O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Indicadores quantitativos da OCDE e o Brasil (Publicação Preliminar do IPEA) - Renato Baumann e colaboradores

Indicadores quantitativos da OCDE e o Brasil 

(Publicação Preliminar)

Renato Baumann (coordenador)

https://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/12346

Please use this identifier to cite or link to this item: https://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/12346

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma instituição multilateral voltada à promoção de melhores práticas regulatórias e políticas econômicas. Assume-se algum grau de convergência de seus países membros ao que é considerado uma boa prática, bem como reformas que promovam tal convergência. O Brasil protocolou pedido de acessão à OCDE em 2017. As discussões sobre a acessão do país foram iniciadas em janeiro de 2022 pelo Conselho de Administração. Em junho do mesmo ano, foi formalmente entregue ao Governo brasileiro o Accession Roadmap, que estabelece os termos e condições para o processo de acessão do Brasil à Organização. Com o objetivo de apoiar o Brasil no processo de negociação no contexto de uma possível acessão à OCDE, o IPEA desenvolveu um amplo projeto, de análise detalhada dos indicadores quantitativos empregados pela Organização. O objetivo foi avaliar cada indicador, tendo em vista as características da economia e da sociedade brasileira. No processo de acessão do Brasil à OCDE o tópico de reformas estruturais é um dos mais amplos e multifacetados, na medida em que engloba discussões sobre diversos temas, como empresas e governança pública, política fiscal, regulação, instituições econômicas e intervenções do Estado na economia, ambiente de negócios, comércio internacional, investimento estrangeiro direto, entre outros.

ASEAN Fights for Relevance - Foreign Policy

 

ASEAN Fights for Relevance 

Foreign Policy, Sept 6. 2023

Indonesia is hosting the three-day Association of Southeast Asian Nations (ASEAN) summit this week. On Tuesday, leaders and officials from 10 countries convened in Jakarta to discuss regional security, territorial sovereignty, and growing animosity between the world’s two largest superpowers: the United States and China. ASEAN—whose members are Brunei, Cambodia, Indonesia, Laos, Malaysia, Myanmar, the Philippines, Singapore, Thailand, and Vietnam—represents around 650 million people and more than $2.9 trillion in GDP.

Traditionally, the bloc had preached a policy of nonalignment due to strained loyalties between its biggest security partner, the United States, and its biggest economic partner, China. But recent foreign-policy challenges have tested that practice.

At the top of ASEAN’s agenda this week is the security crisis that has engulfed Myanmar since 2021, when its military overthrew the country’s quasi-democratic government and imprisoned many top leaders, including former leader Aung San Suu Kyi, as well as thousands of other critics. On Tuesday, reports emerged that the ruling junta had denied Aung San Suu Kyi’s request to see an outside physician for her ailing health. The military-led government was set to chair ASEAN in 2026, but the bloc announced on Tuesday that the Philippines would lead the grouping instead. Since the coup, ASEAN has pushed for a five-point peace plan that would end violence in Myanmar, catalyze peace talks between the junta and its opponents, and deliver humanitarian aid.

However, junta-attended dialogues hosted by Thailand and Cambodia have divided the bloc’s approach to the nation’s conflict. Specifically, Thailand and Cambodia, alongside China, have embraced the junta rather than calling for its ouster—while the rest of the bloc suspended Myanmar’s top generals from participating in this week’s ASEAN meetings.

Myanmar isn’t the only regional crisis limiting ASEAN’s effectiveness. Internal disagreements over China have curtailed the bloc’s ability to assert its power. Last week, Beijing released a new map that defined almost all of the South China Sea as under its sovereignty. Numerous ASEAN members—including Brunei, Indonesia, Malaysia, the Philippines, and Vietnam—denounced China’s actions. However, growing Chinese investment in the region, specifically through its Belt and Road Initiative, has hindered the bloc’s willingness to collectively counter rising Chinese aggression.

The bloc’s inability to agree on foreign-policy next steps has damaged its international reputation. Most significantly, major leaders such as U.S. President Joe Biden and Chinese President Xi Jinping chose not to attend this year’s summit. Instead, U.S. Vice President Kamala Harris and Chinese Premier Li Qiang will take their places. “We can complain all we want about other countries not respecting us or not coming to our summits,” former Indonesian Foreign Affairs Minister Marty Natalegawa said. “But ultimately, it is actually a point of reflection.”

Biden’s decision to skip this week’s summit was particularly humiliating for ASEAN because the U.S. president will be in the region later this week. On Thursday, Biden heads to India for the G-20 summit; he will then visit rising economic power Vietnam on Sunday. Despite its seeming deprioritization of ASEAN, the White House has been quick to reaffirm Washington’s interests in Southeast Asia, pointing to Biden’s creation of the first U.S.-hosted summit with ASEAN leaders last year. “It’s just impossible to look at the record that this administration has put forward and say that we are somehow walking away” from the region, White House spokesperson John Kirby said.

 

 

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Putin busca desesperadamente mercenarios para morrer na Ucrânia

 Cuba descobre rede da Rússia para aliciar seus mercenários

O Estado de S. Paulo, 5/09/2023

HAVANA - O Ministério das Relações Exteriores de Cuba acusou nesta terça-feira, 5, a Rússia de recrutar mercenários do país para lutar na guerra da Ucrânia. Em nota, a chancelaria afirmou que Moscou criou uma rede de tráfico de pessoas para incorporar cubanos que vivem na Rússia e na ilha comunista para se juntar as tropas de Vladimir Putin que ocupam o leste ucraniano. A acusação contra Moscou, um histórico aliado da ditadura castrista, vem a público em meio as tensões entre o Exército russo e o Grupo Wagner, depois do golpe frustrado dos mercenários russos contra Putin, em junho, e a morte de seu líder, Ievgeni Prighozin, no mês passado. Ainda de acordo com o governo cubano, a rede russa de tráfico de pessoas foi neutralizada e os suspeitos serão investigados. “Os inimigos de Cuba promovem informações distorcidas que procuram manchar a imagem do país e apresentá-lo como cúmplice destas ações, que rejeitamos categoricamente”, diz a nota. " Cuba não faz parte da guerra na Ucrânia. Atua e atuará com energia contra qualquer pessoa, do território nacional, que participe em qualquer forma de tráfico de pessoas para fins de recrutamento ou mercenarismo de cidadãos cubanos para uso de armas contra qualquer país.” A ditadura cubana não aponta quem estaria por trás dessa rede ou quantas pessoas teriam sido vítimas do tráfico humano. Aliada próxima do Kremlin desde a revolução de 1959, a ilha tem voos diretos para Rússia e um regime recíproco de isenção de vistos por 90 dias. 

De acordo com a Associação para Operações Turísticas da Rússia, cerca de 11 mil cubanos visitaram a Rússia no ano passado. No grupo do Facebook chamado Cubanos em Moscou, que reunia 76 mil pessoas nesta terça-feira, era possível encontrar ofertas com contratos de um ano para o exército russo, informou o The Moscou Times. Anteriormente, em junho, o Cazaquistão, uma ex-república soviética, já havia denunciado um esquema de anúncios nas redes sociais que pretendia atrair combatentes para a guerra na Ucrânia. No ano passado, jornais independentes da Rússia relataram que imigrantes da Ásia Central receberam promessas de cidadania em troca do recrutamento. 

 O ex-presidente Dmitri Medvedev, que integra o Conselho de Segurança russo anunciou que mais 230 mil combatentes teriam se alistado ao exército desde o início do ano. A campanha é divulgada nas redes e em cartazes nas ruas que promovem as Forças Armadas e prometem condições atrativas para os novos militares. Além do salário e de benefícios sociais, os recrutas podem manter os empregos civis durante o tempo de serviço e tem os empréstimos bancários congelados. Ainda como parte do esforço para ampliar a força na Ucrânia e evitar problemas como o motim do grupo Wagner, o presidente russo Vladimir Putin ordenou que os paramilitares devem jurar lealdade à bandeira russa após a morte de Prigozhin. 

 Com a guerra prolongada, além de pessoal o Kremlin também parece buscar artilharia. Depois que a Casa Branca alertou para uma troca de cartas entre Vladimir Putin e Kim Jong-un, o jornal The New York reportou que eles planejam um encontro da Rússia para discutir a troca de armas. A expectativa é de que a reunião ocorra na semana que vem/Com New York Times e AFP

Os 5 maiores economistas do século XX e os 3 melhores brasileiros - Adolfo Sachsida (Gazeta do Povo)

Eu teria colocado Eugênio Gudin entre os três maiores brasileiros, e também Mário Henrique Simonsen, junto com Scheinkman.

História econômica

Os 5 maiores economistas do século XX e os 3 melhores brasileiros

Por Adolfo Sachsida

Gazeta do Povo, 01/09/2023

 

"Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.” (Isaac Newton)

 

Como qualquer ranking, este também tem o seu viés. No meu caso, escolhi os 5 maiores economistas que embutem um mix de contribuições teóricas e participação no debate público, seja deles mesmos ou de suas ideias. Assim, economistas de extrema sofisticação teórica, como Debreu ou Arrow, acabaram ficando de fora de minha lista. De maneira semelhante, economistas com amplo espaço no debate público, mas sem contribuições teóricas, tampouco aparecem em minha lista. Por óbvio, a lista expressa minha opinião e a influência que recebi desses economistas ou de suas ideias. Talvez no passado eu tivesse montado uma lista diferente, mas hoje, após minha passagem por dois cargos na alta esfera de administração pública federal (Ministro de Minas e Energia, e Secretário de Política Econômica), percebi com mais clareza a importância de narrativas, exposição pública e de ideias que despertem o debate junto ao grande público e possam ser implementadas de maneira mais concreta em políticas econômicas críveis e que levem ao crescimento e desenvolvimento econômico sustentável.

 

Os 5 grandes economistas do século XX:


5) Ronald Coase: Sua maior contribuição foi mostrar a importância do estabelecimento de direitos de propriedade para a resolução de problemas econômicos complexos. Esta é uma regra que todo formulador de políticas públicas deve ter em mente: estabelecer corretamente os direitos de propriedade é a solução para uma vasta gama de problemas relacionados a falhas de mercado. Favelas, invasão de terras, poluição, são alguns dos problemas que afligem a sociedade e que podem ser resolvidos via estabelecimento de direitos de propriedade. Coase neles!

 

 

4) Gary Becker: É o responsável pela aplicação do instrumental econômico a um amplo conjunto de problemas sociais. Becker expandiu a ciência econômica, seu instrumental analítico, forma de racionalizar os problemas e suas soluções, para todas as ciências sociais. A ideia de usar o instrumental econômico para resolver problemas relacionados a criminalidade, educação, interação social, entre outros, faz de Becker um dos grandes economistas do século passado.

 

3) Milton Friedman: Foi talvez o maior porta voz da importância de uma economia de livre mercado como o caminho para o crescimento e desenvolvimento econômico. Sempre presente no grande debate público, Friedman cobrava coerência de seus colegas que adoravam liberdade na academia, mas por vezes apoiavam medidas restritivas de liberdade na sociedade. Do ponto de vista teórico, entre outras contribuições, Friedman relacionava a inflação à expansão de moeda. Em outras palavras, para Friedman a expansão de moeda era a maior responsável pela inflação. Lição valiosa para o debate público atual. Friedman também é conhecido por seus alertas aos efeitos não-intencionais das intervenções governamentais na economia. Costumava dizer que as políticas públicas devem ser julgadas por seus efeitos, e não por suas intenções. Perfeito!

 

2) Robert Lucas Jr: É o grande nome da macroeconomia moderna. Seu empenho em elaborar os fundamentos microeconômicos da macroeconomia mudaram para sempre o estudo da macroeconomia. Lucas cobrava que os modelos macroeconômicos tivessem sólida base microeconômica. Além disso, Lucas popularizou o uso nos modelos econômicos da ideia de expectativas racionais (que já existia desde Muth, mas sem a devida atenção). Lucas também mostrou a importância de se ajustarem os modelos econométricos na presença de quebras estruturais, a famosa “Crítica de Lucas”. É difícil falar de macroeconomia moderna sem falar de Lucas. A rigor, é bem provável que Lucas seja um dos economistas mais citados em qualquer lista dos maiores economistas do século XX.

 

1) Friederich von Hayek: Gênio. Contribuições importantes nas áreas de direito, filosofia, história das ideias, além, é claro, de ter sido, em minha opinião, o maior economista do século XX. Seu artigo clássico “The Use of Knowledge in Society” (publicado na American Economic Review em 1945) é até hoje um dos estudos mais influentes no pensamento econômico. Hayek argumentava sobre a importância do mecanismo de preços para estabelecer a correta alocação dos recursos na economia. Além disso, políticas que mascarassem o mecanismo de preços – tal como o famoso congelamento de preços praticado amplamente no Brasil na segunda metade da década de 1980 – levariam inevitavelmente a um problema de escassez e terminariam reduzindo o bem-estar da sociedade. BINGO! Grande defensor do livre mercado, Hayek advogava também pelo uso de moedas privadas, tema em moda hoje em dia. Hayek também tem importantes contribuições sobre a teoria do ciclo econômico. Para ele o governo costumava ser o responsável por parte dos ciclos econômicos ao inflar artificialmente o canal de crédito na economia. Explicação essa que me parece ser um dos pilares da crise de 2015-16 (juntamente com o aumento expressivo do gasto público que antecedeu a crise). Hayek também escreveu o melhor livro de economia que já li: “O Caminho da Servidão” (livro de cabeceira de Margareth Thatcher).

 

Os economistas brasileiros

E os brasileiros? O artigo já está grande, mas achei importante ressaltar quem foram, em minha opinião, os três maiores economistas brasileiros do século XX:

 

Aloisio Pessoa de Araujo

José Scheinkman

Carlos Geraldo Langoni

Tive o prazer de trabalhar tanto com o professor Aloisio Araujo quanto com o professor Langoni. Fica aqui registrada minha admiração e agradecimento.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/adolfo-sachsida/os-5-maiores-economistas-do-seculo-xx-e-os-3-melhores-brasileiros/

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What happened to the new world order? - Stephen Collinson, Caitlin Hu, Shelby Rose (CNN)

Todo mundo quer uma nova ordem mundial, desde que seja a seu favor. Alguns embarcam na conversa de outros. É o que está acontecendo agora mesmo com a diplomacia lulopetista.


What happened to the new world order?



 

At the G20 summit in London in 2009, Britain's then-Prime Minister Gordon Brown heralded a “new world order” in which rich and developing nations would come together to tame the inequities and excesses of globalization.

 

At the height of a global financial crisis, Brown declared a “new progressive era of international co-operation.” Fourteen years later, the G20 summit in India later this week will reflect how hopes of a global order based on a Western rules-based system have splintered, the world's division into democratic and autocratic camps, and the way in which internal populism and protectionism in many states have eroded pushes for free trade. Brave words about reforming carbon economies now face resistance as the economic price and political complications of fighting climate change emerge. Xi Jinping, the leader of the world’s new superpower, China, won’t even show up to the summit. G20 member Russia is a pariah over the war in Ukraine and President Vladimir Putin cannot risk travel in case he’s arrested for war crimes on an international warrant.

 

It’s unlikely that the G20 meeting will produce any consensus on the war in Ukraine, given that Russia and probably China would block it. The biggest risk of the summit is that it could actually heighten antagonism between many of the Western and developing nations that the group was set up to bridge. Any new mistrust between Western democracies and developing states in the G20 of course plays into the hands of Putin and Xi.

 

Xi’s reasoning is often opaque, but his no-show might be a protest at simmering border tensions and rising geopolitical angst with the great eastern Pacific superpower India, or could even be motivated by internal economic concerns over a property market crisis in China. But Xi did find time to attend an summit of the BRICS nations in Johannesburg last month. The group -- including Brazil, Russia, India, China and South Africa -- welcomed new members Saudi Arabia, Iran, Ethiopia, Egypt, Argentina and the United Arab Emirates. The move was widely interpreted as another step by China toward creating its own competing world order to the US and its allies, in which it leads a group of developing states. In that light, his absence from the G20 takes on a whole new perspective.

 

US President Joe Biden said at the weekend that he was disappointed that he wouldn’t see Xi, after a flurry of US foreign policy and trade officials visited Beijing in a bid to slow plummeting relations. Biden might still be able to set up a bilateral meeting with Xi at the Asia Pacific Economic Cooperation forum summit in San Francisco in November. But the jury is still out on whether Beijing is as keen on easing crisis-hit relations as much as Washington is.

 

Xi’s absence could offer Biden an opening to push forward his relationship with Indian Prime Minister Narendra Modi, whom he welcomed to a glittering state dinner at the White House in June. The US would like to nudge India closer to security arrangements and political groupings involving its allies in the Pacific, as it seeks to counterbalance rising Chinese power. But India is likely to go only so far, as its historic non-aligned status evolves into a posture of trying to have a foot in both camps. New Delhi has disappointed the West by failing to forcefully condemn Russia’s invasion of Ukraine and has profited from cheap Russian oil following a boycott by US-allied nations. As a rising power that is still regarded as a developing nation, India is a leading member of both the BRICS and the G20.



China’s Xi fights fires at home and abroad - Ishaan Tharoor, Sammy Westfall (The Washington Post)

 Passou o tempo da China virar um hegemon de verdade? Aparentemente não, ainda é possível, mas ela vai ter de abandonar essa pretensão de ser novamente um Celeste Império...

The Washington Post, September 5, 2023

Uma pequena sintese sobre avanços e recuos civilizatórios - Paulo Roberto de Almeida

Como vejo povos e nações historicamente existentes

  

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nota sobre os progressos civilizatórios de povos e nações. 

 

Cada pessoa é absolutamente única no mundo. 

Cada país conhece um processo histórico   exclusivo e original, mas suas evoluções se interpenetram pela transferência de espécies, migrações, dominação, exploração, aprendizado, cooperação, pois somos da mesma espécie humana, com subvariantes culturais. 

Avanços e recuos, progressos e declínios, podem ser comparados, pois que baseados em técnicas econômicas, instituições políticas, inovações tecnológicas, produção científica e intelectual. 

Alguns povos ou nações avançam mais do que outros, o que geralmente está vinculado ao estoque socialmente acumulado de conhecimento e sua dispersão social e intergeracional. 

A cultura formal ajuda nesses processos, mas não impede recuos, ou desastres, dependendo da dominação política, igualitária, tirânica, oligárquica. Um pouco de sorte também ajuda, mas certos povos constroem seus próprios problemas, ao enfrentarem choques externos sem capacidade de reagir, ou sendo tolerantes com comportamentos antirracionais internos. 

O Brasil, por exemplo, insiste em soluções erradas, muito pela baixa educação geral da população. A Argentina, por sua vez, vem abusando de sua capacidade de cometer os mesmos erros reiteradamente. 

Em geral, gênios individuais convivem com a assa amorfa de indivíduos vivendo uma existência sem qualquer aporte significativo ao estoque socialmente disponível de conhecimento útil à sociedade. Instituições políticas e culturais adequadas à elevação educacional da população são indispensáveis nesse processo, mas oligarquias predatórias costumam atrapalhar os avanços e capturar para si o excedente de riqueza social. Somos um “bom” exemplo desses obstáculos.

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4468, 5 setembro 2023, 2 p.


segunda-feira, 4 de setembro de 2023

A armadilha que o Brics pode se tornar - André Sacconato (Fecomércio)

EDITORIAL

A armadilha que o Brics pode se tornar

Economista comenta sobre algumas alterações no bloco ocorridas recentemente que podem ser uma armadilha

Economista comenta sobre algumas alterações no bloco ocorridas recentemente que podem ser uma armadilha 

Por André Sacconato*

FECOMERCIO, 04/09/2023

https://www.fecomercio.com.br/noticia/a-armadilha-que-o-brics-pode-se-tornar

 

O Brics se formou como um bloco com o propósito de encaminhar propostas específicas de interesse comum entre os países signatários, o que é totalmente legítimo quando tratamos de demandas desviadas de conflitos diplomáticos (ou mesmo bélicos).

Desde a formação do bloco, em 2009, muita coisa aconteceu. Dentre tantos eventos, dois foram decisivos para testar os limites do grupo: a intensificação do processo de decoupling entre os Estados Unidos e a China, culminando com o radical Chips Act, e a invasão da Ucrânia pela Rússia. De um dia para o outro, metade dos países-membros do bloco se viu envolvida em choques profundos que dividiram o mundo.

Nesse cenário, o grupo tomou uma configuração perigosa. Para o Brasil, não é interessante tomar um posicionamento no conflito entre as duas maiores potências mundiais, tampouco adotar uma postura pró-Rússia, o que seria desastroso tanto em termos diplomáticos quanto humanitários. Assim, a situação é bastante delicada. Surge então, um grande desafio para a diplomacia brasileira, que busca construir voz mais ativa no grupo: como o Brics pode manter uma postura neutra sem tomar nenhum partido nessa conjuntura?

Cabe ao Brasil afastar do bloco qualquer discussão que envolva conflitos geopolíticos, concentrando-se em temas prioritários (e importantíssimos) para todos os membros do Brics no momento. Temas esses que incluem desenvolvimento humano, combate à pobreza, diminuição de barreiras alfandegárias, enfrentamento das mudanças climáticas e promoção de energias limpas. É imperativo manter a conduta de abordar apenas assuntos de interesse mútuo no âmbito do Brics.

Nesse contexto, a aprovação da entrada de novos países no grupo pode ser arriscada, parafraseando o embaixador Rubens Barbosa, isso poderia expor o Brasil a riscos, como a perda de poder de barganha e influência nas decisões, além de obrigar o País a endossar deliberações com as quais não concorda. Além disso, quanto mais membros integrarem o bloco, maior será a probabilidade de situações desse tipo ocorrerem, especialmente ao lidar com nações próximas à Rússia e à China.

Outro aspecto crítico são as questões econômicas. A facilitação das trocas comerciais entre países utilizando as respectivas moedas é um tópico que merece, de fato, discussão. A redução da dependência do dólar nas transações pode ser benéfica, especialmente para países como o Brasil e a China, que sofrem com as flutuações da moeda norte-americana, impactando os seus negócios bilaterais.

No entanto, a ideia de uma moeda única ainda é distante. Para que essa proposta seja considerada, seria necessário haver uma convergência quase obrigatória em termos de condições macroeconômicas, incluindo níveis de dívida, déficits e modelos cambiais (como a livre conversibilidade das moedas).

Não precisa ser um exímio especialista para perceber que as condições econômicas de Brasil e China são muito discrepantes, principalmente considerando a presença da Rússia no bloco. Qualquer discussão em torno desse assunto seria impraticável.

Em suma, o Brics deve concentrar esforços na promoção do crescimento de seus países-membros, evitando se tornar um bloco antagônico em relação aos Estados Unidos e ao mundo ocidental. Não há vantagem para o Brasil em adotar essa postura. Portanto, a diplomacia nacional deve rejeitar essa possibilidade de forma clara. Apesar dos desafios, essa abordagem é indispensável.


*André Sacconato é economista, consultor da FecomercioSP e integrante do CEEP.
Artigo originalmente publicado no Portal Contábeis em 1º de setembro de 2023.

Saiba mais sobre o Conselho de Economia Empresarial e Política (CEEP).

 

 

domingo, 3 de setembro de 2023

¿Puede Javier Milei ganar las elecciones en primera vuelta? - Raúl Kollmann (El País)

¿Puede Javier Milei ganar las elecciones en primera vuelta? El veredicto de los encuestadores

El País, 3/09/2023

La posibilidad de que Javier Milei gane en primera vuelta, sin ballotage, no fue descartada por los encuestadores consultados por Página/12, aunque la mayoría lo ve muy improbable.

Facundo Nejamkis, de Opina Argentina, sostiene que “luego de la confirmación del escenario de tres tercios, corresponde analizar cuál de ellos es el que más chances tiene de crecimiento. Si analizamos la falta de legitimidad del sistema político en su conjunto, si a eso le agregamos la voluntad de cambio que una mayoría clara expresa en las encuestas y si por último vemos el cambio de expectativas a favor de Milei, uno tiende a pensar que es el que que más chances tiene de crecer. Los límites que presentan las candidaturas de Massa (por oficialismo) y de Bullrich (por parecido de familia con Milei) confirman estas especulaciones. Como Milei ahora es el centro de gravedad del sistema político, solo resta saber cómo afecta eso a los votantes que, por miedo, pueden llegar a movilizarse en contra del candidato libertario. A su favor le juega que este factor miedo o de rechazo suele ser más desequilibrante cuando este tipo de políticos tienen o han tenido un paso por el poder. Solo restan dilucidar dos interrogantes principales. Primero: qué ocurrirá con los votantes que voten en octubre y no lo hicieron en las PASO. Segundo: hasta dónde puede llegar ese crecimiento de Milei y si es posible que tengamos un desenlace sin pasar por la segunda vuelta".

 Marina Acosta, de Analogías, se refiere específicamente a la posibilidad de que Milei gane en primera vuelta. Lo ve improbable. “En estos momentos estamos observando un escenario de balotaje entre la ultraderecha y el oficialismo. Esto es, estimamos improbable que Milei pueda imponerse en primera vuelta ya sea porque logre el 45 por ciento de los votos afirmativos o porque alcance el 40 por ciento de los votos y saque una diferencia porcentual mayor a 10 puntos respecto de la fórmula que le sigue. El principal movimiento del desplazamiento del voto que estamos notando es el que se está dando desde Juntos por el Cambio hacia Milei. Vemos a una ciudadanía expectante por los movimientos de las distintas fuerzas políticas, en un contexto de crisis de UxP y JxC, las dos coaliciones predominantes”.

Campaña con vacíos

Prácticamente todos los consultores perciben una enorme debilidad en las campañas que se están haciendo.

Santiago Giorgetta de Proyección lo formula así. “Bullrich está muy desorientada. El crecimiento de Milei es inevitable. Massa tiene que buscar el 33 o 34 por ciento de los votos y tal vez las medidas lanzadas van en esa dirección: apuntalar a una mayoría, en especial a los sectores de menos recursos que perdieron poder de salario. UxP tiene que recuperar en esa franja, sí o sí”.

Timerman es aún más duro. “El tema es que Milei hasta ahora había sido el único que presentaba propuestas. Apareció esta semana una lista de propuestas de Bullrich-Melconian. Pero no existen las propuestas de Sergio Massa. Y en las elecciones, si no hay promesas, no hay campaña, dice un viejo slogan norteamericano. Si no hay promesa, no hay campaña. Y por ahora no sabemos cómo va a ser la República Argentina si Sergio Massa es presidente”.

“Los tres candidatos está modificando el discurso -sostiene Analía Del Franco-. Milei empezó a moderarse. Habla poco de dolarización, Banco Central o venta de órganos. No impacta en su electorado, pero sí en los nuevos votantes que puede captar. Bullrich recurrió a Melconian, porque la cuestión económica era de gran debilidad. Massa por ahora transita su posición de ministro y presentador de acciones de gobierno. No aparece la propuesta. Igual creo que es el que mejor actúa y trabaja y canaliza a los que tienen miedo al crecimiento de Milei”