quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Um dialogo "fiscal" de quatro seculos atras: sempre atual...

 Um trecho de literatura do século XVII, sempre atual, que alguns chamariam de "maquiavélico":



Diálogo entre Colbert e Mazarino, durante o reinado de Luís XIV,

 extraído da peça de teatro "Le Diable Rouge", de Antoine Rault: 

 Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar 
[o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, 
que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando
 já se está endividado até ao pescoço...

Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto 

de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, 
é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. 
Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!

Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos 

de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os 
impostos imagináveis?

Mazarino: Criam-se outros.

Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarino: Sim, é impossível.

Colbert: E então os ricos?

Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. 

Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.

Colbert: Então como havemos de fazer?

Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico 

de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos 
e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e 
temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, 
cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos, mais 
eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um
 reservatório inesgotável." 

Citation originale:

Colbert: Pour trouver de l'argent, il arrive un moment où 

tripoter ne suffit plus. j’aimerais que Monsieur le Surintendant 
m'explique comment on s'y prend pour dépenser encore quand 
on est déjà endetté jusqu'au cou…
Mazarin:Quand on est un simple mortel, bien sûr, et qu'on est 

couvert de dettes, on va en prison. Mais l'État…, lui, c’est différent. 
On ne peut pas jeter l'État en prison. Alors, il continue, il creuse la dette ! 
Tous les États font ça.
Colbert :Ah oui ? Vous croyez ? Cependant, il nous faut de l'argent. 

Et comment en trouver quand on a déjà créé tous les impôts imaginables ?
Mazarin: On en crée d'autres.
Colbert :Nous ne pouvons pas taxer les pauvres plus qu'ils ne le sont déjà.
Mazarin ui, c’est impossible.
Colbert:Alors, les riches ?
Mazarin: Les riches, non plus. Ils ne dépenseraient plus. 

Un riche qui dépense fait vivre des centaines de pauvres 
Colbert: Alors, comment fait-on ?
Mazarin:Colbert, tu raisonnes comme un fromage (comme un 

pot de chambre sous le derrière d'un malade) ! il y a quantité de 
gens qui sont entre les deux, ni pauvres, ni riches… Des Français qui 
travaillent, rêvant d'être riches et redoutant d'être pauvres ! c'est 
ceux-là que nous devons taxer, encore plus, toujours plus ! Ceux là ! 
Plus tu leur prends, plus ils travaillent pour compenser… 
c'est un réservoir inépuisable. 

Extrait du "Diable Rouge" d'il y a 4 siècles...


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