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terça-feira, 15 de julho de 2014

Venezuela: ditadura chavista aprofunda a repressao politica

Chego a sentir vergonha pelo Mercosul, pelo meu país...

Paulo Roberto de Almeida  


América Latina

Venezuela: ex-deputada é acusada de incentivar violência 

Com mandato cassado, opositora María Corina Machado não pode deixar o país

A ex-deputada venezuelana María Corina Machado
A ex-deputada venezuelana María Corina Machado (Sérgio Lima/Folhapress)
A ex-deputada opositora María Corina Machado afirmou nesta segunda-feira que foi acusada pelo Ministério Público da Venezuela de instigação à violência durante os protestos que estouraram no país em fevereiro.A acusação foi divulgada depois que a política compareceu ao Palácio da Justiça, em Caracas, para conhecer as razões de ter sido proibida pela Justiça de deixar o país, medida imposta no final de junho. 
O Judiciário, controlado pelo Executivo chavista, já usou o mesmo tipo de acusação para intimidar e prender o opositor Leopoldo López, outra figura destacada entre os adversário so chavismo. A imputação desse tipo de crime para silenciar a oposição já provocou protestos de organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional. 
Logo depois de divulgar o caso em sua conta no Twitter, María Corina acusou o presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello, de estar por trás do seu indiciamento e da proibição de viajar. Foi justamente Cabello que divulgou publicamente no final de junho que a ex-deputada não poderia deixar o país por causa de investigações relacionadas ao protesto de 12 de fevereiro, o primeiro da onda que sacudiu a Venezuela pelos meses seguintes. 
Nesta segunda-feira, Corina voltou a apontar que a divulgação do inquérito por parte de Cabello foi "ilegal e inconstitucional", já que esse tipo de investigação é sigilosa. Sua defesa disse ainda que o presidente da Casa soube da decisão antes mesmo da notificação dos interessados. A ex-deputada também disse que não existe nenhum risco de ela fugir do país. 
Um dos homens fortes do chavismo, Cabello já havia articulado a cassação da deputada, em abril, após María Corina ter tentado proferir um discurso na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA) em que denunciaria as violações de direitos humanos na Venezuela. Os chavistas também já acusaram a ex-deputada de participação em um plano mirabolante paraassassinar o presidente do país, Nicolás Maduro.

Os estragos do chavismo na Venezuela

Hugo Chávez chegou ao poder na Venezuela em fevereiro de 1999 e, ao longo de catorze anos, criou gigantescos desequilíbrios econômicos, acabou com a independência das instituições e deixou um legado problemático para seu sucessor. Nicolás Maduro assumiu o poder em 2013 e está dando continuidade aos erros do coronel. Confira:

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Criminalidade alta

A criminalidade disparou na Venezuela ao longo dos 14 anos de governo Chávez. Em 1999, quando se elegeu, o país registrava cerca de 6 000 mortes por ano, a uma taxa de 25 por 100 000 habitantes, maior que a do Iraque e semelhante à do Brasil, que já é considerada elevada. Segundo a ONG Observatório Venezuelano de Violência (OVV), em 2011, foram cometidos 20 000 assassinatos do país, em um índice de 67 homicídios por 100.000 habitantes. Em 2013, foram mortas na Venezuela quase 25 000 pessoas, cinco vezes mais do que em 1998, quando Hugo Chávez foi eleito. 
Apesar de rica em petróleo, a Venezuela é o país com a terceira maior taxa de homicídios do mundo, atrás de Honduras e El Salvador. Entre as razões para tanto está a baixa proporção de criminosos presos. Enquanto no Brasil a média é de 274 presos para cada 100 000 habitantes, na Venezuela o índice está em 161. De acordo com uma ONG que promove os direitos humanos na Venezuela, a Cofavic, em 96% dos casos de homicídio os responsáveis pelos crimes não são condenados. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Wikileaks Itamaraty e a alianca dos companheiros com bolivarianos (revista Veja)

Convivência diplomática
Duda Teixeira
Veja, 5/07/2014

Documentos vazados do Itamaraty revelam que, ao saber do envio de tropas e blindados venezuelanos para massacrar a oposição na Bolívia, em 2007 e 2008, o governo do PT preferiu abafar o caso

A autodeterminação dos povos significa que uma nação não pode se intrometer nos assuntos internos de outra. Neste ano, esse princípio foi usado, corretamente, para condenar a Rússia pela invasão da Crimeia e pelo envio de paramilitares para o leste da Ucrânia. Apesar de se apresentar como defensora do princípio da autodeterminação, a diplomacia brasileira se absteve, em reunião da ONU, de repudiar o intervencionismo do governo russo. Documentos confidenciais revelam que o Brasil tem a mesma postura de conivência em crises internas que envolvem os vizinhos da América do Sul.
Em 2007. a Venezuela sobrevoou o espaço aéreo brasileiro para enviar soldados e viaturas militares para ajudar a Bolívia a massacrar protestos populares. Como os governos boliviano e venezuelano são ideologicamente afinados com o brasileiro, o caso foi abafado. Parte dessa história aparece cm um relatório confidencial do Ministério da Defesa do Brasil. O texto narra a visita de militares e do ministro da Defesa Nelson Jobim à Venezuela entre 13 e 14 de abril de 2008. O documento faz parte de um pacote de 397 arquivos surrupiados do sistema de e-mails do Itamaraty e disponibilizados na internet por hackers, em maio passado. Segundo o relatório, após desembarcarem em Caracas, os representantes brasileiros se reuniram na manhã do dia 14 na casa do embaixador Antônio José Ferreira Simões para acertar os ponteiros antes do encontro com o chanceler Nicolás Maduro, hoje presidente da Venezuela. Cada aparte dos presentes foi registrado no papel. Em determinado momento, o general Augusto Heleno, comandante militar na Amazônia, perguntou se os demais sabiam de aviões Hercules C-130 que transportavam tropas venezuelanas para a Bolívia. O embaixador Simões interveio: "Uma denúncia brasileira de presença de tropas venezuelanas na Bolívia pode piorar a situação".

Enquanto isso, o governo de Evo Morales continuava enviando tropas e milícias para lutar contra opositores no Estado de Pando, na fronteira com o Acre. Em dezembro de 2007, um cargueiro Hercules C-130 da Força Aérea Venezuelana tivera problemas técnicos e aterrissou em Rio Branco, no Acre, vindo da Bolívia. A Polícia Federal vistoriou a aeronave, não encontrou armas nem munição e permitiu que o avião seguisse para a Venezuela. Os documentos vazados mostram que isso era só a ponta do iceberg. Na conversa na casa do embaixador, o general Heleno afirmou que "há presença não apenas de venezuelanos na Bolívia, mas também de cubanos, com interesse operacional". Segundo o tenente-brigadeiro Gilberto Burnier, durante a crise, a Venezuela fez 114 voos. "Informavam que transportavam veículos comerciais, porém foi visto que transportavam viaturas blindadas para transporte de pessoal (VBTP) e outras viaturas militares", lê-se no documento. No encontro com os venezuelanos, o ministro Nelson Jobim sugeriu que fosse criado um corredor aéreo para "sacar da agenda esse problema", ou seja. abafar o caso, pois a lei proíbe o sobrevoo de material bélico sobre o território nacional sem autorização. A proposta contava com o apoio do presidente Lula. Em agosto de 2008, o Diário Oficial da União publicou um memorando pelo qual os venezuelanos se comprometem a pedir autorização para cruzar o espaço aéreo brasileiro. A Venezuela, portanto, continuou enviando tropas e armas sem ser incomodada. Um mês depois, mais de quinze pessoas morreram em uma guerra campal em Pando. Alguns agentes da repressão, segundo denúncias de opositores, eram venezuelanos. Quem comandou a operação foi o atual ministro da Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana, o mesmo que, posteriormente, em 2010, foi visto saindo com maletas da casa do narcotraficante brasileiro Maximiliano Dorado, em Santa Cruz de la Sierra.

Contra a imprensa independente: projeto comum de chavistas e companheiros

Tanto os chavistas, que não disfarçam sua ditadura de fato, quanto os seus companheiros tupiniquins, que cada vez mais alçam o tom contra a independência da imprensa e contra a imprensa independente -- não são a mesma coisa, pois a primeira é um princípio, a segunda são os veículos reais -- e pretendem amordaçá-la.
Matéria sobre o fim da independência da imprensa e o estrangulamento dos órgãos privados sob a ditadura chavista. Seria este o projeto dos companheiros no Brasil?
Paulo Roberto de Almeida

Acabar con el cuarto poder
Raúl Lotitto
La Nación, 6/07/2014

La guerra contra la prensa independiente que lanzó Chávez y continúa Maduro busca anular por completo a un actor imprescindible de las sociedades abiertas, que aún resiste

CARACAS.- El periodismo padece en Venezuela la peor crisis de su historia, fruto de una guerra iniciada hace tres lustros, cuando el difunto Hugo Chávez, aconsejado por Fidel Castro, eligió a sus dos primeros enemigos: el imperio norteamericano y los medios de comunicación. Hoy está muy claro que la grave crisis política, ética y económica que atormenta a Venezuela no es culpa de los gringos ni del periodismo. Pero los medios y sus profesionales sufren las consecuencias.
En principio, el control de cambios y su perverso manejo ponen en juego la sobrevivencia de diarios y revistas por la falta de papel, tintas y planchas, que no se producen en Venezuela, pero cuya importación se entorpece con el retaceo de divisas. A la vez, dada la asfixiante situación de la industria, el comercio y los servicios, hay una grave crisis publicitaria en todos los medios independientes, incluyendo la radio y la televisión, lo que atenta contra su éxito económico: única garantía de independencia para un medio.
Tal vez por eso existe el cobarde blackout de la televisión no oficial de mayor rating, que ignora casi por completo lo que sucede en el país político. La prueba es que nadie refiere sus noticieros -¿existen?- y casi no hay programas de opinión, ni crítica de ningún tipo en las novelas (como sucedía antes del chavismo) y menos aun por vía del humor, que desapareció de las pantallas. Sin noticias, la televisión grita su silencio. Lo mismo pasa en radio, con destacables excepciones como RCR y Circuito Éxitos.
Intervenciones, presiones y "sugerencias" lograron a lo largo de estos años que muchos periodistas pierdan sus programas y que los dueños teman por sus licencias radioeléctricas, que no son renovadas y quedan en un limbo legal cuando se vencen. Con esa excusa se cerraron medios clave como el circuito radial CNB y Radio Caracas Televisión (RCTV). Además, fueron compradas por "manos amigas" radios y televisoras como el Circuito FM Center o Globovisión y la editorial Cadena Capriles, lo que impulsó fuertes controversias en el ejercicio del periodismo.
Casos notables últimamente fueron los de Shirley Varnagy, que dejó Globovisión tras la censura de su entrevista nada menos que a Mario Vargas Llosa; Iván Ballesteros, a quien el gobierno le suspendió su popular programa Plomo Parejo en Radio Caracas, y Luis Chataing, que salió del canal Televen denunciando "presiones".
Por transmitir las protestas estudiantiles iniciadas el 12 de febrero, la televisora colombiana de noticias NTN 24 sufrió algo inédito en Venezuela para un medio internacional: prohibición de operar y orden a Directv de sacarlo de su grilla. También Nicolás Maduro amenazó a CNN con suspensión de credenciales y se invitó a su figura estelar, Patricia Janiot, a abandonar el país. Y hasta el Oscar cayó en desgracia: tras 39 temporadas con ese show, Venevisión, el canal de mayor rating, se eximió de transmitirlo este año, al circular en redes sociales que divas y astros del cine denunciarían la crisis venezolana.
Así, el triste manto de la censura se apaña con el telón de la autocensura. Todo vale en pos del objetivo del silencio. Hay chismes que alientan miedo y suspicacias que dibujan intereses tentadores. El diario El Universal siempre está primero en los rumores de venta. Y nadie sabe quién compró realmente la poderosa Cadena Capriles. Queda dicho que una mayoría radiotelevisiva se aferra al lema "no te metas", pero la audiencia cambió de sintonía y participa con fervor en el nuevo paradigma mundial de las redes sociales, que juegan tan duro como en la Primavera Árabe. El periodismo ciudadano se suma al que aún practican los profesionales que pueden en los medios que se atreven.
Una tarea difícil para un país que -cuando casi toda América latina estaba bajo la bota militar- supo jactarse orgulloso de su estirpe democrática. De su libertad de expresión. De sus diarios con cuatro cuerpos cargados de páginas. De su publicidad boyante. Tiempos en los que el periodismo se reconocía como cuarto poder. Tiempos de democracia representativa, muy diferente de la democracia participativa y protagónica inventada como antesala del sobrevenido socialismo del siglo XXI: chaleco de fuerza al libre albedrío de los poderes, que era la condición esencial -hoy perdida en Venezuela- para que la democracia se llamase democracia, sin calificativos ni sobrenombres.
Para someter al cuarto poder el socialismo del siglo XXI arrancó un proceso paciente y multiforme. Minó las bases de medios y periodistas, puso a los comunicadores como lacayos y atacó sus valores ferozmente no sólo en el frente intelectual. Acusados como grandes culpables de casi todo, los medios fueron maltratados más allá del verbo. Violencia contra reporteros en la calle, hostigamiento y asalto a las sedes de los diarios El Nacional o El Universal y a los canales Globovisión o RCTV, que fueron emblemáticos hace ya años.
A la vez, el Estado acumuló tantos medios como nunca tuvo: cinco televisoras sólo desde Caracas, periódicos y radios por doquier (algunas potencialmente poderosas como la cadena YVKE Mundial) y decenas de emisoras comunitarias. Pero su audiencia mediática no rima con tan costoso despliegue.
Surgió también el llamado "periodismo militante", enrolado en el pensamiento oficial. Igual que en la Argentina, donde el espejo con Venezuela es sintomático, incluyendo la crisis económica. Y la ética. Por reacción inevitable aparecieron también medios y periodistas frontalmente opositores. Lo peor para un negocio que, por principio, busca la verdad y debe ver los hechos a través de un prisma imparcial y ecuánime.
En su ofensiva, el gobierno además ninguneó al periodismo. Le negó el rol que lo define como interlocutor social, garante de la libertad y la democracia. Así, empezó por ignorar olímpicamente reclamos y denuncias (sobre todo de corrupción) enfatizando que provenían "del enemigo", para debilitar a los medios y desencantar de un solo golpe a las fuentes y al público ¿Para qué denunciar si el gobierno no hace caso? Una ecuación perversa, eficaz desde la sociología del socialismo del siglo XXI.
El ninguneo tuvo otra cara: el presidente eliminó las ruedas de prensa con medios nacionales. El líder era el gran vocero oficial, pero sólo en las cadenas de radio y televisión y el programa Aló Presidente, que reemplazaba incluso a los Consejos de Estado. Y pese a que multiplicó los ministerios, redujo al mínimo la vocería, condenando al funcionariado al ostracismo ("no estoy autorizado para declarar"), en una curiosa forma de censura que actúa directo sobre las fuentes.
Se trata de impedir el diálogo informativo y la opinión, claves para el periodismo en las sociedades abiertas. El modelo funciona con vías monologales, sin preguntas: un presidente que habla en cadena, pero no da entrevistas, y ministros "no sabe no contesta". Hay excepciones, pero cuesta encontrarlas. Una conjura contra el cuarto poder para impedirle contar con información y opinión para divulgarlas, confrontarlas, refutarlas y volverlas a discutir.
Así, al periodismo se le dificulta pendular como equilibrio de los demás poderes, para fortalecer la sociedad y sus valores. Por eso en los foros mundiales que evalúan la libertad de expresión como derecho humano fundamental, Venezuela sale siempre reprobada. La SIP y el Freedom House son los últimos ejemplos. Pero no los únicos.

Anular al periodismo y los medios críticos es directamente proporcional a profundizar el proceso, que es la razón de esta guerra. Que el gobierno vaya a triunfar es otra cosa. Porque aunque no la tiene fácil, el cuarto poder demuestra, con sus armas de siempre -aunque menguadas- y la fortaleza descomunal de las nuevas herramientas digitales, que tiene cómo defenderse. Hoy Venezuela, con su abrumadora crisis de mil cabezas y el descalabro social a cuestas, está en la mira del mundo gracias al periodismo, creyente insobornable de que la verdad es tan poderosa, que sólo le basta aparecer.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

A frase do dia: Venezuela, por Moises Naim

O principal conflito na Venezuela hoje em dia não é entre os que promovem o socialismo e os que acreditam no capitalismo, entre ricos e pobres ou entre os simpatizantes dos Estados Unidos e os que repudiam a superpotência. Está entre os que defendem um governo que usa a violação dos direitos humanos como política de Estado e os que estão dispostos a sacrifícios para impedi-lo.

Moises Naim
Postais da Venezuela
El País, 12/05/2014

Venezuela: retratos de um pais excessivamente democratico... - Moises Naim

Tão democrático, como diria um ex-presidente, que Unasul e Mercosul não precisam fazer nada, apenas continuar no seu marasmo moribundo que ninguém vai lhes cobrar coerência com suas respectivas cartas e instrumentos democráticos firmados pelos países.
Para que, não é mesmo?
Para nada...
E a OEA, já morreu?
Paulo Roberto de Almeida

Postais da Venezuela
Moisés Naím
El País, 12/05/2014

Relatório do Human Rights Watch constata violações dos direitos humanos

Primeiro postal: "Moisés Guánchez tem 19 anos e trabalha como garçom em um restaurante nos arredores de Caracas. Em 5 de março, ao sair do trabalho, encontrou-se preso junto com outras 40 pessoas em um estacionamento. Membros da Guarda Nacional Bolivariana que estavam reprimindo um protesto nessa área começaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo e a disparar balas de borracha contra o grupo onde estava Guánchez. Ao tentar sair de lá, um membro da Guarda Nacional o impediu, disparando balas de borracha no seu rosto. Embora não encontrassem nenhuma resistência, dois guardas se revezaram a espancá-lo, enquanto um terceiro atirou à queima-roupa na sua pélvis. Guánchez teve que passar por cirurgia nos braços, na perna e no testículo".

Segundo: "José Romero, de 17 anos, foi detido em 18 de março ao sair de uma estação de metrô em Caracas. Um guarda nacional pediu a sua identificação e, quando Romero a entregou, o guarda lhe deu um tapa e o prendeu sem maiores explicações. Foi levado a um lugar desconhecido onde ficou incomunicável, ameaçado de morte e espancado. Foi obrigador a ficar de joelhos por 12 horas sem água, comida ou poder ir ao banheiro. Durante a noite, os guardas lhe disseram que o estuprariam e um deles levantou sua camiseta e o queimou. Isso aconteceu três vezes".

Terceiro: "Em 21 de março, na cidade de Valencia, Daniela Rodríguez estava filmando, com o seu celular, uma passeata que ficou violenta. Rodríguez correu para casa e trancou a porta. Trinta membros da polícia e do serviço de inteligência entraram à força na sua casa, prendendo-a e o seu irmão Luis".

Quarto: "Em 13 de fevereiro, Juan Manuel Carrasco, de 21 anos, e dois amigos correram para fugir de confrontos violentos entre a Guarda Nacional e manifestantes na cidade de Valencia. Entraram no carro de um deles, mas foram rodeados por 15 guardas em motos. Obrigaram-nos a sair, bateram neles, pegaram seus celulares e outros pertences e colocaram fogo no carro. Em seguida, eles foram levados para um parque onde foram forçados a ficarem deitados no chão enquanto eram agredidos e pisoteados no rosto com as botas dos guardas. Um deles colocou o fuzil no pescoço de Carrasco e foi baixando o cano da arma pelas costas, baixou a sua roupa interior e penetrou o seu reto com a arma, causando uma hemorragia. Os outros detidos foram obrigados a deitarem de costas enquanto um guarda passava três vezes por suas pernas com uma moto".

Esses são apenas quatro casos de um longo inventário de horrores compilado pela organização internacional Human Rights Watch (HRW) durante uma visita a Venezuela, em março. A leitura do relatório completo (disponível na internet) é tão assustadora quanto obrigatória. Cada incidente está documentado com evidências que não deixam espaço para dúvidas sobre a veracidade do que é relatado. Os especialistas do HRW visitaram Caracas e três estados venezuelanos, entrevistaram mais de 90 vítimas, os médicos que as atenderam, testemunhas, jornalistas e organizações de defesas dos direitos humanos. Coletaram centenas de fotografias, vídeos, relatórios médicos e documentos legais.

Nas palavras de José Miguel Vivanco, diretor do HRW para as Américas: "A magnitude das violações dos direitos humanos que documentamos na Venezuela e a participação de membros das forças de segurança e funcionários judiciais nesses crimes demonstram que não se tratam de incidentes isolados, nem do excesso de alguns indisciplinados. Pelo contrário, fazem parte de um padrão preocupante de abusos que representa a crise mais grave que presenciamos na Venezuela em anos".

O relatório do HRW prova que o governo de Nicolás Maduro faz uso ilegal de força contra manifestantes desarmados e inclusive contra simples pedestres. Os espancamentos graves, o uso indiscriminado de munições reais, balas de borracha e gás lacrimogêneo e os disparos à queima-roupa com chumbo grosso contra pessoas que estavam sob custódio são rotineiros. Também se comprovou um abuso contínuo e sistemático dos detidos, que em alguns casos pode até ser considerado tortura.


O principal conflito na Venezuela hoje em dia não é entre os que promovem o socialismo e os que acreditam no capitalismo, entre ricos e pobres ou entre os simpatizantes dos Estados Unidos e os que repudiam a superpotência. Está entre os que defendem um governo que usa a violação dos direitos humanos como política de Estado e os que estão dispostos a sacrifícios para impedi-lo.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Venezuela: quando o Estado se torna criminoso - Leandro Mazzini

Itamaraty blinda ex-embaixador que deixou a Venezuela

Leandro Mazzini
Opinião e Notícia, 09/05/2014

Cobrado pelos parlamentares, em audiência pública, sobre a notícia de que o ex-embaixador na Venezuela voltou para Brasília ameaçado de morte, o chanceler Luiz Alberto Figueiredo desconversou na Comissão de Relações Exteriores da Câmara e blindou o José Marcondes de Carvalho.
A revelação da Coluna mexeu com o Itamaraty, que nega veemente a informação. Mas a Coluna ratifica: Marcondes voltou em Outubro, três anos antes do estipulado, porque sua esposa recebeu ameças de morte. Ela é uma artista plástica peruana crítica do governo Nicolas Maduro.
Para os deputados, o chanceler avisou que é difícil apurar a denúncia sem ter provas contundentes. Obviamente. Marcondes é alinhado ao regime Chavizta, e a esposaagora tem medo de se expor.
Curiosamente, num ato sem precedentes e visto como tentativa de evitar a investigação no Congresso Nacional, o Itamaraty resolveu agraciar com a Medalha Rio Branco o presidente da Comissão na Câmara, deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG). Barbosa foi avisado da honraria no dia em que a coluna revelou o caso – o mesmo dia em que houve a cerimônia no Ministério das Relações Exteriores. Outros agraciados receberam o aviso sobre a comenda com mais de 30 dias de antecedência.
Na quarta-feira que vem, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara volta a debater a Venezuela. Vai receber a jornalista Vanessa Silva (Globovisión) e a deputada cassada (na canetada) Maria Corína Machado.
O MEDO DA VOLTA
O Congresso quer dar salvaguarda oficial ao retorno dos três líderes estudantis venezuelanos a Caracas. O senador Álvaro Dias e o deputado Mendonça Filho orientaram os jovens Euzebio Lovera (22), Gabriel Perez (23) e Vicente D’arago (20) a procurarem abrigo na Embaixada em Caracas no sábado, quando retornam ao país. O trio venezuelano passou por Brasília ontem e quarta para denunciar violação dos direitos humanos por parte do governo Nicolas Maduro e da polícia. Foram assassinadas 44 pessoas em protestos pacíficos nos últimos meses. Cinco líderes estudantis viriam a Brasília. Na terça um deles recebeu ameaça de morte e ficou. E outro foi detido pelo serviço de inteligência no Aeroporto de Caracas. O trio que viajou driblou o governo porque embarcou como turista, não como estudante.

Venezuela: governo brasileiro e' cumplice, nao omisso - Reinaldo Azevedo

José Miguel Vivanco, diretor para a América Latina do Human Rights Watch, concede uma esclarecedora entrevista à VEJA.com sobre o papel do Brasil na América Latina quando se tem como foco a crise na Venezuela (ver post anterior). Seu cargo o obriga a ser comedido, moderado, embora ele diga o que precisa ser dito. Nós não precisamos desse comedimento e podemos chamar as coisas pelo seu nome.
Como esquecer Marco Aurélio Garcia — então assessor especial de Lula e hoje ocupando o mesmo cargo de aspone de Dilma —, com seu chapéu Panamá, embarcando num helicóptero que supostamente iria libertar pessoas sequestradas pelas Farc (os narcoterroristas colombianos), numa operação organizada por Hugo Chávez? Estava mais do que claro que o Beiçola de Caracas, que o Diabo já levou, atuava em parceria com o narcoterrorismo. Mas o Brasil estava lá, claro! A expedição não deu em nada!
Pior! O Exército colombiano apreendeu com as Farc armamento privativo das Forças Armadas Venezuelanas, o que evidenciava que Chávez estava armando a bandidagem. O Brasil se negou a reconhecer a evidência. Celso Amorim, então ministro das Relações Exteriores, disse que faltavam provas. A desmoralização veio quando o próprio presidente venezuelano reconheceu quer as armas eram, sim, de seu país. Mas inventou: elas teriam sido roubadas!
Chávez já havia fechado veículos de comunicação independentes e já tinha posto suas milícias para bater nos adversários, e o Lula presidente afirmou que, na Venezuela, havia “democracia até demais”. A intimidade é de tal ordem que João Santana, o marqueteiro do PT, foi emprestado para fazer a campanha de Chávez a uma das reeleições e a de Nicolás Maduro.
Dilma, como sabem, em parceria com Cristina Kirchner, promoveu a suspensão do Paraguai do Mercosul — que havia deposto, segundo a lei, o esquerdista Fernando Lugo — e aproveitou a falseta para levar a Venezuela para o bloco, desrespeitando o tratado do bloco, que exige que os países membros sejam democracias.
Na mais recente manifestação de indignidade, o Itamaraty participou de uma conspirata para impedir a então deputada de oposição, Maria Corina, de falar na OEA. O Panamá lhe cedeu a cadeira para que denunciasse a ditadura em seu país, e ela teve seu mandato cassado, acusada de servir a um governo estrangeiro.
Não para por aí. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mantém um escritório na Venezuela que se dedica à nobre tarefa de justificar os descalabros econômicos do bolivarianismo. Achando pouco, essa frente avançada se dedica ainda a atacar as oposições da venezuelanas e brasileiras.
O governo petista está com as mãos sujas de sangue, sim! É conivente com um governo que massacra o seu próprio povo. O governo Dilma não é omisso. É cúmplice.
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José Miguel Vivanco, diretor da ong Human Rights Watch (Johan Ordonez/AFP)
José Miguel Vivanco, diretor da ong Human Rights Watch (Johan Ordonez/AFP)
Por Diego Braga Norte
VEJA.com, 8/05/2014

Na madrugada desta quinta-feira, a Guarda Nacional Bolivariana (GNB) da Venezuela avançou sobre quatro acampamentos de estudantes em diferentes pontos de Caracas e deteve 243 jovens, numa ação que visa sufocar a pior onda de manifestações no país em algumas décadas. Desde as 3 horas, pelo horário local (4h30 de Brasília), centenas de policiais fortemente armados tomaram os locais onde os opositores mantinham uma resistência pacífica havia algumas semanas. A ofensiva só confirma as conclusões do relatório da ONG Human Rights Watch divulgado nesta segunda. A entidade civil documentou e denunciou abusos cometidos pelas forças de segurança sob o comando do governo. O documento adverte que as violações de direitos humanos não foram casos isolados, mas um padrão sistematicamente aplicado em diferentes locais do país – inclusive no interior de unidades militares.

Em entrevista ao site de VEJA, José Miguel Vivanco, diretor para a América Latina do Human Rights Watch, tocou em um ponto crucial para a crise na Venezuela: a pífia atuação de órgãos como a Organização dos Estados Americanos (OEA), União das Nações Sul-americanas (Unasul) e do Brasil – maior economia da América Latina e líder regional. Advogado com longa carreira em entidades que defendem os direitos humanos, Vivanco reconhece um pequeno avanço após as negociações intermediadas pela Unasul, sobretudo por causa dos primeiros diálogos entre governo e oposição. No entanto, segundo o advogado, o “sucesso ou o fracasso da iniciativa dessa organização está, em grande medida, nas mãos do governo brasileiro”, que vê sua posição de líder regional enfraquecer devido ao silêncio diante dos abusos.
O que a comunidade internacional poderia fazer para ajudar na crise da Venezuela? Quais seriam os papeis específicos de entidades como OEA e Unasul?
A comunidade internacional — particularmente os membros da Unasul que interagem com o governo venezuelano — deveria condenar energicamente os graves abusos que a Human Rights Watch documentou. Contudo, lamentavelmente, as organizações regionais como a OEA e a Unasul não têm desempenhado esse papel porque estão profundamente divididas. Existe um grupo importante de governos, que seja por razões econômicas ou afinidades ideológicas, entusiasticamente apoia o projeto político e o discurso do governo venezuelano. Esta defesa se ampara na soberania nacional e permite desqualificar qualquer crítica sobre direitos humanos como um esforço intervencionista e imperialista. Estes países, salvo contadas exceções, decidiram fazer vista grossa e consequentemente também têm evitado fazer pronunciamentos sobre a grave situação do país.

Como o senhor avalia a atuação destas duas instituições até o momento?
O papel da OEA na crise da Venezuela tem sido lamentável, graças ao bloqueio que a própria Venezuela tem sido capaz de colocar à atuação da organização, mobilizando seus aliados para evitar seu escrutínio. A reunião da OEA em fevereiro terminou com uma declaração patética que parece descrever a situação na Venezuela simplesmente como uma catástrofe natural, ao invés de responsabilizar o governo pelas graves violações. A Unasul, por sua vez, conseguiu ao menos enviar delegações de chanceleres que obrigaram o governo a dialogar com a oposição, algo que não se via na Venezuela há muitos anos. Entretanto, ainda não vimos resultados concretos. Para que esses sejam alcançados, os membros da Unasul devem abandonar as declarações genéricas e efetivamente enfrentar o debate sobre como trazer mudanças à realidade. Especificamente, deveriam insistir para que o governo de Maduro acabe com as violações, liberte as pessoas detidas ilegalmente, leve à Justiça os agentes de segurança do Estado e os grupos armados responsáveis por ataques a manifestantes desarmados, tome medidas para garantir o desarmamento de qualquer grupo em posse ilegal de armas, e, por fim, restabeleça a independência do judiciário.

O Brasil, por ser a maior economia da região, maior país e líder regional, poderia fazer algo além do que está fazendo?
Sem dúvida. A crise na Venezuela coloca em xeque o papel do Brasil como líder regional e global. É importante notar que estamos falando de graves violações de direitos humanos que estão sendo cometidas sistematicamente e com impunidade num país vizinho. Se o Brasil aspira assumir o papel de líder global, deveria adotar uma posição pública clara de reprovação aos abusos na Venezuela. Para começar, deveria liderar a Unasul para que insista que o presidente Maduro cesse as declarações que desqualificam seus opositores como fascistas ou golpistas. Prova disso é que membros das forças de segurança venezuelanas têm empregado as mesmas ofensas de cunho político ao castigar brutalmente os manifestantes.

Gostaria que o senhor fizesse um balanço da atuação do Brasil nesse caso. Brasília deveria mostrar um empenho maior para condenar a violência e os abusos contra os direitos humanos na Venezuela?
O silêncio do Brasil diante de fatos tão graves como os apontados em nosso trabalho, justificado pelo Itamaraty com argumentos históricos de não intervenção, defesa da soberania e preponderância da atuação de organismos internacionais, é de fato preocupante. Dada a inegável assimetria entre o Brasil e o restante dos membros da Unasul, parece que Brasília prefere manter silêncio e firmar posição frente à Venezuela por meio da Unasul. Devemos entender que o sucesso ou o fracasso da iniciativa dessa organização está, em grande medida, nas mãos do governo brasileiro.

A brutalidade promovida pelo Estado venezuelano chama a atenção, mas parece contar com uma “vista grossa” dos governos da região. O senhor concorda?
É evidente e lamentável que os Estados da região, salvo contadas exceções, apliquem dois pesos e duas medidas ao analisar a situação na Venezuela. É indispensável que se rompa essa dinâmica e que os governos entendam que o que se está em jogo aqui não são teorias sobre a democracia, nem teorias conspiratórias sobre possíveis golpes de Estado. O que se está em jogo é o livre exercício de direitos básicos da população venezuelana que se encontra protegida por obrigações jurídicas coletivas e valores universais que assumiram todos os governos democráticos.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Venezuela: assessor internacional da Presidencia nega fazer o que efetivamente faz...

...que é apoiar as ditaduras cubana e bolivariana-chavista, especialmente a cubana.
Ele acha que todos somos idiotas...
Paulo Roberto de Almeida

Marco Aurélio Garcia rebate acusações sobre Venezuela
 O Globo, 08/05/2014

Para Human Rights Watch, assessor é próximo de Caracas e compromete Brasil

O assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia rebateu as críticas que lhe foram feitas pelo diretor para as Américas da Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, quando este anunciou os resultados de uma investigação feita pela ONG sobre abusos de direitos humanos na Venezuela.
Na avaliação, apresentada segunda-feira em Washington, nos EUA, a HRW acusou a Venezuela de Nicolás Maduro de ser "uma anomalia" no continente por ter um padrão de repressão brutal de opositores e manifestantes pacíficos. A ONG baseou suas conclusões numa análise In loco de 45 casos de abusos contra 150 cidadãos desde 12 de fevereiro, quando começaram os protestos contra Maduro.
Vivanco disse que somente uma pressão da comunidade internacional pode modificar os rumos da Venezuela, e destacou importância para a posição da União de Nações Sul-americanas (Unasul) e, em especial, do Brasil, por sua liderança no continente. O diretor da HRW atribuiu a Marco Aurélio um entusiasmo com os regimes bolivarianos da região, o que representaria "problemas sérios de credibilidade" para o Brasil.
Em carta a Vivanco, Marco Aurélio diz que lhe preocupa "muito a situação dos direitos humanos em qualquer parte do mundo, especialmente na América do Sul" e que abordou o tema em duas ocasiões com Maduro em março em Caracas. Além disso Marco Aurélio nega haver uma lacuna entre sua posição e a do Itamaraty, que a HRW entende estar se tornando mais crítica em relação à Venezuela sob a condução do chanceler Luiz Alberto Figueiredo. "Não há qualquer diferença, nem mesmo de matiz, entre a posição do ministro Figueiredo e a minha, ambas decorrentes das orientações gerais do governo brasileiro." Marco Aurélio ressalta que o único compromisso que teve em seus 12 anos como assessor da Presidência foi "com a defesa do interesse nacional e com os valores que historicamente nortearam a política externa brasileira."


O Estado de S. Paulo - Tortura na Venezuela / Editorial

O governo do presidente Nicolás Maduro cometeu abusos sistemáticos, inclusive tortura, contra opositores durante os protestos iniciados em fevereiro, cuja repressão resultou na morte de 41 pessoas. A informação consta de extenso relatório da Human Rights Watch, uma das mais importantes organizações internacionais de defesa de direitos humanos. O documento deveria servir para que o Brasil - ora governado por uma ex-guerrilheira que foi torturada nos porões de um regime de exceção - reconsiderasse sua posição de apoio ao governo chavista na crise e pressionasse Maduro a respeitar os padrões mínimos de convivência democrática em seu país, que se comprometeu a respeitar as cláusulas democráticas da OEA e do Mercosul.
Com base em investigações feitas em três Estados (Carabobo, Lara e Miranda) e na capital, Caracas, a ONG diz ter encontrado "evidências convincentes" de abusos por parte das forças de segurança. Foram entrevistadas vítimas e familiares, além de testemunhas, médicos, jornalistas e defensores de direitos humanos. Há também farto material fotográfico e em vídeo, relatórios médicos e processos judiciais.
A Human Rights identificou um "padrão de graves abusos". Em ao menos 45 casos específicos, a entidade concluiu que houve "sérias violações de direitos", como tortura, tratamento desumano e violação do direito ao devido processo legal. Um dos aspectos mais graves levantados pela ONG é que juízes e promotores tinham conhecimento ou participaram diretamente dos abusos contra os detidos ou os toleraram. "O fato é que o Judiciário deixou de funcionar como um Poder independente do governo", diz o relatório, que considera "perturbador" o fato de que, para Maduro, os incidentes criminosos protagonizados pela polícia são "casos isolados" e que todos os manifestantes mortos, "do primeiro ao último", eram responsáveis pela violência nas ruas.
Como lembra a Human Rights, Maduro tem dito reiteradas vezes que "apenas um pequeno número" de policiais participou de atos violentos, mas o fato é que há provas de que houve abusos em grande escala, cometidos de forma planejada e com o conhecimento pleno das autoridades. Ademais, as forças de segurança oficiais permitiram que grupos paramilitares chavistas atuassem sem nenhum constrangimento. Em alguns casos documentados, houve atuação conjunta entre a polícia e essas gangues para atacar civis.
O governo Maduro costuma defender-se dizendo que a violência parte dos manifestantes e que as forças de segurança apenas reagem. No entanto, a Human Rights constatou que grande parte dos abusos foi cometida contra civis não envolvidos em atividades agressivas ou criminosas. "De fato, alguns dos piores casos de violações que documentamos ocorreram contra pessoas que nem sequer estavam participando de manifestações ou então que já estavam detidas e sob total controle das forças de segurança", afirma o relatório.
Para a Human Rights, o grau de violência do governo contra os opositores e a acusação sistemática de que estes são "golpistas" sugerem que o objetivo da repressão "não é fazer cumprir a lei ou dispersar os protestos, e sim punir as pessoas em razão de suas opiniões políticas". Eis como age uma ditadura, que é apoiada pelo governo brasileiro, graças a afinidades ideológicas que pautam a política externa da presidente Dilma Rousseff.
É esse apoio que torna compreensível o silêncio de Dilma diante da sistemática violação de direitos humanos promovida por Maduro. Na única vez em que se manifestou oficialmente sobre a crise, o governo brasileiro optou por criminalizar a oposição, ao subscrever uma vergonhosa nota do Mercosul que acusava apenas os dissidentes de promover a violência e de atentar contra a ordem democrática.

Trata-se de escandalosa adesão à campanha de desinformação promovida por Maduro para ocultar seus crimes - agora plenamente conhecidos da opinião pública internacional, graças ao trabalho de grupos de defesa de direitos humanos.


Venezuela: se recurdecen las protestas
 8/05/2014
Un policía murió el jueves en Caracas a causa de un disparo, en una jornada de violencia que comenzó después de que militares detuvieron a 243 estudiantes que acampaban en plazas y avenidas para protestar contra el Gobierno socialista de Venezuela.









Socialismo E Morte: a tragedia bolivariana da Venezuela - Anibal Romero

Socialismo Y Muerte
por Aníbal Romero
Aníbal Romero es profesor de ciencia política en la Universidad de Simón Bolívar.
El Nacional, 7/05/2014
Desde que hizo su aparición en la historia del país, la “revolución bolivariana” ha estado estrechamente asociada a la muerte. Todo comenzó con los golpes de Estado de 1992 y su cosecha de asesinatos, hasta este año que ahora transcurre como testigo de otras cruentas pesadillas, en un inagotable proceso de destrucción de vidas. La alianza de la revolución chavista con la muerte no ha dejado de lado a los propios cabecillas del régimen, comenzando por su máximo líder y su temprano fallecimiento. A los casos políticos es imperativo añadir las decenas de crímenes violentos que acosan a diario a Venezuela, con cifras comparables a las que experimentan naciones sumidas en implacables guerras civiles, como Siria, por ejemplo. No dudo que la violencia existente en nuestra sociedad está vinculada a un proceso político basado en el odio de clases, al resentimiento y la corrupción de las sectas cívico-militares que detentan el poder.
A medida que transcurre el tiempo y avanzan la destrucción y la muerte, la “revolución bolivariana” pierde los pocos vínculos que alguna vez intentó establecer con una ideología y un sentido epopéyico de su propia historia, y deviene en lo que ya es obviamente una marcha sangrienta hacia la nada. Importa que la dirigencia democrática, y en general todos los venezolanos que nos oponemos al régimen, asumamos con serena lucidez que el proceso “revolucionario” se ha transformado en una aventura nihilista, es decir, en un rumbo hacia la nada, hacia un abismo sin sentido alguno.
Ante este sombrío panorama, resulta ineludible preguntarse si el grupo de veteranos políticos congregados en la Mesa de la Unidad Democrática(MUD), se ha percatado de la razón profunda que seguramente explica el patente desencanto y cuestionamiento de que son objeto, por parte de numerosos venezolanos de buena voluntad. Parece obvio que la razón de fondo del descontento hacia la MUD tiene que ver con una ausencia de compromiso con la verdad, acerca de la real naturaleza del régimen y lo que ello significa. No es el “diálogo” como tal lo más relevante, sino el hecho de que la dirigencia democrática que conforma la MUD sigue comportándose las más de las veces como si viviésemos en una situación política normal, en la aparente expectativa de que los códigos de conducta que prevalecieron durante los tiempos de la República civil terminen por domesticar a los nihilistas al mando en el país. Me temo que se llevarán una inmensa decepción.
El problema central no es el salario mínimo, la tasa de inflación, el aumento de la gasolina o la escasez de alimentos. El problema central es el dominio del país por parte de un poder extranjero, la ilegitimidad de origen y ejercicio de los actuales gobernantes, y el esfuerzo sistemático para repetir en Venezuela la experiencia totalitaria que nuestros nuevos amos cubanos usaron para hundir a su nación y perpetuarse en el poder.
La dirigencia democrática tiene el deber ético de apegarse a la verdad y realizar una labor pedagógica hacia el pueblo llano, hacia esos sectores populares que todavía no alcanzan suficiente claridad acerca de lo que está en juego en Venezuela. Se impone dejar de lado la ficción de una política “normal” ejercida en circunstancias que no lo son. Se impone apartarse de negociaciones puramente puntuales y secretas con un régimen criminal y nihilista, y empeñarse a plenitud en difundir sin ambigüedades un mensaje de lucha por la independencia nacional frente al dominio cubano, así como de liberación frente a los designios mortales impulsados por el legado político de Hugo Chávez.
Este artículo fue publicado originalmente en El Nacional (Venezuela) el 7 de mayo de 2014.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Venezuela: ditadura bolivariana recorre 'a tortura. E o que fazem oMercosul, a Unasul? Nada!

Que vergonha para o Brasil, e os brasileiros, que pensávamos que o Mercosul fosse guiado por valores democráticos e que seus membros respeitassem os direitos humanos.
Quo vadis, Mercosul?
Paulo Roberto de Almeida 
VEJA.com, 5/05/2014

Um relatório do Human Rights Watch divulgado na manhã desta segunda-feira denuncia abusos cometidos sistematicamente pelas forças de segurança sob o comando do presidente venezuelano Nicolás Maduro, durante e após as manifestações de fevereiro, quando a população foi às ruas para protestar contra o governo. O documento de pouco mais de cem páginas alerta que as violações de direitos humanos cometidas na Venezuela não foram casos isolados de membros das forças de segurança, mas um padrão sistematicamente aplicado em diferentes locais do país – inclusive no interior de unidades militares. A organização denuncia a participação ou conivência de juízes e promotores, que, segundo o relatório, “fecharam os olhos” para provas nitidamente forjadas, pessoas detidas sem direito a defesa e a sinais de tortura física e psicológica.

Para o Human Rights Watch, o poder judiciário venezuelano deixou de funcionar de forma independente. “A Suprema Corte efetivamente rejeitou seu papel de garantir os direitos fundamentais, com muitos dos juízes publicamente empenhados em dar suporte à agenda política do governo”, adverte a organização. O documento alerta ainda para a “intensa pressão” exercida sobre os juízes de primeira instância para que evitem emitir sentenças que possam incomodar autoridades do governo Maduro. O governo chega a suspender ou demitir sumariamente juízes que profiram decisões em favor de opositores do regime.
A investigação que deu origem ao relatório Punidos por Protestar: Violações de Direitos nas Ruas, Centros de Detenção e Sistema de Justiça na Venezuela foi feita com base em entrevistas com vítimas e familiares, testemunhas, profissionais da área médica, jornalistas e defensores dos direitos humanos. O grupo também recolheu provas, como fotografias, gravações em vídeo, laudos médicos e arquivos do Judiciário. Também foram reunidos relatos e documentos com posicionamentos oficiais do governo Maduro e das forças de segurança.
Os representantes da ONG detectaram, no trabalho de campo e nas investigações posteriores, “claros indícios de abusos”. Nos 45 casos, diz o relatório, “encontramos provas concretas de graves violações de direitos humanos cometidos pelas forças de segurança da Venezuela”, o que inclui tortura e tratamento degradante, violência física e restrição do direito de defesa. “O Judiciário e procuradores do governo Maduro colaboraram para as violações, participando ou tolerando abusos contra os manifestantes e pessoas detidas, com graves violações do direito à defesa dos acusados”, diz um trecho do documento.
A investigação foi feita a partir de março, com visitas à capital, Caracas, e a três estados – Carabobo, Lara e Miranda. A partir dos relatos de 45 vítimas nos casos analisados, e com base em provas de diversas fontes, o Human Rights Watch relata 150 ocorrências de abusos graves. Na maioria dos casos, as forças de seguranças fizeram uso ilegal da força, inclusive disparos e agressões severas contra indivíduos desarmados. Praticamente todas as vítimas foram presas e, enquanto detidas, submetidas a abusos físicos e psicológicos. “Em pelo menos dez casos os abusos claramente configuram tortura”, diz o sumário do documento. Nos três estados visitados pela ONG, e na capital, as forças de segurança permitiram que grupos pró-governo, armados, atacassem civis desarmados. E, em alguns casos, as tropas de Maduro também colaboraram com os ataques.
O relatório faz uma ressalva: houve também atos violentos por parte de manifestantes, e os mais de 200 casos de agentes feridos, e pelo menos nove registros de mortes de policiais, são crimes que precisam de investigação. Mas, como agravante das ações perpetradas por integrantes das forças de segurança, nos 45 casos de abusos contra civis analisados, as evidências colhidas indicam que não se tratava de pessoas envolvidas em atos violentos, atividades criminosas ou que representassem algum tipo de ameaça aos policiais. “A natureza e o momento em que ocorreram muitos desses abusos sugere que tinham como objetivo não garantir a lei e dispersar os protestos, mas punir pessoas por suas visões políticas”, diz o documento.
Imprensa
Em treze dos casos examinados, as forças de segurança tiveram como alvo indivíduos que fotografavam ou filmavam agentes em confronto com manifestantes. Metade deles era jornalista, enquanto o restante eram pessoas meramente usando celulares com câmeras. Quando cita as restrições ao direito de plena defesa dos detidos, o Human Rights Watch cita que praticamente todas as 45 vítimas de abusos foram mantidas incomunicáveis, sem acesso a advogados “até minutos antes de serem conduzidas a juízo” e, em muitos dos casos, com indícios de que foram acusadas com base em “provas plantadas”. E o pior: os juízes, segundo o relatório, condenaram os acusados com base em “evidências duvidosas” apresentadas pela acusação. “Promotores e juízes rotineiramente fecharam os olhos para evidências de que os detidos haviam sido submetidos a abusos no período de detenção, assim como ignoraram óbvios sinais de agressões físicas ou interrogaram os acusados em instalações militares, onde claramente não tinham acesso a advogados”, adverte o texto.

A organização encerra o documento com recomendações tanto a integrantes do governo e forças policiais como à oposição. O texto faz um apelo à procuradora-geral venezuelana, Luisa Ortega Díaz, para que todas as acusações contra manifestantes presos sejam revistas e que, nos casos de detidos indevidamente ou com base em provas duvidosas, que haja imediata libertação.

sábado, 12 de abril de 2014

Venezuela: apoiando uma ditadura assassina, para o que, exatamente?

Claro, são ordens superiores, que nem estão no país.
Talvez um dia se saiba, mas duvido.
Depois da Stasi, ninguém mais mais quer deixar traços de seus... hum, malfeitos?

O que dizem os torturados da Venezuela

Atacados por forças de segurança e por paramilitares a mando do presidente Nicolás Maduro, dez venezuelanos contam suas histórias a VEJA

Nathalia Watkins, de Caracas
Os nomes Jorchual, Carkelys, Marvinia e Lourds podem parecer estranhos aos leitores da revista. Mas todos eles são de pessoas que poderiam perfeitamente ter nascido no Brasil. São estudantes esforçados que sonham em seguir uma boa carreira. Donas de casa preocupadas com o bem-estar dos filhos. Profissionais liberais com garra para trabalhar. Por terem nascido e viverem na Venezuela, porém, mesmo para as coisas mais elementares, como comprar carne em um açougue ou expressar sua opinião pessoal, eles precisam batalhar. Desde fevereiro, centenas de milhares de venezuelanos como eles foram às ruas protestar, na maioria das vezes pacificamente, contra o governo. O presidente Nicolás Maduro reagiu colocando todas as forças de segurança do Estado, além de milícias paramilitares, para reprimir as manifestações e espalhar o terror entre os cidadãos que ousam se organizar para lutar por seus direitos. A Venezuela vive, hoje, uma crise social da qual ainda não se pode antever uma saída. As forças a serviço de Maduro realizaram mais de 2 000 prisões arbitrárias. Os casos de tortura, no cálculo mais conservador, somaram 59. Quarenta pessoas morreram. O ataque aos cidadãos solapou o já frágil estado democrático de direito no país e criou uma situação ainda mais cruenta que a do primeiro período da ditadura brasileira, entre abril de 1964 e o Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 1968, quando o regime ainda não havia organizado e intensificado os métodos de tortura. No mês em que se relembra o legado do golpe militar, ocorrido há cinquenta anos, o Brasil fecha os olhos para abusos que ocorrem na vizinhança. Para perplexidade dos venezuelanos, o que os representantes brasileiros têm feito até agora é legitimar as ações de Maduro, enquanto simulam uma mediação entre o governo chavista e a oposição. Na semana passada, o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, esteve em Caracas com outros dois chanceleres da América do Sul e com o núncio do Vaticano, Aldo Giordano, para uma reunião no Palácio de Miraflores. A oposição pediu a libertação dos presos políticos, o respeito ao direito de protestar e a independência entre os poderes. No início da reunião, porém, Maduro deixou claro que não se arrepende de nada. “Imaginem se tivéssemos sido fracos e os protestos tivessem me tirado daqui”, disse ele.     
Para ler a continuação dessa reportagem compre a edição desta semana de VEJA no IBA, no tablet, no iPhone ou nas bancas.
Outros destaques de VEJA desta semana

sexta-feira, 11 de abril de 2014

O Ipea-Venezuela envergonha o Ipea-Brasil, e todo o Brasil

Mas tinha de ser um chavista brasileiro a fazer esse trabalho sujo em nome do Ipea e do Brasil na Venezuela?
Já não bastava o trabalho sujo que fazem outras áreas do governo em favor de uma ditadura assassina?
Como diria certa pessoa: É uma vergonha!
Paulo Roberto de Almeida 

Folha de S. Paulo, 10/04/2014

Única representação internacional do órgão não trata de temas econômicos
País sofre com alta taxa de inflação e problemas cambiais; coordenador critica publicamente oposição a Maduro

Única representação internacional do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada),a filial do órgão na Venezuela prioriza análises favoráveis ao chavismo e projetos de integração com o Brasil ao estudo dos graves problemas macroeconômicos do país.
Desde a criação da filial venezuelana, em 2010, nenhum estudo sobre a economia venezuelana, que apresenta alta inflação e disparidade cambial crescente, foi feito.
A ausência desses temas contradiz a justificativa oficial dada pelo próprio instituto para a missão no seu início, pela qual "os grandes temas" seriam "macroeconomia e financiamento de investimento, acompanhamento e monitoramento de políticas públicas".
Nestes quatro anos, a Venezuela tem sofrido uma deterioração contínua de sua economia. A inflação fechou o ano passado em 56%, há desabastecimento de produtos básicos e um mercado de câmbio descontrolado.
Apesar da conjuntura, nos estudos produzidos sobre a Venezuela no período e enviados pelo Ipea à Folha via Lei de Acesso à Informação, os assuntos predominantes são cooperação da Venezuela com o norte do Brasil e o modelo político venezuelano.
Os tom varia entre neutro e elogioso ao chavismo. Nos estudos sobre cooperação, problemas como insegurança jurídica ficam praticamente de fora, apesar do recente histórico de nacionalizações e do relativamente baixo investimento estrangeiro.
Há também relatórios mais políticos, como o "Federalismo, Democratização e Construção Institucional no Governo Hugo Chávez", de três autores, onde se lê:
"O modelo bolivariano afasta-se, sem dúvidas, da democracia representativa despolitizadora que predomina ainda hoje no mundo. Supera o modelo idealizado pelos pais fundadores da república norte-americana".
A missão é chefiada pelo economista brasileiro Pedro Silva Barros, autor de textos no qual defende os governos de Chávez e o de seu sucessor, Nicolás Maduro, e critica a oposição venezuelana.
Segundo o Ipea, os gastos com estrutura são baixos. Barros tem salário de US$ 12.291 e ocupa uma sala na representação da Caixa Econômica Federal em Caracas. Trabalha com pesquisadores e bolsistas que permanecem curtos períodos no país.
Colaborador da publicação de esquerda "Carta Maior", ele escreveu, na visita recente a Brasília da deputada oposicionista radical cassada, María Corina Machado:
"[O senador tucano] Aécio Neves a saudou como representante da voz das barricadas, legitimando a violência que levou a morte de quase 40 venezuelanos."
A filial do instituto em Caracas foi criada por um acordo entre Lula e Chávez.
Na época, o Ipea era chefiado pelo petista Marcio Pochmann, criticado por ter politizado o instituto.
"Ele [Barros] está lá pra chancelar um governo estrangeiro, pra dar um ar de democracia, de legitimidade a um governo ditatorial", disse à Folha o economista Adolfo Sachsida, desde 1996 no Ipea.
Ele ressalva que a responsabilidade por isso é de Pochmann, e não do atual presidente, Marcelo Neri.

O representante da missão do Ipea em Caracas, o economista Pedro Silva Barros, afirmou que o objetivo principal da iniciativa sempre foi auxiliar a integração da Venezuela com o Norte do Brasil.
A gente trata sempre em cima das questões específicas dos acordos de cooperação e segundo a dinâmica desses acordos", disse à Folha, por telefone. "Nunca a parte macroeconômica foi central."
Questionado sobre a nota do Ipea de 20 de agosto de 2010, segundo a qual a macroeconomia era prioritária, disse que ainda não estava designado para o cargo.
"Fui designado em 6 de setembro de 2010. Desde então, os temas que a gente trata são de desenvolvimento regional." Ele afirmou que a missão do Ipea tem abrigado tanto colaboradores simpáticos quanto críticos ao chavismo.
Sobre a falta de estudos macroeconômicos, o Ipea em Brasília informou que "não nos cabe emitir juízo sobre os assuntos de política interna do país vizinho".
Questionado sobre a colaboração com o portal "Carta Maior", Barros disse que ele não se identifica ali como membro do Ipea para deixar claro de que se trata de uma posição pessoal, e não do governo brasileiro.
De acordo com a assessoria em Brasília, a missão do Ipea na Venezuela se encerrará em agosto. (FM)

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O IPEA envergonha o IPEA, e o Brasil, com o IPEA-Bolivariano - Reinaldo Azevedo




10/04/2014
 às 6:54

O Ipea, o instituto que tentou fazer dos brasileiros um bando de potenciais estupradores, mantém um núcleo politicamente delinquente na Venezuela, que defende a ditadura e ataca a democracia… por princípio! Nós sustentamos essa vagabundagem intelectual!

Pedro Silva Barros, o chefe do Ipea na Venezuela: edle gosta do bolvarianismo e acha que a democracia não está com nada. Grande pensador!
Pedro Silva Barros, o chefe do Ipea na Venezuela: ele gosta do bolivarianismo e acha que a democracia não está com nada. Grande pensador! E ganha mais de US$ 12 mil por mês para isso!
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que já chegou a ser um centro de excelência no Brasil, não demonstra hoje a sua vagabundice teórica e prática apenas produzindo pesquisas imprestáveis e erradas. Vai muito além disso. Dedica-se também ao proselitismo esquerdopata mais asqueroso, à defesa da ditadura, ao achincalhamento da democracia e, acreditem!, a ataques às oposições da Venezuela e do Brasil. Sim, eu estou me referindo àquele instituto que acusou, na prática, os brasileiros — inclusive as mulheres — de simpatizantes do estupro ou, quem sabe?, de potenciais estupradores. Depois veio a público para dizer que seus números estavam errados, mas que suas conclusões estavam certas. De chorar!
Poderia ter havido um lado positivo até: teve início um movimento das peladas, que resolveram escrever no corpo “Eu não mereço ser estuprada”. Muita pelada por nada! Os números reais evidenciavam, ao contrário do que se disse, que a esmagadora maioria dos brasileiros rejeitava frases machistas e sexistas sobre agressões às mulheres. Felizmente! Quanto ao peladismo, dizer o quê? Nesse caso, não foi diferente — sempre é assim quando se fica nu por razões políticas: quem vale a pena não tira a roupa, quem tira não vale a pena… Ainda está para surgir o casamento perfeito entre a causa de quem se despe e a causa de quem só olha. Em suma: o Ipea nos acusou de um bando de potenciais estupradores, e a gente, felizmente, não era. Que bom! Mas por que isso agora?
Na Folha de hoje, há uma reportagem de Fabiano Maisonnave com informações verdadeiramente estarrecedoras. O Ipea tem uma filial na Venezuela desde 2010 — vocês sabem: um acordo entre Luiz Inácio Apedeuta da Silva e Hugo Chávez. É a única representação internacional do instituto. Como se sabe, o país está mergulhado numa crise econômica e política sem precedentes; a economia está quebrada; a violência literalmente corrói o tecido social. Falta de tudo: de comida a papel higiênico. O chavismo inferniza a vida dos venezuelanos em toda a sua, digamos, cadeia existencial… O Ipea, cuja vocação é fazer estudos macroeconômicos, deve estar cuidando disso, certo? Errado. Leiam o que informa a Folha:

“Nestes quatro anos, a Venezuela tem sofrido uma deterioração contínua de sua economia. A inflação fechou o ano passado em 56%, há desabastecimento de produtos básicos e um mercado de câmbio descontrolado. Apesar da conjuntura, nos estudos produzidos sobre a Venezuela no período e enviados pelo Ipea à Folha via Lei de Acesso à Informação, os assuntos predominantes são cooperação da Venezuela com o norte do Brasil e o modelo político venezuelano. Os tom varia entre neutro e elogioso ao chavismo. Nos estudos sobre cooperação, problemas como insegurança jurídica ficam praticamente de fora, apesar do recente histórico de nacionalizações e do relativamente baixo investimento estrangeiro.”

Informa ainda a reportagem: “A missão é chefiada pelo economista brasileiro Pedro Silva Barros, autor de textos no qual defende os governos de Chávez e o de seu sucessor, Nicolás Maduro, e critica a oposição venezuelana.” O tal Barros é um colaborador do site esquerdista “Carta Maior”. Vale dizer: não é um economista, mas um militante do PT. Vive bem por lá: tem um salário de US$ 12.291, superior ao de qualquer professor universitário no Brasil.
O Ipea da Venezuela é capaz de escrever coisas como esta:

“O modelo bolivariano afasta-se, sem dúvidas, da democracia representativa despolitizadora que predomina ainda hoje no mundo. Supera o modelo idealizado pelos pais fundadores da república norte-americana”.

Entenderam? Temos no Ipea da Venezuela gente que odeia a “democracia despolitizadora”. O instituto gosta mesmo é do bolivarianismo politizador, que persegue a imprensa, que confere ao governo o monopólio do acesso à radiodifusão, que põe milícias armadas nas ruas para enfrentar os opositores a bala, que frauda eleições.
Em suma, o que se tem lá é um pouco do lixo mental brasileiro. Na sexta, conversava com amigos aqui em casa. Um deles me disse que discordava de certa abordagem que eu fazia porque, às vezes, ficava parecendo que os petistas eram Pol Pot. Ponderei que não são, claro! Mas não porque não queiram ou não quisessem, mas porque não podem. E quem não permite que sejam somos nós.
O Ipea da Venezuela é a prova disso. Onde eles podem defender um governo de força, que elimina os adversários na base da bala e da porrada, eles o fazem sem pestanejar.
Sobre a recente visita da deputada oposicionista María Corina Machado ao Brasil, escreveu o tal Barros: “[O senador tucano] Aécio Neves a saudou como representante da voz das barricadas, legitimando a violência que levou a morte de quase 40 venezuelanos.” Trata-se de mais uma delinquência política. A esmagadora maioria dos mortos é constituída de opositores, assassinados pelas milícias chavistas armadas, defendidas pelo Ipea.
Quem botou o rapaz lá foi Márcio Pochmann, o petista que transformou o instituto no braço mais burro do partido — sim, há profissionais competentes que ainda estão no instituto. O atual presidente é Marcelo Neri. Ainda não acabou com aquela sem-vergonhice por quê? Das duas uma: ou concorda ou, não concordando, não tem poder para fechar aquela porcaria ou substituir os quadros. Nesse caso, se não pede a conta, então é conivente.
Por Reinaldo Azevedo