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domingo, 27 de dezembro de 2020

A História Natural da Estupidez Humana - Sergio Vellozo Lucas

 Está realmente difícil conviver com certas cavalgaduras numa terra de bárbaros, que podiam, ao menos, serem bárbaros inteligentes.

Não, calhou de serem todos eles antas monumentais, estupidezes desmesuradas, burros infinitos, ignorantes boçais e descerebrados assumidos.

Copio da lista Roda Democrática, este protesto de Sergio Vellozo Lucas, que disse boa parte do que eu mesmo poderia escrever.

Paulo Roberto de Almeida 

Desafios de 2021 

Sergio Vellozo Lucas

Pior do que está não fica, dizia Tiririca, mas ficou pior quando o povo votou em massa nele e no seu rastro elegeu para o Congresso Nacional um monte de desconhecidas nulidades fisiológicas. 

Sim, tudo sempre pode piorar, não existe fundo do poço, sempre pode se escavar um pouco mais, enquanto ainda houver vida, especialmente enquanto houver vida imbecil entre nós. 

Não coloquem a culpa em 2020, um mero acidente de calendário, que tem até outras representações numéricas entre judeus e chineses, entre outros. Nada de numerologia, por favor. A culpa não está na conjunção temporal dos astros, para falar a verdade, a culpa não é nem do SARS-COV II, que nos trouxe de presente a COVID 19. 

A culpa está na notável imbecilidade humana, que, diga-se de passagem, sempre existiu, mas que agora ficou mais refinada com a massificação da informação inútil. 

No que depende da ciência, nós seguimos evoluindo, pela primeira vez na história a cooperação entre diferentes centros de estudo foi mais importante do que o lucro no desenvolvimento de vacinas, que podem nos proteger dessa pandemia que mudou nossos hábitos, nossa história e parece agravar ainda mais a natural tendência humana à estupidez. 

Infelizmente ao invés de celebrar esse avanço científico, parte significativa do povo, envenenada por lideranças políticas pérfidas, prefere questionar o progresso obtido pela engenhosidade humana. Como se não fosse parte da nossa história criar soluções sob pressão, desde que, em nossa pré-história, um hominídeo afiou a ponta de uma pedra e a amarrou numa vara para caçar e manter seus predadores à distância. 

Como se mais inovações fossem impossíveis, exatamente o que achava o chefe do registro de patentes de Londres, que em 1900 fechou o seu escritório alegando que tudo que era possível já tinha sido inventado. Gostaria de saber o que ele acharia dos foguetes, dos satélites e da Internet. 

Os idiotas modernos acham que é impossível acelerar um processo biológico do qual temos amplo conhecimento, para eles, as vacinas teriam que respeitar o cronograma do tempo de Osvaldo Cruz, ou no máximo de Albert Sabin. 

Batemos recordes com a vacina do COVID, e daí? Também construimos casas, carros e desenvolvemos celulares em tempo recorde. Será que não notaram que estamos utilizando, no dia a dia, dezenas invenções que sequer imaginávamos há dez anos atrás, muito depois das mortes de Cruz e Sabin? 

Na medida em que o conhecimento humano avança, aumenta o abismo entre os que compreendem esse avanço e aqueles que enxergam o progresso da ciência como um subgrupo exótico do misticismo e continuam a acreditar em mistificações baratas e palavras de ordem populistas. 

Os idiotas sempre foram maioria, dizia Nelson Rodrigues, mas agora eles se manifestam diariamente, divulgam estrepitosamente suas convicções idiotas e empoderam lideranças idiotas (essa última eles sempre fizeram também, mas agora ficou pior) 

Essa equação ainda não foi resolvida e é o grande dilema das democracias contemporâneas. Estamos fragilizados por lideranças que contestam evidências elementares e são seguidos bovinamente por multidões, que acreditam mais na intensidade de diatribes rasas, do que na razão, uma galera que em pleno século XXI prefere acreditar a entender. 

2021 também pode ser ser pior, se depender somente dos nossos poderes apodrecidos, do judiciário, que se preocupa acima de tudo com seus privilégios, do executivo que só quer se perpetuar no poder e desse legislativo com nível ético, cultural e fisiológico dos eleitos pelo quociente eleitoral do Tiririca. 

E não me venham falar de militares, pelo amor de Deus, Pazuello, o general da ativa, especialista em logística, deixou caducar milhões de testes de COVID e ainda não tem uma data para o inicio da vacinação. Os bons militares, tipo o Santos Cruz, pegaram o seu quepe e deram o fora. 

Pessoalmente, estou sobrevivendo a 2020, com saúde e comida na mesa, o que já é motivo para ser grato, mas está difícil, não espero milagres em 2021, o mundo, como um todo, precisa encontrar um equilíbrio entre preservação e desenvolvimento, entre liberdade e justiça social e o Brasil, em particular, precisa colocar um freio na ambiciosa elite dirigente, enquistada nos três poderes, que arrogou para si privilégios inexistentes em qualquer outra parte do planeta e sufoca nossa economia e nossa existência, alegando agir em nossa defesa. 

Fiz sessenta e um nesse 2020, morreram amigos, parentes queridos e minhas duas cachorras, o resultado em mim foi que minha paciência está cada dia menor no atacado da mesquinharia política e da imbecilidade humana, mas por outro lado está mais elaborada quando se trata dos amigos. 

Aos sessenta e um, o que me importa são os afetos. 

De qualquer modo esse é o meu pedido para 2021: 

_ Deus, dai-me mais paciência para suportar a ignorância travestida de sabedoria, porque se o Senhor me der um pedaço de pau eu vou sair por aí distribuindo pauladas nos idiotas do cotidiano.


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