segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Déficit de Transações correntes no Brasil: Ricardo Bergamini

Saldo de Transações Correntes
Ricardo Bergamini

Série história do saldo das transações correntes com base na média/ano foi como segue: Governo FHC (1995/2002) – déficit de US$ 23,4 bilhões = -3,31% do PIB; Governo Lula (2003/2010) – déficit de US$ 6,6 bilhões = -0,52% do PIB; Governos Dilma/Temer (2011/2018) – déficit de US$ 48,2 bilhões = -2,21% do PIB; Governo Bolsonaro (2019) - déficit de US$ 50,8 bilhões = 2,76% do PIB, nos 12 meses encerrados em dezembro de 2019.

Resumo: Governo FHC déficit de transações correntes de -3,31% do PIB, Governo Lula déficit de -0,52% do PIB, governos Dilma/Temer déficit de -2,21% do PIB e nos doze meses do governo Bolsonaro déficit de -2,76% do PIB, ou seja, 24,89% maior do que o período de Dilma/Temer.

Estamos caminhando para uma grave crise cambial, consequentemente sugiro aos leitores estudarem - O Colapso do Real em 1999: Lições de uma crise cambial.

Estatísticas do setor externo Fonte BCB

Base: Dezembro de 2019

1. Balanço de pagamentos

Em dezembro de 2019, o déficit em transações correntes totalizou US$ 5,7 bilhões, ante déficit de US$ 6,1 bilhões no mesmo mês de 2018. A variação no déficit decorreu de redução de US$ 2,0 bilhões em despesas líquidas de renda primária, parcialmente compensadas pela retração de US$ 1,2 bilhão no saldo da balança comercial. Em 2019, o déficit em transações correntes somou US$ 50,8 bilhões (2,76% do PIB), superior ao déficit do ano anterior, US$ 41,5 bilhões (2,20% do PIB).





As exportações de bens totalizaram US$ 18,2 bilhões em dezembro de 2019, recuo de 6,0% em relação ao mesmo período de 2018. Na mesma base de comparação, as importações de bens aumentaram 0,3%, para US$ 13,4 bilhões. No mês, não houve operações relativas ao Repetro. Na comparação com o ano anterior, o superávit comercial reduziu de US$ 53,0 bilhões para US$ 39,4 bilhões em 2019, repercutindo retrações de 6,3% nas exportações e de 0,8% nas importações. No ano, as importações líquidas no âmbito do Repetro foram estimadas em US$ 1,6 bilhão.

O déficit na conta de serviços atingiu US$ 3,5 bilhões no mês, 2,7% superior ao resultado de dezembro de 2018, US$ 3,4 bilhões. Em 2019, o déficit em serviços situou-se em US$ 35,1 bilhões, 1,7% inferior ao déficit de US$ 35,7 bilhões registrado em 2018, com redução nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos (US$ 1,3 bilhão; 8,2%) e de viagens (US$ 664,0 milhões; 5,4%). Por outro lado, observou-se aumento nas despesas líquidas de telecomunicações, computação e informações (US$ 802,0 milhões; 36,9%) e de serviços de propriedade intelectual (US$ 405,0 milhões; 9,4%). 

Em dezembro de 2019, o déficit em renda primária reduziu 23,2% na comparação com dezembro de 2018, somando US$ 6,7 bilhões. Os gastos líquidos com juros somaram US$ 3,2 bilhões no mês, aumento de 20,3% na comparação interanual, com redução de receitas e expansão de despesas. As despesas líquidas de lucros e dividendos somaram US$ 3,5 bilhões, retração de 42,4% ante dezembro de 2018, com aumento de receita e recuo de despesas. No ano, o déficit em renda primária recuou 4,8%, para US$ 56,0 bilhões, resultado do aumento de 11,2% das despesas líquidas de juros, para US$ 25,1 bilhões, em oposição à redução de 14,8% do déficit em lucros e dividendos, para US$ 31,1 bilhões.

Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 9,4 bilhões no mês, composto por ingressos líquidos de US$ 1,6 bilhão em participação no capital e de US$ 7,8 bilhões em operações intercompanhia. Em 2019, os ingressos líquidos de IDP somaram US$ 78,6 bilhões, correspondendo a 4,27% do PIB, patamar próximo aos US$ 78,2 bilhões registrados no ano de 2018, equivalente a 4,15% do PIB. 



Em dezembro, houve saídas líquidas de US$ 4,6 bilhões em instrumentos de portfólio negociados no mercado doméstico, com saídas líquidas de US$ 1,1 bilhão em ações e fundos de investimento, e de US$ 3,5 bilhões em títulos de dívida. No ano, ocorreram saídas líquidas de US$ 7,6 bilhões em instrumentos negociados no mercado doméstico, compostas por saídas líquidas de US$ 3,6 bilhões em ações e fundos de investimento, e de US$ 4,0 bilhões em títulos de dívida. 




2. Reservas internacionais

O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 356,9 bilhões em dezembro de 2019. A redução de US$ 9,5 bilhões nesse estoque, relativamente à posição de novembro, decorreu principalmente da liquidação de US$ 9,6 bilhões de vendas no mercado à vista e da concessão de US$ 1,8 bilhão em operações de linha com recompra. As variações por paridades e por preços contribuíram para elevar o estoque de reservas em US$ 1,1 bilhão, enquanto a receita de juros adicionou US$ 589,0 milhões ao estoque.

No ano, houve redução de US$ 17,8 bilhões no estoque de reservas internacionais, em função das vendas no mercado à vista, US$ 36,9 bilhões. Os principais fatores que atuaram em sentido contrário, contribuindo para a elevação das reservas, foram as receitas com juros, US$ 7,5 bilhões; as variações por preço, US$ 9,1 bilhões; e o retorno líquido de linhas com recompra, US$ 2,3 bilhões.

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.

Ricardo Bergamini

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ITAUMACRO:

LatAm Talking Points 27/01/2020
Wider-than-expected current account deficit in Brazil


Brazil
The current account posted a USD 5.7 billion deficit in December, wider than our forecast (USD -4.2 billion) and market estimates (USD -4.6 billion). The main deviation in comparison to our forecast came from the profits and dividends account, with larger-than-expected net remittances. The current account deficit over 12 months amounted to USD 50.8 billion, or 2.8% of GDP, in 2019. The main driver behind the increase compared to 2018 (USD -41.5 billion, or 2.2% of GDP) was the shrinking trade deficit, particularly slowing exports. The service deficit remained virtually stable in the period, while the income deficit receded, partly offsetting the deteriorating trade balance. For the next years, we expect the current account deficit to reach 2.5%-3.0% of GDP, in line with the economic rebound. In our view, even at a higher level, the curre nt account deficit will still be comfortably financed by foreign direct investment. ** Full story here.
The BCB released its weekly survey with market participants (Focus). The median of IPCA inflation expectations for 2020 declined 9 bps to 3.47%, probably reflecting downward revisions on IPCA inflation rates for the first quarter of the year. Expectations for 2021 and 2022 remained unchanged at 3.75% and 3.50%, respectively. The median of year-end Selic rate forecasts declined 25 bps to 4.25% for 2020, and remained stable at 6.25% for 2021 and 6.50% for 2022. The median of GDP growth did not change for the three years horizon (2020-2022), at 2.31% for 2020 and 2.50% for both 2021 and 2022. On the exchange rate front, expectations oscillated to BRL 4.10/USD (from 4.05) for 2020, and remained unchanged at BRL 4.00/USD for 2021 and BRL 4.05/USD for 2022.

According to FGV’s monthly survey, retail confidence increased 1.3 p.p. to 98.1 in January. The breakdown shows that this advance was boosted by a strong reading on the expectations component, which increased 3.8 p.p, to 104.4. On the opposite direction, the current condition component receded 1.1 p.p, to 91.9. According to FGV, this result is consistent with a gradual recovery in the retail sector, which still depends on stronger signals from the labor market and consumer confidence to accelerate.

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