Não, eu não mudei nada. Continuo achando o PCdoB uma excrescência. Mas são eles que mudaram: deixaram de ser sectários. Estão finalmente se aliando ao centro, aos liberais, até à direita não bolsonarista, aos odiados tucanos, para fazer aquilo que é simplesmente racional, necessário, absolutamente indispensável: barrar o caminho da extrema-direita servil, no seu afã de subordinar a Câmara dos Deputados ao presidente autoritário e aloprado.
Não consigo achar nada de estranho no argumento abaixo do deputado Orlando Silva.
Estou até achando que até o PCdoB ficou melhor do que o PT, que é o mais sectário dentro daquele amálgama que o escroto do presidente chama de "esquerdalha". Melhor ser "esquerdalha" do que apoiar um fascista psicopata.
Paulo Roberto de Almeida
2:36 PM · Dec 19, 2020·Twitter for Android
O que vale mais, a vitória possível ou a derrota certa? Essa é a questão essencial em uma eleição em que não é o voto popular a ser conquistado, mas o voto de parlamentares, com convicções formadas e sujeitos às interferências e conveniências de outros poderes. Segue o fio.
Há quem se recuse a alianças com forças liberais porque acham que macula sua existência pura, tornam-se incoerente com o programa e os princípios que defendem. Nada mais errado politicamente. Por esse raciocínio, não haveria a resistência aliada que venceu o eixo na Guerra.
Mas não só, não haveria avanço nenhum, em tempo algum, em um país que historicamente tem o centro e a centro direita como grandes forças políticas, caso nosso. Marcando posição a cada batalha, não teríamos a Anistia, a derrota da Ditadura e as vitórias do campo progressista.
Há quem diga que Maia apoia as pautas do governo. Será? Por que está o Planalto hipotecando a alma para eleger seu candidato? A pauta de Bolsonaro não é ditada pelas "reformas". A pauta dele é criar condições para uma ditadura. Com a reeleição em 2022, ele sonha fechar o regime.
E a Câmara? Ela ditará a pauta, a agenda. Se for anexada ao Planalto, será a que coesiona seu grupo e rende votos a Bolsonaro: restrição de liberdades, armas, morte, negacionismo. Esse ambiente de debate favorece a quem? Obviamente à extrema-direita.
Essa turma se retroalimenta da polarização da sociedade. Não ganham pela afirmação, mas pela negação, pelo terror, pelo ódio. Levar isso para a Mesa da Câmara fará com que os setores mais reacionários vençam - e vençam com força para impor a pauta deletéria que desejam.
Por outro lado, a esquerda unida entorno de uma candidatura que assuma compromissos mínimos, terá melhores condições para os embates e a preparação de 2022. Reduziremos a capacidade de estrago do lado de lá. Não podemos esquecer: antes da eleição, há um país.
São questões fundamentais para nós: a contenção de Bolsonaro nos marcos da democracia; respeito aos espaços proporcionais dos partidos; não supressão de ritos legislativos em pautas não consensuais, (lembremos de Eduardo Cunha), freio à destruição de direitos, entre outras.
Esse tipo de aliança, feita à luz do dia, é da própria essência do parlamento e não significa, de modo algum, submissão às pautas de forças com quem nos aliamos para um objetivo pontual, porém transcendente: derrotar Bolsonaro e defender a democracia.
Fora disso, podemos pegar em lanças, travar o combate que for, na defesa do que nos é caro. É a vitória possível. Pode ser pouco para quem quer jogar para a galera. De fato, não dá muitas curtidas nas redes, mas dá um alento fundamental ao país e ao nosso povo.
A outra opção é a demarcação, para a derrota certa e esperada. Essa dará a vitória a Bolsonaro. Teremos sido aquém do que a História nos pede. Teremos sido "eleitoreiros", enchendo de esperanças vãs os nossos apoiadores, que depois sofrerão, como todos, as consequências.
Opto pelo caminho mais difícil: argumentar, construir e participar de uma união amalgamada pela defesa da democracia. É a frente ampla que pode, efetivamente, derrotar Bolsonaro. Quase toda a esquerda aprendeu com as lições do passado. Ainda tem lugar aqui no trem da História.
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