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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Taxa de juros: alta, baixa, no patamar correto? - Russell Lamberti (Mises)

Eu sempre achei que os juros, assim como o câmbio, deveriam ser os que o mercado determina, não os que o governo impõe.
Corrijo-me. Sempre achei não. Antigamente eu era um ignorante econômico, mas depois, olhos abertos. leituras adequadas, fui melhorando.
Os juros e o câmbio estão sempre melhor quando determinados pelos mercados, não por manipulações dos governos.
Este artigo explica por que e como.
Paulo Roberto de Almeida 

Getting Interest Rates Right (Is a Job For Markets)
Russell Lamberti
Mises Daily, December 4, 2014

When the central bank meets to decide on the level of interest rates, most people care about only one thing: are my home loan, car, and credit card repayments going up, down, or staying the same? Although this is no trivial concern given the importance of managing a household budget, such a limited view does scant justice to the broad, critical, and complex role interest rates play in an economy.

What Soda Prices Tell Us About Interest Rates

The usual narrative is that low rates are good and high rates are bad. But the real problem is not “high” interest rates, but wrong interest rates. You see, interest rates are like prices. Like the price of a soda drink is agreed between seller and buyer, so interest rates are the price of loans agreed between lender and borrower.

Suppose the government forced the price of sodas to half their market level, jailing anyone caught selling them at any price above this new level. What happens? Soda lovers flock to the stores to buy soda. Soda makers, by contrast, take heavy losses and either close down or find some way to make cheap and less tasty soda for half the original cost. The supply of soda plummets, while the quality of good soda free falls.

Paradoxically, setting a price artificially low makes a product easy to buy for a while, but eventually leads to shortages. Interest rates in most modern economies work in a similar way. The central bank forces this price (the interest rate) to a desired level through extensive regulatory control over the banking system, relying on the fact that the money it creates is the only legally permissible money used in trade. When the central bank forces interest rates too low, borrowers think life is great. Houses, cars, and furniture seem cheap and starting a business with a loan is easy. Except that discerning lenders don’t see much point in lending anymore, because they are no longer adequately compensated for their costs and risk. Not only do loans from these lenders dry up, but the quality of remaining loans falls.

Make Lots of Cheap, Low-Quality Loans

How does the quality of loans fall? Just like the soda makers who sourced cheap and less tasty products, so credit providers (banks) move away from sourcing funds from discerning investors who would charge more, and rely instead on getting cheap money directly from the central bank, which prints it out of thin air and lends it to the bank at the cheap rate.

With this cheap funding, and with the ability to resell the loans to governmental and quasi-governmental organizations like Fannie Mae, the banks don’t have to be nearly as careful who they lend to and can happily accept lower interest repayments from borrowers. And, if things go wrong, the banking system can also appeal to the Fed and the US treasury for bailouts.

Risky borrowers who were unable to pay the rate of interest discerning lenders demanded can now access cheap loans. Simultaneously, even prime borrowers are misled by the reduced interest rate into projects that turn out to be malinvestments.

Furthermore, because the loans created out of thin air look exactly like the money in the hands of discerning lenders, this poor quality is veiled and people are fooled into thinking that discerning lenders are supplying loans, when in fact they’re running for the hills. (But even the discerning lenders are fooled in the initial phases of the boom as the new money makes borrowers look more stable and profitable than they really are.)

Consuming More Than We Produce

This ends in disaster. Borrowers get into too much debt and the money loaned out of thin air floods into the economy. New money in people’s hands causes the economy to consume more than it produces and the result is a gaping and unsustainable trade deficit. The new flood of money pushes prices up and causes the currency to weaken.

After initially feeling flush, people realize they are not as well off as they thought as price increases eat into their real living standards. Forced to rein in inflation before it destroys everyone’s living standards, the central bank hikes interest rates to entice the discerning lenders to do more lending. Businesses addicted to cheap loans find their input and funding costs rising unexpectedly, damaging profitability.

The return of discerning funding is critical for sustainable economic growth, because it funds productive capital investments that yield the highest return, creating jobs and quality, affordable products. Meanwhile, higher interest rates punish those who gorged on artificially cheap credit, restoring the economy to healthy reality and balance.

The next time the central bank meets to decide on the level of interest rates, don’t just ask how much your home loan payments are going to cost next month. Also ask: are interest rates at the right level to foster sustainable economic progress, and might I be living an illusion?

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Um debate sobre o papel do cambio nos problemas brasileiros - Antonio Carlos Teixeira Alvares (e PRA)

Recebo, a propósito desta postagem, e meus comentários iniciais a ela:

Plano Real, 20 anos: seria o câmbio o principal problema do Brasil? 

o seguinte comentário de um dos autores do artigo ali transcrito:
Plano Real, 20 anos: seria o cambio o principal problema do Brasil? - Antonio Carlos Teixeira Álvares e Guilherme Renato Caldo Moreira - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/plano-real-20-anos-seria-o-cambio-o.html#sthash.PUFozlFC.dpuf
Plano Real, 20 anos: seria o cambio o principal problema do Brasil? - Antonio Carlos Teixeira Álvares e Guilherme Renato Caldo Moreira - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/plano-real-20-anos-seria-o-cambio-o.html#sthash.PUFozlFC.dpuf
 
Como um dos autores do artigo desejo inicialmente declarar que concordo plenamente que uma moeda pode se valorizar. As razões são várias e só para citar algumas temos o aumento do preço dos bens exportados (no caso do Brasil, comodities), a elevação da taxa real de juros interna ou mesmo ações governamentais de politica econômica . O artigo não discute as causas nem nega a valorização, apenas analisa suas consequências. O custo Brasil (impostos, infraestrutura, energia, etc) ataca a indústria brasileira há muito tempo. A valorização do real começa em 2007. Em 2006 o saldo comercial (exportações menos importações) da indústria de transformação brasileira foi positivo em cerca de  usd  31 bilhões. Nos últimos 12 meses, encerrado em junho de 2014, o saldo negativo indicava usd  -106 bilhões!  A causa disso é a valorização do real que favoreceu as importações e prejudicou sobremaneira as exportações da indústria de transformação. Não se pode culpar o custo Brasil por essa evolução, pois em 2006 ele já estava presente entre nós. O cambio valorizado está sim prejudicando muito a indústria nacional, como prejudicou a indústria holandesa na década de 1960. Existe claro muitas outras causas para o Brasil ir mal, mas a balança comercial da indústria de transformação é claramente explicada pelo cambio fora de lugar.
 
 Devo dizer que concordo apenas em parte com os argumentos do comentarista, por uma razão muito simples.
No cursos de toda a era de Bretton Woods, e mesmo depois, as moedas respectivas da Alemanha Federal, deutsche mark, e do Japão, iene, se valorizaram constantemente, justamente pela fortaleza de suas economias, que foi inclusive beneficiada pela importação de bens (e energia, nos dois casos) mais baratos, devido à valorização.
O deutsche mark deve ter saído de um patamar de 5 a 6 dm por US$ para chegar a 1,50 três décadas depois; o iene deve ter saido de 500 a 600 por dólar, para menos de 100 dólares no mesmo período.
Como se compensou isso: bem com importações mais baratas, justamente, e com ganhos de produtividade.
O Brasil abandonou esses dois vetores, eles são difíceis, estão fora do seu alcance?
Esses países ficaram mais ricos, com moedas valorizadas, e continuaram grandes potências exportadoras.
Ou seja, é possível fazer, mesmo sem as velhs receitas da desvalorização contínua, que tornam todos um pouco mais pobres.

Dito isto, concordo em parte que câmbio e moderadamente desvalorizado, pode ser importante para manter equilíbrio na balança comercial. Mas, existem outras balanças, também...
Paulo Roberto de Almeida

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Plano Real, 20 anos: seria o cambio o principal problema do Brasil? - Antonio Carlos Teixeira Álvares e Guilherme Renato Caldo Moreira

A despeito dos autores terem razão do ponto de vista formal, não acredito que eles tenham razão no fundo, pois uma moeda pode também se valorizar, se a economia se fortalece. Bem, esse não foi o caso do Brasil, mas o câmbio não me parece ser o principal problema da política econômica, como parecem pensar os keynesianos de carteirinho (que acrescentam os juros altos, ao pacote). Ou seja, eles acham que se colocar o câmbio no bom patamar, aqui entre 2,87 e 3,00 por dólar, e com juros a 6,5 ou 7%, tudo estaria perfeito e o Brasil poderia crescer.
Não acredito: não com esse custo Brasil, com a atributação onerosa e irracional, com essa infraestrutura deplorável, com esse governo protecionista, com todas essas maldades que ele pratica sob a forma de distorções econômicas.
O Brasil vai mal, e não existem só duas causas para isso. Existem muitas...
Paulo Roberto de Almeida

O câmbio após vinte anos de Plano Real
Antonio Carlos Teixeira Álvares e Guilherme Renato Caldo Moreira
Brasil Econômico, 13/08/2014

Antonio Carlos Teixeira Álvares e Guilherme Renato Caldo Moreira são, respectivamente, professor da FGV/EAESP e gerente do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas da Fiesp e do Ciesp

A sobrevalorização do real é um fato concreto que está sacrificando barbaramente a indústria de transformação brasileira. De 2011 a 2014, o PIB total crescerá 7,4%, enquanto o PIB da indústria de transformação cairá 1%nesse período. E o mais grave é que muitos renomados economistas acreditam que a sobrevalorização do real seja proposital, pela disposição do governo federal em segurar os índices inflacionários. Proposital ou não, ao menos em um aspecto a maioria concorda: o câmbio está totalmente fora de lugar. A análise que aqui apresentamos demonstra que essa distorção está na raiz da crise, não somente da indústria de transformação, mas de toda a economia brasileira. Senão, vejamos: vinte anos atrás, em 1º de julho de 1994, foi instituído o Real, como moeda oficial do Brasil.
Entretanto, o Plano Real começou um pouco antes, em 1º de março de 1994, com a Unidade Real de Valor (URV). A moeda, na ocasião, era o Cruzeiro Real, sujeito à forte inflação. Registros da época mencionam que a URV teria sido inspirada no artigo escrito pelos economistas André Lara Resende e Pérsio Arida, intitulado Inertial Inflation and Monetary Reform, e apresentado em um seminário nos Estados Unidos, em 1984. O artigo, apelidado de proposta Larida, previa a implantação da reforma monetária pela indexação total da economia. Fundamentada nessa ideia foi concebida, dez anos depois, a URV, um indexador diário diretamente vinculado à taxa de câmbio. Em 1º de março de 1994, foi criada a Unidade Real de Valor, valendo 647,50 cruzeiros reais (CR$). Esse valor era correspondente à cotação do dólar americano em 1º de abril de 1994, e o valor da URV evoluiu diariamente, espelhando o câmbio.
Em 1º de abril de 1994, a URV valia CR$ 931,05; em 2 de maio, CR$1.323,92; em 1º de junho, CR$ 1908,08; e, finalmente, no histórico 1º de julho de 1994, foi posta em circulação a moeda real, convertendo cada cruzeiro real por 2.750,00, que seria o valor da URV na época e, consequentemente, como esse valor era baseado na cotação do dólar, quando nessa data o câmbio indicava: R$ 1,00 = US$ 1,00.O real foi consequência da indexação diária à cotação do dólar. A genialidade por trás da criação da URV foi ter implantado uma condição de dolarização praticamente total de preços na economia, sem uma verdadeira dolarização, com substituição da moeda, como aconteceu, por exemplo, no Equador. Isso posto, é razoável admitir que a cotação R$ 1,00 = US$ 1,00, em 1º de julho de 1994, espelhava a realidade econômica, pois fora conseguida pela indexação do câmbio diário durante quatro meses.A inflação acumulada em vinte anos,desde a criação do real, medida pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, atingiu 361,72%.
Em última análise, isso significa que R$ 1,00, em 1º de julho de 1994, equivaleria a aproximadamente R$ 4,62 em 1º de julho de 2014. No mesmo período, a inflação americana foi de aproximadamente 61%. Isso significaria que US$ 1,00 em 1º de julho de 1994 equivaleria a US$ 1,61 em moeda de 1º de julho de 2014. Com base nesses dados, e por meio do cálculo matemático, chegamos à cotação cambial do dólar em 1º de julho de 2014, equivalente à da criação do real em 1º de julho de 1994: R$ 4,62 ÷ US$1,61= R$ 2,87. Ou seja, para ser equivalente ao câmbio paritário na data da criação do real, a taxa de câmbio hoje teria que ser muito superior ao patamar atual. Para vários especialistas, deveria ser da ordem de R$ 3,00. A história da criação do real parece lhes dar razão.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Industria e politicas industriais: algum cuidado especial? - SamuelPessoa (FSP)

Indústria e câmbio, a missão

 Samuel Pessôa


A chave do problema é a capacidade de poupança do país; ela altera tanto o câmbio como o crescimento

Não há evidência de que a indústria de transformação seja especial sob algum critério. Isto é, não há evidência de que o retorno social da atividade industrial seja maior que o da agricultura, o da pecuária, o da indústria extrativa mineral ou o das diversas atividades do setor de serviços.

Todas as atividades têm seu valor econômico definido pelo seu impacto no produto total. Desse ponto de vista, todas as atividades são igualmente importantes e seu impacto para o crescimento econômico é corretamente medido pelo seu impacto no produto.

Com exceção de algumas poucas atividades, em que há claramente falhas de mercado que justifiquem tratamento especial, a política econômica deveria tratar os diversos setores da atividade produtiva de maneira simétrica.

As exceções mencionadas no parágrafo anterior referem-se à atividade de inovação tecnológica e ao investimento educacional. No primeiro caso, o ganho privado de inovar é claramente inferior ao ganho para a sociedade. A criação de um novo produto ou processo ou a adaptação de produtos e processos desenvolvidos alhures --quando bem-sucedidas-- geram a possibilidade de muitos outros participantes entrarem nesses mercados. Quando malsucedida, o custo será incorrido somente pelo inovador.

Com relação ao investimento educacional, os maiores salários futuros, fruto da melhora educacional, não são um bom colateral para o crédito educacional. Faz sentido o subsídio público.

Em resumo, na ausência do estímulo público, os incentivos puramente individuais poderiam levar a menos inovação e educação do que seria ótimo para a sociedade, e todos perderiam.

Mesmo não havendo, como já mencionado, evidência da natureza especial da indústria de transformação, há inúmeros analistas que pensam diferentemente. E, portanto, acreditam haver forte relação causal entre indústria e crescimento econômico.

Para esses analistas, é necessária política macroeconômica que contribua para desvalorizar o câmbio. O câmbio desvalorizado estimula a atividade manufatureira, contribuindo para acelerar o crescimento.

Dani Rodrik, professor e brilhante pesquisador titular da cadeira em homenagem a Albert Hirshman do Instituto de Estudos Avançados da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Princeton, publicou no fascículo de outono de 2008 da respeitadíssima revista do Brookings Institution o influente artigo intitulado "A taxa de câmbio real e o crescimento econômico".

No artigo, Rodrik apresenta um farto conjunto que evidencia correlação entre câmbio e crescimento. Câmbio desvalorizado colabora para acelerar o crescimento.

No entanto, a evidência de Rodrik não é robusta. Outros estudos fizeram a mesma pergunta e chegaram a outros resultados. Quando isso ocorre, a prática é avaliar a evidência conjunta dos trabalhos que fizeram a mesma pergunta.

Texto de trabalho do FMI de dezembro de 2010 (nº 270), escrito por Nicolás Magud e Sebastián Sosa, avalia a evidência que temos a partir de um sumário de 60 trabalhos que investigaram o tema nas últimas duas décadas, incluindo, evidentemente, o trabalho de Rodrik.

Há, de fato, evidência contundente de que câmbio valorizado correlaciona-se negativamente com crescimento: 24 trabalhos chegaram a esse resultado, ante 3 que obtiveram resultado oposto. Com relação a câmbio desvalorizado, o resultado é cinza. De 20 trabalhos, 11 sugerem que câmbio desvalorizado reduz o crescimento, e 9, que não reduz. O leitor interessado pode verificar a figura 3 à página 24 da publicação.

Em síntese, é possível que haja correlação positiva entre desvalorização do câmbio e crescimento econômico, mas esse resultado não é robusto. Adicionalmente, se de fato houver tal correlação, nada garante que exista causalidade do câmbio no crescimento.

Em outras palavras, é possível que uma terceira variável, a capacidade de poupança do país, altere simultaneamente tanto o câmbio quanto o crescimento. Esse é, no meu entender, o verdadeiro canal causal, a chave do problema. E indica por que incentivar a indústria não vai ajudar a estimular o crescimento no Brasil. A falta de espaço, porém, obriga-me a deixar o último capítulo para a semana que vem.

SAMUEL PESSÔA, formado em física e doutor em economia pela USP, é pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. Escreve aos domingos nesta coluna.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Argentina e seu manual de deseconomia cambial: penuria de dolares

Argentina’s Shrinking Currency Reserves Point to Further Controls
By Ken Parks
The Wall Street Journal, September 24, 2013

BUENOS AIRES — Argentine President Cristina Kirchner may have to impose further U.S. dollar rationing on her citizens in coming months as the slide in the hard currency reserves that Argentina uses to pay its import bill and creditors shows no sign of abating, analysts say.
Argentina faces significant dollar outflows at a time when the foreign currency provided by trade, the South American nation’s only significant source of the U.S. currency, is shrinking due to surging fuel imports.
The trade surplus accumulated between January and August narrowed by 32% on the year to $6.29 billion, the government said Monday. With the last few months of the year a seasonally slack period for exports, the Kirchner administration may struggle to reach its latest target of a $10.6 billion surplus in 2013.
If the government’s past behavior is any indicator of future behavior then more belt tightening could fall on tourism and imports. Net dollar outflows from tourism rose to $4.53 billion in the first half as Argentines continued to travel and shop abroad even after the government slapped a special 20% tax on those activities.
“We believe they will need to put the brakes on the outflow of hard currency via tourism,” says Mauricio Claveri, an economist at research firm Abeceb. “The trade surplus isn’t going to compensate and there is going to be a loss of reserves.”
Deutsche Bank economist Gustavo Canonero thinks the government will likely muddle through by fine tuning the currency controls and import restrictions it has used to keep dollars from leaving the country.
“They will have to ration international reserves even more than today and that means you are going to have less imports for growth and therefore the economy will be stagnant,” Mr. Canonero said.
A spokeswoman for the Economy Ministry declined to comment.
For almost two years, Mrs. Kirchner has subjected Argentines to unpopular foreign-currency restrictions. Businesses can face long delays to import equipment and materials, which usually have to be paid for with dollars.
“We are at a very dangerous point where [additional] limits on imports will have very negative collateral effects on the economy and job market,” says Diego Perez, president of Cira, an association that represents importers
Argentines are also banned from buying dollars to protect their savings from one of the highest rates of inflation in the Western Hemisphere, while the government doles out very limited amounts of foreign currency for tourism. Some people have turned to the black market for dollars, where they pay a 63% premium compared to the regulated foreign exchange market.
Reserves at the central bank fell to a six-and-a-half year low of about $35 billion on Friday, down 19% from the beginning of the year and well below a record $52.7 billion in January 2011.
Unable to borrow abroad due to the high interest rates lenders demand, Mrs. Kirchner has used at least $27.5 billion in reserves to pay creditors and fund public-works projects. Her 2014 budget proposal would tap another $9.86 billion for the same purposes.
The steady decline in reserves could spell trouble for Argentine stocks and bonds if investors start to question the government’s ability to pay.
The government needs to quickly stabilize reserves or risk a selloff in dollar debt like the Boden 2015 bond and debt-linked securities, says Siobhan Morden, head of Latin American strategy at Jefferies.
“The pace of decline and the level are now both a concern, especially if this pace of reserve loss continues into next year,” Mrs. Morden said.
At the current rate of depletion, reserves could drop below $20 billion in the first quarter of 2015. That could set markets up for a “moment of tension” because the central bank would have only a thin cushion of liquid assets on hand at that point, says Orlando J. Ferreres, an economist and former deputy economy minister.
“There isn’t an easy solution. These are problems that will take three to four years to fix from the moment you start fixing them,” Mr. Ferreres said.
Those problems include annual inflation that many economists say has been running at or above 20% for years as a result of the central bank printing pesos to finance government spending.Official data put economic growth at 1.9% in 2012, and the government has forecast 5.1% growth this year and 6.2% in 2014. Many economists say those projections are unrealistic for an economy hobbled by dollar shortages and inflation.
Barclays Capital economist Sebastian Vargas is optimistic that a weak economy will eventually force Mrs. Kirchner to adopt more pragmatic policies such as moderating spending and mending fences with foreign creditors.
“If the government continues with monetary financing and doesn’t change its agenda the foreign exchange reserves could deteriorate further and that would have an impact on investment,” Mr. Vargas said.

Venezuela e seu manual de antieconomia: loucuras cambiais

Venezuela divisas

El boom del turismo cambiario en Venezuela

dolares
Reuters
Caracas, 25 de septiembre de 2013
Las claves
  • Los venezolanos que viajan a Lima encuentran ofertas hasta por Internet. Sitios de venta o remate de artículos ahora ofrecen a los caribeños la posibilidad de hacer también compras ficticias para recibir dinero.
Un pasaje de avión de Caracas a Lima cuesta hoy casi ocho veces más que a principios de año. Y eso si uno tiene la suerte de conseguirlo: los billetes están agotados para los próximos cinco meses.
La posibilidad de comprar dólares baratos para viajar al extranjero disparó la demanda de pasajes a destinos como Perú, Ecuador y Cuba, a medida que los venezolanos aprovechan el “turismo cambiario” para burlar una década de controles de divisas en la nación petrolera.
En el primer semestre del año aterrizaron en Perú más del doble de venezolanos que en el mismo período del 2012.
“La diferencia abismal entre el dólar oficial y el (del mercado) negro ha hecho que viajar sea un negocio”, dijo Humberto Figuera, presidente de la Asociación de Líneas Aéreas de Venezuela.
El Gobierno socialista de Venezuela limita desde hace una década la compra de dólares para evitar la fuga de divisas. Pero en un país que importa la mayoría de los bienes que consume, los controles de cambio generaron escasez de carne, pollo, harina y hasta papel higiénico.
El mecanismo ideado por el fallecido presidente Hugo Chávez y mantenido por su sucesor Nicolás Maduro permite, sin embargo, que los venezolanos que viajan al extranjero compren hasta 3.000 de dólares anuales a la tasa oficial de 6,3 bolívares, siete veces más barato que en el mercado negro.
En el 2012 las autoridades vendieron un récord de unos 3.000 millones de dólares baratos para viajes al extranjero.
La jugada se hizo tan popular, que conseguir un pasaje a Quito o Lima se volvió literalmente una hazaña. Muchos viajeros están reservando boletos para la Semana Santa del 2014.
“RASPAR” LA TARJETA
Los venezolanos que viajan a Perú, Ecuador e incluso Cuba tienen derecho a cambiar hasta 2.500 dólares a la tasa oficial.
Y en algunos de esos países el mercado se adaptó rápidamente a la demanda, con tiendas donde los venezolanos pueden realizar compras ficticias y recibir el efectivo a cambio de una comisión de hasta un 20 por ciento. El mecanismo tiene hasta un nombre: “raspar la tarjeta”.
“En Quito puedes preguntar en el mismo hotel donde te hospedas. Ellos te llevan a un sitio donde puedes raspar la tarjeta por una comisión de entre 10 y 15 por ciento”, contó un hombre que acaba de regresar de “raspar” su tarjeta en Ecuador y prefirió no ser identificado por temor a sanciones legales.
De vuelta en casa, los venezolanos venden los dólares en el mercado negro.
“Se gana bastante plata”, explica el turista. “Compras al dólar oficial en 6,3 bolívares y lo vendes en el mercado negro en 45 bolívares”.
Los venezolanos que viajan a Lima encuentran ofertas hasta por Internet. Sitios de venta o remate de artículos ahora ofrecen a los caribeños la posibilidad de hacer también compras ficticias para recibir dinero.
“Te ayudamos a raspar tus cupos viajeros con total seguridad y transparencia”, dice un aviso online de una agencia de viajes en la capital peruana.
Hay venezolanos que “compran el cupo” de otros compatriotas y viajan con varias tarjetas de crédito en el bolsillo realizando operaciones que pueden involucrar cientos de miles de bolívares.
“Sé que es un negocio al margen de la ley, pero no me queda otra”, dijo un venezolano que viaja varias veces al año al extranjero con diferentes tarjetas de crédito, la mayoría a nombre de otros. “Aquí un profesional gana una miseria y el sueldo mínimo apenas alcanza”.
“NO SHOW”
A principios del año, un boleto aéreo a Perú costaba el equivalente a 476 dólares. Hoy ronda los 3.810 dólares como consecuencia de la excesiva demanda.
Eso generó un problema mayúsculo para las aerolíneas, cuyos aviones despegan con más de un 30 por ciento de sus asientos vacíos pues muchos pasajeros no se presentan y piden luego el reintegro de su dinero.
Hasta ahora el Gobierno no controla si la persona que obtuvo dólares efectivamente viajó o no.
Pero en un intento por combatir el esquema, la Asociación de Líneas Aéreas de Venezuela envía la lista de “no shows” a las autoridades para que verifiquen si los pasajeros que no se presentaron en la puerta de embarque compraron divisas al precio preferencial para viajeros.
“Estamos frente a una mafia que se mueve a medida que se toman acciones”, dijo Figuera a Reuters. “Ya notificamos a los cuerpos de seguridad de la última modalidad. Nos informaron que ya se actúa para detener a las personas que cometen ese tipo de fraudes”.
En el pasado, las autoridades redujeron de 3.000 a unos 1.300 dólares la cantidad de divisas vendidas para viajes a Colombia e islas del Caribe como Curazao y Aruba, donde los venezolanos había comenzado a “raspar” sus tarjetas de crédito.
Pero las dimensiones del negocio son ahora mucho mayores y los venezolanos creen que las autoridades reducirán también el cupo de divisas para viajar a Ecuador o Perú.
Además, la ventana de oportunidad podría cerrarse en cualquier momento, si -como esperan muchos venezolanos- el Gobierno introduce un nuevo mecanismo de entrega de divisas para combatir el alza de la cotización en el mercado negro.
Mientras pueden, los venezolanos siguen viajando y “raspando” sus tarjetas como nunca antes.
“Puedes poner todos los controles que quieras, pero es complicado y no va a servir de nada si no atacan el problema de fondo: reducir o al menos hacer manejable la brecha entre el (dólar) oficial y el paralelo”, dijo el economista Asdrúbal Oliveros, de la firma local Econoanalítica.
(Reporte adicional de Girish Gupta y Eyanir Chinea en Caracas y Marco Aquino en Lima; Escrito por Diego Oré; Editado por Esteban Israel y Juana Inés Casas)

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Argentina: quando um governo persegue cambistas, a crise esta' proxima

Argentina pressiona cambistas de dólar
Ariel Palacios
O Estado de S. Paulo, 29/08/2013

Governo ordenou uma série de blitze no centro portenho, fechando algumas agências de câmbio, além de perseguir nas ruas cambistas que vendiam dólares aos turistas

BUENOS AIRES - A derrota da presidente Cristina Kirchner nas eleições primárias do dia 12 de agosto e a perspectiva de um novo fracasso do governo nas urnas nas eleições parlamentares do dia 27 de outubro está provocando uma nova disparada do dólar na Argentina. A cotação oficial da moeda americana - o refúgio financeiro preferido dos argentinos há quatro décadas - encerrou ontem em 5,65 pesos. A cotação paralela "light" ficou em 8,75 pesos, enquanto que a versão do dólar paralelo aplicada pela maioria dos cambistas chegou a 9,69 pesos. Desta forma, a brecha entre a cotação oficial e a extraoficial ultrapassa os 70%.
No entanto, no fim do dia o secretário de comércio interior, Guillermo Moreno, ordenou uma série de blitze no centro portenho, fechando algumas agências de câmbio, além de perseguir nas ruas cambistas que vendiam dólares aos turistas. Moreno é o homem forte da presidente Cristina na cruzada antidólar deflagrada pelo governo em outubro de 2011.
Nos últimos dois anos, a Casa Rosada aplicou uma série de restrições que tornam quase impossível a compra de dólares por parte dos cidadãos argentinos. Sem a possibilidade de comprar pela via oficial, os argentinos recorrem ao paralelo, mercado que havia praticamente desaparecido nos 20 anos anteriores.
O governo tenta manter as aparências cambiais com o dólar oficial. No entanto, desde junho, em diversas reuniões com os donos de agências de câmbio - e também com cambistas ilegais -, o secretário Guillermo Moreno exerceu fortes pressões para que o dólar paralelo seja "moderado". Por este motivo, os cambistas fazem as operações ilegais anunciando um paralelo mais "light" - o denominado "blue" - para agradar o governo, embora, na realidade, protagonizem um câmbio mais elevado, chamado de "dólar-cueva" (dólar-caverna).
Repatriação. Em julho o governo anunciou o "Plano de Exteriorização Voluntária de Divisas", nome do mecanismo que implementa a anistia para os dólares não declarados que poderão entrar no sistema financeiro do país durante três meses. Além de tentar trazer fundos frescos para o país, a lei pretendia provocar uma queda do dólar. No entanto, o plano fracassou e o dólar voltou a crescer, embora de forma gradual. Mas a derrota do governo nas urnas provocou uma nova disparada na última quinzena.
O resultado eleitoral coloca a pique os planos do governo de reformar a Constituição com o objetivo de permitir reeleições presidenciais indefinidas para Cristina Kirchner.

Nesta semana, o dólar paralelo voltou a subir a partir do anúncio da presidente Cristina sobre uma nova - e polêmica - reestruturação da dívida pública com os "holdouts" (denominação dos credores que não entraram nas trocas de títulos realizados em 2005 e 2010).

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Brasil: o problema do cambio nao e' o cambio - Celso Ming

Câmbio justo
Celso Ming
O Estado de S.Paulo, 21/08/2013

A disparada da cotação do dólar nas últimas cinco semanas (veja o Confira), de repente, generalizou a percepção, até mesmo entre os que defendiam forte desvalorização do real com o objetivo de dar competitividade à indústria, de que o câmbio foi longe demais e de que é preciso parar esse trem.
Segunda-feira, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, se sentiu na obrigação de advertir de que os negócios com moeda estrangeira vinham pagando um prêmio excessivo. O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos que vinham sugerindo um dólar mais caro para reequilibrar o setor produtivo, também passou a pedir que as autoridades fossem mais incisivas em segurar determinado patamar do câmbio, aparentemente à altura dos R$ 2,30, nem que para isso fosse necessário recorrer à centralização do câmbio.
Isso aí é como aquele segurança que fica à porta para dizer quem pode e quem não pode entrar na festa. A centralização exigiria que o Banco Central arbitrasse caso por caso quem pode comprar dólares e em que quantidade.
No Brasil há sempre aqueles que, mesmo no regime de flutuação suja, têm opinião formada sobre qual deve ser "o câmbio justo", conceito que não existe em Economia. Entre esses, há aqueles que olham para as agruras da indústria e determinam que, "no estado da arte", para dar um mínimo de previsibilidade à indústria, o dólar precisa estar cotado, digamos, a R$ 2,60. Essa abordagem não leva em conta que o problema pode estar no atraso tecnológico ou no custo Brasil e que, portanto, um câmbio desvalorizado reforça distorções.
Outros olham para o estrago provocado pela inflação tanto sobre o real quanto sobre o dólar e, em seguida, concluem que, para equiparar-se ao câmbio, suponhamos de 2005, a desvalorização teria de ser de pelo menos 40%, ou de outra magnitude qualquer.
Essas duas abordagens se esquecem de que o preço de uma moeda em outra moeda depende principalmente das proporções da oferta e da procura, nas duas pontas do mercado. Se o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) ao longo dos cinco últimos anos injetou US$ 3,4 trilhões nos mercados, é óbvio que a liquidez, ou a oferta de dólares, se alterou profundamente para mais, fator que tem de ser levado em conta. Por outro lado, a oferta de moeda estrangeira num determinado câmbio depende também da qualidade da economia local. Com os sucessivos crescimentos nanicos do PIB, com essa inflação de 6% ao ano, com as enormes distorções do setor produtivo e crescente perda de confiança, como agora, é compreensível que o fluxo de moeda estrangeira para o Brasil passe por estrangulamentos.
Se o governo quer o câmbio num determinado lugar, como na China, tem de ter condições para isso. Não é para o Brasil, que tem baixo nível de poupança, de 17% do PIB, uma fração da poupança chinesa, de 51% do PIB.
Mais uma vez, desembocamos no mesmo beco. O problema do Brasil não é o câmbio; são as mazelas da política econômica, a começar pela leniência com que são conduzidas as contas públicas, passando por sucessivos incentivos ao consumo sem contrapartida no aumento da produção. O problema não é o ímpeto dos ventos nem o tamanho das ondas; é a fragilidade da embarcação.

Maravilhas do cambio depreciado: neofitos e ingenuos sempre esquecem o outro lado...

Economistas ingênuos -- como o Sr. Bresser Pereira, por exemplo -- e industriais dotados de um olho só -- como os da Fiesp, por exemplo -- sempre dizem que o câmbio não é favorável. Bresser Pereira sempre bate na tecla de que um câmbio favorável andaria aí pelas alturas de 3,5 ou pelo menos pouco abaixo de 3. Para os industriais, o câmbio, qualquer que seja seu valor, está sempre defasado em 25%.
Pois bem, se fôssemos nos guiar pelas receitas desses gênios econômicos, a situação das empresas, já por si difícil em vista do "custo Brasil" e um inferno regulatório constante, ficaria ainda mais difícil, como se pode constatar pela matéria e pelo editorial abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

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Dólar caro pode corroer 44% do lucro de empresas

Cálculo da consultoria Economática foi feito com base no resultado de 104 empresas com ações negociadas em Bolsa no segundo trimestre de 2013

21 de agosto de 2013 | 2h 03
Mauro Zanatta - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - A alta do dólar provocou em 104 empresas com ações negociadas em Bolsa um aumento de custos equivalente a 44% do lucro efetivo obtido no segundo trimestre deste ano. O retrato da despesa financeira, com a corrosão causada pelo câmbio, é parte de levantamento feito pela consultoria Economática a pedido do 'Estado'. Entre 30 de junho e 19 de agosto - período em que o cálculo foi feito com base nos balanços divulgados -, o câmbio valorizou 8,23%.
Embora tenha havido um aumento potencial de R$ 8,17 bilhões na parcela da dívida em moeda estrangeira dessa listagem, a maioria das empresas consultadas afirma ter contratado proteção em mercados futuros (hedge) para neutralizar essa variação cambial.
A Oi, por exemplo, afirma ter "99% da dívida bruta" com proteção cambial. A Fibria informa ter "93% da dívida em dólar", mas receita na moeda americana e 80% dos custos em reais. A Suzano alega ter 55,1% da dívida em dólar, mas um "hedge natural" porque 50% das receitas são exportações. A Eletrobrás afirma ter dívida de R$ 10 bilhões em dólar, mas R$ 12,4 bilhões em "recebíveis indexados ao dólar" por créditos concedidos à Itaipu. A JBS disse que faz proteção "acima de 80%" e que "se prejudica a dívida, favorece as exportações e traz mais reais para o balanço". Consultada, a BRF informou não dispor de um porta-voz para o tema.
Quando incluída a Petrobrás na conta, essa variação potencial da dívida roubaria 75% do chamado Ebit, índice que mede o lucro antes de juros e tributos, como Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL). Somada a parcela da Petrobrás, a elevação desse endividamento chegaria a R$ 22,54 bilhões. A estatal informa que "cerca de 70% do total das dívidas líquidas expostas à variação cambial, protegendo cerca de 20% das exportações, por um período de sete anos".
A amostragem aponta que a dívida total em moeda estrangeira de 103 empresas da lista teria passado de R$ 99,3 bilhões, no fim de junho, para R$ 107,5 bilhões, em 19 de agosto. Com a Petrobrás, a conta aumenta. Sozinha, a estatal somaria R$ 188,8 bilhões em agosto. O levantamento inclui só as empresas que informaram ter dívidas em moeda estrangeira de curto e longo prazos.
"A despesa financeira por causa da alta do dólar poderá corroer 43% do lucro Ebit de todas essas empresas. Na Petrobrás, poderia até levar a um prejuízo. Com ela na conta, 75% do lucro poderá ser corroído pela despesa financeira devido à variação cambial", avalia o gerente de Relações Institucionais da Economática, Einar Rivero. "Isso se as empresas não tiverem feito hedge, a dívida da moeda não tiver sido modificada, com pagamentos ou novas dívidas, ou se toda dívida for mesmo em dólares, já que pode haver uma cesta de moedas."
Para fazer a conta, a consultoria converteu a dívida em moeda estrangeira pelo dólar de 30 de junho e reconverteu pelo dólar de 19 de agosto.
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O dólar e a desconfiança

21 de agosto de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo
Desejada por muitos industriais como alavanca da exportação e barreira protetora do mercado interno, a desvalorização do real é acima de tudo, neste momento, um fator de incerteza e de agitação financeira. Quando o câmbio se acomodar, ninguém sabe onde, será possível um balanço mais claro dos ganhos e perdas. O País poderá estar um pouco mais competitivo, pelo menos por algum tempo, mas as pressões inflacionárias terão aumentado. Problemas de custos serão mais graves tanto para produtores como para consumidores. Mas a instabilidade cambial ainda poderá durar meses. A insegurança continuará, com intensidade variável, mas sempre com estragos, enquanto se esperam as prometidas alterações na política americana de afrouxamento monetário.
Alguma nova indicação sobre a mudança poderá surgir hoje, com a divulgação da ata da última reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). A emissão de dólares deve ser reduzida quando os dirigentes do Fed julgarem bastante firme a recuperação econômica dos Estados Unidos. Ninguém pode dizer com certeza quando isso ocorrerá.
Enquanto a agitação continua, as autoridades brasileiras tentam, em primeiro lugar, conter a excessiva instabilidade do câmbio e limitar seus efeitos sobre a inflação, ainda muito longe da meta de 4,5%. O governo tenta evitar um novo estouro do limite de tolerância, de 6,5%.
Da perspectiva do Palácio do Planalto, é muito importante conter, em primeiro lugar como estratégia eleitoral, a crise de confiança em relação à política econômica e às perspectivas da economia. A alta de preços é um dos principais fatores de desconfiança dos investidores e o Executivo sabe disso, embora continue pouco disposto a adotar uma política séria de estabilização. Isso envolveria, entre outros pontos, um controle efetivo dos gastos públicos.
Com reservas na vizinhança de US$ 370 bilhões, o Banco Central (BC) tem bom estoque de munição para intervir no mercado, mas, como sempre, com resultado muito incerto. No fim das negociações de ontem, o dólar comercial era vendido a R$ 2,394. Depois de dois leilões promovidos pelo BC com oferta de US$ 4 bilhões, a cotação havia caído para R$ 2,396, voltado a R$ 2,40 e novamente baixado. No fechamento do dia anterior, a moeda americana havia sido vendida a R$ 2,414. Mesmo com algum recuo, o dólar ainda acumulava ontem uma alta considerável, cerca de 7% em apenas 30 dias.
Apesar da depreciação do real neste ano e mesmo nos últimos 12 meses, as contas externas continuaram em deterioração. De janeiro até a terceira semana de agosto, o País acumulou um déficit de US$ 4,731 bilhões no comércio de mercadorias. As exportações renderam US$ 146,693 bilhões e as importações custaram US$ 151,424 bilhões. Pela média dos dias úteis, o valor exportado foi 1,6% menor que o de igual período do ano anterior. O valor importado, 10,4% maior.
O descompasso é indisfarçável. Parte das importações de combustíveis do ano passado só foi contabilizada em 2013 e isso afetou o resultado geral. Mas, se esse valor tivesse entrado nas contas de 2012, o superávit do ano teria sido muito menor. De qualquer forma, a piora do comércio exterior do País estaria bem caracterizada.
Para este ano, especialistas consultados no fim da semana passada pelo BC, em sua pesquisa Focus, projetam saldo comercial de US$ 4,35 bilhões, 77,6% menor que o de 2012. Essa é a mediana das estimativas coletadas pelos pesquisadores. O mesmo levantamento indica a expectativa de um déficit de US$ 77 bilhões na conta corrente do balanço de pagamentos.
A firme deterioração dessas contas é um dos fatores de insegurança dos investidores financeiros e dos empresários industriais. Com a esperada mudança no mercado financeiro - dólares mais escassos e mais caros -, especialistas mostram-se preocupados com o financiamento das contas externas brasileiras. Somem-se a isso a desconfiança em relação às contas públicas e o temor de mais inflação e o quadro torna-se facilmente compreensível. A mudança na política do Fed é só um componente a mais de um cenário ruim.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Onde estao os que propunham desvalorizacao cambial? Sumiram? - Celso Ming

As consequências sempre vêm depois, já dizia um filósofo popular (não me perguntem quem).
Pois é, os luminares da economia competitiva -- sejam eles os da FIESP, o Bresser Pereira, os economistas keynesianos de botequim -- tanto pediram desvalorização do câmbio que ela veio, sem avisar, assim meio sorrateira, mas decisiva, o que já empurrou o real lá para baixo, e o dólar lá para cima.
Acharam que seria bom para todos: para os exportadores, para os industriais, para os consumidores (ao premiar a produção nacional e, portanto, o emprego) e sobretudo esses economistas que sempre prevêem catástrofes quando o real está muito valorizado.
Eles gostam de povo pobre, e de economia desvalorizada.
Enfim, quase não pensaram na inflação.
Agora aí está o governo, que antes reclamava da guerra cambial, e do tsunami monetário, que valorizava a nossa moeda, que passou a reclamar da valorização "excessiva" do dólar.
O castigo vem a cavalo, se dizia antigamente. Agora acho que vem nas telas dos computadores, e nas bancas de feiras, por mais humildes que sejam...
Paulo Roberto de Almeida

O fator câmbio

27 de junho de 2013 | 2h 07
CELSO MING - O Estado de S.Paulo
A disparada da cotação da moeda estrangeira no câmbio interno passou a ser um dos maiores focos de inflação. Falta saber o tamanho dessa conta, que, afinal, será repassada para os brasileiros.
Um dólar mais caro, é fácil entender, aumenta em reais os preços dos produtos importados e as dívidas em moeda estrangeira. Mas há um número considerável de itens aqui produzidos e também consumidos internamente que são cotados em dólares. São, em geral, as commodities, mercadorias cujos preços são formados em dólares no mercado internacional, como soja, milho, café, alumínio, cobre e fertilizantes.
Sempre tem gente que estranha explicações de que os preços dos ovos e da carne de frango ou de porco estejam subindo em consequência da alta do dólar. No entanto, frango e porco são organismos vivos que transformam proteína vegetal (soja e milho, principais componentes das rações animais) em proteína animal. Como soja e milho são commodities cotadas em dólares na Bolsa de Chicago, lá vai o câmbio para os preços da omelete, do frango assado e da linguiça.
Nos últimos anos aumentou a dependência brasileira dos importados. Em vez de produzir aqui dentro, a indústria achou mais conveniente intensificar a importação de máquinas, componentes, peças, capital de giro e tantas coisas mais. A Zona Franca de Manaus, por exemplo, não passa hoje de uma zona de processamento de importações. Limita-se quase exclusivamente a montar aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos e motocicletas a partir de peças, chips e componentes importados, pagos em dólar. O impacto da alta do dólar sobre o custo do produto final será inevitável, tanto mais quanto maior for a dependência de fornecimentos externos.
O cálculo do impacto da oscilação do câmbio nos preços, aquilo que naquela linguagem empolada os economistas chamam de pass-through (repasse) é um exercício complicado, sempre sujeito a erros. Hoje, os analistas tendem a concluir que cada dez pontos porcentuais de alta ou baixa do dólar no câmbio interno produz 0,70 ponto porcentual de inflação mais alta ou mais baixa ao longo de um tempo.
Quando roda seus computadores para definir o tamanho dos juros básicos para empurrar a inflação para dentro da meta, o Banco Central tem de avaliar qual o impacto do câmbio na formação dos preços da economia. No Relatório de Inflação do primeiro trimestre, editado em março, o Banco Central trabalhou com um câmbio médio, em 2013, de R$ 1,95 e projetara uma inflação para o ano de 5,7%. Na última Ata do Copom, já havia revisto esse número para R$ 2,05. De lá para cá, o câmbio deu uma esticada de 8,3% e ainda não se estabilizou, fator que complica as novas projeções.
Hoje sai nova edição do Relatório de Inflação em que se espera que o Banco Central organize com mais clareza todos esses números que, por sua vez, devem definir a dosagem da alta dos juros, que tende a ficar próxima dos 10% ao ano no final de 2013.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Venezuela: politica cambial cambiante... (inevitavel)

O destino desses países que manipulam o câmbio -- Venezuela, Argentina, por ex. -- é enfrentar, mais cedo ou mais tarde, uma crise de transações correntes que os obrigue a desvalorizar em catástrofe, sequestrando eventualmemte os ativos em dólares dos particulares.
Alguem confia nos bancos venezuelanos para neles deixar os seus dólares? A Argentina, por sua vez, é um dos paises menos bancarizados da América Latina: alguma razão deve haver...
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela desvaloriza bolívar em 46,5% em relação ao dólar
Por Suzi Katzumata | Valor, com agências internacionais, 8/02/2013


O ministro de Planejamento e Finanças da Venezuela, Jorge Giordani, anunciou, nesta sexta-feira, 8, que a taxa cambial do bolívar passará de 4,30 por dólar a 6,30 por dólar — uma desvalorização de 46,5% —, segundo informou a agência nacional de notícias do país AVN. Ao mesmo tempo, Giordani anunciou a criação do Órgão Superior para a Otimização do Sistema Cambial, mas sem detalhar como será o funcionamento desse novo organismo.
A desvalorização do bolívar era amplamente esperada pelos analistas, pois a medida permitirá uma melhora nas contas do governo, que em 2012 registrou um déficit fiscal de 16% do Produto Interno Bruto (PIB). A elevação do dólar permitirá, ainda, aumentar o caixa da estatal Petróleos de Venezuela (PdVSA), que receberá mais bolívares por cada dólar obtido com a exportação da commodity.
De acordo com o jornal venzuelano El Universal, o presidente do banco central do país, Nelson Merentes, anunciou ainda o fim do Sitme (Sistema de Transações com Títulos em Moeda Estrangeira), após dois anos de funcionamento.
“O sistema não estava cumprindo os objetivos em alguns aspectos. Era imperfeito”, disse o presidente do BC do país, em entrevista coletiva.
Porém, Merentes destacou que o governo irá estimular a abertura de contas em dólar em território nacional.

Contas em dólares
“Desde junho de 2012 está autorizada a abertura de contas em moeda estrangeira e vamos criar mecanismos que facilitem esse fluxo de divisas”, afirmou Merentes.
Segundo o presidente do BC da Venezuela, serão aceitos depósitos em bolívares de até US$ 2 mil por mês para fins previstos pela lei, como remessas para familiares no exterior, recebimento de aposentadorias pagas por outro países e recebimentos de trabalhos prestados.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

"Sorry, brasileiros: essa conversa de cambio nao pega..." (China, ...)

China rechaza propuesta de Brasil sobre desequilibrios bancarios en la OMC

Infolatam/Efe
Ginebra, 26 de noviembre de 2012
Las claves
  • "Brasil no es la única víctima de la volatilidad de las monedas", sentenció China en su intervención, admitiendo el problema, pero rechazando de plano que éste deba resolverse en el marco de la OMC.
El mayor exportador de mercancías del mundo, China, rechazó categóricamente la propuesta brasileña de imponer medidas comerciales para enfrentar los desequilibrios cambiarios. Pekín fue el primero y el más claro opositor a una propuesta que también rechazaron claramente Chile y Suiza, entre otros miembros de la Organización Mundial del Comercio (OMC).
En la reunión de este lunes del Grupo de Trabajo sobre Comercio, Deuda y Finanzas de la OMC se discutió el documento “Desalineamientos cambiarios y remedios comerciales: una nota conceptual de Brasil”, en el que se denuncia que la devaluación artificial de divisas como el dólar, el euro o el yuan provocan la valorización de la moneda brasileña, el real, y por tanto perjudican sus exportaciones.
“Brasil no es la única víctima de la volatilidad de las monedas”, sentenció China en su intervención, admitiendo el problema, pero rechazando de plano que éste deba resolverse en el marco de la OMC.
Agregó que, “además, sería aún más erróneo intentar arreglarlo aplicando medidas comerciales. Aplicar medias comerciales, entiéndase un aumento de los aranceles o la imposición de medidas de compensación, no tendría ningún efecto positivo y sería un problema para varias normas básicas de la OMC”.
Brasil había aclarado previamente que no estaba proponiendo ninguna receta para crear el mecanismo que permita establecer cuándo un país podría adoptar medidas arancelarias a causa del impacto de los desequilibrios cambiarios, sino que sólo pretendía incluir la discusión en la agenda del organismo que rige el comercio mundial.
No obstante, como con anterioridad Brasilia sí que había planteado la posibilidad de aplicar medidas compensatorias, varios de los participantes fueron claros y categóricos.
“Suiza considera que las restricciones al comercio y las medidas compensatorias no son la respuesta adecuada a los problemas ligados a la volatilidad de los tipos de cambio”, afirmó la Confederación Helvética.
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Chineses criticam proposta brasileira sobre câmbio

Assis Moreira | De Genebra 

Valor Econômico, 28/11/2012

investimento_china
A China foi o país que reagiu mais negativamente ontem na Organização Mundial do Comercio (OMC) à proposta do Brasil sobre câmbio. O país sugeriu que os parceiros comecem a examinar a necessidade de um instrumento de desafogo para casos de valorização cambial excessiva, que autorize a um país impor sobretaxa na importação para proteger a indústria nacional.
O Brasil reativou a iniciativa na OMC, porque considera que os atuais instrumentos de defesa comercial não parecem adequados para tratar dos efeitos macro e microeconômicos do desalinhamento cambial sobre as trocas internacionais.
O embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo, que na ocasião considerou que o valor da moeda brasileira é uma anomalia, propôs aos parceiros considerar a necessidade de defesa comercial nas situações de desalinhamento, sob estritas condições.
Em reunião do Comitê de Finanças da OMC, ontem, a China reconheceu que o real brasileiro teve “valorização dramática” nos últimos anos, mas alegou que o país “não é a única vítima” da volatilidade cambial. E o culpado, para Pequim, é a política de afrouxamento quantitativo (QE) dos Estados Unidos, que considera “irresponsável e aos custos dos parceiros.”
Os chineses se sentem ameaçados com o risco de novos instrumentos de defesa que podem frear suas exportações, quando os parceiros em geral costumam acusá-los de continuar manipulando sua moeda para favorecer e subsidiar as exportações.
Para a China, câmbio é para ser tratado no Fundo Monetário Internacional (FMI) e o país considerou ainda mais errado tentar o resolver o problema com medidas comerciais. Para Pequim, elevar a tarifa questionaria a própria essência da OMC, de liberalização, facilitação de comércio e abertura de mercados.
Sem surpresa, Pequim insistiu que o único consenso até agora na OMC sobre câmbio, trazido pelo Brasil, é que o tema é “extremamente sofisticado e que há numerosos fatores que podem causar volatilidade cambial”.
Pequim insiste que a discussão sobre câmbio na OMC “pode desviar as atenções” sobre a combalida Rodada Doha para maior abertura comercial, que já dura 11 anos.
Por sua vez, os EUA também não quiseram entrar na discussão sobre um novo mecanismo, alegando que o tema continua sendo examinado em Washington. Mas sua delegação sugeriu diferenciar as moedas que são manipuladas daquelas que flutuam,  num recado aos chineses. Os americanos acham que o tema cambial deve continuar sendo discutido na OMC.
A União Europeia (UE) também acha que é preciso uma avaliação completa do impacto do desalinhamento cambial no comércio, ainda mais num contexto global pautado por cadeias de valor, em que um produto é montado com peças originárias de vários paises e afetado por diferentes taxas de câmbio.
A surpresa veio da Suíça que, como a China, manipula a moeda. Diante da valorização excessiva de sua moeda, os suíços estabeleceram um teto para a subida do franco contra o euro, a partir do qual intervêm no mercado. Mas ontem, na OMC, os suíços deram uma lição de liberalismo e insistiram que um novo instrumento de defesa comercial pode “frustrar importante e necessário ajuste estrutural numa economia”. Para os suíços, campeões do protecionismo agrícola, o uso de barreiras já é amplo no comércio mundial e eles consideraram que a proposta brasileira deve ser vista como “meramente acadêmica”.
O Chile foi na mesma linha de ceticismo e de inquietação com o que poderia ser “uma nova forma de protecionismo comercial”. Cobrou do Brasil os compromissos assumidos no G-20 e na Unasul para evitar medidas protecionistas. Para o governo chileno, o tipo de medidas descritas pelo Brasil poderia gerar “uma volatilidade ainda maior no câmbio, em razão de possíveis distorções no equilíbrio do mercado e grande incerteza, tudo que seria percebido de maneira negativa por investidores externos”.
Já a Turquia e a Austrália mostraram mais simpatia pelo desenvolvimento da proposta brasileira.
A presidência do grupo da OMC vai agora convidar o FMI para discutir o tema com os países, numa próxima reunião do Comitê de Finanças.
Para o embaixador brasileiro, Roberto Azevedo, o resultado do debate foi “ótimo”, pois, segundo ele, ficou clara a disposição dos países de continuarem a discussão do tema e “sobretudo, a disposição de diálogo com o FMI”.