Numa bifurcação do mundo, o governo brasileiro resolve assumir um dos lados, sem precisar…
Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Nota sobre a escolha do governo Lula em prol da coalizão antiocidental na atual Guerra Fria.
O Brasil não tem condições de influenciar as políticas e as escolhas estratégicas das grandes potências, nem tem qualquer interesse em posicionar o país em conflitos que são alheios aos seus objetivos fundamentais de desenvolvimento econômico e social, num ambiente internacional se possível mais caracterizado pela cooperação do que pela confrontação.
Não cabe ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky dizer com quem Lula pode ou não se encontrar. Lula está ansioso para se encontrar com seu amigo Putin: ele o fará para, justamente, confrontar o presidente ucraniano, de quem não gosta.
A postura de Lula compromete a diplomacia do Brasil, que seria teoricamente neutra em face de grandes confrontos interimperiais. Mas Lula já escolheu um dos lados, o da coalizão antiocidental que pretende criar uma “nova ordem global”, e arrasta o Brasil consigo nessa aventura. Consequências advirão dessa opção. Elas podem ser imprevisíveis.
Por que o atual dirigente brasileiro pretende amarrar a diplomacia brasileira a um dos lados, que não é exatamente aquele que mais condiz com as características fundamentais da sociedade brasileira?
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4635, 20 abril 2024, 2 p.
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