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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Debate sobre a politica externa e seu grau de bolivarianismo - Site 247

Um instrumento auxiliar do Palácio do Planalto, mais exatamente dos companheiros, se apressa em alimentar o debate com o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal, e publica opiniões contrárias.
Todas as opiniões podem ajudar ao debate, desde que sejam esclarecedoras...
Paulo Roberto de Almeida

GARCIA REBATE FERRAÇO: "DESINFORMAÇÃO E INSULTOS"

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Assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia publica dura resposta às críticas, feitas à Veja, do senador Ricardo Ferraço (PMDB) sobre a política externa brasileira e ao governo Dilma Rousseff; "Tal qual uma Mãe Dinah das relações internacionais, Ferraço prognostica que Argentina e Venezuela caminham para uma ditadura", diz Garcia, que define o discurso como de "muito barulho, pouca consistência"; para ele, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara ostenta desinformação e lugares comuns; desconhece ação conjunta de Brasil e Bolívia e "prefere insultar o presidente Evo Morales", assim como anunciar um novo "espantalho", o bolivarianismo, "que não explica o que é".
2 DE JULHO DE 2014 ÀS 17:20
247 – As críticas do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) à política externa brasileira e à gestão da presidente Dilma Rousseff, desferidas em entrevista às páginas amarelas da revista Veja do último fim de semana, foram duramente rebatidas nesta quarta-feira 2 pelo assessor da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. Em artigo, ele define o discurso do parlamentar como de "muito barulho, pouca consistência" e acusa o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Câmara de ostentar desinformação e lugares comuns em seus ataques.
Leia aqui a entrevista do senador à revista Veja e, abaixo, o artigo de Garcia:
Política Externa: entre luzes e apagões.
Marco Aurélio Garcia
"O meio é a mensagem" disse McLuhan.
O senador Ricardo Ferraço, Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa de nossa Câmara Alta, escolheu as páginas amarelas da revista VEJA para destilar sua ojeriza à política externa brasileira e ao governo da Presidenta Dilma Rousseff. Maior adequação entre continente e conteúdo seria impossível.
Mas, se a pretensão era a de uma artilharia pesada, o resultado não passou de fogos de artifício. Muito barulho, pouca consistência.
VEJA anuncia que a Comissão presidida por Ferraço é "um contraponto ao Itamaraty", instituição que o senador vê "apequenada" e submetida a um duplo comando – o do "chanceler de direito" (o Ministro Luiz Alberto Figueiredo) e o do "chanceler de fato" (quem assina esta nota).
Café requentado nos últimos 12 anos, a suposta duplicidade na condução da política externa não é capaz de encontrar um só grão de verdade. Esconde muitas mentiras.
Ferraço percorre distraído a América Latina, ostentando sua desinformação, reproduzindo todos os lugares comuns possíveis e arrogando-se a função de politólogo, sem ter recursos suficientes para sê-lo. Ao final desvela seu propósito: o de atacar o Governo Dilma Rousseff e a falta de um projeto de nação, que ele atribui à Presidenta. Fica-se à espera de qual projeto seria esse. Silêncio ensurdecedor.
Tal qual uma Mãe Dinah das relações internacionais, Ferraço prognostica que Argentina e Venezuela, apesar de seus Governos terem sido eleitos pelo voto popular, caminham para uma ditadura. Menciona o cerco à imprensa nos dois países, ocultando, por exemplo, que em Caracas e Buenos Aires os principais órgãos de imprensa – El Nacional, El Universal, Clarín e La Nación, respectivamente – são há anos duros opositores dos governos de Nicolás Maduro e de Cristina Kirchner. O senador menciona o testemunho crítico da deputada venezuelana María Corina sobre a situação de seu país. Tivesse convidado, como fez a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, aos Professores Gilberto Maringoni, Igor Fuser e ao economista do IPEA Pedro Barros, poderia ter uma opinião mais aprofundada e plural. Seria de perguntar-se porque o vigilante senador não ouviu, como lhe foi proposto, o deputado venezuelano Rodrigo Cabezas. Pergunto-me, igualmente, por que não teve ainda curso o convite que me foi feito para ir à Comissão do Senado, assim como o Embaixador do Brasil em Caracas, Rui Pereira.
Ricardo Ferraço utiliza informações a seu gosto. Desconhece a ação conjunta que os Governos do Brasil e da Bolívia têm desenvolvido nos últimos anos no combate ao narcotráfico. Prefere insultar o Presidente Evo Morales que deve seu mandato ao voto popular.
Sobram desinformação e insultos em suas declarações: à Presidenta, ao Ministro Figueiredo (chanceler de direito e não de fato, segundo ele) e ao Itamaraty, quando acusa a instituição de coagir diplomatas para seguir ao "bolivarianismo", sob pena de perder cargos e salários. Acusação grave, que só pode fazer impunemente quem se esconde sob o manto da imunidade parlamentar.
Já que o "comunismo" deixou de ser fantasma, como nos tempos da Guerra Fria, Ferraço levanta como novo espantalho o "bolivarianismo", que não explica o que é.
O que venha a ser o bolivarianismo, é evidente que se trata de um fenômeno com sabida particularidade histórica que não tem nenhuma influência, nem mesmo presença, no ambiente político-ideológico brasileiro.
É curioso que o Senador mencione os importantes debates organizados pelo Itamaraty para a preparação de um Livro Branco sobre a política externa brasileira – onde fez longa exposição na sessão de abertura – para tentar diminuir a figura respeitável do Ministro Figueiredo, que está realizando importante processo de reorganização do Ministério e de requalificação de nossa presença no mundo.
A prova do respeito que tivemos vis-à-vis a intervenção de Ferraço e a de tantos outros, está no fato de que a discutimos serenamente e, mesmo discrepando de alguns de seus conceitos, a levamos em conta como importante contribuição ao debate.
Entre os nostálgicos dos fracassados projetos de constituição de uma Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), virou moda a celebração da Aliança do Pacífico como contraponto ao MERCOSUL e a nossas concepções de integração continental.
Não há um "Tordesilhas do Século XXI", separando MERCOSUL da Aliança do Pacífico. Ao contrário, os dois blocos estão em processo de aproximação e, sem perder suas respectivas identidades, propõe-se fortalecer, num diálogo respeitoso, os grandes eixos de integração da região – a UNASUL e a Comunidade de Nações Latino-Americanas e do Caribe (CELAC).
Finalmente, já está passando a hora de desmistificar supostos exercícios teórico- políticos, em nome dos quais se pretende desqualificar a atual política externa como "de Governo" e não "de Estado". Essa diferenciação tem sido utilizada nos últimos tempos por aqueles que buscam aprisionar políticas públicas – na economia, na defesa e também nas relações exteriores – a cânones conservadores, forjados no passado, no contexto de uma outra realidade nacional e mundial e de uma distinta correlação de forças sociais e políticas.
O interesse nacional que alguns gostam tanto de citar para justificar posições político-partidárias não é fruto de mentes supostamente iluminadas. É, antes, expressão da vontade geral e esta, em uma democracia, resulta da expressão popular que as urnas periodicamente recolhem.
O resto é apagão.
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Nota PRA: 
Alguns comentários são reveladores do estado do "debate" no Brasil atual. Eram 72 até o momento da leitura desta postagem. Provavelmente vão aumentar. Quem desejar pode percorrer todos neste link: http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/145484/Garcia-rebate-Ferra%C3%A7o-desinforma%C3%A7%C3%A3o-e-insultos.htm
Transcrevo apenas os mais recentes: 

COMENTÁRIOS

72 comentários em "Garcia rebate Ferraço: "desinformação e insultos""
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dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

  1. Ramalho 3.07.2014 às 10:18
    Canalhice, ignorância histórica e desconhecimento dos fatos explicam a demonização do bolivarianismo. Bolívar é herói das independências de vários países sul-americanos por ter ajudado a retirá-los do jugo espanhol, a Espanha era o colonizador de outrora. Bolívar, porém, teve sorte, viveu em um período em que não havia testas de ferro de colonizadores, os maus não se camuflavam. Hoje, a canalhice não tem limites e os quintas-colunas, testas de ferro dos colonizadores modernos, dissimulam seus interesses e intenções, e Ferraço é um destes. O Bolivarianismo (passo agora a iniciá-lo por maiúscula em razão de sua importância) inspira-se em Bolívar. Tem por propósito livrar a América do Sul do jugo dos impérios modernos, a exemplo do que Bolívar fez no passado. O que há de errado nisso? Nada, ao contrário, isso é bom para a América do Sul e para o Brasil, em particular. Então, qual mal o Bolivarinismo fez ao Brasil? Nenhum. Pois é, qual a razão do ódio e ofensas de Ferraço por causa da política externa brasileira? É uma boa questão. Será que Ferraço é contra a independência da América do Sul e do Brasil? Será que deseja que sejamos maus vizinhos, voltando as costas à Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador? Se não for, parece, e muito. Tudo leva a crer que Ferraço é um quinta-coluna infiltrado no Senado que opera contra o Brasil e contra a América do Sul, o que, convenhamos, é uma vergonha.
  2. Samuel dos santos rocha 3.07.2014 às 09:09
    esse e do es nunca trabalhou na vida filho da direita e neto da ditadura e ex dem estou aguardando ele na proxima eleiçao
  3. Buca Dantas 3.07.2014 às 07:18
    aos poucos vamos desmoralizando essa canalha direitosa subserviente e ignorante (apesar do letramento). À falta de votos só lhes resta a verborragia. Mas só por umas 2 gerações a mais, porque seus argumentos de ódio encontram cada vez menos gente que lhes dê a menor atenção.
  4. ronaldo 3.07.2014 às 05:21
    Garcia nada sabe de Constituição, e acredito mesmo que não esteja interessado nisto, pois é ativista comunista que vivia no lado oriental do muro de Berlim e aposta no bolivarianismo. Não aprendeu democracia. Se quiser aprender, é só ver este vídeo do eminente Ives Gandra Martins sobre o processo em andamento.. https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/146e06450e43d1d8?projector=1
  5. sergio 3.07.2014 às 02:07
    Só faltou o turbante na foto do Ferraço, quem é este elemento? Será o novo informante da Veja.
  6. sergio 3.07.2014 às 02:04
    Quem é este elemento, Ferraço, metido a cartomante. Será que ele ao menos sabe onde fica a Argentina e e a Venezuela. Bom se saiu na Veja ..... é pura perca de tempo.
  7. TOC TOC TOC 3.07.2014 às 00:56
    Ta explicado o mau-halito do toc toc. E' a merda evaporando pela boca.
  8. Marcela Cadela 2.07.2014 às 23:31
    Marcela é um direitista estúpida, uma das piores comentaristas do 247, está aqui só para falar besteiras e denegrir qualquer um da esquerda democrática eleita pelo voto popular. É uma viúva do golpe de 64. Deveria recolher-se a sua insignificância de subnitrato de pó de peido.
  9. Ferraço? Quem? 2.07.2014 às 23:26
    Quem é Ferraço? Quais são seus projetos? O Que ele já fez pelo Brasil? Absolutamente nada. Um zero absoluto. Tá querendo levar um Ferraço? Vote nele.
  10. marcela 2.07.2014 às 23:26
    Marco Aurélio Garcia seguramente é um dos petistas mais retrógrados e sectários ! Parou no tempo, venera Fidel e acredita que Cuba é um paraíso socialista. Venezuela e Argentina só não são ditaduras plenas, porque suas populações resistem bravamente ... só mesmo a esquerda brasileira mofada, bolorenta defende os tiranetes que governam esses países.


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