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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A fama do velhaco - Percival Puggina

A Adoracao a Lula
Blog do Percival Puggina, 21/01/2013

Atravessou os ultimos sete anos sem esclarecimento cabal a incompatibilidade entre a consagração que o povo brasileiro dedica ao ex-presidente Lula e o que esse mesmo povo diz quando chamado a opinar sobre a moralidade da conduta de terceiros. Alguns analistas consideram, com bastante razão, que o brasileiro médio não consegue conectar o que pensa com o que faz. Simetricamente, as ações e omissões de Lula na vida real não influenciam o juízo que esse mesmo cidadão faz do ex-presidente.

Já saiu de cartaz e vai para a amnésia seletiva a operação da Polícia Federal que revelou as relações promíscuas da personagem Rosemary com pessoas envolvidas em corrupção. Os fatos, que teriam tudo para abalar fortemente a imagem de Lula, sequer lhe fizeram cócegas. No entanto, um breve resumo do que se tornou público mostra a gravidade das revelações. Vejamos: a) Lula tinha um affaire com Rosemary (até aí nada que mereça interesse, a não ser de alguma vizinha fofoqueira); b) para tornar mais fáceis essas relações, ele criou um cargo federal em São Paulo, designou Rosemary para esse posto e transferiu para nós, pagadores de impostos, o ônus de sua manutenção (aqui os problemas já entram para o campo político e penal, de onde não mais sairão, ainda que sobre eles se estejam empilhando as páginas do tempo); c) com o mesmo intuito de favorecer os encontros entre ambos, Lula inseriu a amiga nas comitivas que o acompanharam em dezenas de roteiros internacionais, com livre acesso aos seus aposentos privados, transformando em motel a aeronave presidencial; d) num arroubo tão sem propósito quanto o de Calígula ao incluir seu amado cavalo Incitatus na lista dos senadores de Roma, Lula fez com que fosse fornecido passaporte diplomático à sua teúda e nossa manteúda, dando-lhe status de servidora do país no cenário internacional; e) obviamente, a condição de servidora "pública" em missão diplomática, credenciou Rosemary às diárias pagas aos funcionários em tais situações; f) para ocultar todos esses fatos ao conhecimento da matriz, Lula, contrariando rigorosos dispositivos que regem as viagens aéreas, exigia que o nome da filial fosse suprimido das listas de passageiros embarcados na aeronave presidencial.

Os leitores destas linhas sabem que tudo isto é fato. Aliás, fato que tão logo divulgado constrangeu a presidente Dilma a extinguir o cargo que a nossa manteúda ocupava no tal escritório de representação do governo federal em São Paulo. E o ex-presidente, a despeito de sua situação de homem público e de suas responsabilidades em relação aos próprios atos, manteve-se quieto como, digamos assim, um guri cujas fraldas precisam ser trocadas.

Mesmo assim, o efeito dessas revelações sobre a imagem e o prestígio de Lula é igual a zero. Efeito nenhum. Ora, se forem verdadeiros os sempre altíssimos percentuais de apoio ao ex-presidente, é provável que muitos leitores destas linhas tenham o maior apreço pelo nosso Berlusconi matuto. Mas é inegável que o objeto desse apreço é um perfeito velhaco.
______________
* Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Abra a sua propria Igreja, e fique rico rapidamente...

No seguimento do post sobre os mais ricos pastores da teologia da prosperidade (e da mistificacao) no Brasil, meu amigo Orlando Tambosi,que tambem replicou a nateria da revista Forbes em seu blog, relinkou tb a antiga materia ( de 2009) da FSP sobre como criar a sua propria Igreja ( ou seita), que vai aqui reproduzida.

DOMINGO, 29 DE NOVEMBRO DE 2009
Jornalistas criam nova igreja. É rápido e barato.
Abrir uma empresa, no Brasil, leva muito tempo e custa caro. Em compensação, você pode criar uma nova igreja em dois dias, a um custo mínimo. E tem a vantagem que nenhuma empresa tem: isenção do IR e outros impostos. O articulista Hélio Schwartsman e dois repórteres da Folha criaram a Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio e relatam sua experiência, que surrupio na íntegra:
Bastaram dois dias úteis e R$ 218,42 em despesas de cartório para a reportagem da Folha criar uma igreja. Com mais três dias e R$ 200, a Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio já tinha CNPJ, o que permitiu aos seus três fundadores abrir uma conta bancária e realizar aplicações financeiras livres de IR (Imposto de Renda) e de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Seria um crime perfeito, se a prática não estivesse totalmente dentro da lei. Não existem requisitos teológicos ou doutrinários para a constituição de uma igreja. Tampouco se exige um número mínimo de fiéis.
Basta o registro de sua assembleia de fundação e estatuto social num cartório. Melhor ainda, o Estado está legalmente impedido de negar-lhes fé. Como reza o parágrafo 1º do artigo 44 do Código Civil: "São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento". A autonomia de cada instituição religiosa é quase total. Desde que seus estatutos não afrontem nenhuma lei do país e sigam uma estrutura jurídica assemelhada à das associações civis, os templos podem tudo.
A Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio, por exemplo, pode sem muito exagero ser descrita como uma monarquia absolutista e hereditária. Nesse quesito, ela segue os passos da Igreja da Inglaterra (anglicana), que tem como "supremo governador" o monarca britânico.
Livrar-se de tributos é a principal vantagem material da abertura de uma igreja. Nos termos do artigo 150, VI, b da Constituição, templos de qualquer culto são imunes a impostos que incidam sobre o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com suas finalidades essenciais.
Isso significa que, além de IR e IOF, igrejas estão dispensadas de IPTU (imóveis urbanos), ITR (imóveis rurais), IPVA (veículos), ISS (serviços), para citar só alguns dos vários "Is" que assombram a vida dos contribuintes brasileiros. A única condição é que todos os bens estejam em nome do templo e que se relacionem a suas finalidades essenciais -as quais são definidas pela própria igreja.
O caso do ICMS é um pouco mais polêmico. A doutrina e a jurisprudência não são uniformes. Em alguns Estados, como São Paulo, o imposto é cobrado, mas em outros, como o Rio de Janeiro e Paraná, por força de legislação estadual, igrejas não recolhem o ICMS nem sobre as contas de água, luz, gás e telefone que pagam.
Certos autores entendem que associações religiosas, por analogia com o disposto para outras associações civis, estão legalmente proibidas de distribuir patrimônio ou renda a seus controladores. Mas nada impede -aliás é quase uma praxe- que seus diretores sejam também sacerdotes, hipótese em que podem perfeitamente receber proventos.
A questão fiscal não é o único benefício da empreitada. Cada culto determina livremente quem são seus ministros religiosos e, uma vez escolhidos, eles gozam de privilégios como a isenção do serviço militar obrigatório (CF, art. 143) e o direito a prisão especial (Código de Processo Penal, art. 295).
Na dúvida, os filhos varões dos sócios-fundadores da Igreja Heliocêntrica foram sagrados minissacerdotes. Neste caso, o modelo inspirador foi o budismo tibetano, cujos Dalai Lamas (a reencarnação do lama anterior) são escolhidos ainda na infância.
Voltando ao Brasil, há até o caso de cultos religiosos que obtiveram licença especial do poder público para consumir ritualisticamente drogas alucinógenas.
Desde os anos 80, integrantes de igrejas como Santo Daime, União do Vegetal, A Barquinha estão autorizados pelo Ministério da Justiça a cultivar, transportar e ingerir os vegetais utilizados na preparação do chá ayahuasca -proibido para quem não é membro de uma dessas igrejas.
Se a Lei Geral das Religiões, já aprovada pela Câmara e aguardando votação no Senado, se materializar, mais vantagens serão incorporadas. Templos de qualquer culto poderão, por exemplo, reivindicar apoio do Estado na preservação de seus bens, que gozarão de proteção especial contra desapropriação e penhora.
O diploma também reforça disposições relativas ao ensino religioso. Em princípio, a Igreja Heliocêntrica poderá exigir igualdade de representação, ou seja, que o Estado contrate professores de heliocentrismo.
Colaboraram os bispos CLAUDIO ANGELO, editor de Ciência, e RAFAEL GARCIA, da Reportagem Local

Protectionism, US style - Steven Malanga (The City Journal)


Storm of Protectionism
Steven Malanga
The City Journal, January 20. 2013


It’s time to repeal the Jones Act.
New York–area residents facing gasoline shortages in Hurricane Sandy’s aftermath must have wondered about the federal government’s announcement that it would suspend the Jones Act to ease long lines at the pump. Most of them had probably never heard of one of the most onerous pieces of protectionist legislation of the twentieth century. Still in force nearly 100 years after its passage, it exacts a significant toll on the economy.
Officially known as the Merchant Marine Act of 1920, the Jones Act requires that all goods and people moving by water from one American port to another travel on American-built, American-owned, American-manned ships. The act’s original proponents argued that it was essential to national security, since it helped preserve a maritime fleet that could support the country’s armed forces and supply the nation during wars. Over time, American shipping interests and powerful maritime unions also became fierce defenders of the act, believing that it protected American jobs. Their defense has largely succeeded. Only in emergencies like Hurricanes Katrina and Sandy does the federal government occasionally suspend the Jones Act to get goods flowing more quickly and cheaply. Those brief pauses reveal how much better the market would work without the act.
Like most protectionist legislation, the act costs more than it generates in economic activity. In a 1996 article in the Canadian Journal of Economics, four researchers (including two economists at the U.S. International Trade Commission) wrote that the act allowed “domestic shippers to charge rates substantially above comparable world prices,” reducing shipping by water in the United States and increasing the annual cost of goods by about $6 billion (in today’s dollars). Older studies, they recalled, estimated the cost as high as $10 billion (again, in today’s dollars). The act might save 15,000 jobs in the American shipping industry, but at a price that reduced national income by hundreds of thousands of dollars per job saved. The only trade restrictions worse for the American economy, the authors concluded, were limitations on textile and garment imports. Those “multi-fiber agreements,” in effect at the time of the economists’ study, have since expired.
The Jones Act has also long outlived its national-security rationale. In a 1991 article in Regulation, Rob Quartel, a commissioner at the Federal Maritime Commission, described how U.S. armed forces in the Gulf War moved massive amounts of matériel and personnel using their own ships and those controlled by NATO allies. Only six of the 59 ships that the military employed were Jones Act–subsidized vessels. As Quartel noted, the country’s merchant-marine fleet has continued to shrink, largely because the Jones Act has made American shippers globally uncompetitive. With a monopoly at home, why get better?
Growing evidence of the act’s cost and ineffectiveness has led to calls to rescind it. In 2003, Hawaii congressman Ed Case introduced legislation to free his state from the Jones Act, saying that it so limited competition among shippers serving the state that it had produced a “crippling drag on an already-challenged economy and the very quality of life in Hawaii.” The protectionist legislation, Case argued, “is just an anachronism: most of the world’s shipping is by way of an international merchant marine functioning in an open, competitive market. And those few U.S. flag cargo lines that remain have maneuvered the Jones Act to develop virtual monopolies over domestic cargo shipping.” Similarly, in 2010, Arizona senator John McCain introduced legislation to repeal the act, observing that it “hinders free trade and favors labor unions over consumers.”
These efforts have failed, mostly because of the power of maritime unions and shipping interests, which would rather preserve their hold on a narrow but uncompetitive slice of the marketplace than compete more forcefully around the world. Over the years, both Democratic and Republican presidential administrations have pledged their allegiance to the act in return for the support of the shipping cartel that benefits from it. The losers are American consumers and businesses. It shouldn’t take acts of God like Sandy to show us that the Jones Act should go.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Ministro do TST diz que sociedade brasileira e' racista

A propria trajetoria do Ministro desmente os seus dizeres.
Paulo Roberto de Almeida

Política
Sociedade brasileira é 'racista', afirma futuro presidente negro do TST
Para Carlos Alberto Reis de Paula, discriminação é 'uma questão cultural'. Ministro assumirá em 5 de março o comando da Justiça Trabalhista.
20/01/2013 12h43 - Atualizado em 20/01/2013 12h43

O ministro Carlos Alberto Reis de Paula, durante entrevista ao G1 em seu gabinete no TST (Foto: Fabiano Costa / G1)
Por Fabiano Costa
Do G1, em Brasília
Primeiro negro eleito para presidir o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o ministro Carlos Alberto Reis de Paula qualifica a sociedade brasileira como "racista e discriminatória".
"É racista, discriminatória e usa de discriminação por um motivo muito simples: uma questão cultural", disse em entrevista ao G1 .
Reis de Paula assumirá o comando da Justiça trabalhista no próximo dia 5 de março, em um momento em que, também pela primeira vez, outro negro, Joaquim Barbosa , chefia a mais alta corte do país, o Supremo Tribunal Federal (STF).
Aos 68 anos – ele completa 69 anos em 26 de fevereiro –, o magistrado eleito por unanimidade para a presidência do TST revela que já foi alvo de racismo ao longo da vida, mas nunca foi discriminado no Judiciário. "Isso acontece, isso é o Brasil", disse.
O ministro se diz um defensor das políticas de cotas para o ingresso de negros nas universidades federais. Ele, no entanto, ressalta que é contra a implantação do sistema para o acesso ao serviço público. "O problema de cota não pode ser uma esmola. Cota é uma questão de justiça social", avalia.
Natural de Pedro Leopoldo (MG), município da regi ão metropolitana de Belo Horizonte, Reis de Paula foi o primeiro negro a ser indicado para um tribunal superior do país (o TST), em 1998. Mestre e doutor em direito constitucional pela Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG), ele ingressou na magistratura, em 1979, como juiz do trabalho da 3ª Região (MG).

Casado pela segunda vez, Reis de Paula tem três filhas e cinco netos e é torcedor fanático do América mineiro. Atualmente, concilia as atribuições no tribunal trabalhista com o mandato de conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O ministro, porém, diz que deixará a vaga no CNJ assim que assumir a presidência do TST.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
G1 – Há um simbolismo no fato de um negro assumir pela primeira vez o comando do Tribunal Superior do Trabalho no mesmo momento em que o Supremo Tribunal Federal também é presidido por um magistrado negro?
Carlos Alberto Reis de Paula – É uma coincidência da história, mas é lógico que é um fato simbólico. Só se as pessoas não quiserem ler os fatos. Posso fazer várias leituras. Primeiro, posso olhar para os negros e dizer: é possível chegar lá à custa de trabalho individual, muito empenho e dedicação. Sempre que vou a algum lugar elegante, fico pensando: o negro é exceção. Quantos empresários negros existem no Brasil? Quantos homens de dinheiro e poder existem no país?
G1 – O sr. acredita que os negros estão conseguindo conquistar mais espaço?
Reis de Paula – O Brasil ainda não teve um presidente da República negro. Tenho quase certeza de que vão cobrar muito mais do Joaquim [Barbosa, presidente do Supremo] e de mim do que dos outros. Terão muito menos benevolência nas críticas conosco. Não me assusto com isso. Vou viver minha vida com normalidade. Não quero fazer nada de extraordinário. Quero apenas fazer as coisas ordinárias de forma extraordinária.

G1 – O sr. já foi alvo de racismo?
Reis de Paula – Na minha carreira, não, mas na minha vida, sim. Isso acontece, isso é o Brasil. Mas aí você ascende ao cargo de ministro e ninguém mais o discrimina. Mas eu já fui sujeito de racismo.

G1 – Apesar da ascensão de negros a cargos importantes na estrutura da República, a sociedade brasileira ainda é racista?
Reis de Paula – É racista, discriminatória e usa de discriminação por um motivo muito simples: uma questão cultural. E o pior é que a sociedade não toma consciência porque isso está no seu subconsciente. A sociedade é racista. O fundamental é as pessoas tomarem consciência de que são racistas porque os fatos mostram isso. Espero que a minha gestão e a do Joaquim [Barbosa] mostrem que somos iguais aos demais e temos nossos valores.

G1 – Mesmo defensor das cotas raciais para acesso ao ensino superior, o sr. é contra as cotas para ingresso no serviço público. Por quê?
Reis de Paula – Sustento que devemos habilitar todos, sobretudo os negros, para que possam entrar na universidade, se qualificar e concorrer em igualdade com os outros. Mas essa visão não é apenas para negros, e sim para todos os que são discriminados. Pode ser também para índios e portadores de deficiências físicas. A partir do momento em que eu busco isso, não preciso mais reservar cotas. Não posso admitir cota para magistrado, por exemplo. A meu ver, essa é uma visão simplista. O problema de cota não pode ser uma esmola. Cota é uma questão de justiça social, é uma forma de reparar, mas não fazendo doações.
G1 – Empresários reclamam do suposto excesso de benefícios dos trabalhadores brasileiros. Segundo eles, esses direitos encarecem a mão de obra e, consequentemente, os produtos fabricados no país. Na sua avaliação, há exageros nas leis trabalhistas no Brasil?
Reis de Paula – Há um exagero na leitura dos fatos. Em cima do salário dos empregados, há várias incidências de tributos postas pelo governo. O empregado é que sai caro ou o governo é que faz o empregado sair caro? A primeira pergunta que temos de responder é essa. Um empregado brasileiro não é mais caro do que um empregado estrangeiro. O estrangeiro custa muito mais caro em poder de compra. Eu não trabalho com valores nominais. Quero saber é o que ele [empregado] compra com um salário mínimo de R$ 678. Esse é o raciocínio.

G1 – Durante seu mandato, a presidente Dilma Rousseff implementou políticas pontuais de desoneração da folha de pagamentos, que beneficiaram cerca de 40 segmentos da economia. Na sua avaliação, o governo federal deveria promover uma desoneração mais ampla nos encargos trabalhistas para estimular a economia?
Reis de Paula – Não sou eu que vou pensar sobre administração macroeconômica. Todas essas alterações tiveram uma conotação econômica, não foi trabalhista. Acho que as questões trabalhistas teriam de ser analisadas em primeiro lugar pelos governos. Essas questões pontuais resolvem conjuntura, não resolvem estrutura.
G1 – Justiça do Trabalho, Ministério Público e governo federal deveriam trabalhar articulados para tentar erradicar os trabalhos escravo e infantil?
Reis de Paula – Esse é um dos vexames do país. O índice [de trabalho escravo e infantil] reduziu por causa da influência da OIT [Organização Internacional do Trabalho], mas o patamar ainda é alto. Não sou eu quem fala. Consulte o Ministério do Trabalho. A OIT trabalha com um termo que eu considero muito digno, que é o de "trabalho decente". Esse termo envolve não só a segurança no trabalho, mas também o trabalho valorizado, devidamente remunerado, e em condições dignas e humanas, o que afasta o trabalho escravo e infantil. Devemos despertar a nossa consciência.

O ministro Carlos Alberto Reis de Paula, em seu gabinete no TST
G1 – O sr. é a favor da redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais sem diminuição de salário, bandeira histórica do movimento sindical?
Reis de Paula – Os sindicatos fazem muito charme com isso [a redução da jornada de trabalho], mas acho difícil passar no Congresso. Pergunto: 44 horas semanais é uma jornada de trabalho pesada? São discursos, temas de passeata de rua. Não está nesse ponto a solução das questões trabalhistas, isso eu lhe garanto categoricamente. Acho razoável a jornada de 44 horas semanais. Eu, por exemplo, trabalho muito mais do que isso.
G1 – O sr. pretende tomar alguma medida para acelerar a tramitação dos processos na Justiça trabalhista?
Reis de Paula – No Poder Judiciário, trabalhamos em cima de leis que não foram feitas por nós. Não sou legislador, não posso fazer nada contra a lei. Posso interpretá-la, de forma criativa, mas respeitando-a. Aí você me pergunta: demora? Demora. E por que demora? Porque a lei permite que demore. Eu sempre questiono: a quem interessa uma Justiça rápida no Brasil? Aos que não têm voz, costumo responder.
G1 – O sr. defende a regulamentação do direito de greve no serviço público?
Reis de Paula – A Constituição é de 5 de outubro de 1988. Ela já tem 24 anos. Direito de greve, para mim, decorre do trabalho. Vira e mexe, dizem: vamos regulamentar. Mas não passam de mobilizações. A vantagem de um direito sem regulamentação é que você faz o que quer. O problema é esse. A forma de descumprir a Constituição é se omitir.
G1 – Há carreiras públicas que estão extrapolando o direito de greve?
Reis de Paula – Os professores, por exemplo, têm direito de fazer greve, mas depois têm de compensar as aulas que não foram dadas. Por outro lado, o servidor público entra em greve e não compensa. Me conte um dia no Brasil que o Executivo tenha cortado o ponto de algum grevista ou servidor público.

G1 – O senhor vê restrições no meio jurídico aos magistrados da Justiça do Trabalho?
Reis de Paula – Quando eu estava na Faculdade de Direito da UFMG, dizia-se que a Justiça do Trabalho era uma justiça menor, de balcão de negócios. A verdade é que há maus olhares para a Justiça do Trabalho. O problema é que a Justiça do Trabalho não é conhecida. A sociedade não valoriza o trabalho. Se valorizasse, a Justiça do Trabalho seria extremamente valorizada no país. É um problema cultural.
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Terras: a velha paranoia brasileira contra estrangeiros

Os brasileiros são um povo paranoico, eu até diria ultraparanoico. Basta que estrangeiros comprem um pouco mais de terras e eles já começam a achar que os estrangeiros vão fugir com a terra embaixo do braço, em lugar de fazer como qualquer brasileiro: produzir para o mercado, e se preciso for, exportar 100% da produção...
Não há sentido em limitar a compra de terra por estrangeiros, sobretudo num país aberto e feito por imigrantes como o Brasil. Mas o nacionalismo atávico é mais forte...
Por pura estupidez...
Paulo Roberto de Almeida
Coluna Esplanada

Estrangeiros têm US$ 60 bilhões em terras no Brasil

Propriedades se concentram nas regiões Centro-Oeste e Norte e pertencem, em grande parte, a empresários da China e Oriente Médio

por Leandro Mazzini
fonte | A A A
Um relatório do Banco Central sobre investimentos no país, nas mãos da presidente Dilma, informa que estrangeiros já compraram US$ 60 bilhões em terras no Brasil. A maioria deles é de empresários da China e Oriente Médio. As propriedades adquiridas concentram-se nas regiões Centro-Oeste e Norte. A Agência Brasileira de Inteligência tem informes de que agora os chineses, para driblar eventual desconfiança sobre seus interesses, têm usado argentinos como ‘laranjas’.
Leandro Mazzini é escritor e jornalista
O Opinião e Notícia acrescenta: O Instituto Nacional de Colonização e de Reforma Agrária (Incra) constatou por meio de estudos que 0,6% dos imóveis rurais cadastrados no país estavam de posse de estrangeiros em 2007. O tamanho médio das propriedades estrangeiras é equivalente ao das nacionais.

Ciencia sem Fronteiras: para criar riquezas ou gerar deficit publico? - Editorial Estadao

Apesar do autor destas linhas pertencer a essa estranha tribo dos masturbadores sociais que são os sociólogos -- invoco em meu favor o fato de nunca ter registrado o título, e de jamais ter exercido a profissão, a não ser como professor, o que não credencia ninguém, pois como já disse um ex-presidente, quem sabe vai trabalhar, quem não sabe vai ensinar... -- eu jamais concordaria em dar bolsas fáceis para todos os adeptos das ditas humanidades, que carecem do mais humano sentimento da lógica elementar.
Os estudiosos e profissionais das chamadas hard sciences costumam produzir riquezas, sob a forma de patentes, inovações, processos e mecanismos produtivos. Os profissionais das humanidades costumam produzir déficit público.
Já o Ciência Sem Fronteiras me parece um programa de férias remuneradas, já que desvinculado de um processo de reaproveitamento dos bolsistas ao cabo de seu estágio no exterior, mas ainda assim pode-se considerar que os estudantes aprendem pelo menos a se expressar em outras línguas (pelo menos os 20% que não se dirige a países ibéricos e latino-americanos, que não possuem uma ciência superior à do Brasil), e até alguns rudimentos do que anda apontando na pesquisa de alguns países...
Mas e as ciências sociais, o que trariam de bom ao Brasil? Suspeito que muito pouca coisa, para não dizer nada...
Paulo Roberto de Almeida

O 'Ciência sem Fronteiras'

19 de janeiro de 2013 | 2h 03
Editorial O Estado de S.Paulo
 
Alegando que o governo tem o direito de estabelecer prioridades em matéria de financiamento ao ensino e à pesquisa, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 5.ª Região cassou a liminar concedida pela Justiça Federal do Ceará que determinava a inclusão de 20 cursos da área de ciências sociais no programa Ciência sem Fronteiras, beneficiando com isso estudantes de letras, sociologia, artes, publicidade e comunicação. Segundo o relator do processo no TRF, desembargador Manoel Erhardt, ao ampliar a abrangência desse programa - que concentra suas bolsas nas ciências exatas e biológicas, áreas nas quais o Brasil tem um grande déficit de profissionais qualificados -, a Justiça Federal cearense "comprometeu a filosofia" do Ciência sem Fronteiras".
A liminar suspensa pelo TRF da 5.ª Região havia sido concedida em dezembro a pedido do Ministério Público Federal, que acolheu uma reivindicação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Em sua 64.ª reunião, realizada em julho de 2012, a entidade reivindicou a concessão de bolsas para pesquisadores de ciências humanas, sob a justificativa de "aprimorar a área e fortalecer a política nacional de pós-graduação".
Em resposta, os ministros de Ciência e Tecnologia e de Educação alegaram que o déficit de engenheiros, médicos, biólogos, químicos e tecnólogos é um obstáculo para o desenvolvimento do País. "O problema não está na área de ciências sociais, mas, principalmente, nas de engenharias. Nas humanidades, o Brasil já tem uma expressão bastante grande", disse o ministro Aloizio Mercadante.
Embates judiciais e pressões corporativas têm sido um dos principais entraves para a modernização do sistema educacional e do sistema de fomento à pesquisa e qualificação do pessoal do ensino superior. Lançado há um ano, o Ciência sem Fronteiras prevê a concessão de 101 mil bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado no exterior.
As primeiras bolsas se destinaram a estudos nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França e Itália, nas áreas de matemática, física, química e biologia. Os editais seguintes deram prioridade às engenharias e às ciências aplicadas, como nanotecnologia, biotecnologia, computação, tecnologia de comunicação, tecnologia mineral, petróleo, gás e carvão mineral.
O programa tem sido elogiado pela iniciativa privada, que há muito tempo reivindica mão de obra qualificada. O crescimento da economia, ainda que modesto no ano passado, agravou o problema do déficit de profissionais preparados no mercado de trabalho. Na área financeira, a escassez de engenheiros chegou a tal ponto que os bancos, as seguradoras e os fundos passaram a contratar profissionais recém-formados em matemática, física e ciências atuariais para trabalhar em atividades que normalmente são exercidas por especialistas em engenharia financeira, como análise de risco, modelagem, precificação e uso de plataformas de investimentos com base em algoritmos.
A comunidade acadêmica também recebeu bem o Ciência sem Fronteiras, apesar das reivindicações da área de ciências humanas e sociais para ser agraciada com bolsas de estudo no exterior. Por causa dessas pressões, as autoridades educacionais assumiram uma posição ambígua. Apesar de o TRF da 5.ª Região ter cassado a liminar que permitia a participação de universitários da área de ciências humanas e sociais no Ciência sem Fronteiras, as duas agências de fomento responsáveis pelo programa - a Capes e o CNPq - mantiveram as inscrições desses alunos. No entanto, não deixaram claro se, ao final do processo de avaliação dos currículos e dos projetos de pesquisa, eles receberão bolsas - o que pode levar a novos recursos nos tribunais.
O governo acertou ao lançar um programa que reduz a distância entre as universidades brasileiras e as estrangeiras mais conceituadas nas áreas de conhecimento estratégicas para o desenvolvimento do País. Contudo, pressões corporativas e a incerteza causada por decisões judiciais que alteram as regras do jogo podem comprometer o sucesso desse programa.

Ah, esses vis exploradores capitalistas, imperialistas, americanos arrogantes...

Um pouco como o funcionário público que deixa o paletó na cadeira para fingir que está trabalhando. Esse americano explorava a mão-de-obra chinesa em seu favor. Desse jeito os imperialistas ficam ricos: explorando os mais pobres e oprimidos...
Bem, mas se foram eles que inventaram tudo isso, como é que os chineses poderiam fazer, sem os perversos exploradores americanos? Qual mercado solicitaria suas competências?
Paulo Roberto de Almeida

Americano é flagrado terceirizando trabalho a chineses para passar o dia navegando na internet

  • Desenvolvedor de software deu a chineses acesso remoto ao seu computador na empresa em que trabalhava
  • Ele passava o dia assistindo a vídeos no Youtube e navegando em sites como Reddit, eBay e Facebook
  • O Globo, 18/01/2013 


RIO — Um desenvolvedor de software americano foi flagrado terceirizando seu trabalho diário para chineses só para passar o dia inteiro assistindo a vídeos de gatos no Youtube e caçando ofertas no eBay. O funcionário, identificado apenas como Bob, pagava um quinto do seu salário anual para uma empresa de Sheniang, na China, realizar suas tarefas.
A “malandragem” foi descoberta depois que a firma em que Bob trabalhava — uma grande empresa da área de infraestrutura cujo nome não foi revelado — notou atividade anômala em sua Rede Privada Virtual (VPN, na sigla em inglês) e encomendou uma investigação à operadora Verizon.
Redes VPN permitem que funcionários acessem de qualquer lugar suas estações de trabalho. Valendo-se dessa tecnologia, Bob deu acesso ao seu computador à companhia chinesa. Ele ainda enviou sua chave de segurança por FedEx ao país asiático para burlar a autenticação que sua empregadora utilizava.
Segundo a Verizon, Bob recebia centenas de milhares de dólares por ano no emprego, enquanto pagava apenas US$ 50 mil aos chineses.
Como publicou o site “The Next Web”, a investigação concluiu que o dia a dia de Bob obedecia ao seguinte cronograma: ele chegava às 9h e assistia a vídeos de felinos no Youtube e navegava no site de compartilhamento de links Reddit até as 11h30m, quando saia para almoçar. Às 13h era hora de procurar ofertas no eBay. Ao Facebook e ao LinkedIn ele dedicava duas horas e meia, entre 14h e 16h30m. Só então Bob fazia alguma coisa produtiva: enviava um relatório por e-mail ao seu chefe sobre as tarefas que “realizou”. Às 17h chegava ao fim seu duro dia de “trabalho”.
O serviço dos chineses era excelente, já que Bob era avaliado como um funcionário de ótimo desempenho e chegou a receber o título de melhor desenvolvedor da companhia, pois os códigos de computador que criava eram elegantes e eficientes.
O relatório da Verizon descreve Bob como um sujeito de família na casa dos 40 anos, quieto e inofensivo. Seu pecado mesmo era a preguiça, já que tinha todas as condições técnicas para realizar o seu trabalho, sendo versado em diversas linguagens de programação.
O caso foi descoberto em 2012 mas só veio a público esta semana. Bob já não trabalha mais na companhia.

Teologia da Prosperidade: os mais ricos baroes-ladroes da elite brasileira, os "pastores" evangelicos (espertos, claro...)

Melhor que encontrar petróleo, vender armas ou traficar drogas: tudo isso dá muito trabalho, requer muito investimento e sempre tem as chateações dos fenômenos naturais, dos governos, da fiscalização dos impostos e essas coisas aborrecidas.
Explorar os incautos, os idiotas e os ingênuos é muito melhor: basta um pouco de saliva, decorar vários versículos da Bíblia e o milagre está feito: o dinheiro corre como água direto da fonte para a sua conta bancária.
Os exploradores da ingenuidade alheia são, como diria Marx, o ópio do povo, os maiores traficantes das crendices dos mais simples, os aproveitadores dos sofrimentos dos desprovidos, os criminosos de gravata e Bíblia na mão.
Como diria Einstein, duas coisas são infinitas no mundo: o universo e a idiotice humana, e ele não estava seguro quanto à primeira. Ou como diria um bookmaker inglês: nunca, alguém perdeu dinheiro apostando na estupidez humana...
Os pastores estão aí para provar que tudo isso é verdade...
Paulo Roberto de Almeida
Forbes Magazine, 1/17/2013 @ 7:00PM |46,530 views

The Richest Pastors In Brazil

Português: Edir Macedo, durante a cerimônia de...
"Bishop" Edir Macedo, founder of the Universal Church of the Kingdom of God: Brazil's Richest pastor.
Religion has always been a profitable business. And if you happen to be a Brazilian evangelical preacher, chances of hitting a heavenly jackpot are actually pretty high these days. Even though Brazil remains the world’s largest Catholic country, with about 123.2 million of its population of approximately 191 million defining themselves as followers of the Vatican-based church, the latest census figures pointed to a strong decline among the ranks of Roman Catholics, who now account for 64.6% of the country’s population–down from 92% in 1970.
Meanwhile, the number of Protestant evangelicals has soared from 15.4% of Brazil’s population just a decade ago to 22.2%, or 42.3 million people. It’s likely that the downward trend for Catholicism will continue and it’s estimated that by 2030, Catholics will represent less than 50% of Brazilian churchgoers.
So why are evangelicals taking over Brazil’s religious scene?
One of the evangelicals’ most appealing qualities is their belief that material progress results from God’s favor. While Catholicism still preaches a very conservative look to an afterlife instead of earthly riches, evangelicals–especially the ‘neo-Pentecostal’ ones–are taught that it’s all right to be prosperous. This doctrine, known as ‘Prosperity Theology,’ is in the foundation of the most successful evangelical churches in Brazil.
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The value of material progress in Brazil’s evangelicalism is explicit and actively promoted. Aline Barros, a Grammy-award winning singer-turned-preacher who has over 900,000 followers on Twitter, puts it like this: “What have you done for the Kingdom of God? What have you produced for God? If you are alive, you’ve got the breath of life–produce!”
It seems to be working. As has been widely reported, Brazil has experienced a period of great economic growth over the past few years. The country’s economic success has not only lifted millions of Brazilians out of poverty, but it has also raised the expectations of a new lower-middle class–known as the ‘C Class.’ With the very rich and the very poor remaining staunchly Catholic, the majority of Protestant evangelicals in Brazil are in this category, and they have found in the religion a way of being thankful for their good fortune as well as an excuse to enjoy their new status in society without guilt.
In other words, they are eager to give back to the church, to perhaps bear some of the load. This has ended up turning some churches into highly lucrative businesses and making some leaders into multi-millionaires. It’s the so-called “Industry of Faith.”
Take “Bishop” Edir Macedo, for example. The founder and leader of the Universal Church of the Kingdom of God, which also has temples in the United States, Macedo is by far the richest pastor in Brazil, with a net worth estimated by several Brazilian business magazines* at $950 million (one government arm in Brazil estimates an even higher sum). He is continuously involved in scandals, mostly due to allegations that his organization had siphoned off billions of dollars of donations intended for charity. There have also been official charges of fraud and money laundering. Yet Macedo has managed to keep his flock of followers throughout the years.
One of the fathers of the modern Prosperity Theology, Macedo even spent eleven days in jail in 1992 due to charges of charlatanism. Macedo has denied all the accusations against him in Brazil, but he is still under prosecution by US authorities as well as Venezuelan authorities.
As an evangelical writer, he stands out with more than 10 million books sold, some of which are extremely critical of the Catholic Church and a number of Brazilian Afro-religions. His biggest move was in the late 1980s, when he acquired control of Rede Record, currently Brazil’s second largest broadcaster. His other assets include a newspaper, Folha Universal, which has a circulation of over 2.5 million in Brazil, a news channel, Record News, music label companies, state-of-the-art properties and a $45 million Bombardier Global Express XRS private jet. Macedo’s spokesperson said he would not comment on personal affairs.
IN PHOTOS: The World’s Richest Women
Following in Macedo’s footsteps is Valdemiro Santiago. A former preacher within the Universal Church of the Kingdom of God, he was reportedly expelled from the institution after some misunderstandings with its boss, of whom he was a protégé. That was enough for him to found his own church–the World Church of the Power of God, which has more than 900,000 followers and over 4,000 temples, many of which are adorned with images of him on billboards. He made headlines last year after reportedly dropping $45 million on a private jet identical to that of Macedo’s. Several Brazilian business magazines estimate his net worth at  $220 million. A call and email to Santiago’s church were not returned.
Then there’s Silas Malafaia, the leader of the Brazilian arm of the Assembly of God, Brazil’s biggest Pentecostal church. The most outspoken of his colleagues, Malafaia is constantly involved in controversies related to the gay community in Brazil, of which he proudly declares himself to be the biggest nemesis. The supporter of a law that could classify homosexualism as a disease in Brazil, Malafaia is also a prominent figure on Twitter, where he is followed by more than 440,000 users. In 2011, Malafaia–who’s worth an estimated $150 million according to several Brazilian business publications–launched a campaign called “The One Million Souls Club,” that aims to raise $500 million (R$ 1 billion) for his church in order to create a global television network that would be broadcast in 137 countries. Those interested in contributing to the campaign can donate sums starting at $500 (R$ 1,000), that can be paid in installments. In exchange, donors will receive a book.
Possibly the most active in multimedia among Brazilian preachers is the singer, composer and televangelist Romildo Ribeiro Soares, simply known as R.R. Soares. As the founder of the International Church of the Grace of God, Soares is one of the most regular faces on Brazilian TV. Another former member of the Universal Church of the Kingdom of God–he is the brother-in-law of Macedo–the self-entitled “missionary” Soares is said to be the humblest among his peers. His private jet–a King Air 350 — is worth a “modest” $5 million. Soares’ estimated net worth (also from several Brazilian business publications): $125 million.  Soares’ spokesperson did not return calls or emails.
The founders of the Reborn in Christ Church, “Apostle” Estevam Hernandes Filho and his wife, “Bishop” Sonia, oversee more than 1,000 churches in Brazil and abroad, including several in Florida. With a combined net worth estimated at $65 million by several Brazilian business magazines, the couple made international headlines in 2007 when they were arrested in Miami, accused of carrying more than $56,000 in undeclared cash. Some of the money had been stuffed between the pages of their Bibles, according to U.S. customs agents who detained the couple at the Miamiairport. They were returned to Brazil a year later. They are also still under prosecution in Brazil for a number of other crimes, including for the collapse of ceiling at one of their temples, which caused 9 deaths.
The arrest and allegations in Brazil of systematic embezzlement have resonated loudly. In December 2010, Brazilian soccer star Kaka, who was friends with the Hernandes couple and a member of their church, left the institution, reportedly because of their leadership mishandling of money. Kaka had reportedly donated more than $1 million (R$ 2 million) to the church during the time he was one of its most well known members. A spokesperson for the Hernandes couple did not respond to emails and phone calls.
Becoming an evangelical preacher in Brazil is the dream of many young people across the country. Contrary to more traditional protestant churches that require their pastors to have at least a masters degree, the neo-Pentecostal churches such as the Universal Church of the Kingdom of God offer intensive courses to “create” pastors for as much a little as $350 ( R$ 700) for a few days of classes. It’s not only about money (Malafaia pays up to $11,000 per month to the most talented members of his pastor’s crew, according to Veja SP magazine), but also about power.
Many Brazilian pastors have been given diplomatic passports in the past few years. Some, especially those who lead big churches, are courted by politicians at election time, not to mention that as in many countries around the globe, churches are exempt of taxes in Brazil, which can sometimes create a very convenient loophole.
As the Bible says, faith moves mountains. And money, too.

*Estimates for net worths were based on numbers reported by Brazil’s Public Ministry of the Union and Federal Police, as well as estimates of the value of each pastor’s private holdings, as reported by Brazilian media, including magazines Veja, Exame, IstoÉ, IstoÉ Dinheiro and newspapers Folha de S. Paulo, O Globo and O Estado de S. Paulo.

O Banco Central rouba o seu dinheiro, caro leitor...

Só posso chegar a esta conclusão: o Copom, que estatutariamente deveria lutar pela inflação a mais baixa possível, está promovendo a inflação, e retirando o seu poder de compra, meu caro leitor.
Em qualquer país civilizado, um presidente de Banco Central que garantisse, como garantiu o atual presidente do BC, em setembro de 2011, entregar uma taxa de inflação dentro da meta, e que não o fizesse, seria demitido sumariamente pelo parlamento. Mas o nosso Congresso, na verdade, é cúmplice da inflação alta, pois os congressistas também acreditam que é melhor um pouco de inflação para se ter maior crescimento e menos desemprego. Pois acabam colhendo maior inflação e menor crescimento, sem que isso beneficie a população, quer empregada quer a desempregada.
Infelizmente, estamos entregues a um bando de amadores economistas que se acreditam desenvolvimentistas, e que só conseguem ser estagnacionistas...
Paulo Roberto de Almeida 
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O novo Copom opta pelo desenvolvimentismo

18 de janeiro de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo
Se ainda existissem dúvidas a respeito de uma mudança de 180° nas opções do Comitê de Política Monetária (Copom), desaparecem com a leitura do comunicado da reunião que, anteontem, manteve a taxa Selic em 7,25%.
O texto merece ser reproduzido em parte: "Considerando o balanço de riscos para a inflação que apresenta piora no curto prazo, a recuperação da atividade doméstica menos intensa do que o esperado e a complexidade que ainda envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta". No passado, diante de uma piora do risco de inflação, o Copom anterior não recearia em elevar a taxa de juros básica. Hoje, em nome do desenvolvimento, opta por manter essa taxa para permitir um clima favorável à retomada do crescimento econômico.
Não faltarão economistas para ir buscar o exemplo dos EUA, ou da União Europeia, para justificar essa mudança da política monetária. Ocorre que, nessas duas regiões, é preciso aumentar a demanda doméstica para dar impulso à indústria, que está com capacidade de produção não utilizada. No Brasil, a situação é muito diferente: a demanda doméstica é "robusta", como gosta de assinalar o Banco Central, enquanto nossa indústria, sem a competitividade necessária, prefere importar os componentes dos produtos que oferece. Esse descasamento entre a demanda e a oferta foi sempre considerado, até agora, um foco de inflação, que exige conter o crescimento da demanda doméstica para, num primeiro tempo, modernizar a indústria e elevar sua competitividade, que lhe permitirá conquistar fatias do consumo doméstico em outros países.
O Copom atual comunga com uma visão totalmente diversa, menosprezando o fato de que a inflação sempre traz embutido um mecanismo que a autoalimenta e que é necessário contê-la o mais cedo possível, para evitar que sua disseminação comece a contagiar todos os preços da economia.
Na economia brasileira atual, só um fator pode realmente contribuir para reduzir os preços: os investimentos na infraestrutura. Eles adicionam valor à produção nacional, na medida em que o País disponha de um sistema de estradas rodoviárias capaz de reduzir o custo do transporte - custo que se torna ainda menor quando é possível utilizar ferrovias e vias fluviais que cheguem a portos marítimos bem equipados.

BNDES: o custo para o país, para a sociedade e o atraso mental dos governantes...

O BNDES, criado como BNDE, tinha boas intenções em seu início. Como em todo empreendimento estatal, depende muito da gestão para ser positivo e benéfico para o país. Quando se tem a politização do empreendimento, os resultados são prejuizos certos para toda a sociedade, como ocorreu com a Petrobras durante a maior parte de sua história, tirando o intervalo dos dois governos FHC, quando ela teve, finalmente, uma gestão comprometida com resultados, apenas isto. Depois, na era lulopetista, foi o horror, que perdura até hoje.
O BNDES é a mesma coisa: desde a primeira gestão lulopetista, a incompetência, como quem qualquer outro empreendimento dos companheiros, foi sua marca registrada. E sempre eles cantam as glórias do aumento do capital e do volume de operações, esquecem, ou fingem ignorar, o custo de tudo isso para o país, os juros embutidos no déficit público, o desvio de recursos para os amigos do rei, e negócios francamente deficitários.
Enfim, o horror de sempre, uma gestão incompetente, senão criminosa em vários aspectos.
Um dia se terá de fazer o balanço puramente contábil das imensas perdas para o país causadas pela gestão dos companheiros em todas as áreas em que meteram as patas sujas. Isso apenas no plano quantitativo, isto é, de perdas financeiras. O pior, porém, é o atraso mental, a incompetência, o custo-oportunidade, todos os prejuizos causados pela asfixia do crescimento do país por causa da gestão incompetente, quando não corrupta ou francamente desonesta.
Paulo Roberto de Almeida

O BNDES PERDEU O RUMO
Editorial O Estado de S.Paulo, 19 de janeiro de 2013

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) continua perdendo dinheiro em projetos fracassados e - pior que isso - sem significado estratégico para a economia brasileira. Depois de maus negócios no setor de carnes, a direção do banco resolveu arriscar-se no ramo de laticínios. O maior e mais perigoso lance nessa área foi a aplicação de R$ 700 milhões, em janeiro de 2011, na formação da empresa LBR - Lácteos Brasil, resultante da fusão do laticínio gaúcho Bom Gosto e da LeitBom, controlada pela Monticiano Participações. Recém-criada, a gigante já deu prejuízo no primeiro ano de operação, continuou em dificuldades em 2012, suspendeu pelo menos 5 de 16 marcas de leite e fechou 11 de 31 fábricas, segundo reportagem publicada na quinta-feira pelo jornal Valor. De acordo com o jornal, os planos do grupo incluem o fechamento de mais cinco fábricas. Parte do dinheiro aplicado pelo BNDES - R$ 250 milhões - foi destinada à compra de debêntures. Pelo contrato, a empresa deveria ter antecipado o resgate desses papéis, depois do resultado muito ruim de 2011, mas houve um pedido de waiver e o assunto ainda está em exame.

O BNDES, por meio de sua subsidiária BNDESPar, tornou-se acionista da empresa Bom Gosto em 2007 e, ao apoiar a fusão, poucos anos depois, ficou com 30,28% do capital da LBR. Para quê? A diretoria do banco parece entender a criação de gigantes, em qualquer setor, como parte de sua missão. Deixa, no entanto, de levar em conta as necessidades e possibilidades financeiras dos grupos envolvidos e de avaliar cuidadosamente o valor estratégico de sua participação.

É muito difícil justificar o envolvimento do BNDES, como emprestador ou como investidor, em operações de fusão de empresas capazes de mobilizar recursos no mercado financeiro. Além disso, bem mais difícil é explicar a importância dessas operações na estratégia de desenvolvimento do Brasil.

Em outros tempos, o BNDES contribuiu para a ampliação da base industrial, para a eliminação de gargalos no sistema produtivo e para a consolidação de atividades estratégicas. Favoreceu a exploração e o processamento de insumos, como celulose, cobre e alumínio, a implantação da indústria petroquímica e a produção de bens de capital.

Durante décadas, sua política foi orientada por planos de desenvolvimento e, portanto, pela identificação de carências e pontos vulneráveis da economia nacional. O banco distinguiu-se também como a fonte principal de financiamentos de longo prazo. Tornou-se uma referência internacional, tanto pelo alcance de sua atuação quanto pela dimensão de suas operações, muito maiores que as de qualquer instituição similar nos países em desenvolvimento.

Esse estilo de trabalho, preservado em diferentes momentos da história política, foi abandonado há alguns anos. Depois de uma tentativa desastrada de aparelhamento e ideologização, no começo da gestão petista, o banco nunca recuperou a velha capacidade de ação estratégica.

A perda de rumo tornou-se mais evidente há alguns anos, especialmente a partir da crise de 2008. Os financiamentos concentraram-se em grandes clientes, alguns estatais, e o BNDES tornou-se mais do que nunca um instrumento de apoio a grupos selecionados para vencer.

Com a mudança de rumo, o banco resolveu problemas de grandes empresários engasgados com maus negócios. Privilegiou a clientela dos grandes com uma fatia desproporcional dos empréstimos e envolveu-se cada vez mais em aventuras claramente estranhas à sua missão. Por muito pouco deixou de financiar a fusão do Grupo Pão de Açúcar com a filial brasileira do Carrefour. Dirigentes do banco só reconheceram o inconveniente do negócio alguns dias depois dos alertas publicados na imprensa. Com esse recuo, conseguiu evitar, em cima da hora, o envolvimento grotesco numa confusão jurídica.

A perda de R$ 700 milhões, ou de qualquer parcela desse investimento, é certamente um fato grave. Muito mais graves, no entanto, são a perda de rumo e o desvirtuamento de uma instituição com um belíssimo histórico de contribuições ao desenvolvimento brasileiro.

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Em crise, LBR deve gerar baixa contábil no balanço do BNDES
Por Luiz Henrique Mendes e Janice Kiss | De São Paulo
Valor Econômico, 17 de Janeiro de 2013

Quando foi criada, a LBR tinha planos audaciosos de consolidar e liderar o pulverizado mercado brasileiro de lácteos

O plano do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de criar uma gigante do leite enfrenta sérios problemas. O Valor apurou que o banco estatal deve fazer uma baixa contábil da ordem de R$ 700 milhões relativa à operação da LBR - Lácteos Brasil em seu próximo balanço, a ser divulgado até março. Na prática, o BNDES assume que o investimento feito em 2011 para criar a LBR dificilmente será recuperado. Procurada, a instituição não comentou a informação.

Quando sua criação foi anunciada, em 22 de dezembro de 2010, a LBR tinha planos audaciosos de liderar e consolidar o pulverizado mercado brasileiro de lácteos. A empresa surgiu da fusão entre o laticínio Bom Gosto, do empresário gaúcho Wilson Zanatta, e a Leitbom, controlada pela Monticiano Participações - empresa que tem como acionistas a GP Investimentos e a Laep, dona da Parmalat no Brasil.

Como um dos principais acionistas da Bom Gosto, o BNDES patrocinou a criação da LBR com um aporte de R$ 700 milhões em 27 de janeiro de 2011. Do montante investido pelo banco, R$ 450 milhões entraram no caixa da LBR via aumento de capital e outros R$ 250 milhões com a subscrição de debêntures conversíveis. O banco estatal detém uma fatia de 30,28% no capital da empresa por meio de seu braço de participações, o BNDESPar.

Com a fusão entre a Bom Gosto e Leitbom, a Lácteos Brasil surgiu como uma gigante com faturamento bruto de R$ 3 bilhões, 31 fábricas, 56 mil fornecedores de leite e uma captação de cerca de 2 bilhões de litros de matéria-prima por ano - uma das três maiores do país, junto com DPA (joint venture entre Nestlé e Fonterra) e BRF - Brasil Foods.

Com dificuldades, a empresa decidiu suspender pelo menos cinco marcas e fechar 11 fábricas até 2012

À época de sua criação, os executivos da empresa tinham perspectivas bastante otimistas. Em entrevista concedida ao Valor em dezembro de 2010, o então presidente da LBR, Fernando Falco, disse que a companhia projetava atingir faturamento de R$ 4,5 bilhões em 2012, o que seria "possível de ser alcançado só utilizando a capacidade ociosa", disse o executivo. Naquele momento, a LBR detinha uma capacidade ociosa de 30% em suas fábricas.

Mas os planos da LBR fizeram água em pouco tempo. Com dificuldades para capturar as sinergias esperadas com a fusão e um emaranhado de 16 marcas, sendo 12 delas apenas de leite longa vida (UHT), a companhia pôs em curso uma estratégia que já levou à suspensão de pelo menos cinco marcas e ao fechamento de 11 fábricas até dezembro, segundo fontes familiarizadas com a empresa.

O Valor apurou que a LBR pretende fechar outras cinco fábricas, deixando só 15 unidades em operação. No meio desse caminho, a empresa chegou a negociar outra fusão, desta vez com a Parmalat italiana, empresa que foi adquirida pouco tempo depois pelo grupo francês Lactalis.

Em 2011, ano de sua criação, a LBR registrou um resultado desastroso. Conforme balanço publicado no Diário Oficial do Estado de Goiás em 20 de abril do ano passado, a empresa amargou um prejuízo líquido (atribuído aos acionistas) de R$ 305,5 milhões. No período, a receita líquida da LBR atingiu R$ 2,2 bilhões.

O mau resultado da LBR respingou no BNDES. Em 31 de dezembro de 2011, a empresa de lácteos apresentou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) negativo e quebrou uma cláusula restritiva do contrato referente aos R$ 250 milhões adquiridos em debêntures conversíveis pelo BNDES, conforme atesta o último balanço trimestral divulgado pela Monticiano, controladora da LBR.

Pelos termos da emissão feita pela LBR, as debêntures adquiridas pelo BNDES têm seu saldo corrigido pelo IPCA e pagam juros anuais de 7,5%, acrescidos da taxa de inflação. A partir de 2016, a empresa deve pagar 20% do montante principal por ano. Os papéis vencem em 2020.

Mas o contrato de debêntures previa um "gatilho" para o pagamento antecipado dessas debêntures. Se o índice de alavancagem (a relação entre a dívida líquida e o Ebitda) da LBR ficasse acima de quatro vezes, a empresa teria de quitar antecipadamente o saldo das debêntures com o BNDES, além da multa de 10% e juros. Foi o que ocorreu no fim de 2011.

Para evitar o pagamento antecipado justamente no momento em que enfrenta problemas financeiros, a LBR fez um pedido de "waiver" - uma espécie de perdão por ter rompido o contrato - ao BNDES. A expectativa da Monticiano era que o "waiver" fosse concedido pelo banco até 31 de janeiro de 2012.

Mas o BNDES ainda não analisou o pedido. Procurado pelo Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, o banco informou que ainda analisa o pedido de "waiver" e que não definiu um prazo para dar sua resposta à empresa.

Se os resultados de 2011 foram ruins e dispararam o "gatilho" das debêntures, os dados disponíveis sobre o ano passado trazem indícios ainda piores. Em 12 de novembro de 2012, a BNDESPar publicou seu balanço trimestral, no qual reportou que a Lácteos Brasil obteve um prejuízo de R$ 301 milhões entre janeiro e julho. Trata-se de uma perda similar à registrada em todo o ano de 2011. No documento, o BNDES já provisionava uma perda de R$ 14,7 milhões com a LBR.

Procurada diversas vezes, a LBR não quis se pronunciar. A empresa sequer informa quantas unidades possui e as que estão em operação. Também procurados, GP Investimentos, Laep e o empresário Wilson Zanatta, da Bom Gosto, não comentaram. (Colaborou Sérgio Ruck Bueno, de Porto Alegre)

Professor de estudos afrobrasileiros na Brown University: Roquinaldo Ferreira

Perfil
De Ramos a Brown
O professor da Ivy League que é filho de uma empregada doméstica e de um cabo da Marinha
LUCAS FERRAZ
Folha de S.Paulo, Domingo, 13/01/2012

RESUMO
Especialista em história atlântica, que busca compreender a dinâmica comum a África, Portugal e Brasil, Roquinaldo Ferreira acaba de se tornar professor da Universidade Brown. De origem pobre e formado na escola pública, projeta-se na Ivy League, conjunto de oito instituições da elite acadêmica dos EUA.

Se você comentar com Roquinaldo Ferreira o ineditismo de sua trajetória para os padrões brasileiros, ele vai concordar, embora relutante. Se você constatar então que ele é o primeiro brasileiro negro do andar de baixo a chegar tão longe na elite da academia americana, o professor ficará resignado, fará ponderações e, em seguida, explicará a modéstia: "Não quero dramatizar a minha vida".

Filho de um cabo da Marinha e de uma empregada doméstica, o mais velho de três irmãos criados em Ramos, bairro pobre da zona norte do Rio de Janeiro, Roquinaldo Ferreira, 45, é um dos mais destacados africanistas de sua geração. Colheu seus louros acadêmicos e intelectuais nos EUA, na África e na Europa.

No Brasil, onde seu nome não é tão difundido, ele sempre estudou em escolas públicas. Serviu-se de bolsas do governo para se graduar, fazer mestrado e doutorado, quando obteve o título de PhD em história, com ênfase na África Central, pela Universidade da Califórnia.

Sem conseguir se estabelecer no país natal, Roquinaldo construiu uma bem-sucedida carreira no exterior. Professor da Universidade da Virgínia, nos EUA, é também professor-visitante da Universidade de Genebra.

Neste semestre, ele assume a Vasco da Gama Chair, espécie de cátedra nos departamentos de história e de estudos luso-brasileiros da Universidade Brown, uma das oito universidades da Ivy League, sigla conhecida pela excelência e pelo elitismo social (também integram o grupo Harvard, Yale, Princeton, Columbia, Dartmouth College, Cornell e Universidade da Pennsylvania).

Foram mais de 15 meses de processo seletivo -que incluiu avaliação de seus ensaios e artigos, de sua atitude em sala de aula e até de seu comportamento social. Ele ficará responsável por quatro disciplinas: história de Portugal moderno, história do Império Português e a relação com Brasil e África, o tráfico de escravos entre Brasil e África e Brasil Colonial.

Apesar das reticências de Roquinaldo, é fato: nunca antes um acadêmico brasileiro que não tivesse suas origens na elite havia galgado degrau tão alto na Ivy League.

TRADIÇÃO
"Ele vem de uma tradição ampla. Ao contrário dos americanos que estudam a África, ele incorpora a história do império português e do Brasil no contexto africano, o que é muito diferente", comenta o historiador Luiz Felipe de Alencastro, professor de História do Brasil na Universidade Sorbonne, na França. Alencastro assinou uma das 12 cartas de recomendação que a Universidade Brown recebeu de diferentes partes sobre o brasileiro.

Em toda a sua trajetória intelectual, Roquinaldo sempre focou a questão da "transnacionalidade". Esse é o cerne de sua atuação como africanista e, de certa forma, o que o ajudou a se destacar no meio acadêmico mundial.

O brasileiro é um defensor do que chama de "história atlântica", narrativa conjunta das colônias portuguesas, o que une o Brasil e a África Negra. Ele mostra como a colonização portuguesa desaguou num sistema único de exploração colonial no Atlântico Sul, criando laços e relações em todos os tipos de atividades nos territórios americanos e africanos.

No final da década de 1990, Roquinaldo iniciou um trabalho sobre a escravidão em Angola realizando pesquisas nos arquivos do país. A empreitada continuou na década seguinte e foi complementada no Brasil e em Portugal.

O mote da integração cultural está presente em seu primeiro livro, "Cross-Cultural Exchange in the Atlantic World: Angola and Brazil during the Era of the Slave Trade" (intercâmbio cultural no mundo atlântico: Angola e Brasil durante a era do comércio de escravos), publicado no ano passado nos EUA -ainda não há edição brasileira.

SIMPÓSIO
Estive com Roquinaldo em meados de outubro em Providence, capital de Rhode Island, o menor dos 50 Estados americanos. Com pouco mais de 100 mil habitantes, a cidade de casas vitorianas e imponentes prédios históricos onde se situa a Universidade Brown é uma das mais antigas do país, fundada ainda durante a instalação das 13 colônias. O local foi um dos mais importantes centros industriais no século 19. Roquinaldo esteve na cidade para participar de um simpósio sobre estudos portugueses no contexto global -ao lado de colegas lusitanos, americanos e brasileiros.

"Tudo o que faço tem essa perspectiva transnacional, e isso quebra a receita tradicional do império português", afirmou ele. "Essas relações transnacionais são algo que se faz pouco na academia."

O historiador acredita que sua ida para Brown reflete também a força geopolítica do Brasil, cujo interesse tem aumentado nas universidades americanas -seja como objeto de estudo ou pelo número de alunos e professores.

Para Brown, o significado da presença de Roquinaldo não será menor: a universidade, fundada por irmãos que estiveram envolvidos no comércio de escravos na costa leste americana no século 18, terá pela primeira vez em seus quadros um brasileiro negro, nascido em Salvador (o país e sua primeira capital concentram a maior população negra fora da África), lecionando e interpretando o tráfico de escravos entre terras atlânticas.

EXPOSIÇÃO
Tímido, esbelto, com não mais de 1,70 m, cabelo raspado a máquina e óculos de grau, o professor Roquinaldo Ferreira se incomodou ao passar três dias na companhia de um jornalista. Ele não gosta de exposição e não quer, como disse, se transformar em um intelectual com voz pública. Neste ano, ele deve continuar em uma espécie de "arranjo transatlântico", como define sua relação com a família. Ele divide seu tempo entre os EUA (onde passa, com idas e vindas, sete meses por ano) e a cidade francesa de Ferney-Voltaire, a 30 minutos de carro do centro de Genebra, onde a mulher -uma americana que trabalha na ONU- vive com o filho de sete anos do casal.

Vai ao Brasil ao menos uma vez por ano. Entre 2004 e 2005, quando ele e a mulher moraram no Rio, o historiador queria dar aulas em alguma grande universidade brasileira. Foi reprovado no teste que fez para a Unicamp, não conseguiu outra vaga e a tentativa de retornar ao país se frustrou.

A família de Roquinaldo Ferreira se estabeleceu no Rio no final dos anos 60. O interesse pela leitura chegou a ele na Escola Municipal Berlim, que ainda funciona no mesmo endereço, no bairro de Ramos. Para compensar a falta de biblioteca, a professora levava livros de outros colégios. Na sexta série, caiu em suas mãos um exemplar de "Cem Anos de Solidão", clássico do colombiano Gabriel García Márquez. "Ali tudo mudou. Aquelas imagens me levaram para um outro mundo", recorda.

O realismo mágico e o gosto pela leitura o levaram à história. À universidade ele só pôde ingressar após obter uma bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, agência do Ministério de Ciência e Tecnologia). Naquela altura sem o pai, que tinha morrido, estudar era um luxo para a família.

"Minha ascensão tem muito a ver com a oportunidade com as bolsas", conta.

Durante o mestrado na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a mesma onde havia se graduado, começou a atuar como pesquisador do Centro de Estudos Afro-Asiáticos, da Universidade Cândido Mendes, no Rio, experiência que considera fundamental para sua trajetória. "Me deu sofisticação cultural."

A pavimentação da carreira de africanista seguiu na Universidade da Califórnia, onde recebeu o título de doutor -novamente com bolsas do CNPq.

"O ensino superior no Brasil não é meritocrático, mas pode ser um instrumento de mobilidade social", conclui.

DE COSTA A COSTA
Da Costa Oeste à Leste, passando pelo sul e o Meio-Oeste, não importa se em pequenas, médias ou grandes universidades, há cada vez mais brasileiros estudando nos EUA, assim como no exterior de forma geral.

O número de estudantes brasileiros utilizando bolsas do governo federal em países estrangeiros, como fez Roquinaldo, era no ano passado 566% maior do que em 1998, segundo números da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, ligada ao Ministério da Educação) e do CNPq. A maioria está nos EUA e França. O aumento do interesse das universidades americanas pelo Brasil se reflete também nas sucursais no Brasil: Harvard já tem seu escritório em São Paulo, e Columbia está abrindo o seu no Rio.

Além de temáticas cada vez mais distintas, há sobretudo mais dinheiro para os estudos brasileiros nos EUA. O empresário e filantropo brasileiro Jorge Paulo Lemann doou quantidades polpudas para diferentes instituições universitárias do país. A Fundação Lemann não divulga os valores, mas acadêmicos e diretores das universidades estimam as doações em mais de US$ 50 milhões.

Brown -que ficou de fora das doações de Lemann- é detentora de um dos centros pioneiros de estudos lusófonos entre as universidades da Ivy League, graças à influência da grande comunidade de portugueses e cabo-verdianos em Rhode Island.

O Brasil entrou no radar por causa do professor Thomas Skidmore, decano e mais famoso dos brasilianistas, que lecionou na universidade por mais de duas décadas. Seu sucessor é outro brasilianista americano, James Green, autor de "Apesar de Vocês" (Companhia das Letras) e conhecido da esquerda brasileira por ter militado no Brasil e nos EUA contra a ditadura.

PASSADO
Em seu novo cargo na Universidade Brown, Roquinaldo Ferreira deseja estreitar os laços com o Brasil e a atual produção acadêmica relacionada com a África. Para ele, a academia brasileira ainda não conseguiu explicar o nosso passado escravista. "As pessoas falam sobre escravos, mas é como se eles tivessem caído do céu. Como as pessoas se tornavam escravas?", indaga.

Estávamos sentados em uma cafeteria Starbucks próxima ao campi de Brown. Roquinaldo esperava uma corretora para conhecer alguns imóveis na cidade. Perguntei o que ele via desse passado escravista na atual sociedade brasileira.

"A desigualdade. A escravidão é pautada pela desigualdade. Esse é o principal reflexo, e não só no Brasil, mas em todos as sociedades escravistas das Américas. É transnacional", resume.

Roquinaldo sempre estudou em escolas públicas. Serviu-se de bolsas do governo para se graduar, fazer mestrado e doutorado, quando obteve o título de PhD na Califórnia.

Roquinaldo sempre focou a questão da "transnacionalidade". Esse é o cerne de sua atuação como africanista e, de certa forma, o que o ajudou a se destacar.

Para ele, a academia brasileira ainda não conseguiu explicar o nosso passado escravista. "As pessoas falam sobre escravos, mas é como se eles tivessem caído do céu".

sábado, 19 de janeiro de 2013

"Liberdade" religiosa no Egito: familia condenada por se converter aocristianismo

Egyptian court sentences Christian family to 15 years for converting from Islam
By Benjamin Weinthal
FoxNews.com, January 16, 2013

Critics fear Egyptian President Mohamed Morsi's regime is taking the nation further toward Islamic extremism. 
Egypt is home to an estimated seven million Christians. (Reuters)

The 15-year prison sentence given to a woman and her seven children by an Egyptian court for converting to Christianity is a sign of things to come, according to alarmed human rights advocates who say the nation's Islamist government is bad news for Christians in the North African country.
A criminal court in the central Egyptian city of Beni Suef meted out the shocking sentence last week, according to the Arabic-language Egyptian paper Al-Masry Al-Youm. Nadia Mohamed Ali, who was raised a Christian, converted to Islam when she married Mohamed Abdel-Wahhab Mustafa, a Muslim, 23 years ago. He later died, and his widow planned to convert her family back to Christianity in order to obtain an inheritance from her family. She sought the help of others in the registration office to process new identity cards between 2004 and 2006. When the conversion came to light under the new regime, Nadia, her children and even the clerks who processed the identity cards were all sentenced to prison.
Samuel Tadros, a research fellow at Hudson Institute's Center for Religious Freedom, said conversions like Nadia's have been common in the past, but said Egypt's new Sharia-based constitution "is a real disaster in terms of religion freedom.”
"Now that Sharia law has become an integral part of Egypt's new constitution, Christians in that country are at greater risk than ever."
- Jordan Sekulow, executive director of the American Center for Law and Justice
"The cases will increase in the future," Tadros said. "It will be much harder for people to return to Christianity."
President Mohamed Morsi, who was elected last June and succeeded the secular reign of Hosni Mubarak, who is now in prison, pushed the new constitution through last year.
Tadros said the constitution limits the practice of Christianity because “religious freedom has to be understood within the boundaries of Sharia.” He added that the constitution prescribes that the highest Sunni authority should be referred to as an interpreter of the religion clause contained in the constitution.
Opponents of the constitution, including Coptic Christians and secular and liberal groups, protested at the time against passage of the document because of the mix of Islamic-based Sharia law and politics. Roughly 10 percent of Egyptians are Coptic Christians.
A government spokeswoman told FoxNews.com she would determine “who is responsible for this and covers this issue in Beni Suef,“ a city of 200,000 located about 75 miles south of Cairo. She did not offer further comment.
The case is the latest example of the increasingly dire plight of the nation's roughly 7 million Christians, say human rights advocates.
"Now that Sharia law has become an integral part of Egypt's new constitution, Christians in that country are at greater risk than ever," said Jordan Sekulow, executive director of the American Center for Law and Justice. "This is another tragic case that underscores the growing problem of religious intolerance in the Muslim world. To impose a prison sentence for a family because of their Christian faith sadly reveals the true agenda of this new government: Egypt has no respect for international law or religious liberty.”
Morsi has been under fire for failing to take action against rising violence inflicted on Egypt’s Christians. In August, the roughly 100-family Christian community in Dahshour was forced to flee after Muslim neighbors launched attacks against the Christians’ homes and property. Morsi said the expulsion and violence was “ blown out of proportion.” Radical Salafi preachers -- who have formed alliances with Morsi and the Muslim Brotherhood -- called for Muslims to shun Christians during Christmas.
Sekulow urged U.S. diplomatic intervention in Egypt to promote religious freedom. Morsi is scheduled to meet with President Obama, possibly in March.
”The U.S. State Department must play more of a role in discouraging this kind of persecution," Sekulow said. "The U.S. should not be an idle bystander. The U.S. provides more than $1 billion to Egypt each year. The State Department should speak out forcefully against this kind of religious persecution in Egypt.”

Benjamin Weinthal is a journalist who reports on Christians in the Middle East and is a fellow at the Foundation for Defense of Democracies. Follow Benjamin on Twitter: @BenWeinthal.
Read more: http://www.foxnews.com/world/2013/01/16/egyptian-court-sentences-entire-family-to-15-years-for-converting-to/#ixzz2IQqQ9kZ6

Ouro, essa reliquia barbara, e o apreco dos alemaes por ela...

A história não está toda contada e não está bem contada. O autor não diz, ou ignora o fato de, que imensos saldos superavitários obtidos pela RFA no comércio com os EUA não foram convertidos de dólares em ouro, em meados dos anos 1960 porque os EUA já não dispunham de recursos suficientes em ouro para honrar os compromissos assumidos em Bretton Woods. Assim, centenas de milhões de dólares detidos notadamente pelo Japão e pela Alemanha não puderam ser convertidos em ouro, já que os americanos "recomendavam" a esses países -- não por acaso os que tinham tropas de ocupação americanas -- guardassem seus dólares, para eles "as good as gold", ou seja, tão bons quanto o ouro. A consequência foi a que ambos tomaram um calote monumental, no momento da desvinculação unilateral dos EUA do padrão ouro-dólar em 1971 e da queda significativa do valor da moeda americana (e da subida consequente do valor do ouro) logo em seguida. Tudo bem, os dois países eram ricos o suficiente para acomodar esse calote, mas ele foi realmente enorme.
Paulo Roberto de Almeida

Deutsche Welle, 17/01/2013
Até 2020, metade dos estoques alemães do metal deverá estar armazenada em Frankfurt. Alemanha possui a segunda maior reserva de ouro do mundo, atrás apenas dos EUA.
O Banco Central da Alemanha (Bundesbank) vai transportar para o país boa parte das reservas de ouro depositadas no exterior. A meta é que, até 2020, metade do ouro alemão esteja armazenada no Bundesbank, anunciou Carl-Ludwig Thiele, membro do conselho da instituição nesta quarta-feira (16/01), em Frankfurt.
A Alemanha possui a segunda maior reserva de ouro do mundo, atrás somente dos Estados Unidos. Nos últimos meses houve um debate interno sobre a segurança das reservas de ouro alemãs depositadas no exterior.
Ao todo, o país tem 3.391 toneladas de ouro, no valor de 137,51 bilhões de euros. A maior parte, 1.536 toneladas, está depositada no Fed, o Banco Central dos EUA. Outras 445 toneladas estão armazenadas no Bank of England, em Londres. Em Paris repousam mais 374 toneladas de ouro. Somente 31% das reservas alemãs de ouro, ou 1.036 toneladas, estão em Frankfurt.
Nos próximos anos, a Alemanha pretende buscar 300 toneladas de ouro dos EUA e tudo o que possui na França, ou seja, 374 toneladas. O valor total é de 27 bilhões de euros, segundo Thiele.
O motivo para o Banco Central Alemão manter parte das reservas no exterior é ter a possibilidade de, no caso de uma crise monetária, converter rapidamente o ouro em dólares, a moeda mais importante do mundo.
A recuperação total do metal armazenado na França explica-se, portanto, pelo fato de o país usar hoje a mesma moeda que a Alemanha. Ou seja, caso necessário, não seria possível trocar o ouro retido em Paris por uma moeda internacional. Thiele justificou a recuperação de parte do ouro dos EUA dizendo que há espaço sobrando nos cofres alemães.
Questão de confiança
No segundo semestre de 2012, um debate aberto sobre a segurança do ouro alemão no exterior ganhou força no país. Há alguns meses, o Tribunal de Contas da Alemanha (Bundesrechnungshof) criticou em um relatório o fato de as reservas de ouro armazenadas no exterior nunca terem sido inspecionadas em sua "composição física" e autenticidade.
Alguns políticos afirmaram que o Bundesbank havia aberto mão do controle sobre o metal precioso. Thiele ressaltou, porém, que a decisão de recuperar parte do ouro do país foi tomada de maneira independente.
Razões históricas
O patrimônio alemão em ouro foi adquirido principalmente nas décadas de 1950 e 1960. Na época do sistema monetário de Bretton Woods, que valeu de 1944 a 1971, os EUA trocavam cada onça de ouro pelo valor fixo de 35 dólares.
Nos anos do seu milagre econômico, alguns anos após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha conseguiu elevados superavits comerciais, e o Bundesbank trocava marcos alemães por dólares continuamente. Os estoques acumulados da moeda norte-americana eram, então, trocados por ouro nos EUA.
Após a troca, o ouro ficava depositado no Fed em Nova York, ou seja, nunca esteve na Alemanha. Algo parecido ocorreu durante a União Europeia de Pagamentos, que existiu de 1950 a 1958. O ouro alemão ficou, assim, nos cofres de Londres e Paris.
Na época da Guerra Fria, 98% das reservas de ouro da então Alemanha Ocidental estavam no exterior por motivos de segurança. Com a queda do Muro de Berlim e a reunificação do país, os temores de um ataque externo deixaram de existir. A partir de 2000, a Alemanha começou a transportar para o país parte de suas reservas.
LPF/dpa/afp
Revisão: Alexandre Schossler

Global trade: analysis by OECD (dynamic)

Recomendo acesso ao link abaixo para aproveitamento de todas as possibilidades desta apresentação:

http://www.oecd.org/newsroom/newoecd-wtoanalysishighlightschangingfaceofglobaltrade.htm

Paulo Roberto de Almeida  

New OECD-WTO analysis highlights changing face of global trade




16/01/2013 - Business competitiveness and export performance are increasingly tied to countries’ integration into global production chains and a willingness to open markets to wider imports, according to  preliminary international trade data released today by the OECD and the WTO.
The joint OECD – WTO Trade in Value-Added Initiative breaks with conventional measurements of  trade, which record gross flows of goods and services each time they cross borders. It seeks instead to analyse the value added by a country in the production of any good or service that is then exported, and offers a fuller picture of commercial relations between nations.
“Countries’ capacity to sell to the world depends on their ability and readiness to buy from the rest of the world,” OECD Secretary General Angel Gurria said during the launch of the new database in Paris with  WTO Director-General Pascal Lamy, EU Trade Commissioner Karel de Gucht and New Zealand Trade Minister Tim Groser.  Read the full speech.
“Our new work with the WTO allows us to see more clearly than ever before how blocking imports will damage a country’s own competitiveness. Trade negotiations have to catch up to these new realities, and countries need to implement policies that help their firms better manage their place in international value chains.”
The first release from the OECD-WTO database offers new insights on how global value chains impact trade relationships and business activity. Among the key findings are:
  • China’s bilateral trade surplus with the United States shrinks by 25% on a value-added basis, reflecting the high level of foreign-sourced content in Chinese exports.
  • One-third of the total value of motor vehicles exported from Germany actually comes from other countries, while nearly 40% of the total value of China’s electronics exports come from foreign sources.
  • While conventional trade data suggests that services represent less than one-quarter of total trade,  on a value-added basis services trade reaches an average 50% of OECD countries’ exports, and well above that in the United States, the United Kingdom, France, Germany and Italy – in large part because services add significant value to manufacturing output.
  • Bilateral trade surpluses of major commodity exporters like Australia, Brazil and Canada with their key trading partners shrink on a value-added basis, as their raw materials are further processed by trading partners and then re-exported – highlighting where these countries might “move up” the value chain.

The new indicators of trade in value-added are derived from global input-output tables, developed by the OECD, which describe interactions between industries and consumers for 58 economies, reflecting 95% of global output. The database can be accessed via the OECD's website and through WTO's data portal.
For more information on the methodology behind the TIVA database, indicators and future plans, as well as country notes see: www.oecd.org/trade/valueadded.
For queries on the database, please contact: TIVA.contact@oecd.org or the OECD Media Office (Tel:+33-1 4524-9700, news.contact@oecd.org)