Uma homenagem de João Amoedo e
um pequeno segredo
Paulo Roberto de Almeida
Aproveito esta
mensagem elogiosa do meu amigo João Dionisio
Amoêdo, a quem agradeço a homenagem (texto transcrito in fine), para
agora revelar um pequeno segredo, que cumpre contar por inteiro.
Estive com a equipe
econômica do atual governo em meados de 2018, meses antes que o chanceler
olavista fosse sequer cogitado pela equipe de Bolsonaro. Isso foi no escritório
de Paulo Guedes, no RJ, com vários outros colegas que estão agora ocupando
altos cargos, aos quais já conhecia desde algum tempo.
Quando entrei na sala,
me receberam como se eu já fosse o futuro chanceler, o que descartei de
imediato, com palavras quase iguais a estas (cito de memória):
"Não sou
candidato a nada, só vim aqui conversar com vocês sobre economia e política
externa. Não sou eleitor de Bolsonaro, não vou votar por ele, e sinceramente eu
o acho um candidato muito fraco. Já tenho candidato no primeiro e no segundo
turno e ele se chama João Dionisio Amoêdo."
Meus interlocutores
ficaram um pouco chocados com a rudeza de minhas palavras, mas depois
conversamos por aproximadamente duas horas, e eu tive de corrigir certas
percepções deles sobre o Mercosul, sobre o Itamaraty e assuntos correlatos.
Nos despedimos em bons
termos, e eu continuei a enviar para eles alguns papeis que eu também havia
feito especialmente para o João Dionisio
Amoêdo, sem no entanto que eles tivessem sido refletidos no programa de
Bolsonaro quando este foi elaborado.
Quando finalmente saiu
esse programa, eu os cumprimentei pela parte econômica, que achei bem
elaborada, mas critiquei duramente a parte, medíocre, horrível, pequena,
sofrível, relativa à política externa, que achei indigna de um programa de
governo para inserir o Brasil no mundo. Escrevi isso num paper que continha 3
páginas de críticas contundentes à mediocridade dessa parte, e mais 3 com
propostas que me pareciam adequadas de política externa. Um dia vou revelar
esse documento (mas ele já pode ter circulado por aí).
Depois que enviei esse
documento, os membros da equipe econômica de certa forma “romperam” comigo, o
que não me causou nenhum problema, pois eu não estava trabalhando, e não
pretendia trabalhar para um governo Bolsonaro. Estava apenas colaborando
voluntariamente com a equipe econômica.
Nunca mais falei com
qualquer um deles, e assim permanece até hoje. Estou sempre aberto a colaborar
com todos aqueles que pretendam fazer reformas reais no Brasil, segundo as
minhas condições.
De toda forma, quero
novamente agradecer ao João Dionisio Amoêdo
as palavras abaixo, e confirmar-lhe que continuo partilhando da maior parte
(não todas) das propostas do NOVO.
Paulo
Roberto de Almeida
Brasília, 6 de março
de 2019
Homenagem
de João Dionísio Amoedo, em postagem sobre uma das entrevistas que concedi na
tarde de ontem:
Qualificação
técnica, firmeza de princípios e coragem para falar o que pensa, são características
do PRA. O governo erra ao afastá-lo. Ele deveria, ao contrário, ser mais ouvido
e convidado a assumir responsabilidades ainda maiores.
PS.: Permito-me
apenas uma pequena correção: não foi o “governo” que me demitiu, e sim o
chanceler Ernesto Araújo, e não, como alegam os itamaratecas a seu serviço, porque eu tenha criticado pessoalmente o chanceler. Não é verdade. Eu critiquei,
sim, e duramente, dois esteios desse governo, um que leva o nome Olavo, outro
que leva o nome Bolsonaro. Foi isso. Não tenho culpa se o chanceler os admira e
não estabeleço qualquer correlação entre uma e outra coisa. Eu os criticaria em
qualquer hipótese, mesmo se o chanceler não tivesse com ambos quaisquer relações,
de amizade, de admiração ou de distanciamento. PRA