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terça-feira, 16 de abril de 2013
Miseria educarional (e professoral) brasileira: um belo futuro pela frente, e por tras, e por todos os lados...
Editorial O Estado de Minas, 15 de abril de 2013
"Insanidade", disse Albert Einstein, "é repetir as mesmas ações e esperar resultados diferentes". A afirmação do criador da Teoria da Relatividade serve para a preocupante situação do magistério. Reduz-se significativamente o número de candidatos a professor matriculados nas universidades. Segundo dados do Censo de Educação Superior de 2011, são eles que mais abandonam a carreira durante o curso.
Física encabeça a lista dos desistentes. Nada menos de 31% dos estudantes interrompem os estudos e tomam outros rumos. Em números absolutos, português e matemática sobressaem - 40 mil alunos evadiram em busca de melhores oportunidades. Vale lembrar que as três matérias são obrigatórias nos níveis fundamental e médio. Quem as ministrará?
Ganha cores nítidas, assim, o quadro que se vinha esboçando havia anos. Salários baixos, falta de estímulo, más condições de trabalho e poucas oportunidades de ascensão funcional tornam a carreira pouco atraente. Comparada com outras que exigem o mesmo grau de escolaridade, fica claro o desprestígio que expulsa talentos e joga na orfandade milhões de brasileiros cuja única oportunidade de melhoria social reside na educação de excelência.
Não se pode esquecer, também, o apelo dos concursos públicos. O recrutamento universal baseado na meritocracia atrai os ex-futuros professores com a remuneração, a possibilidade de progressão na carreira e a carga mais leve que a de responder pelo futuro de crianças e jovens. A conclusão não pode ser outra: ao desqualificar o magistério, o governo deu um tiro no pé do país. Estimulou a evasão dos melhores para outros destinos. Só ficaram os raros vocacionados ou os incapazes de buscar saídas.
É um círculo vicioso. Maus professores formam maus profissionais, que, por sua vez, serão maus advogados, maus engenheiros, maus arquitetos, maus garçons, maus administradores, maus tudo. A falta de excelência do ensino contribui para a baixa produtividade do trabalhador e a falta de competitividade da economia. Em suma: emperra o desenvolvimento e atrasa a concretização do projeto de entrar no fechado clube das nações desenvolvidas.
Os pessimistas dizem que o Brasil perdeu o trem da história. Na década de 1970, ao promover a reforma do ensino, democratizou o acesso à escola. Mas ficou no meio do caminho. Negligenciou a democratização do conhecimento. O resultado é a tragédia revelada pelas avaliações nacionais e internacionais de cursos. Os otimistas, porém, acreditam que ainda há tempo.
O bom senso manda ser realista. Além de salários compatíveis com os pagos aos profissionais de nível superior mais valorizados, impõe-se oferecer plano de carreira atraente, melhorar as condições de trabalho e dar prestígio ao professor. Continuar a brincadeirinha do faz de conta é apostar na insanidade de Einstein. Ou acreditar em Papai Noel e na Gata Borralheira - o que dá no mesmo.
4 comentários:
Sopesadas as diferenças, é muito mais "cômodo" e "promissor" ser empregada doméstica com carteira assinada e mais todos os direitos garantidos por lei. Este é o nosso Brasil brasileiro.
O que o senhor acha de um curso de Economia Politica Internacional que nao menciona, em seu plano de ensino e aulas, David Ricardo e Hayek? E além disso, passa um filme sobre a Revolução Russa durante exposições?
A ausência de menção a David Ricardo seria impensável num curso de Economia Política INTERNACIONAL, uma vez que sua teoria das vantagens comparativas relativas (e antes, das vantagens absolutas de Adam Smith) é a base da teoria do comércio internacional, quaisquer que sejam suas derivações contemporâneas e refinamentos metodológicos.
Seria como ter um curso de biologia evolutiva sem mencionar a teoria da seleção natural de Darwin, ou seja, impensável.
Friedrich Hayek é, a rigor, um fil'sosofo social, mas suas teorias e ensinamentos econômcos são importantes, não tanto do ponto de vista "internacional", mas pelo funcionamento, em si, de uma economia de mercado.
Não deveria ser ignorado, mas na parte internacional poderia, hipoteticamente, ser deixado de lado, ainda que isso represente uma diminuição do conteúdo ontológico da economia.
Já o filme sobre a revolução russa simplesmente não tem o que fazer num curso de economia. Se trata de puro proselitismo, ou simplesmente ignorância.
A universidade brasileira caminha em direção à mediocridade, isso é um fato...
PRA
Agradeço pela rápida resposta. Esperava algo nesse sentido mesmo.
Sinto-me verdadeiramente descontente de comentar Ricardo com um de meus colegas de curso e ele ter dito que não conhece a teoria, muito menos o autor.
Fica a lacuna, muito por conta da escolha ideológica deliberada do professor que deu as aulas.
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