O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

O maior erro estratégico da diplomacia lulopetista: o BRICS

 Primeiro a notícia neste 15/11/2022:

“🇺🇦"Há um ataque contra Kiev": dois prédios residenciais foram atingidos por mísseis, diz prefeito da capital ucraniana.

Explosões foram ouvidas na cidade pouco depois de o presidente Volodimir Zelenski pedir ao G20 que pressione a Rússia pela paz.”

https://t.co/d7XIdM9kka

Agora meu comentário, PRA: Putin perpetra crimes de guerra contra a população ucraniana. O mundo, os demais membros do BRICS, especialmente o BRASIL, deveriam dar uma resposta contundente CONTRA o tirano de Moscou. 

O atual governo não vai fazer isso.

Uma declaração de Lula a esse respeito, declarando INACEITÁVEL tal postura é absolutamente NECESSÁRIA! 

Lula vai fazer isso?

Não acredito! Lula, como o Bozo, quer ter boas relações com Putin e preservar essa fantasmagoria do BRICS, que considero o maior erro estratégico do lulopetismo diplomático na frente externa.

Esse erro estratégico infelizmente será preservado no próximo governo e este será o meu principal ponto de discordância em relação a ele. E não se trata apenas de uma situação inaceitável no plano diplomático, o total DESRESPEITO em relação à Carta da ONU e aos dispositivos mais ELEMENTARES do Direito Internacional, o que envergonha os princípios e valores de nossa diplomacia, inclusive princípios constitucionais.

É uma questão sobretudo MORAL: o Brasil NÃO PODE ser conivente ou leniente com CRIMES DE GUERRA, crimes CONTRA A HUMANIDADE, e crime CONTRA A PAZ, iguais, semelhantes e similares, não na forma, mas nos efeitos, aos crimes dos nazistas na IIGM, e que os levaram ao Tribunal de Nuremberg.

Putin merece um Nuremberg só seu, que talvez não venha no quadro do TPI. Mas ele deveria ser condenado no tribunal da consciência universal, e o Brasil não poderia permanecer indiferente a essa grave questão MORAL.

Será feito? Repito: não acredito, e por isso me declaro PREVENTIVAMENTE em oposição à futura diplomacia de sua Majestade Lula III. 

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 15/11/2022


As relações entre os dois gigantes da economia e da geopolítica mundial, divididos não só por Taiwan (O Globo)

 Os dois gigantes, EUA e China, estão nas antípodas da política: uma grande democracia (um pouco atribulada, é verdade) e uma tradicional ditadura. Possuem sistemas econômicos diferentes, mas ambos enquadrados pelos mercados, o que era diferente na oposição geopolítica anterior, pois a URSS não era uma economia de mercado. A China É uma economia de mercado, ainda com planejamento estatal, mas não predominante: a China é um capitalismo com características chinesas e o slogan “socialista” serve apenas para legitimar a ditadura de um partido leninista, muito parecido ao antigo regime imperial com seu exército de mandarins obedientes (muitos corruptos): os mandarins são os funcionários do PCC, recrutados segundo um rigoroso sistema de mérito pessoal.

Mas considero que o sistema de sucessão política criado por Deng Xiaoping era o ideal para transitar a China de um regime imperial para um quase normal de alternância no poder. O novo imperador acaba de romper com esse sistema e isso não é bom para a China e o seu povo. Xi, agora, é um imperador eterno, e como tal se julga indispensável. Até o começo de 2022 estava indo bem. Acaba de tropeçar na questão da alternância no poder e poderá tropeçar mais um pouco na questão de Taiwan, o que seria catastrófico para a economia e a política mundial, ademais dessa absurda “aliança sem limites” com uma tirania cleptocrática como essa criada por Putin na Rússia. 

Sobre Taiwan, Xi pode derrapar. A ilha JAMAIS esteve sob a soberania da RPC: era parte do Império do Meio até o final  do século XIX, quando o império japonês, militarista e expansionista, a conquistou, como fez depois com a Coreia e a Manchuria. A República da China tampouco teve controle sobre ela, a não ser por um fugaz período pós-1945, e depois da conquista do poder por Mao em 1949 passou a ser sede da RC, dominada durante décadas pela ditadura de Chiang Kaishek. Tornou-se uma democracia ao longo dos anos, na cobertura geopolítica do império americano.

Se Xi Jinping ousar conquistar uma ilha que era do Império do Meio, mas que nunca foi da RPC, poderá precipitar uma crise, talvez uma guerra, que será catastrófica para a própria RPC, uma espécie de Malvinas chinesas, por enquanto sem uma Dama de Ferro que garanta a “reconquista” das Falklands. Os EUA interviriam? Não acredito, mas a ilha poderia ser destruida. Xi deve pensar três vezes.

Paulo Roberto de Almeida 


Na primeira cúpula presencial, Biden e Xi anunciam medidas de distensão

Líderes concordam em retomar mecanismos de consulta bilateral e coincidem em se opor ao uso de armas nucleares na Ucrânia; Taiwan permanece como ponto de tensão

Por O Globo e agências internacionais — Bali, Indonésia
14/11/2022 09h16

Em sua primeira cúpula presencial, os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, anunciaram nesta segunda-feira uma série de medidas de redução das tensões entre as duas maiores economias do mundo, que chegaram ao seu ponto mais grave em décadas, ainda que tenham continuado a fazer advertências mútuas em relação a Taiwan, a ilha autogovernada que Pequim considera uma "província rebelde".

Na reunião de mais de três horas em Bali, na Indonésia, antes do início na terça-feira da cúpula do G20, eles anunciaram a retomada de mecanismos de consulta bilateral que estavam suspensos desde a visita a Taiwan da presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, em agosto, além da primeira visita do chefe da diplomacia de Biden, Antony Blinken, a Pequim, e coincidiram em se opor ao uso de armas nucleares na Ucrânia, em resposta à ameaça que vinha sendo feita por autoridades russas.

— Tivemos uma conversa aberta e sincera sobre nossas intenções e nossas prioridades. Vamos competir vigorosamente, mas não estou procurando conflito, estou buscando gerenciar essa competição de forma responsável — disse Biden uma em entrevista coletiva depois do encontro. — Acredito firmemente que não precisa haver uma nova Guerra Fria.

Segundo a definição de Biden, Xi "não foi nem mais conciliador nem mais duro" na cúpula, mas "direto e reto como sempre foi". Já um comunicado de Pequim chamou as conversas de “completas, francas e construtivas” .

— Estou ansioso para trabalhar com você, sr. presidente, para trazer as relações entre a China e os EUA de volta ao caminho saudável e do desenvolvimento estável para o benefício de nossos dois países e do mundo como um todo — disse Xi a Biden no início do encontro, acrescentando que os dois lados “precisam encontrar a direção certa” e “elevar o relacionamento”.

Segundo frisou o presidente chinês, "o mundo é grande o suficiente" para que haja espaço para as duas potências prosperarem.

Biden também enfatizou a importância do encontro presencial depois de cinco conversas por telefone ou por videoconferência desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2021, e se comprometeu a "manter as linhas de comunicação abertas".

Tensões e distensão
A reunião desta segunda-feira ocorreu três meses depois que Pequim fez manobras militares inéditas em torno de Taiwan, em represália à visita de Pelosi, e um mês depois que os EUA impuseram suas mais duras restrições comerciais destinadas a prejudicar a capacidade chinesa de produzir semicondutores mais modernos, no que analistas viram como uma "declaração de guerra" tecnológica. Para agravar as tensões, existe ainda a parceria de Pequim e Moscou, que permaneceu firme mesmo após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Recém-lançada por Biden, a mais nova estratégia de segurança nacional americana tem como foco conter a ascensão da China e impedir que a potência asiática ultrapasse os Estados Unidos. Xi, por sua vez, acaba de conquistar um terceiro mandato à frente do Partido Comunista da China e deve confirmar no início de 2023 o terceiro mandato na Presidência. Desde sua ascensão à liderança, em 2012, ele adotou uma política externa mais assertiva do que a de seus antecessores, investindo nas capacidades militares chinesas e dando prioridade ao avanço em tecnologias de ponta.

Segundo o comunicado divulgado pela Casa Branca após o encontro, serão retomadas as conversas entre altos funcionários dos dois países sobre questões como mudança climática, estabilidade econômica, alívio da dívida dos países mais pobres, saúde e segurança alimentar. A visita de Blinken, disse a nota, deve ocorrer no início do próximo ano.

Biden e Xi, disse o comunicado, também concordaram que “uma guerra nuclear nunca deve ser travada” e que se opõem “ao uso ou ameaça de uso de armas nucleares na Ucrânia” — uma concordância importante dada a "parceria ilimitada" anunciada por Xi e o presidente russo Vladimir Putin pouco antes da invasão da Ucrânia. De acordo com o comunicado de Pequim, o presidente chinês se disse "muito preocupado" com a situação atual na Ucrânia e alertou que "as guerras não produzem vencedores".

'Linha vermelha'
Apesar da evidente intenção de ambos de reduzir a tensão, ficou claro que persistem divergências sobre Taiwan, que Pequim tem como meta reunificar ao continente, se necessário à força, enquanto Washington aumenta seu apoio político e militar às autoridades locais.

De acordo com a Casa Branca, Biden explicou “em detalhes” que os EUA continuam comprometidos com a política de “uma só China” — que considera Pequim a legítima representante dos chineses — mas se opõem a quaisquer “mudanças unilaterais” no status quo de Taiwan. O americano também levantou objeções ao que chamou de “ações coercitivas e cada vez mais agressivas da China" em relação à ilha.

— Não acho que haja qualquer tentativa iminente por parte da China de invadir Taiwan — disse Biden na entrevista. — A política de "uma só China" não mudou. Nossa posição não mudou em nada. Tenho certeza que ele [Xi] entendeu o que eu disse. Não houve mal-entendido.

Já Xi advertiu que a questão de Taiwan é uma linha vermelha que Washington não deve cruzar.

— A questão de Taiwan é o coração dos interesses centrais da China, o cimento da fundação política das relações China-EUA e a primeira linha vermelha que não deve ser cruzada — disse ele, segundo a imprensa estatal chinesa.

Altos funcionários da Casa Branca disseram na manhã desta segunda-feira que a reunião foi marcada após um mês de “diplomacia silenciosa” e planejamento intenso. Os delicados ajustes finais continuaram até a noite de domingo, depois que Biden chegou a Bali para a cúpula do G20, prevendo um encontro altamente roteirizado.

Daniel Russel, um ex-diplomata americano que acompanhou Biden em reuniões com Xi quando Biden era vice-presidente, disse que ambos os lados estão buscando "abaixar a temperatura em um relacionamento superaquecido".

Os dois se encontraram no hotel da delegação chinesa, e o lado chinês exigiu extensas precauções contra a Covid-19, incluindo testes de PCR e máscaras N-95 para jornalistas norte-americanos que acompanham Biden. (Com Bloomberg, AFP e New York Times)

https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2022/11/no-inicio-da-primeira-cupula-presencial-biden-e-xi-pedem-reducao-da-tensao-entre-potencias.ghtml

Arminio Fraga responde a discurso de Lula: responsabilidade fiscal ajuda os mais pobres (FSP)

 Lula é ótimo de palanque político, mas péssimo em raciocínio econômico. Armínio ajuda um pouco, respondendo às suas dúvidas. Espero que ele leia e reflita. PRA

Arminio Fraga responde a discurso de Lula: responsabilidade fiscal ajuda os mais pobres

Ex-presidente do Banco Central, que havia feito 'entrevista imaginária' com candidato petista, inverte posições e responde a questões feitas em discurso pelo presidente eleito.

FSP, 10/11/2022

Estabilidade fiscal significa menos incerteza e juros mais baixos, o que gera mais investimento e mais crescimento. Simples assim. E mais, acompanhada de transparência, aumenta a chance de os recursos beneficiarem os mais pobres", afirma o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, em resposta a críticas do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, a políticas de austeridade fiscal.

Em discurso feito a parlamentares de partidos aliados no auditório do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição, na manhã desta quinta (10), Lula fez várias perguntas nas quais demonstrou ver incompatibilidade entre responsabilidade fiscal e políticas sociais que beneficiem os mais pobres.

Homem calvo de barba grisalha, camisa branca e paletó preto
Arminio Fraga em evento em São Paulo - Mathilde Missioneiro - 18.out.2022/Folhapress

Investidores reagiram mal à mensagem do presidente, levando a uma disparada do dólar e à queda da Bolsa.


Fraga, que em coluna nesta Folha fez uma "entrevista imaginária" com Lula durante a campanha eleitoral, inverteu as posições de entrevistador e entrevistado e, abaixo, responde a questões feitas pelo presidente eleito durante seu discurso.

Luiz Inácio Lula da Silva: Ora, por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal neste país? Arminio Fraga: Estabilidade fiscal significa menos incerteza e juros mais baixos, o que gera mais investimento e mais crescimento. Simples assim. E mais, acompanhada de transparência, aumenta a chance de os recursos beneficiarem os mais pobres.

O descontrole fiscal contribui também para a volta da inflação. Outra vez, quem perde mais são os mais pobres.

As escolhas a curto prazo parecem terríveis. Mas não é o caso. Com um ambiente econômico arrumado, a atividade econômica reage, como ocorreu a partir da segunda metade de 1999, quando foram seis trimestres de crescimento anualizado em torno de 4%. E reage também na outra direção, como vimos em 2015-16 com o colapso fiscal. Essa é a escolha.

Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso fazer teto de gasto? Porque o gasto público vem crescendo há décadas, e a dívida corre o risco de entrar em trajetória de crescimento acelerado.

Tudo começou com o colapso fiscal de 2014. De lá para cá houve algum progresso, mas recentemente a torneira se abriu. As perspectivas para o ano que vem não são boas. A discussão de aumentar o gasto agora é brincar com fogo.

Sou a favor de aumentar os investimentos sociais, uma legítima demanda, mas redefinindo prioridades. O mercado despencou hoje, um sinal de que um pânico pode estar a caminho. Sem uma correção de rumo, o custo social vai ser enorme.


segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Seleção para novo presidente do BID prossegue e Ilan é sabatinado - Lu Aiko Otta (Valor)

 Seleção para novo presidente do BID prossegue e Ilan é sabatinado


Processo de escolha que tem o brasileiro Ilan Goldfajn como candidato não foi adiado, como queria o ex-ministro Guido Mantega

Por Lu Aiko Otta — De Brasília
Valor, 14/11/2022 05h00  Atualizado há 3 horas

O processo de escolha do novo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) prosseguiu normalmente, apesar da articulação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para adiar a eleição. Os cinco candidatos foram sabatinados por integrantes dos 48 países sócios. Foi uma reunião que durou seis horas e na qual o candidato brasileiro, o expresidente do Banco Central Ilan Goldfajn, se sobressaiu, segundo avaliou um espectador. Não sendo mais possível adiar a eleição, marcada para domingo, ou trocar candidatos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta o seguinte dilema: ou apoia Ilan ou apoia um candidato estrangeiro.

Segundo se avalia nos bastidores, o Brasil nunca esteve tão perto de presidir o BID. Seria uma oportunidade para Lula iniciar o governo com o país no comando da maior instituição financeira multilateral da América Latina.

Na sabatina, Ilan foi o único dos candidatos a fazer uma apresentação estruturada sobre como o BID pode ajudar os países da região, disse a fonte. Os demais leram discursos. 

No momento em que as mudanças climáticas são tema urgente, por causa de seu impacto econômico no Caribe, Ilan trouxe sua experiência como embaixador da Fundação Amazônia Sustentável e expôs ideias de preservação.

Falou sobre programas de combate à pobreza e à desigualdade e sobre inclusão financeira. Expôs planos para fazer com que o capital do banco, insuficiente ante as necessidades da região, seja usado para alavancar projetos de investimento com participação privada.

A larga experiência de Ilan nos setores financeiros público e privado é um ponto que eleva as chances de ele ter sua candidatura apoiada pelos Estados Unidos.

O país é decisivo no processo eleitoral, pois detém a maior parcela do capital do banco, o que determina que seu voto tem mais peso. O país não se posicionou oficialmente.

Nos bastidores, integrantes do governo norte-americano deram sinais favoráveis a Ilan. Eles buscam um perfil de alta qualificação e eminentemente técnico, depois do desgaste de ver seu indicado para o cargo, Maurício Claver-Carone, ser demitido por problemas éticos.

Também disputam o posto: Cecilia Todesca Bocco, pela Argentina, Gerard Johnson, por Trinidade e Tobago, Gerardo Esquivel Hernández, pelo México, e Nicolás Eyzaguyirre Guzmán, pelo Chile.

https://valor.globo.com/politica/noticia/2022/11/14/selecao-para-novo-presidente-do-bid-prossegue-e-ilan-e-sabatinado.ghtml

Guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia: a confusão ainda reina em Kherson - Svitlana Morenets

Transcrevo a nuvem de incerteza que ainda reina em Kherson, antes de outra grande dúvida que agora ameaça a Crimeia. Paulo Roberto de Almeida 

(recebido em 14/11/2022, de Carlos U. Pozzobon)

As últimas horas da ocupação russa de Kherson

Svitlana Morenets 

(Fonte desconhecida)

A única grande cidade ucraniana que a Rússia conseguiu capturar desde a invasão de fevereiro – Kherson – agora foi libertada. Mas algo mais extraordinário aconteceu: surgiram relatos russos de milhares de soldados sendo deixados na margem direita do rio Dnipro depois que os ocupantes explodiram a ponte Antonivsky de uma milha de extensão.

Moscou nega categoricamente isso, dizendo: “Nenhuma unidade de soldados, equipamento militar e armas foi deixada na margem direita do Dnipro”. Mas blogs militares pró-Kremlin estão repletos de informes diferentes, alguns dizendo que milhares de russos foram abandonados do lado errado do rio. Se até mesmo alguns forem capturados, eles podem ser trocados por prisioneiros de guerra ucranianos. A Ucrânia bombardeou o rio a noite toda, para desencorajar tentativas de fuga.

A névoa da guerra e a desinformação (que pode atingir ambos os lados) torna difícil dizer com confiança o que está acontecendo. O que se segue pode ser uma narrativa inteiramente ficcional do Kremlin, para atrair a Ucrânia para uma armadilha e uma cidade cheia de detonadores de explosivos (ou uma cidade prestes a ser arrasada por mísseis russos, como Grozny foi em 1999). Tropas ucranianas já entraram na cidade e estão sendo recebidas por moradores festejando.

Mas eu gostaria de apresentar uma seleção de comentários de blogueiros pró-Kremlin no Telegram de ontem à noite: guerreiros do teclado que normalmente seguem a linha de Putin,  agora estão extravasando fúria com a retirada e suas implicações.

"Acabei de receber uma mensagem de Kherson. As coisas estão muito piores lá do que imaginávamos”, escreveu o blogueiro de guerra russo Alex Parker na noite passada. “Houve algum tipo de acordo de evacuação em que o Kremlin acreditava, mas acabou sendo um golpe. Aparentemente, os americanos fizeram uma promessa que a Ucrânia ignorou.” Ele não diz qual foi essa promessa. Parker escreve sobre soldados russos em pânico abandonando equipamentos militares e tentando atravessar o rio, e afirma que “cerca de 20.000 soldados podem ser capturados”. Ele está lívido. “O Kremlin acabou de assassinar com as próprias mãos todo o agrupamento que detinha a margem direita de Kherson”, acrescentou Parker. A Ucrânia ainda não fez comentários sobre quaisquer tropas russas capturadas.

Outro blogueiro de guerra russo, Dimitriyev, descreve o pânico entre as forças russas em retirada. “Tem sido impossível cruzar [o rio Dnipo] pacificamente, o exército ucraniano continua bombardeando as travessias. Não houve anistia. Um desastre militar está se aproximando”, escreve ele. Suas palavras são seguidas por Valeria Petrusiewich, uma voluntária russa: 'As tropas ucranianas continuam bombardeando os cruzamentos de Kherson, esfaqueando nossos caras pelas costas.'

Um canal pró-russo do Telegram escreve que, em vez de serem evacuados, os soldados russos estavam tentando fugir “em qualquer coisa que pudesse flutuar. Há brigas por barcos pequenos, barcos de borracha, porque nas grandes travessias corre-se o risco de ficar sob fogo". O combatente russo anteriormente em Kherson, '13º', fala sobre as chances de reconquista de Kherson: 'Se continuarmos lutando assim, perderemos a Crimeia também'. O soldado acrescentou: "Em uma unidade, a última ordem foi trocar as roupas civis e se livrar de tudo".

O canal pró-russo do Telegram 'Volya' cita oficiais russos tentando atravessar o rio: 'As travessias estão sob fogo. Por que eles nos marinariam aqui por 24 horas sem ordens para nos expor à artilharia ucraniana assim? Se os ataques ucranianos forem bem-sucedidos, o exército russo sofrerá suas maiores perdas desde o início da guerra”.

Ainda não houve confirmação oficial de soldados russos sendo encontrados em Kherson. No entanto, esta tarde o serviço secreto ucraniano dirigiu-se aos soldados russos dizendo-lhes que tinham sido abandonados e que deviam render-se imediatamente. Ele também disse que vestir roupas civis, como alguns soldados russos teriam feito, não funcionará e as tentativas de escapar da área são inúteis.

Os comentários russos agora se desviaram do pânico sobre o que pode vir a seguir – falando não apenas da Crimeia (onde as trincheiras já estão sendo cavadas), mas da própria defesa da Rússia. Os militares da Ucrânia podem agora “começar a se dirigir para Moscou”, de acordo com o analista político russo Rostislav Ishchenko. “Em 7-8 horas, um comboio de equipamentos militares, se cruzar a fronteira perto de Gluhiv, chegará à capital a 70 quilômetros por hora.” Ishchenko diz que “os comandantes ucranianos não têm nada a perder” e podem até tomar o Kremlin. Os ucranianos riem de tais declarações - mas é engraçado pensar que passamos de 'vamos tomar Kyiv em três dias' para 'eles invadirão o Kremlin'.

A desinformação é uma arma usada regularmente nesta guerra. É claro que as unidades russas não estavam prontas para a velocidade da retirada; alguns não sabiam nada sobre isso devido a problemas de comunicação ou a falta de responsabilidade do comando russo. As tropas ucranianas já entraram na cidade. Muito em breve saberemos o que os espera.

https://www.spectator.co.uk/article/the-last-hours-of-the-russian-occupation-of-kherson/?utm_medium=email&utm_source=CampaignMonitor_Editorial&utm_campaign=BLND%20%2020221111%20%20House%20Ads%20%20IH+CID_15bf2b33542e06d7f1ca929ce7292cb4


Kherson liberée de l’occupation russe - Le Monde

Dans la ville de Kherson libérée, des habitants incrédules : « Ces drapeaux ukrainiens partout, je n’en crois pas mes yeux »

Après huit mois et demi d’occupation russe, les forces ukrainiennes ont été accueillies avec émotion par la population qui n’avait pas fui la ville du sud de l’Ukraine. 
Par Rémy Ourdan (Kherson, envoyé spécial)
Le Monde, 13/11/2022 à 06h57
Des habitants célèbrent la libération de la ville sur la place de la Liberté dans le centre-ville, à Kherson, le 12 novembre 2022.
Des habitants célèbrent la libération de la ville sur la place de la Liberté dans le centre-ville, à Kherson, le 12 novembre 2022. RAFAEL YAGHOBZADEH POUR « LE MONDE »

Le brouillard de l’aube enveloppe encore Kherson lorsque des premiers habitants apparaissent place de la Liberté. Ils ne sont d’abord qu’une vingtaine. Rares sont ceux ayant eu le privilège de participer aux premières célébrations de libération de la ville, la veille au soir, en dansant autour d’un brasero. D’autres, dans Kherson coupée du monde, n’ont encore eu qu’un lointain et incertain écho de l’événement historique du 11 novembre, par des récits de voisins, ou parce qu’ils ont vu, dans leur rue, une colonne de soldats russes partir ou de combattants ukrainiens entrer en ville.

La première confirmation visuelle de la reconquête de Kherson par les forces armées de Kiev, pour ces gens qui n’ont eu accès ni aux télévisions ni aux réseaux sociaux dans la nuit, est, samedi 12 novembre à l’aube, ce drapeau ukrainien planté, place de la Liberté, devant le bâtiment déserté de l’administration régionale. Il flotte au vent sur ce qui fut un monument dédié aux héros de la révolution de Maïdan, détruit par les forces russes dès les premiers jours d’occupation militaire.

Il y a aussi ces quatre policiers en faction autour d’une fourgonnette, qui semblent un peu se demander ce qu’ils font là, seuls à cette heure matinale, dans une ville dont l’état-major ukrainien craint qu’elle soit encore infestée d’agents russes en civil, ou de soldats de Moscou ayant raté l’heure du départ avant que les ponts la reliant à l’autre rive du Dniepr ne soient coupés.

(…)


domingo, 13 de novembro de 2022

Colonial legacies in the Luso-Brazilian world - edited by Benoni Belli and Keelin Burke (Newberry Library)

Colonial legacies in the Luso-Brazilian world

edited by Benoni Belli and Keelin Burke. 

Chicago : Newberry Library, 2022.


Contents 

Foreword 

Daniel Greene and Keelin Burke, vii 


Brazil at 200: National Identity and the Role of Diplomacy 

Benoni Belli,


The Luso-Brazilian Collections at the Newberry Library 

Will Hansen,


The Impact and Legacies of Brazilian Independence in Portugal (ca. 1825–1850) 

Gabriel Paquette, 15 


Colony, Independence, Nation: Decisive Moments in the History of Brazilian National Identity 

João Paulo Pimenta, 37


A Book Crossed the Atlantic: The Ideas of Republic and the Brazilian Independence 

Heloisa Murgel Starling, 57 


Imagined Republics: The United States, France, and Brazil (1776–1792) Kenneth Maxwell, 71

 

About the Contributors, 121 

Index, 123 


Available at: 

https://www.dropbox.com/s/svt0u17kz3lgobm/NL_Luso-Brasilian.pdf?dl=0


https://www.dropbox.com/s/q6y5hvdockwu9o7/NL_Luso-Brasilian.pdf?dl=0