do poder da dinastia Qin, no final do século 18, a pressão ocidental cresceu, levando ao envolvimento direto dos ocidentais na China no século 19.
p. 333, Song
Dinastia Song (Song setentrional, 960-1126; Song meridional, 1127-1279), uma dinastia que unificou boa parte da China depois da fragmentação sucessiva à dinastia Tang. Ela nunca dominou toda a China, entretanto -- o noroeste era um reino Tibetano, e no nordeste estavam os Liao, a quem os Song pagavam tributo em seda.
Em 1125, os Jin expulsaram os Liao. Em 1125-26 cavaleiros Jin assaltaram Kaifeng, capital setentrional dos Song, e levaram o imperador e 3 mil reféns cativos na Mandchuria. Um príncipe Song, então, estabeleceu uma corte em Hangzhou. Esperando retomar o norte, ele a batizou de Xingzai (Capital Temporária).
A China meridional tornou-se o coração do império.
Em 1276, Kublai Khan capturou Hangzhou. Dois príncipes pequenos escaparam, mas quando o último sobrvivente afogou-se perto de Hong Kong, enquanto tentava escapar de uma frota mongol, toda a China, pela primeira vez, foi dominada por um poder não-chinês.
O domínio Song da tecnologia, superior ao da Europa ocidental, incluía a fabricação de armas e bombas, construção naval, o uso da bússola e da fabricação de relógios. Uma forma de vacinação (varíola) era praticada.
Também foi um período de grande sofisticação na literatura, na pintura e na cerâmica, e Hangzhou tornou-se o centro artístico da China.
p. 349, Tang
Dinastia chinesa (618-907) fundada pelo oficial Sui Li Yuan, quem primeiro estabeleceu sua dominação na China com tropas nômades comandadas por seu filho, que depois tornou-se o segundo imperador Tang, Taizong. A unificação da China começada pelos Sui estendeu-se. Exércitos chineses penetraram na Ásia centrao, na Coréia e no Anan. Até sua derrota contra os árabes em 751, perto do rio Talas, no Turquestão ocidental, os Tang dominaram o maior império do mundo e seus navios viajavam tão longe quanto Aden.
A imprensa foi inventada, e a pólvora manufaturada para artefatos de fogo.
Estados vizinhos, notadamente Coréia e o Japão, desejavam fazer de suas pátrias réplicas da China.
Depois do reino de Minghuang, e da rebelião abortada de An Lushan, em 755, começou a decadência. Invasões nômades e revoltas levaram generais ao poder, que controlavam forças regionais. Quando o último imperador abdicou, seguiu-se a fragmentação sob dinastias efêmeras.
Sob os Tang, a China foi inicialmente um Estado altamente centralizado. Um sistema eficiente de canais aumentou o transporte fluvial, e um bom sistema de estradas ligava as capitais proviincias com a capital, Xi'an (Chang'an), que era, provavelmente, a maior e mais cosmopolita cidade do mundo no século 7. Situando-se no final da rota da seda, ela atraia mercadores da Pérsia, Arábia, e de outras partes da Ásia. Os Tang foram especialmente notáveis pela escultura e pela pintura.
p. 349, Taoismo
Um dos maiores sistemas religiosos e filosóficos da China (o outro sendo o confucianismo), fundado tradicionalmente por Laotse, no sexto século AC. O conceito central e o objetivo é o tao, um termo elusivo denotando a força inerente da natureza e, por extensão, o código de comportamento que está em harmonia com a ordem natural.
Sua escritura mais sagrada é o Daodejing (Tao Te Ching), também chamado Laotse), atribuído a Laotse.
Um culto popular surgiu posteriomente. Numerosos deuses, dos quais o imperador de Jade tornou-se o chefe, foram vinculados a ele. A ele foram agregados monastérios e sacerdotes. Associou-se com práticas mágicas e inpirou rebeldes -- por exemplo, os Turbantes Amarelos, sob os Han.
Alquimistas taoistas tentaram transformar cinábrio em cobre e descobriram o magnetismo e como fazer a pólvora.
Oportunamente, o Taoismo e algumas seitas budistas tornaram-se praticamente indiferenciados. O Taoismo popular tomou de empréstimo o conceito de reencarnação dos budistas, mas o objetivo final não eera o nirvana, mas tornar-se "imortal".
O culto foi por vezes favorecido, em outros tempos rejeitado, pelos mandatários chineses.
p. 344, Sui
A dinastia Sui (581-618), que unificou a China depois de três séculos de fragmentação territorial, foi fundada por Yang Qien. Os primeiros dois imperadores empreenderam campanhas contra Taiwan, Anan, Champa e Srivijaya.
A Grande Muralha foi reconstruída seguindo um alinhamento diferente, e foram cavados canais, alguns que integrariam depois o Grande Canal.
Derrotas na Coréia e demandas nunca terminadas por trabalhos levaram a rebeliões. O segundo imperador fugiu; traído por uma de suas 3 mil concubinas, ele foi estrangulado.
Quando um general ambicioso Li Yuan, fundandor da dinastia Tang, tomou Chang'an (Xi'an), o último imperador abdicou.
A despeito de ter reinado por um curto período, essa dinastia estabeleceu um governo central forte, e contribuiu para o desenvolvimento da dinastia Tang.
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