Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Eleicoes 2014: a mistificacao e a mentira como taticas companheiras
Pode até ser que a candidata da máfia vença dessa maneira, o que será certamente desastroso para o Brasil e todos os brasileiros, menos a máfia que nos governa e seus associados.
Em todo caso, cabe o registro, para a história, que além de roubar e trapacear, os mafiosos também fraudam o processo eleitoral.
Paulo Roberto de Almeida
Agora, a demonização da autonomia do BC
Por Cristiano Romero
Valor Eeconômico, 17 de setembro de 2014
Ao demonizar a autonomia do Banco Central (BC), a presidente Dilma Rousseff repete o que seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, fez com as privatizações na eleição de 2006. Naquele ano, Lula, incomodado com a necessidade de disputar o segundo turno, uma vez que esperava vencer já no primeiro, sacou da cartola o tema das privatizações ao perceber que ele ainda exercia (e exerce) um enorme fascínio no imaginário da esquerda brasileira.
Lula obrigou o então candidato da oposição - Geraldo Alckmin, do PSDB - a se posicionar. O tucano mordeu a isca, saindo em defesa das estatais, em vez de mostrar os avanços que a desestatização, promovida principalmente na gestão de Fernando Henrique Cardoso, trouxera ao país.
Como Lula precisava fazer um aceno à esquerda - mal saíra do desgaste do escândalo do mensalão e já enfrentava outro, o dos aloprados -, a interdição das privatizações significou uma mudança de assunto. Ademais, atraiu votos, inclusive, do adversário, afinal, Alckmin terminou o segundo turno menos votado que no primeiro.
Dilma quer Aécio e Marina vistos como candidatos do capital
Não se tenha dúvida: a estratégia de Lula não se resumiu a um mero recurso de campanha. A demonização virou compromisso político. No segundo mandato, o então presidente vetou qualquer possibilidade de privatização. A mais notória foi a dos aeroportos, que Dilma Rousseff, como ministra da Casa Civil, planejava fazer desde 2008, mas só pôs em prática no próprio mandato. Agora, no tema "autonomia do Banco Central", é Dilma quem recorre ao expediente ardiloso da interdição do debate por meio não de ideias, mas de preconceitos e mistificações.
Não mereceria comentário propaganda da campanha de reeleição da presidente, segundo a qual, conceder autonomia ao BC teria como consequência retirar comida da mesa dos brasileiros. Mas, questionada no último domingo sobre essa peça de marketing político de quinta categoria, Dilma não só a justificou, como foi além: se não tiver mandato para assegurar o máximo emprego, o BC autônomo "tira, sim, a comida" e a perspectiva dos brasileiros. Disse, ainda, que conceder independência à instituição seria como criar o "quarto poder" e entregá-lo aos bancos. "O quarto poder não pode ser dos bancos."
Por trás dessas imagens, estão, novamente, tolices caras à esquerda que não se atualiza e perpetua o atraso brasileiro, tais como: "banco não produz nada"; "banqueiros são malvados porque são donos do capital"; "capital é algo intrinsecamente ruim"; "bancos centrais independentes existem para defender interesses dos bancos"; "os juros são altos por culpa dos rentistas e dos bancos"; "lucrar é desonesto, coisa de quem tem parte com o demônio". Não se deve subestimar o poder desses símbolos: no Brasil, até formadores de opinião bem cotados - e populistas como alguns políticos - ajudam a disseminar asneiras desse tipo.
O proselitismo de Dilma tem como objetivo transformar seus dois principais adversários - Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) - em defensores dos bancos. Marina se tornou "a candidata do Itaú " por causa da participação de Neca Setúbal em sua campanha. Neca é vítima de um preconceito típico da confusão que se pretende promover no debate que deveria ser de ideias: sua trajetória como educadora é solenemente ignorada porque, afinal, ela é "herdeira do Itaú", descendente, portanto, do que há de pior na economia e na sociedade brasileiras - um banco, um capitalista ou coisa que o valha.
Em entrevista, há uma semana, a presidente Dilma declarou: "Eu asseguro uma coisa: esse povo da autonomia do Banco Central quer o modelo anterior, quer fazer um baita ajuste, um baita superávit, aumentar os juros pra danar, reduzir emprego e salário, porque, para eles, emprego e salário não garantem produtividade. Eu sou contra isso". O tema da autonomia do BC, em sua visão, vai muito além da discussão em torno do modelo de autoridade monetária que uma democracia como a brasileira precisa ter. O ideário encerra, pelo jeito, um conjunto mais amplo de perversões.
As palavras de Dilma assustam. Depois de perder fôlego na corrida presidencial com a entrada de Marina Silva, no páreo, nos últimos dias a presidente recuperou parcela do prestígio popular perdido e voltou a ser competitiva para a disputa do segundo turno. Ao contrário de 2010, ela é, hoje, uma candidata contra o PIB e o sistema financeiro. Vestiu esse figurino sem constrangimento e pode vencer a eleição de outubro com compromissos populistas dos quais passou longe quatro anos atrás.
O risco dessa estratégia é visível. Toda vez que Dilma sobe nas pesquisas, a bolsa de valores cai, o real se desvaloriza e o juro de longo prazo, que reflete melhor a expectativa da saúde das contas públicas, sobe. Ao fugir do debate real das questões econômicas, Dilma pavimenta o caminho do próprio desastre porque, se já será difícil para qualquer um promover, nos próximos anos, o ajuste necessário para corrigir os desequilíbrios criados pela política econômica desde 2011, para ela será ainda pior, uma vez que está em pé de guerra com os mercados e já não possui a mais pálida credibilidade.
O Brasil ainda não está em crise. Não há risco imediato de insolvência fiscal ou externa. O que há é uma crise de expectativa, provocada por uma política econômica que, nos últimos quatro anos, desorganizou as finanças públicas, vilipendiou a autonomia do BC, tolerou inflação alta, procurou determinar os principais preços da economia, provocando forte queda na confiança de consumidores e empresários e, consequentemente, do PIB. A necessidade de ajuste é premente porque, a continuar a situação atual, uma crise logo vai avizinhar-se.
Sob Dilma, o custo de corrigir o rumo será sempre maior porque os agentes não confiam mais no governo. É bem provável que, reeleita, a presidente baixe a guarda e entregue pelo menos uma parte do ajuste esperado, possivelmente na área fiscal. Mas sua retórica está esticando a corda de tal maneira que, detentora de novo mandato, ela enfrentará duas dificuldades: convencer os agentes econômicos a esquecerem a eloquência da campanha; e justificar a seu eleitorado - pelo menos, à parcela que acredita na face mais demagógica de seu discurso - o não cumprimento das promessas feitas.
Cristiano Romero é editor-executivo do jornal Valor Econômico
Eleicoes 2014: risco de desemprego afeta equilibrio mental dos companheiros - Fernando Rodrigues
Paulo Roberto de Almeida
Haja Prozac
Fernando Rodrigues
Folha de S.Paulo, 17/09/2014
BRASÍLIA - Ouvi uma frase sobre a corrida presidencial que me pareceu perfeita: "Em 2002, achei que o PT estava despreparado para assumir o governo. Mas eu não sabia que o PT estaria agora tão despreparado para deixar o governo".
É uma avaliação tão cruel quanto verdadeira. Revela também o grau de subdesenvolvimento institucional do país. É claro que não há risco de disrupção, mas parece um pouco incompatível com a regra democrática que um partido entre em desespero frenético apenas porque existe a possibilidade de sair do poder a partir de 1º de janeiro de 2015.
A aparição do ex-presidente Lula, suado e descabelado, fazendo uma manifestação em frente à Petrobras é a síntese do clima atual no PT. E nem está claro que Dilma Rousseff perderá a disputa contra Marina Silva (aliás, a presidente está à frente nas pesquisas). Mas em Brasília é possível respirar um certo pânico no ar.
Só na capital da República há mais de 20 mil cargos de confiança, todos ocupados pelo petismo e adjacências. Uma derrota de Dilma Rousseff obrigará essas pessoas e suas famílias a deixarem a cidade. Por baixo, serão de 40 a 50 mil desamparados. Voltarão a seus Estados para pedir trabalho na iniciativa privada ou em algum governo, prefeitura ou sindicato sob o comando do PT.
Serão milhares de dramas pessoais. Em Harvard, nos EUA, a universidade oferece um serviço gratuito de atendimento psicológico a estudantes estrangeiros que passam um tempo por lá e depois têm de retornar para seus países. Dilma poderia pensar no assunto. Uma "bolsa psicólogo" ajudaria a manter mais calmas as pessoas ao seu lado.
Como o problema é estrutural, uma vitória dilmista só atrasará a crise existencial dos petistas. Até porque, em 2018, 2022 ou em outro momento, o partido sairá do poder. Quando esse dia chegar, as farmácias de Brasília terão de reforçar os estoques de Prozac em suas prateleiras
Estado Islamico: por que os EUA, e nao os proprios estados ameacados? - Tom Friedman
Take a Deep Breath
ISIS and the Arab World
NYTimes, SEPTEMBER 16, 2014
Thomas L. Friedman
LONDON — An existential struggle is taking place in the Arab world today. But is it ours or is it theirs? Before we step up military action in Iraq and Syria, that’s the question that needs answering.
What concerns me most about President Obama’s decision to re-engage in Iraq is that it feels as if it’s being done in response to some deliberately exaggerated fears — fear engendered by YouTube videos of the beheadings of two U.S. journalists — and fear that ISIS, a.k.a., the Islamic State, is coming to a mall near you. How did we start getting so afraid again so fast? Didn’t we build a Department of Homeland Security?
I am not dismissing ISIS. Obama is right that ISIS needs to be degraded and destroyed. But when you act out of fear, you don’t think strategically and you glide over essential questions, like why is it that Shiite Iran, which helped trigger this whole Sunni rebellion in Iraq, is scoffing at even coordinating with us, and Turkey and some Arab states are setting limits on their involvement?
When I read that, I think that Nader Mousavizadeh, who co-leads the global consulting firm Macro Advisory Partners, is correct when he says: “When it comes to intervening in the Arab world’s existential struggle, we have to stop and ask ourselves why we have such a challenge getting them to help us save them.”
So before we get in any deeper, let’s ask some radical questions, starting with: What if we did nothing? George Friedman (no relation), the chairman of Stratfor, raised this idea in his recent essay on Stratfor.com, “The Virtue of Subtlety.” He notes that the ISIS uprising was the inevitable Sunni backlash to being brutally stripped of power and resources by the pro-Iranian Shiite governments and militias in Baghdad and Syria. But then he asks:
Is ISIS “really a problem for the United States? The American interest is not stability but the existence of a dynamic balance of power in which all players are effectively paralyzed so that no one who would threaten the United States emerges. ... But the principle of balance of power does not mean that balance must be maintained directly. Turkey, Iran and Saudi Arabia have far more at stake in this than the United States. So long as they believe that the United States will attempt to control the situation, it is perfectly rational for them to back off and watch, or act in the margins, or even hinder the Americans. The United States must turn this from a balance of power between Syria and Iraq to a balance of power among this trio of regional powers. They have far more at stake and, absent the United States, they have no choice but to involve themselves. They cannot stand by and watch a chaos that could spread to them.”
Therefore, he concludes, the best U.S. strategy rests in us “doing as little as possible and forcing regional powers into the fray, then in maintaining the balance of power in this coalition.” I am not sure, but it’s worth debating.
Here’s another question: What’s this war really about?
“This is a war over the soul of Islam — that is what differentiates this moment from all others,” argues Ahmad Khalidi, a Palestinian scholar associated with St. Antony’s College, Oxford. Here is why: For decades, Saudi Arabia has been the top funder of the mosques and schools throughout the Muslim world that promote the most puritanical version of Islam, known as Salafism, which is hostile to modernity, women and religious pluralism, or even Islamicpluralism.
Saudi financing for these groups is a byproduct of the ruling bargain there between the al-Saud family and its Salafist religious establishment, known as the Wahhabis. The al-Sauds get to rule and live how they like behind walls, and the Wahhabis get to propagate Salafist Islam both inside Saudi Arabia and across the Muslim world, using Saudi oil wealth. Saudi Arabia is, in effect, helping to fund both the war against ISIS and the Islamist ideology that creates ISIS members (some 1,000 Saudis are believed to be fighting with jihadist groups in Syria), through Salafist mosques in Europe, Pakistan, Central Asia and the Arab world.
This game has reached its limit. First, because ISIS presents a challenge to Saudi Arabia. ISIS says it is the “caliphate,” the center of Islam. Saudi Arabia believes it is the center. And, second, ISIS is threatening Muslims everywhere. Khalidi told me of a Muslim woman friend in London who says she’s afraid to go out with her head scarf on for fear that people will believe she is with ISIS — just for dressing as a Muslim. Saudi Arabia cannot continue fighting ISIS and feeding the ideology that nurtures ISIS. It will hurt more and more Muslims.
We, too, have to stop tolerating this. For years, the U.S. has “played the role of the central bank of Middle East stability,” noted Mousavizadeh. “Just as the European Central Bank funding delays the day that France has to go through structural reforms, America’s security umbrella,” always there no matter what the Saudis do, “has delayed the day that Saudi Arabia has to face up to its internal contradictions,” and reform its toxic ruling bargain. The future of Islam and our success against ISIS depend on it.
terça-feira, 16 de setembro de 2014
Brasil imoral: os mandarins amorais que estao afundando a Republica
Deputados estaduais têm mais benefícios que federais
- O Globo,
- 15/09/2014
As Assembleias Legislativas estaduais, que serão renovadas nessas eleições e deveriam ter como parâmetro de comportamento e limite de gastos as regras aplicadas à Câmara dos Deputados, têm benefícios para seus parlamentares que deixam os deputados federais com inveja. Alheias à opinião pública, muitas dessas Casas não divulgam como é gasto o dinheiro recebido do Erário para o exercício do mandato, não tornam públicos os nomes dos seus funcionários ou quanto ganham e encontram meios para que seus eleitos recebam mais do que deveriam. Os deputados estaduais também usufruem de carro oficial com motorista, regalia que não é aceita na Câmara, apenas no Senado. Houve ainda casos de desvio de verbas, o que, no Rio, levou à cassação de parlamentares.
Levantamento realizado pelo O GLOBO nas 26 Assembleias Legislativas e na Câmara Distrital revela casos em que os representantes estaduais chegam a ter subsídios mensais acima de R$ 20.042,34 — o teto legal, que corresponde a 75% do que ganha um deputado federal — e recebem diárias que superam, e muito, o que é pago para quem atua na Câmara.
Além disso, nos casos em que foi possível ter acesso à prestação de contas das cotas parlamentares, O GLOBO apurou que os deputados estaduais parecem dedicar uma preocupação muito grande à contabilidade e apresentam gastos no exato valor da verba indenizatória a que têm direito, com diferença de poucos centavos de um mês para o outro.
A verba indenizatória também é superior à dos colegas que estão em Brasília. Enquanto os deputados federais eleitos por Roraima podem receber, no máximo, R$ 41.613 (o maior valor entre todos), no estado os deputados estaduais têm direito a R$ 50 mil. Nessa rubrica, eles podem destinar R$ 6 mil para alugar um imóvel para morar em Boa Vista, e gastar até R$ 20 mil em combustível ou aluguel de carros; na Câmara, esse teto é de R$ 4,5 mil.
Viajar como deputado estadual de Roraima também é muito mais confortável do que como deputado federal em Brasília. Na Região Norte, um eleito que viaje dentro do próprio estado tem direito a R$ 900; se for para outro local, R$ 1.700; e, para o exterior, R$ 2.024. Pela Câmara, esses valores são de R$ 524 em caso de um périplo pelo país, ou de até US$ 428 (cerca de R$ 1 mil) para jornadas internacionais.
No Pará, há vultosos pagamentos aos parlamentares, em parcela única, no início de cada ano. Em janeiro deste ano, por exemplo, cada um recebeu, de uma única vez, mais de R$ 200 mil. Em janeiro de 2013, a fatia do bolo foi ainda maior: R$ 400 mil para cada um dos deputados estaduais, numa única parcela. O site não especifica o motivo dessas pequenas fortunas. Os montantes constam da lista de despesas diárias da Assembleia, acessível pela internet.
Salários acima do teto
Ainda no Pará, uma consulta à folha de pagamentos, que não fornece os nomes dos servidores e seus salários individuais, aponta funcionários com salários nominais acima do teto constitucional, de R$ 29.462. Um técnico legislativo ganha R$ 34.311. Nesse caso, segundo a folha de pagamento de agosto, não houve o redutor constitucional, e ele recebeu R$ 23.546 líquidos.
No Rio, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça deve julgar até o fim do ano os deputados estaduais Édino Fonseca (PEN) e João Peixoto (PSDC), além de três ex-parlamentares (Renata do Posto, Tucalo e Jane Cozzolino), acusados de estelionato e formação de quadrilha. Eles integram um grupo de 12 pessoas, incluindo dois ex-funcionários da Casa, que há seis anos foi denunciado pelo Ministério Público por fraudes no auxílio-educação da Alerj.
O benefício, que equivale a um salário mínimo regional (R$ 763,13, em valores atuais) por dependente, era destinado a ressarcir despesas de servidores com a educação dos filhos. Segundo o Ministério Público, funcionários nomeados eram fantasmas: não recebiam o dinheiro que era embolsado por alguns réus. Segundo investigações feitas em 2008, pelo menos R$ 3,5 milhões foram desviados. Na época Édino Fonseca, João Peixoto e Tucalo (não reeleito) foram absolvidos pelo plenário; Renata e Jane tiveram os mandatos cassados. (colaborou Luiz Ernesto Magalhães).
O Brasil dos companheiros virou um pais sem lei...
Nada acontece no vácuo. Os eventos históricos se dão num determinado tempo e obedecem a seu espírito. Coisas que antes nos pareciam impensáveis acabam se naturalizando e sendo tomadas como normais. E nós vivemos dias em que vândalos, bandidos, assaltantes da democracia reivindicam o suposto direito de nos assombrar com a sua violência.
Pior: a Justiça, os políticos e, sobretudo, a imprensa acabam sendo tolerantes com os criminosos, confundindo a atuação de marginais da democracia com atos de resistência. Não aqui. Não aqui! Aqui, bandido é chamado de “bandido”; vagabundo é chamado de “vagabundo”; safado é chamado de “safado”.
Algumas horas apenas — na verdade, uma noite! — separam o ato liderado por Lula e João Pedro Stedile, em frente à Petrobras, no Rio, do caos promovido, nesta manhã, no Centro de São Paulo por supostos sem-teto, durante uma ação de reintegração de posse. O que uma coisa tem a ver com a outra?
O caso é o seguinte: a Polícia Militar tentava executar, nesta manhã, pela terceira vez — a primeira se deu em junho — a reintegração de posse de um hotel, situado na Avenida São João, invadido por uma tal Frente de Luta por Moradia, a FLM.
Esse grupo se intitula um dos muitos “coletivos”, como se diz em “esquerdês”, que reúnem invasores de propriedades públicas e privadas. Trata-se de um dos muitos agrupamentos formados por militantes políticos de esquerda e extrema esquerda que instrumentalizam a pobreza e a ignorância para fazer política.
A Polícia Militar tentou dialogar. Observem: desocupar o prédio era uma determinação judicial. A PM não poderia deixar de cumprir a ordem ainda que quisesse. Os líderes do movimento avaliaram que não havia caminhões em número suficiente para transportar os pertences dos invasores, e teve início, então, o ataque aos PMs.
Do alto do edifício, objetos pesados os mais diversos eram lançados contra os policiais. E a corporação cumpriu, então, o seu dever, que é o dever da democracia quando veste farda: reagir e conter os atos de vandalismo. O prédio foi ocupado pelos policiais, houve conflitos, bombas de gás lacrimogêneo tiveram de ser usadas.
Foi o que bastou. Profissionais da desordem espalharam o caos pelo centro da cidade. Houve confrontos e depredações nas ruas Barão de Itapetininga, Ipiranga, 24 de Maio e nas áreas próximas à Praça da República. Na rua Xavier de Toledo, um ônibus biarticulado foi incendiado. Uma loja da Claro e outra da Oi foram saqueadas. Três pessoas foram presas em razão de atos de vandalismo, e 70 invasores foram encaminhados à Polícia para serem liberados em seguida.
Muito bem, leitores. Isso é luta por moradia? Não! O nome disso é banditismo, crime organizado, violência planejada. Note-se à margem que, na raiz do caos, já há uma decisão escandalosa da Justiça: houve a ordem de reintegração de posse, sim. Mas sabem a quem cabia a obrigação de enviar os caminhões para transportar os pertences dos invasores? Ao dono do imóvel. É estupefaciente! O proprietário tem esbulhado o seu direito, e a Justiça ainda lhe atribui uma obrigação.
Agora volto a Lula. Agora volto a João Pedro Stedile. O chefão do MST afirmou ontem, em frente à sede da Petrobras, que promoverá protestos diários caso Marina Silva vença a eleição. Lula tentou reunir milhares de pessoas — e conseguiu, no máximo, alguns gatos-pingados — para, na prática, anunciar a mesma coisa: não aceita outro resultado das urnas que não a vitória de seu partido. Esses movimentos de invasão de propriedades, no campo e nas cidades, lembrem-se, sempre operaram como braços do PT. Os grupos ditos de sem-teto constituíram, por exemplo, a linha de frente da campanha de Fernando Haddad à Prefeitura.
Esses criminosos disfarçados de líderes de movimentos sociais são, de fato, os braços operacionais de alguns chefões políticos que foram chamados de “marginais do poder” pelo ministro Celso de Mello, do STF, durante o julgamento do mensalão. Esses marginais do poder transitam em palácios e nas altas esferas, sempre ligados a negociatas bilionárias; aqueles outros, os que partem para a briga, são seus soldados informais, seus jagunços, seus mercenários.
Quando a tropa de choque chegou — e isso vocês dificilmente lerão ou ouvirão na imprensa —, a população aplaudiu. E aplaudiu porque quer ordem, disciplina, lei. E as quer para poder trabalhar, organizar a vida, ganhar o sustento com o seu trabalho.
O conflito que se viu nas ruas, leitores, não era entre polícia e sem-teto. Mas entre os que lutam para ganhar a vida, recolhendo impostos aos cofres públicos — mesmo recebendo em troca serviços de péssima qualidade — e os profissionais da desordem, que, embora não trabalhem e não produzam, exigem que a sociedade lhes dê tudo de mão beijada. Trata-se, em suma, da luta entre a população ordeira, que se reconhecia no uniforme da PM — e por isso a aplaudiu —, e a canalha que se vê representada pelas bandeiras vermelhas de baderneiros e aproveitadores.
A exemplo de qualquer trabalhador honesto, também aplaudo a PM.
Economia: economistas realistas, sonhaticos e aloprados - Mansueto Almeida
Paulo Roberto de Almeida
No nosso caso, acreditamos na importância de o Brasil participar ativamente das cadeias globais de produção e sabemos que será impossível o país ser competitivo em todos os setores da economia, ou seja, não adianta querer se integrar ao resto do mundo e ser competitivo em tudo como parece acreditar alguns economistas do governo. Queremos viabilizar os meios para que o Estado possa investir mais em educação e saúde. Infelizmente, e aqui confesso uma falha nossa, não sabemos como o governo pode aumentar a oferta de serviços públicos para o padrão de primeiro mundo sem crescimento. Na nossa visão, política social e crescimento andam juntas e mente quem diz que a “população não come PIB”. Sem crescimento da economia, o resgate da nossa dívida social será mais lento.
O grupo de economistas por trás da candidata Marina Silva é um grupo brilhante com dois grandes problemas. Primeiro, às vezes usam metáforas -empresários serão desmamados, Dilma trata empresários como prostitutas, etc.- que aumenta a “zona de vulnerabilidade” deles à ataques do governo.
Ontem em seminário na FGV-SP foi justamente isso que aconteceu quando o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, perguntou em tom de brincadeira ao presidente da FIESP se ele estava pronto para ser “desmamado”. Meus colegas do PSB precisam compreender que o Ministro da Fazenda Guido Mantega está em plena campanha eleitoral, usa e abusa de sua condição como Ministro para fazer propaganda eleitoral no melhor estilo terrorista (o terrorismo é tão grande que acho que não poderá mais entrar nos EUA). Assim, meus colegas do PSB precisam tomar mais cuidado com as metáforas porque o adversário gosta de dar caneladas.
O outro problema dos meus colegas do PSB é a visão ingênua do setor público e da estrutura do gasto público. Não há como o Governo Central produzir um superávit primário de 2% do PIB em um ano pelo corte da despesa. Vou escrever sobre isso depois. Mas o que eles falam centenas de outros economistas mais velhos e com experiência de governo continuam falando. No caso dos meus colegas do PSB, como são inteligentes, em um ou dois meses aprenderiam rapidamente. O mesmo não se pode falar de economistas que ainda acham que não houve evolução na teoria econômica depois de 1936, quando Keynes publicou a Teoria Geral.
Agora chegamos ao terceiro grupo, o de economistas por trás do partido do governo. Esse grupo de economistas tem a seu favor a crise mundial. Eles usam e abusam da crise mundial para esconder os seus erros no governo, erros que decorrem de uma visão ingênua e arrogante de micro gerenciamento da economia. Isso não vai mudar e há grande chances de piorar, pois eles continuam achando que conhecem a indústria mais do que os próprios empresários e esses economistas não aprendem. Passam anos no governo e continuam falando a mesma coisa antes e depois. Não há “learning by doing” e nem “learning by studiyng”.
Há ainda algo muito pior neste grupo de economistas que é o processo de autodestruição a que estão submetidos. Eles vivem sempre em conflito interno. Alguns deles condenam as praticas heterodoxas da gestão fiscal, outros acreditam que essas práticas são normais; quase todos gostariam de uma taxa de câmbio mais desvalorizada e acham que taxa de câmbio de equilíbrio decorre da boa ou má vontade do Banco Central; todos aceitam normal uma inflação de 6% ao ano, criticam o Banco Central seja independente ou não como o grande mal da economia, querem resolver todos os nossos problemas de orçamento com o aumento da dívida, e, por fim, fogem da paternidade da Nova Matriz Econômica como o diabo foge da cruz. Hoje vivemos a situação sui generis de uma política econômica órfã.
Alguns desses economistas fazem uma mea culpa capenga, reconhecem a necessidade de ajustes e dizem que haviam alertado antes para a necessidade de correção de rumo para o seu colega de sala ou de ministério. Mas talvez o mais desonesto é quando promovem a visão que o que está em jogo nesta eleição é o debate entre o bem e o mal, entre os economistas que se preocupam com a redução da desigualdade e com a indústria versus outros economistas que representam o mercado financeiro.
Um grupo grande de economistas do governo ainda está preso na luta de classes do pós-guerra e tem uma visão ingênua dos capitalistas. Os da indústria têm que ser estimulados e controlados e, os do setor financeiro, precisam ser eliminados. Falam de uma tal “grande capital” como se esse ente abstrato fosse o responsável pelo atraso na definição dos marcos regulatórios, excesso de intervenção na economia, etc.
Em resumo, eu me preocupo muito com os “economistas do governo” e tenho zero de preocupação com os economistas que assessoram os candidatos de oposição. O ex-presidente Lula falou ontem que a candidata Marina deveria proibir os seus economista de falarem bobagens. O correto deveria ser o ex-presidenrte “proibir” o governo federal de fazer bobagens, em especial, as bobagens que tiverem início no segundo mandato do ex-presidente Lula e se intensificaram no governo Dilma.
Economia: o retrato da situacao depressiva na analise do Itau Macroeconomica - Ilan Goldfajn
Não fique assim.
Pode ficar, e vai ficar, pior...
Esta é a herança maldita dos companheiros...
Paulo Roberto de Almeida
Orange Book Brasil: Atividade fraca com poucos sinais de retomada
Informações até 12 de Setembro de 2014
Este relatório, publicado seis vezes por ano, resume relatos sobre o ambiente de negócios que ouvimos de contatos no setor real, especialistas e outras fontes fora do Itaú. Exceto pela seção ‘Nossa visão’, este relatório não reflete necessariamente a visão da área de pesquisa econômica do Itaú.
Seções:
Consumo e produção de bens e serviços
O enfraquecimento do consumo observado no fim do primeiro semestre se acentuou entre junho e agosto.
Investimento
Incertezas globais, baixo crescimento e dúvidas quanto ao tempo que levará para a retomada da demanda têm levado ao adiamento de decisões de investimento.
Mercado imobiliário
Nos últimos meses, a desaceleração do setor imobiliário ficou mais intensa.
Commodities
Produtores agrícolas vêm se deparando com uma combinação desfavorável de volumes mais baixos e preços, na maioria dos produtos, em queda. No setor de siderurgia há sinais de melhora na demanda externa.
Mercado de trabalho, custos de produção e preços
A desaceleração no mercado de trabalho está cada vez mais clara. Não há sinais de pressão inflacionária significativa para os próximos meses.
Nossa visão
A confiança de empresários e consumidores em patamares historicamente baixos assim como os altos estoques na indústria devem limitar o crescimento no curto prazo.
Resumo:
O enfraquecimento do consumo observado no fim do primeiro semestre se acentuou entre junho e agosto. Parte do movimento foi causada pelos feriados e pela Copa do Mundo (que manteve os consumidores mais longe das lojas), e parte pelos fundamentos da economia. Desde meados de agosto, há estabilização da atividade, mas poucos setores reportam retomada. Os segmentos de bens duráveis - automóveis, linha branca, eletrônicos - continuam sendo os mais afetados pelo recuo da demanda. As vendas são consideradas fracas, e produtores reportam varejistas ainda estocados.
A confiança do empresário não se recuperou da retração observada ao longo do segundo trimestre, o que mantém o investimento retraído. Incertezas globais, baixo crescimento e dúvidas quanto ao tempo que levará para a retomada da demanda têm levado ao adiamento de decisões de investimento. Custos ainda são mencionados com preocupação, mas não parecem ser a causa da confiança menor. De fato, alguns setores já observam moderação nos mercados de fatores de produção, especialmente os de mão de obra e transporte.
Nos últimos meses, a desaceleração do setor imobiliário ficou mais intensa. No segmento residencial, as vendas caíram fortemente durante a Copa do Mundo e se recuperaram apenas parcialmente desde então. Os estoques permanecem relativamente elevados, e os preços vêm caindo. No segmento comercial, a queda da atividade continua mais pronunciada. O desaquecimento da economia e o volume acelerado de lançamentos nos últimos anos em algumas capitais levaram a um desbalanceamento do setor.
No lado das commodities, a safra de grãos 2013-2014 pode ser caracterizada como boa, mas o clima prejudicou algumas culturas. Produtores vêm se deparando com uma combinação desfavorável de volumes mais baixos e preços em queda. O mesmo se observa no setor sucroalcooleiro. Já no cafeeiro, a quebra de safra vem sendo significativa, mas os preços internacionais em alta compensam.
No setor de siderurgia, o câmbio estável em patamar considerado pelo setor como apreciado continua limitando as exportações, ainda que haja sinais de melhora na demanda global - especialmente nos EUA.
A desaceleração no mercado de trabalho está cada vez mais clara. Reajustes reais de salário vêm recuando. Em alguns casos, os reajustes realizados nos últimos meses já estão próximos de zero. Com a economia mais fraca, há competição forte em muitos setores ligados ao consumo e naqueles afetados pelo câmbio mais estável. Não há sinais de pressão inflacionária significativa para os próximos meses.
Nossa visão: Reduzimos recentemente nossa projeção para o crescimento do PIB em 2014 (para 0,1%), em decorrência do resultado mais fraco do que esperávamos no segundo trimestre e também do ritmo ainda lento da recuperação da economia no pós-Copa. Em termos de fundamentos, a confiança de empresários e consumidores em patamares historicamente baixos assim como os altos estoques na indústria devem limitar o crescimento no curto prazo. O mercado de trabalho sente o enfraquecimento da economia e dá sinais de perda de dinamismo.
Consumo e produção de bens e serviços
O enfraquecimento do consumo observado no fim do primeiro semestre se acentuou entre junho e agosto. Parte do movimento foi causada pela Copa do Mundo (que manteve os consumidores mais longe das lojas), e parte pelos fundamentos da economia.
Os segmentos de bens duráveis, como automóveis, linha branca e eletrônicos, continuam sendo os mais afetados pelo recuo da demanda. As vendas são consideradas fracas, e produtores reportam varejistas ainda estocados. No entanto, segmentos de semi e não duráveis, como vestuário, alimentos e cosméticos, também passaram a observar vendas mais fracas e encomendas em baixa. No setor de serviços, muitos segmentos também vêm crescendo abaixo do esperado, entre eles entretenimento, terceirização de mão de obra, segurança patrimonial e alimentação fora do domicílio.
Desde meados de agosto há uma estabilização da desaceleração, mas poucos setores reportam retomada aos níveis pré-Copa. Entre os setores em recuperação, destacam-se materiais de construção, transporte de passageiros (aéreo e terrestre) e hotelaria de negócios. Ainda assim, a postura é cautelosa.
Para a frente, os diferentes setores ligados ao consumo mantêm a confiança com relação ao potencial do mercado interno brasileiro. Mas a percepção é de que, no curto prazo, o ajuste cíclico da demanda vá continuar. O consumidor está mais criterioso, procurando comprar apenas o essencial. Tanto produtores de bens de consumo finais como produtores de insumos intermediários vêm adotando medidas como lay-off, férias coletivas e descontinuidade da contratação de serviços não essenciais para atravessar o período de baixa atividade.
Investimento
A confiança do empresário não se recuperou da retração observada ao longo do segundo trimestre. Nosso indicador, feito a partir de uma base ampla de clientes, mostrou estabilidade em julho e agosto, mas o patamar atual está 14% abaixo do início do ano e 18% abaixo de agosto de 2013.
Incertezas globais, baixo crescimento e dúvidas quanto ao tempo que levará para a retomada da demanda têm levado ao adiamento de decisões de investimento. Fatores do lado da oferta, como altos custos de produção e complexidade tributária, ainda são mencionados como fatores de preocupação, mas não parecem ser a causa da confiança menor. De fato, alguns setores já observam moderação nos mercados de fatores de produção, especialmente os de mão de obra e transporte.
No setor de veículos pesados - caminhões e máquinas agrícolas - o nível de produção e vendas segue deprimido. A atividade não mostrou reação desde a piora em junho. Além da baixa propensão ao investimento, a antecipação de vendas dos últimos anos e a falta de mão de obra (motoristas) continuam entre os fatores que limitam a demanda por caminhões.
Do lado da produção de bens de capital, além da desaceleração gerada pelo adiamento das decisões de investimento em geral, há um enfraquecimento relacionado ao fim do programa de encomendas governamentais para prefeituras. Para a frente, a expectativa é mais positiva, impulsionada pela carência de infraestrutura do País e pelo programa de concessões do governo. Nessa área, nota-se alguma ansiedade com relação aos próximos anos, dependendo dos desdobramentos do cenário doméstico. O setor reporta ainda alguma preocupação com relação à capacidade do BNDES de financiar projetos e compras de equipamentos.
Como mencionado nas últimas edições do Orange Book, apesar do clima cauteloso, o interesse por investir no País ainda se mantém. O tamanho e a diversidade do mercado consumidor e o potencial de geração de renda e investimentos a partir da produção de commodities mantêm o Brasil estruturalmente atraente.
Mercado imobiliário
A desaceleração do setor imobiliário tornou-se mais intensa nos últimos meses. No segmento residencial, as vendas caíram fortemente durante a Copa do Mundo e se recuperaram apenas parcialmente desde então. Mas o ritmo atual de vendas ainda é substancialmente abaixo do projetado pelo setor no início do ano. O enfraquecimento da demanda se verifica principalmente em imóveis tradicionalmente destinados a investimento, como estúdios e apartamentos compactos. Os estoques permanecem relativamente elevados e os preços vêm caindo, com exceção de imóveis em áreas nobres das grandes cidades, segmento cuja demanda é mais sólida, e a oferta bastante restrita.
No segmento comercial, a queda da atividade continua mais pronunciada. O desaquecimento da economia e o volume acelerado de lançamentos nos últimos anos levaram a um desbalanceamento do setor. O nível de vacância é elevado, especialmente nas grandes capitais.
No segmento de shopping centers, a indicação é de que o investimento será baixo nos próximos dois a três anos. Com a desaceleração do varejo, o movimento recuou, e a disposição de lojistas em investir diminuiu. Shoppings novos estão com vacância elevada e oferta de descontos para atrair lojistas. Apenas os shoppings mais tradicionais (e bem estabelecidos) vêm sustentando demanda elevada.
Commodities
A safra de grãos 2013-2014 pode ser caracterizada como boa, mas o clima prejudicou algumas culturas. Ao mesmo tempo, a safra está bastante forte nos Estados Unidos. Dessa forma, o produtor local vem se deparando com uma combinação de volumes mais baixos e preços em queda.
No caso do café, o efeito do clima desfavorável ainda vem provocando revisões para baixo das expectativas de safra. A quebra deve ficar entre 10% e 15%. Diferente dos demais grãos, no entanto, o preço internacional está em alta, compensando boa parte dos produtores locais.
No setor sucroalcooleiro, a produção de cana até agora foi boa, mas a colheita da parte menos afetada pela seca do início do ano já aconteceu. Para a frente, a colheita tende a cair em volume e qualidade. Sendo assim, a safra deste ano como um todo deve ser menor do que a projetada inicialmente. A redução na produtividade pressiona o custo médio, fato que, combinado ao baixo nível de preço, gera uma situação difícil para o setor.
No setor de siderurgia, o câmbio estável em patamar considerado apreciado pelo setor segue limitando as exportações, ainda que haja sinais de melhora na demanda global - especialmente nos EUA. Do lado da demanda interna, a perspectiva de aceleração das concessões de infraestrutura ajuda, mas a queda na produção de bens de consumo duráveis, especialmente carros e linha branca, mantém o setor cauteloso.
Mercado de trabalho, custos de produção e preços
A desaceleração no mercado de trabalho está cada vez mais clara. Reajustes reais de salário vêm recuando. Em alguns casos, os reajustes realizados nos últimos meses já estão próximos de zero. A negociação ainda é intensa, mas está ficando claro que as empresas não conseguem acomodar um aumento salarial significativo, especialmente em meio ao quadro de demanda fraca. Muitos setores vêm praticando férias coletivas e lay-offs. Há demissões, embora os movimentos sejam localizados e, em geral, pequenos.
Além de moderar o mercado de trabalho, a desaceleração econômica traz também a acomodação de outros custos de produção, como aluguéis, frete rodoviário e serviços terceirizados. Em contrapartida, a possibilidade de aumentos de energia elétrica, combustíveis e carga tributária adiante preocupa.
Com a economia mais fraca, a competição em muitos setores ligados ao consumo e o câmbio mais estável, não há sinais de pressão inflacionária significativa para os próximos meses. No entanto, a carne bovina vem experimentando uma tendência global a aumento de preços. Os consumidores, por sua vez, vêm reagindo, substituindo seu consumo por frangos e suínos - cujos preços vêm caindo em consequência da redução dos preços internacionais de grãos.
Nossa visão
Os resultados do PIB do segundo trimestre e os indicadores dos últimos meses revelaram uma desaceleração importante da demanda interna ao longo do ano. Reduzimos recentemente nossa projeção para o crescimento do PIB em 2014 para 0,1% (de 0,6%, anteriormente), em razão do resultado mais fraco do que esperávamos no segundo trimestre e também do ritmo ainda lento da recuperação da economia no pós-Copa. Em termos de fundamentos, a confiança de empresários e consumidores em patamares historicamente baixos assim como os altos estoques na indústria devem limitar o crescimento no curto prazo. Dessa forma, ainda que haja variação positiva em alguns indicadores de julho e agosto, como os de produção industrial e vendas no varejo, entendemos que a atividade seguirá fraca nos próximos meses. O mercado de trabalho sente o enfraquecimento da economia e dá sinais de perda de dinamismo, especialmente no ritmo de criação de postos de trabalho, embora a taxa de desemprego permaneça em patamares historicamente baixos.
Pesquisa macroeconômica - Itaú
Ilan Goldfajn - Economista-Chefe
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segunda-feira, 15 de setembro de 2014
A gramatica do pensamento e o pensamento sem gramatica: manual para quem precisa...
Eu sei de uma pessoa assim, e confesso que nunca consegui encontrar alguém tão, mas tão desajeitado para falar, e tão incapaz de pensar (estou sendo generoso, claro).
Em todo caso, quem não sabe falar, NUNCA terá o meu voto...
Paulo Roberto de Almeida
A Step-By-Step Proof That Happiness Depends Partly On Grammar
Here is a step-by-step proof (yes, a proof that really is valid!) that happiness depends partly on grammar.
Step one. For genuine thinking, we need words. (By “genuine thinking” I mean as opposed to merely being conscious of feeling hungry, tired, angry and so on and wanting to do something about it; in other words, anything that animals cannot do.) Thinking cannot be done without words.
Step two. If we do not use words rightly, we shall not think rightly.
Step three. If we do not think rightly, we cannot reliably decide rightly, because good decisions depend on accurate thinking.
Step four. If we do not decide rightly, we shall make a mess of our lives and also of other people’s lives to the extent that we have an influence on other people.
Step five. If we make a mess of our lives, we shall make ourselves and other people unhappy.
In summary of the proof: grammar is the science of using words rightly, leading to thinking rightly, leading to deciding rightly, without which -- as both common sense and experience show -- happiness is impossible. Therefore, happiness depends at least partly on good grammar.
Nor does the importance of grammar stop there. Let us expand on some of the elements of the proof just given and also take the proof a little further.
Step one. Words are what we think with as well as communicate with. Without words, we can feel (tired, hungry, angry and so on), but we cannot think. We cannot reason things out, not even the simplest things.
Step two. From Step one it then follows that if we are to think correctly and usefully, words need to be used correctly, obviously.
Step three. Using words correctly involves two sciences. One of them is vocabulary, the science of what words mean. The other is grammar, the science of how words are used in order to have thoughts and to convey thoughts -- in the form of either statements, questions, wishes or commands. Although vocabulary is in one sense the primary science of all sciences, because we cannot have grammar without words to be grammatical with, it is also the case that vocabulary depends, practically speaking, on grammar. We even need grammar in order to understand vocabulary -- to understand the definitions in a dictionary.
Step four. Vocabulary and grammar -- words and the correct use of words -- are therefore the sciences that are the necessary prelude to the science of thinking. The science of thinking is technically known as logic.
Step five. Logic, in turn, is the necessary prelude to the science of communicating, which includes arguing and debating (which in turn include how to spot and see through attempts to bamboozle us with bogus arguments), and is technically known as the science of rhetoric.
Step six. On these four sciences -- vocabulary, grammar, logic, and rhetoric -- all other sciences, without exception, depend.
Step seven. We turn now to the taking of decisions. Even at the simplest level, that of taking decisions big or small, the quality of our decisions is going to depend on the accuracy and clarity of the thinking we put into them, and bad decisions adversely affect our well-being, our happiness and the happiness of people who are affected by us.
Step eight. It does not stop there. If enough people in any society are incompetent in their thinking and in consequence take bad decisions, their bad decisions inevitably affect the whole of that society. The very well-being of society therefore depends in part on good grammar.
Step nine. Would that the harmful effects of bad grammar stopped there. They do not. Civilization itself exists only in the various societies that make it up. If enough societies in the world crumble as a result of bad decisions taken because of bad thinking, yes, the whole of world civilization faces collapse, with consequences for each individual that are literally incalculable.
As an argument for the usefulness of this little book, all of that is dramatic and far-reaching indeed. And the logic supporting the case is sufficiently clear-cut to be its own authority. After all, what is demonstrably true is true even if no one believes it. Truth is not decided by majority vote, nor even by unanimous vote, nor even by the majority or unanimous vote of experts.
Even so, given that those most influential in education during the last few decades have been completely dismissive of grammar, some readers may at least be comforted to know that far from my being in isolation in stressing the unique importance of grammar, others clearly well placed to make a judgement have recently seen fit to air the same view in even stronger language than I have been using.
Libby Purves, experienced broadcaster, journalist and author, OBE for services to journalism, and 1999 Columnist of the Year, in an article in The Times of London on 27 August 2012 wrote:
Of all school disciplines English language matters most. Clarity, confidence, communication are the bed- rock of every other endeavour in education and in life: from physics to marketing, from engineering to law. Neglecting, downgrading and generally dumbing standards is a greater cruelty to children than anything visited on them by a clumsy exam board... It is wicked not to emphasize the difference between chatty street slang and formal, universally understood, clarity and correctness.Dot Wordsworth, long-serving columnist for the weekly Spectator, also used the word “cruel” in an article in the Daily Telegraph of 6 July 2012:
It’s cruel not to teach children grammar... Pupils (or students as they are mysteriously called) are not taught such rules of spelling as may exist and certainly are not tested on them. As for adverbs, subjects, objects or clauses, let alone such fabulous monsters as subjunctives, children are left in sublime ignorance of them... At its worst, educational theory that rejects grammar does so because of a mad idea that children are noble savages better left to authenticity and the composition of rap lyrics. That way lies the scrap-heap and jail. Grammar sets them free. No one would think it a kindness to give a teenager a car without teaching her to drive, and that includes the rules of the road.The word “cruel” is perhaps especially appropriate and telling, given that it is quite commonly used against those who hold that grammar should be imposed on children for their lasting benefit.
Cruel? Every worthwhile skill needs effort to acquire it, and even some of the purely enjoyable ones need very considerable effort. Does anyone ever look back and regret the effort made? On the contrary, no one who reaches a level of skill in any field ever wishes that he had a lower degree of skill in that field. In whatever you undertake, you want to reach, within reason, as high a standard in that field as your inborn capabilities make possible. All the more is this so with grammar, when everything depends on it.
Ergo: whether with reference to saving civilisation, at one extreme, or to protecting from appalling cruelty a single little child over whom you have some influence, at the other extreme, the importance of grammar as the primary step in any education is actually beyond the possibility of exaggeration.
Excerpted from Gwynne's Grammar by N. M Gwynne. Copyright © 2014 by N. M. Gwynne. Excerpted by permission of Knopf, a division of Random House LLC. All rights reserved. No part of this excerpt may be reproduced or reprinted without permission in writing from the publisher.
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Valor Econômico, 15 de setembro de 2014
Uma renegociação de R$ 194,2 bilhões em dívidas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o Tesouro Nacional em março deste ano elevou consideravelmente o custo financeiro para o governo dos empréstimos para o banco de fomento. A ampliação de carências e prazos de amortização de contratos assinados entre 2000 e 2010 resultou em um custo adicional ao Tesouro que pode chegar aos R$ 40 bilhões. O valor, dizem analistas, corresponderia, na prática, a uma "capitalização implícita" adicional do Tesouro para o BNDES. Em junho deste ano o Tesouro já aportou R$ 30 bilhões no banco.
O custo adicional para o Tesouro acontece porque, com a renegociação, o BNDES ganha prazos a perder de vista nos oito contratos que somam os R$ 194,2 bilhões, o que faz o valor total do empréstimo encolher até 42% a valor presente. Além disso, o banco ganhou mais prazo de carência e paralisou o pagamento de juros e amortizações que vinha fazendo ao Tesouro em relação a esses contratos.
Antes da repactuação, dois desses empréstimos, somados, estabeleciam que o BNDES iniciaria em 2014 amortização de um principal de R$ 75 bilhões -- R$ 40 bilhões em abril e R$ 35 bilhões em agosto. Esse pagamento se estenderia por 25 anos, até março de 2039. Com a renegociação, porém, o BNDES começará a pagar esses R$ 75 bilhões apenas a partir de março de 2040, quando, pelas condições originais, a dívida já estaria paga. Em outros quatro contratos pelos quais o BNDES já amortizava o principal em março, a nova carência também foi estendida para 2040. Em todos os oito contratos o banco já estava pagando ao menos parte dos juros. Com a renegociação, porém, foi estabelecida para todos os oito contratos uma nova carência até 2020, quando o BNDES começará a pagar parcialmente os juros.
O impacto da repactuação no fluxo de caixa do banco não é pequeno. Até junho o BNDES já havia desembolsado um total de R$ 42,6 bilhões ao Tesouro em amortização ou juros nos oito contratos. Com a repactuação, o banco deixa de fazer ao Tesouro quaisquer pagamentos relativos a esses contratos até os novos prazos de carência: março de 2020 para juros e março de 2040 para o principal. Procurados, o BNDES não comentou o assunto e o Tesouro não respondeu.
A pedido do Valor, Marcos Mendes, consultor técnico do Senado, montou um fluxo de pagamentos do BNDES ao Tesouro e comparou o custo "original" e "renegociado" dos empréstimos, com base em diferentes cenários para a evolução da taxa de juros até 2060.
Com a renegociação, no cenário mais otimista para o Tesouro, com juros nominais de 8% ao ano, o custo financeiro para o governo em relação aos oito contratos aumenta em R$ 17,5 bilhões em relação às condições anteriores. Considerando hipótese mais favorável para o BNDES, com juros nominais de 12% ao ano, essa diferença sobe para R$ 40,2 bilhões. Levando em conta cenário intermediário, de juros nominais de 10% ao ano, o valor presente da dívida renegociada implica custo financeiro adicional para o governo federal de R$ 34 bilhões.
O custo adicional do Tesouro nas operações foi levantado com base na diferença entre o valor presente dos contratos após a negociação e o valor presente nas condições anteriores, usando como taxa de desconto a Selic, que expressa o custo de captação do Tesouro no mercado. Os cálculos foram feitos com base em dados do BNDES sobre captações com recursos do Tesouro e em informações publicadas pelo jornalista do Valor Ribamar Oliveira, na coluna "Dívida do BNDES tem carência até 2040", veiculada em 28 de agosto.
Para Mendes, ao postergar prazos de pagamento e de vencimento das obrigações do BNDES, é natural que o custo financeiro do Tesouro aumente, já que vai demorar mais tempo para o recebimento desses valores. Ao mesmo tempo, afirma, sem necessidade de fazer frente a esse passivo no curto prazo, o lucro do BNDES e a capacidade de distribuição de proventos tendem a aumentar. "Essa é a essência da contabilidade criativa: um lucro espúrio do BNDES vira receita primária do Tesouro por meio de pagamento de dividendos", afirma.
Conforme Mendes, ao ampliar em 20 anos o prazo para quitação da dívida, além de postergar o pagamento de juros para contratos em que já havia fluxo de pagamento, houve um aporte "implícito" no banco.
Desde o fim de 2013, as autoridades econômicas têm afirmado a intenção de reduzir os aportes para o BNDES. Neste ano, em junho, o Tesouro aportou R$ 30 bilhões no banco. A renegociação vai na contramão desse discurso e ainda piora a transparência das contas públicas, diz Mendes, já que há poucas informações disponíveis para calcular o custo da dívida para o Tesouro. Por causa dessas restrições, o consultor faz a ressalva que sua hipótese levou em consideração apenas o alongamento de prazo, de 341 meses nos contratos antigos para 553 meses no contrato novo. Mendes considerou condições de carência e de prazo médios no conjunto dos oito contratos. As estimativas, diz, podem estar subestimadas porque as condições originais contavam com diversos índices de correção, como IPCA e taxa de câmbio, que podem ter evolução mais negativa que a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).
Mendes pondera que, como cada contrato tinha indexadores, juros e prazos diferentes, idealmente deveria se levar em conta o fluxo de pagamentos esperado para cada contrato para se chegar ao valor presente da dívida. O consultor do Senado também preferiu trabalhar em todo o horizonte de tempo com o teto para essa taxa, de 6% ao ano, o que também pode ter subestimado o custo para o Tesouro Nacional. Atualmente, por exemplo, a TJLP está em 5% ao ano.
Gabriel Leal de Barros, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), também procurou estimar o custo para o Tesouro das mudanças de condições financeiras nos empréstimos do Tesouro para o BNDES e chegou à mesma conclusão, de que houve aporte de recursos implícito com a renegociação. Barros tomou como base dois contratos, datados de 20 de abril e 4 de maio de 2010, com pagamento parcial de juros até 2025 e principal até 2030. O último pagamento previsto era em abril de 2050. Como as novas regras dilataram os prazos, o efeito financeiro da alteração é de uma "capitalização implícita" de R$ 69,8 bilhões ao longo de todo o contrato, na comparação com o que o Tesouro receberia nas condições originais.
"A alteração das condições contratuais para o pagamento de juros e principal do BNDES com o Tesouro pode ser entendida como uma nova capitalização, à medida em que permite economia do banco na rubrica de despesa financeira, ainda que ao custo da elevação da posição passiva do BNDES com o TN", afirma Mendes. O fluxo interrompido de pagamento de juros tende a ampliar a capacidade de empréstimos do banco junto ao setor privado e, ao mesmo tempo, remeter essa economia sob a forma de dividendos.
Para o professor da PUC-Rio Vinicius Carrasco, uma renegociação de empréstimo que resulte em um período de carência de 26 anos caracteriza quase que uma "ausência de compromisso de pagar". "Isso não fica muito distante de uma operação de equity, de uma forma não muita clara de capitalização."
Carrasco diz que a renegociação de março é mais uma evidência da necessidade de analisar o custo-benefício da atuação do BNDES. Uma instituição como o BNDES, afirma, é importante, porque há linhas de financiamentos para projetos de cunho social com nível de retorno que os bancos privados não fariam. "Mas é preciso fazer uma avaliação, uma discussão para explicitar os custos do que parece uma capitalização disfarçada e os benefícios à sociedade com a destinação feita pelo banco dos recursos transferidos pelo Tesouro."
Enquanto isso, naquela democracia em excesso, ao lado: 64 detidos em protestos
Paulo Roberto de Almeida
64 People arrested after Venezuela protests, NGO says
"Yesterday, Sept. 12, there were demonstrations in Barquisimeto...there were 47 arrests as a result of protests where certain violent demonstrations are said to have occurred," Romero told Efe.
People found hiding in two apartment buildings that were searched during the night were taken to Detachment 47 of the Bolivarian National Guard, or GNB, Romero said.
He said the District Attorney's Office in Lara state, west of Venezuela, told the NGO about the 47 people who were arrested there.
He also added that in the Venezuelan capital, after staging some "flamboyant" demonstrations that sparked "a lot of disturbances," 17 people were arrested who had hidden in a shopping mall, among whom were two minors.
"Among the protesters are a number of students, we don't know exactly how many, we haven't been able to contact them or their families directly," he said.
The protesters arrested in Caracas were taken to headquarters of the Sebin intelligence service where, Romero said, "they are being interrogated."
He recalled that authorities have 48 hours to present detainees in court.
Venezuela went through a wave of protests against the Nicolas Maduro government that started last February and went on with great intensity for four months, with violent incidents and an official toll of 43 dead, hundreds injured and thousands arrested. EFE