Este post é dedicado a um leitor, obviamente anônimo, que acha que o ex-Partido Comunista da finada União Soviética era de "esquerda".
Uau! Ele chama partidos totalitários, e reacionários, como sendo de "esquerda". Não havia nada mais conservador, reacionário, arcaico, e anti-esquerda do que o PCUS. Ele era a favor do imobilismo desde Stalin, pelo menos, ou seja, durante setenta anos. Como pode ser de esquerda um partido conservador e imobilista?
Mao Tsé-tung era outro reacionário, embora anárquico. Certamente não era de esquerda. Era apenas... maoista. Ele foi, provavelmente, o homem que mais matou outros homens (e mulheres e crianças), muito mais que Stalin e bem mais do que Hitler.
Foi um dos grandes tiranos da história humana conhecida, como se pode constatar pelo texto abaixo.
Paulo Roberto de Almeida
Sábado, 25 de agosto de 2012
:: Maria João Marques
Como, para mim, denunciar os crimes do comunismo é sempre uma atividade meritória e prazenteira, aqui vos deixo uma sugestão de leitura: Mao's Great Famine de Frank Dikotter.
Quase acabado de sair do prelo, faz uso de muitas fontes originais, sobretudo guardadas nas sedes partidárias estaduais (as centrais estão ainda vedadas a olhos curiosos), para nos dar um retrato já muito aprofundado desse movimento de radical coletivização da agricultura (sempre um grande desígnio comunista) chamado Grande Salto A Frente que inevitavelmente (e como sucede com todos os movimentos de coletivização da agricultura) matou de fome, pelo menos, 45 milhões de chineses (números de Dikotter).
Apesar do tema pesado, o livro está bem escrito e permite uma leitura fluída. E, sendo um livro de história de um acadêmico renomado, é também uma viagem ao absurdo e não se consegue ler sem esboçar uns tantos sorrisos de incredulidade. A adoção de métodos agrícolas não científicos, mas ideológicos (porque as adotadas pelos camponeses e testadas pelo tempo eram ‘métodos direitistas’ indignos de um país socialista) que levaram a uma quebra importante na produção agrícola. As fundições nas traseiras que permitiriam que a China produzisse mais aço do que a Grã-Bretanha em quinze anos (e, depois, em três ou quatro), que consumiu todos os produtos metálicos das zonas rurais, incluindo as ferramentas agrícolas (oops!), desviou milhões de camponeses dos trabalhos nos campos para as fundições e que terminou com quebra abrupta na produção agrícola e produziu toneladas de aço de má qualidade não usável. As colossais obras de irrigação feitas às pressas e em locais errados que findaram abandonadas ou com efeitos contrários aos inicialmente planeados, com destaque para a barragem que iria tirar o lodo ao Rio Amarelo, mas que levou a que o lodo fosse duplicado. Um regime comunista, a usar os camponeses como trabalho escravo (sem comida, sem horas de descanso, sem acomodações adequadas ao clima, sem cuidados médicos, com espancamentos, com humilhações públicas…) nas obras de irrigação, nas comunas agrícolas ou nas fundições, acabou matando, por esta via, milhões de camponeses.
As sucessivas rodadas de expurgos, que puniram, sobretudo os quadros do PCC (Partido Comunista Chinês), que tentavam proteger as populações dos efeitos das políticas do “Grande Salto A Frente” e aqueles que denunciavam a existência de fome generalizada, quando o topo do politiburo do PCC considerava a situação “excelente” e as mortes ocorridas ‘uma lição de valor’, destacando-se o expurgado ministro da defesa Peng Dehuai (que morreria, ainda como castigo por ter falado verdade em 1959, durante a revolução cultural).
A proteção da imagem internacional da China, doando toneladas de alimentos a países como a Albânia enquanto nos campos a fome matava a eito vinha sempre em decorrência das “sábias” citações de Mao Tsé Tung, ora questionando sobre que destino daria aos excedentes que o GSF produziria, ora exortando os camponeses chineses (famintos) a tornarem-se vegetarianos para que se pudesse exportar a carne chinesa, ora afirmando que “mais valia que metade da população morresse para que a outra metade tivesse a sua porção de comida”.
Os elaborados esquemas que levaram à criação de um complexo mercado de sucessivas trocas diretas, etc., etc., etc.. E, claro, as mortes. Está tudo no livro de Dikotter, que recomendo vivamente.
Mao’s Great Famine
“Between 1958 and 1962, China lived through tragedy on an epic scale. The “Great Leap Forward” – conceived by Mao so that China could drive industrial output ahead of Great Britain and achieve autonomy from the might of the neighboring USSR – led to a catastrophic famine resulting in the death of between 36 and 55 million people.
“Three years of natural disasters”: it is in these terms that the Chinese Communist Party today justifies this terrible outcome. But the tragedy was masked by an official lie, because while China was starving to death, the grain stores were full.
Based on previously unheard testimony by survivors, rare archive footage, secret documents and interviews with the leading historians on this catastrophe, this film provides, for the first time, an insight into the folly of the “Great Leap Forward”.
It examines the mechanisms and political decisions that led to famine, stripping away the incredible secrecy surrounding the campaign, and exposing the lie which continues even today as to who was responsible, and the true human cost”.
Um comentário:
Se me permite corroborar com sua opinião Sr. Paulo, eis um documentário de 43 min sobre a tirania de Mao Tsé-Tung: http://www.youtube.com/watch?v=oJHGSdyFt5k
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