Sobre a resistível ascensão de um oportunista no Itamaraty
Paulo Roberto de Almeida
EA se formou no ano em que Collor foi impeached, 1992. Percorreu uma carreira de aparente conformismo burocrático, sempre defendendo as políticas do momento, até com certo entusiasmo, pois é perfeitamente conhecida sua plena identificação com posturas que agora condena de forma veemente, sobretudo durante a tucanocracia e sob o lulopetismo diplomático. Há registros disso.
Parece que não aprendeu nada nos 30 anos seguintes à sua formatura, ou então desaprendeu a partir da ascensão da direita, depois das manifestações de 2013.
O que pode ter ocorrido nos anos da transição pós-lulismo, é mais oportunismo do que diplomacia. Foi oportunista na carreira e na política. Há registros...
Paixões humanas são poderosas: aguentam 30 anos de armário.
Acho que é isso!
Mas assim como Orwell brincou com a aspiração igualitária da Esquerda — segundo a qual “todos são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros” —, na Direita também existem os mais comprometidos, até exageradamente, com certas causas: EA se comprometeu inteiramente com as causas dos novos donos do poder, por mais esquizofrênicas que elas fossem e mais contraditórias e divergentes com tudo o que “aprendeu” ou praticou (fielmente) em sua trajetória profissional diplomática.
O caráter exacerbado de sua adesão ao olavismo sofístico, ao bolsonarismo político, sua extrema submissão ao bolsolavismo diplomático comandado por seus mestres, aos quais ele se sujeita caninamente, até com certo entusiasmo, demonstram, porém, uma personalidade profundamente desequilibrada.
Indivíduos assim são muito infelizes, desconfortáveis consigo mesmos.
Mas não sou psiquiatra para estabelecer um diagnóstico preciso: sou apenas um observador da realidade. E essa realidade é profundamente insana, sendo partilhada por todos os que integram o círculo íntimo do poder; todos os demais são em geral oportunistas ou pessoas sem caráter.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 16/02/2021