O Brasil vai se manter à margem mesmo em matéria humanitária?
Ucrânia solicita compra de até 450 Guarani Ambulância
Tecnologia e Defesa, 8/05/2023No dia 27 de abril, o Governo da Ucrânia, através de seu Gabinete de Adidância da Defesa junto à Embaixada da Ucrânia, protocolou junto ao Ministério da Defesa do Brasil, uma solicitação de exportação das viaturas blindadas 6X6 Guarani para emergência humanitária.
No documento, endereçado ao ministro da Defesa José Múcio Monteiro, é solicitada a aquisição de até 450 viaturas Guarani, na versão ambulância, destinados ao Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia (Derzhavna sluzhba Ukrayiny z nadzvychaynykh sytuatsi), pintados nas cores laranja e amarelo e destinados a evacuação de civis das zonas de conflito e transporte de feridos das zonas de combate até os hospitais.
Para o Brasil, esta venda seria de grande importância, pois garantiria o desenvolvimento da versão ambulância (sem ônus para o Exército Brasileiro), permitiria ampliar a linha de produção da IDV, em Sete Lagoas/MG (gerando mais empregos), além que seus royalties poderiam ser revertidos para o desenvolvimento de outras versões, tão necessárias para a Força Terrestre. Outra vantagem é que a Ucrânia esta disposta a adquirir a viatura com um novo sistema de comando e controle (C2) nacional, aumentando ainda mais a participação da base industrial de defesa brasileira.
As viaturas seriam pagas por aliados do Brasil e da Ucrânia, à vista, e teriam a garantia que não seriam utilizadas diretamente nas tarefas de combate, mas para questões humanitárias.
O texto de solicitação abre dizendo que a “Ucrânia é uma nação soberana e que desde fevereiro de 2022 está enfrentando uma ameaça existencial, após ter seu território invadido pela Federação Russa”.
O Brasil, mesmo signatário da Carta das Nações Unidas de 1945, que condena a “ameaça ou o uso da força contra a integridade territorial”, manteve-se neutro perante a agressão russa, (uma clara violação a este documento), negando outra solicitação de exportação de viaturas Guarani, essa de até 1.000 unidades, porem para o Exército Ucraniano, feita em 23 de setembro de 2022. A própria IDV, fabricante do Guarani, também solicitou a autorização para iniciar as negociações, mas esta foi negada.
Segundo fontes militares consultadas por T&D, oficialmente a carta ainda não chegou às mãos do ministro, apesar de ter sido protocolada há mais de dez dias.
Uma nova negativa do Itamaraty, como a ocorrida anteriormente, pode comprometer ainda mais a imagem do Brasil perante a opinião publica mundial, pois não se trata da venda de um sistema de armas, mas de um equipamento para proteger a vida da população ucraniana, que é indiscriminadamente bombardeada por forças russas que não respeitam os protocolos internacionais de evacuação de civis das zonas de conflito.
Esta é uma chance que não pode ser perdida, pois vai dar grande visibilidade aos produtos da indústria brasileira e mostrar as boas intenções do novo governo para a proteção e pelo direito internacional dos cidadãos.
Com a palavra, o governo da República Federativa do Brasil!
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