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quinta-feira, 11 de abril de 2024

"Ideal é privatizar a Petrobras", diz Marcelo Mesquita, conselheiro mais antigo da Petrobras (Valor)

"Ideal é privatizar a Petrobras", diz Mesquita

Governança - Conselheiro mais longevo afirma que crises sucessivas ocorrem pelo modelo estatal

Kariny Leal, Fábio Couto e Francisco Góes - Do Rio

Valor, 11/04/2024


Mais antigo conselheiro da Petrobras, cargo que ocupa há oito anos, o economista Marcelo Mesquita entende que a privatização é a melhor saída para as contínuas crises vividas pela empresa, governo após governo. "Se um governo do PT faz isso, ficaria no poder 20 anos", diz. Um modelo possível, segundo ele, seria o de "Corporation", empresa sem controle acionário definido, com atuação focada em exploração e produção de petróleo no Brasil. No formato atual de empresa de economia mista, Mesquita identifica vários problemas. Entre os quais aponta as tentativas de ingerência política, incluindo a formação de preços dos combustíveis, e retrocessos na governança, que vai sendo minada gradualmente: "É uma barragem que vai criando rachaduras", compara.

No tempo em que está no colegiado da Petrobras, Mesquita conviveu com sete diferentes presidentes da empresa. Ele deixará o conselho depois da assembleia de acionistas do dia 25, uma vez que não pode se candidatar a uma terceira reeleição, vedada pelo estatuto. O economista não quis opinar sobre tuna possível permanência do atual CEO da estatal, Jean Paul Prates. Mas reconheceu que o debate sobre o comando da estatal paralisa a companhia. Diz ainda nunca ter visto situação como a atual em que conselheiros do governo e diretoria não se entendem, como ocorreu no caso dos dividendos extraordinários: "É como se não fosse bom estar dando lucro e pagando dividendo." A seguir os principais pontos da entrevista ao Valor: Valor: Que avaliação faz do momento da Petrobras?

Marcelo Mesquita Em crises anteriores, a empresa estava em momento ruim. Em 2018, a Petrobras tinha dívida e custos altos. A lucratividade não era elevada, a empresa não pagava dividendos e a cotação do petróleo estava baixa. A empresa estava fragilizada. Hoje, anos depois, é diferente porque se fez uma reestruturação da governança. A empresa chegou a ter 120 mil funcionários, hoje tem 60 mil e produz mais. Quando se vê que a empresa está indo bem, não tem a "desculpa" para Brasília de que [a Petrobras] não pode atender os pedidos.

Valor: Porque dá lucro?

Mesquita: A empresa é muito lucrativa. Do ponto de vista do país, deveríamos olhar isso [o lucro] com felicidade, e não com o estranhamento que algumas pessoas olham, como se ter muito lucro fosse errado. É como se não fosse bom estar dando lucro e pagando dividendo, essa é a insanidade do atual momento.

Valor: Qual é a razão disso?  

Mesquita: A visão de que a Petrobras é uma galinha de ovos de ouro para o país precisa ser um consenso. O debate deveria ser o seguinte: vai haver uma transição energética, vamos fazer com a Petrobras ou não? É um debate complexo e saudável que o Ministério de Minas e Energia (MME) devia ter com o país. A empresa tem que dar lucro e pagar o máximo de dividendo que puder. Isso não deveria ser debatido. As pessoas acham que está sobrando dinheiro porque a Petrobras não está investindo o suficiente. É uma falácia. Esse é o ponto de partida da conversa do dividendo e do lucro. A Petrobras tem um plano de investimento que é o maior do Brasil, da América Latina e do hemisfério sul. É quase o tamanho da Exxon Mobil, a maior empresa de petróleo americana. Óbvio que a Petrobras gostaria de investir mais, mas precisa ter projeto.

Valor: Se a empresa está tão bem operacionalmente, por que não se construiu um consenso para evitar a crise dos dividendos?

Mesquita: Pois é, eu não entendo. Não sou do governo, não entendo o que acontece entre os políticos em Brasília. O sindicato não querer maior distribuição de dividendos até entendo, porque eles acham que dinheiro na empresa é melhor para ter mais emprego. Mas, de novo, isso é uma falácia porque não gera mais emprego sem as condições [econômicas] para sustentar essas vagas. Se tem dinheiro sobrando e compra ativo na Bolívia, na Venezuela ou na África só para dar destinação ao recurso, não faz sentido. Eu também gostaria que o país fosse autossuficiente em fertilizantes, mas não existe país rico que faça tudo. Se somos bons em fazer poços profundos, vamos focar nisso. Vamos debater como aumentar o investimento em exploração no Brasil.

Valor: Há risco de retrocesso na governança da Petrobras depois dos avanços dos últimos anos?

Mesquita: O risco é a empresa estar muito lucrativa, pagando dividendos e as pessoas quererem fazer coisas que no passado já se viu que não dão retomo. Esse risco é potencializado pela incerteza da transição energética. Mesmo empresas de petróleo privadas, sem as amarras da Petrobras, estão vivendo esse dilema [de diversificar o portfólio].

Valor: Qual é o melhor uso do dinheiro da Petrobras?

Mesquita: O ideal é privatizar a Petrobras, ter uma empresa menor e mais focada em exploração e produção de petróleo no Brasil. E deixar o país usar os recursos [da privatização] para fazer o que precisa, como infraestrutura, escolas, hospitais e abater a dívida pública para ter uma taxa de juros mais baixa. Isso permite ter um custo de capital menor. É saudável para o país usar esse dinheiro que a Petrobras gera. A Noruega e o Chile, por exemplo, têm fundos criados para pegar o excedente de dinheiro em momento de bonança, investir e guardar. No Brasil, não temos maturidade política para guardar porque todo mundo quer gastar quando está no poder e não deixar para quem vem depois. Se pudesse, esse seria o caminho: colocar o dinheiro em um fundo e usar quando precisar. Mas isso é tão sofisticado que não estamos nesse ponto do debate no Brasil.

Valor: O senhor defende a privatização da Petrobras há tempos, mas nunca houve condições reais de avançar nessa discussão...

Mesquita: A sociedade evoluiu. Agora seria o momento de ser magnânimo, de ser estadista. Se um governo do PT faz isso, ficaria no poder 20 anos. Deveriam ter a grandeza de entender isso. Se as forças políticas entendessem que têm que ser pragmáticas e não ideológicas em certas questões, alcançaríamos o consenso para nos desenvolvermos como nação. Cada vez que entra um grupo, fala que vai fazer tudo diferente do anterior. Não se acha uma convergência para que haja avanço.

Valor: Por que nunca ninguém conseguiu privatizar a Petrobras?

Mesquita: Porque ela ficou por último, depois de outros setores como celulose, siderurgia e mineração. A Petrobras, talvez por ser a maior e mais rentável, de um setor que muitos países têm estatais, ficou para o fim. E tem um debate polêmico [em torno ao tema], então vai indo pelas beiradas.

Valor Seu modelo para a privatização seria o de uma "Corporation"?

Mesquita: Privatização pode ser feita em vários modelos, o país tem que debater. Como permitir que a Petrobras se livre das interferências políticas privatizando, mas sem que fique desnacionalizada e aumentando investimentos, pagando impostos e gerando mais lucro. Se faz uma operação eficiente e lucrativa, o país ganha com isso, como ganha com a Vale. Quem é contra privatização por hipocrisia, deveria se obrigar a usar escola e hospital públicos em vez de ir no privado. O governo nem precisaria ter participação acionária, mas poderia influenciar, via "golden share", para não desnacionalizar. O governo recebe impostos da Petrobras, que são brutais. O [valor] que vai para funcionários e acionistas também é brutal.

Valor: Mas para privatizar teria que ter apoio do Congresso, mudar a Lei do Petróleo...

Mesquita: Estamos ficando para trás no mundo. A urgência da privatização da Petrobras tem a ver com a transição energética global. O petróleo vai deixar de ser uma riqueza, então precisamos usá-lo de forma correta.

Valor: Em que prazo?

Mesquita: Ninguém sabe. Mas está determinado que o planeta não quer mais usar petróleo, quer outras fontes de energias renováveis. Não sabemos em que velocidade. Uma empresa privada e ágil vai ter mais condições de tomar riscos do que uma estatal que muda a direção a cada quatro anos com a troca de governo. Qualquer governo de direita ou de esquerda quer mudar o presidente [da Petrobras] a cada ano. Em oito anos, eu vi sete conselhos, sete presidentes, sete diretorias. O Prates entrou, ainda está mudando as pessoas e a estrutura, e já estão falando que ele vai sair.

Valor: A dificuldade de Prates parece ser se equilibrar entre os interesses do governo e do mercado.

Mesquita: Esse embate existe porque tem minoritários que colocaram dinheiro e estão ali brigando. A empresa de economia mista [caso da Petrobras] funciona melhor do que quando não é, mas no Brasil não funciona bem como poderia. Porque não tem esse consenso político de que tem que ter vida de empresa e que não é uma autarquia federal. Com a "class action" [ação movida por investidores contra a Petrobras nos EUA, em 2015] e o acordo com a SEC [a CVM americana], a Petrobras se comprometeu a melhorar a governança e criar regras para evitar ataques e interferências. Graças a isso nos últimos oito anos a empresa melhorou muito. O ataque de Brasília é o mais difícil. Bolsonaro [o ex-presidente Jair Bolsonaro] ligava e achava que podia fazer o que queria. Mas não pode porque as pessoas que estão ali respondem com o CPE É resistência diária, mas a empresa vai sendo minada. É uma barragem que vai criando rachaduras. A flexibilização da Lei das Estatais foi uma delas.

Valor: Faltam duas semanas para a assembleia que vai eleger o conselho. Qual é a sua expectativa?

Mesquita: É um assunto difícil de falar, melhor comentar depois.

Valor: Tem elementos para dizer se Prates fica no cargo?

Mesquita: Nenhum, mas ficar 15 dias aparecendo supostos nomes que vão entrar [como CEO] é péssimo. A empresa para, os diretores começam a procurar emprego porque sabem que vão ficar desempregados. O presidente para de tomar decisão, as empresas que queriam parcerias também param.

Valor: O clima no conselho não parecer ser bom. É isso mesmo?

Mesquita: Onde tem alguma polêmica é quando se define o plano estratégico, ao definir o longo prazo da empresa. Eu votei contra o plano estratégico porque acredito numa Petrobras focada em exploração e produção, vendendo campos maduros, não entrando em coisas que não sabe fazer. Essa gestão, orientada por Brasília, aposta no outro caminho [de diversificar investimentos]. Tem que ter responsabilidade de votar com o CPE Às vezes tem consenso e outras vezes não.
Valor: Um caso em que não houve consenso foi na votação do dividendo extraordinário, quando Prates se absteve na votação.

Mesquita: Nunca vi isso em oito anos. Nos governos Temer e Bolsonaro, mesmo com todas as mudanças, havia coordenação entre CEO e o chairman da empresa, entre conselheiros colocados pelo governo e o que o presidente da empresa estava querendo fazer, sempre houve coordenação forte. Não entendo o que acontece, também não pergunto e não quero saber. É muito estranho a diretoria ter uma proposta e os conselheiros que a indicaram não terem uma atuação coordenada. É surpreendente como minoritário. E não sei explicar, não sei porque é assim. Eu acho que tem que ser distribuído 100% de tudo o que sobra. Por definição, se sobrou dinheiro e a empresa está com dívida resolvida, investindo o máximo que pode, tem que distribuir.

Valor: Então o senhor foi contrário à criação da reserva de capital.

Mesquita: Claro! Porque não tem que ter reserva de procrastinação. Eu até brinco internamente que essa não é uma reserva de capital, é uma reserva de atraso, porque esse dinheiro, um dia, ou vai ter que ser dado ao acionista ou vai ser investido em maluquice. Ou pode queimar [o recurso] caso faça retenção de preço de combustíveis.

Valor: Há algum ativo que a Petrobras não deveria ter vendido?

Mesquita: Foi ótimo [vendera distribuição de combustíveis] porque cria mais concorrência, mais players. Também não houve problema em vender refinarias. Quando se tem uma fatia de mercado monopolista e o dono da empresa é o governo, a mão pesada é sempre para vender barato e fazer politicagem. Historicamente, o capital aplicado em refino nunca deu retorno porque sempre se tentou represar preços para segurar a inflação.

Val

"Ideal é privatizar a Petrobras", diz Mesquita

Governança - Conselheiro mais longevo afirma que crises sucessivas ocorrem pelo modelo estatal

Kariny Leal, Fábio Couto e Francisco Góes - Do Rio

Mais antigo conselheiro da Petrobras, cargo que ocupa há oito anos, o economista Marcelo Mesquita entende que a privatização é a melhor saída para as contínuas crises vividas pela empresa, governo após governo. "Se um governo do PT faz isso, ficaria no poder 20 anos", diz. Um modelo possível, segundo ele, seria o de "Corporation", empresa sem controle acionário definido, com atuação focada em exploração e produção de petróleo no Brasil. No formato atual de empresa de economia mista, Mesquita identifica vários problemas. Entre os quais aponta as tentativas de ingerência política, incluindo a formação de preços dos combustíveis, e retrocessos na governança, que vai sendo minada gradualmente: "É uma barragem que vai criando rachaduras", compara.

No tempo em que está no colegiado da Petrobras, Mesquita conviveu com sete diferentes presidentes da empresa. Ele deixará o conselho depois da assembleia de acionistas do dia 25, uma vez que não pode se candidatar a uma terceira reeleição, vedada pelo estatuto. O economista não quis opinar sobre tuna possível permanência do atual CEO da estatal, Jean Paul Prates. Mas reconheceu que o debate sobre o comando da estatal paralisa a companhia. Diz ainda nunca ter visto situação como a atual em que conselheiros do governo e diretoria não se entendem, como ocorreu no caso dos dividendos extraordinários: "É como se não fosse bom estar dando lucro e pagando dividendo." A seguir os principais pontos da entrevista ao Valor: Valor: Que avaliação faz do momento da Petrobras?

Marcelo Mesquita Em crises anteriores, a empresa estava em momento ruim. Em 2018, a Petrobras tinha dívida e custos altos. A lucratividade não era elevada, a empresa não pagava dividendos e a cotação do petróleo estava baixa. A empresa estava fragilizada. Hoje, anos depois, é diferente porque se fez uma reestruturação da governança. A empresa chegou a ter 120 mil funcionários, hoje tem 60 mil e produz mais. Quando se vê que a empresa está indo bem, não tem a "desculpa" para Brasília de que [a Petrobras] não pode atender os pedidos.

Valor: Porque dá lucro?

Mesquita: A empresa é muito lucrativa. Do ponto de vista do país, deveríamos olhar isso [o lucro] com felicidade, e não com o estranhamento que algumas pessoas olham, como se ter muito lucro fosse errado. É como se não fosse bom estar dando lucro e pagando dividendo, essa é a insanidade do atual momento.

Valor: Qual é a razão disso?  

Mesquita: A visão de que a Petrobras é uma galinha de ovos de ouro para o país precisa ser um consenso. O debate deveria ser o seguinte: vai haver uma transição energética, vamos fazer com a Petrobras ou não? É um debate complexo e saudável que o Ministério de Minas e Energia (MME) devia ter com o país. A empresa tem que dar lucro e pagar o máximo de dividendo que puder. Isso não deveria ser debatido. As pessoas acham que está sobrando dinheiro porque a Petrobras não está investindo o suficiente. É uma falácia. Esse é o ponto de partida da conversa do dividendo e do lucro. A Petrobras tem um plano de investimento que é o maior do Brasil, da América Latina e do hemisfério sul. É quase o tamanho da Exxon Mobil, a maior empresa de petróleo americana. Óbvio que a Petrobras gostaria de investir mais, mas precisa ter projeto.

Valor: Se a empresa está tão bem operacionalmente, por que não se construiu um consenso para evitar a crise dos dividendos?

Mesquita: Pois é, eu não entendo. Não sou do governo, não entendo o que acontece entre os políticos em Brasília. O sindicato não querer maior distribuição de dividendos até entendo, porque eles acham que dinheiro na empresa é melhor para ter mais emprego. Mas, de novo, isso é uma falácia porque não gera mais emprego sem as condições [econômicas] para sustentar essas vagas. Se tem dinheiro sobrando e compra ativo na Bolívia, na Venezuela ou na África só para dar destinação ao recurso, não faz sentido. Eu também gostaria que o país fosse autossuficiente em fertilizantes, mas não existe país rico que faça tudo. Se somos bons em fazer poços profundos, vamos focar nisso. Vamos debater como aumentar o investimento em exploração no Brasil.

Valor: Há risco de retrocesso na governança da Petrobras depois dos avanços dos últimos anos?

Mesquita: O risco é a empresa estar muito lucrativa, pagando dividendos e as pessoas quererem fazer coisas que no passado já se viu que não dão retomo. Esse risco é potencializado pela incerteza da transição energética. Mesmo empresas de petróleo privadas, sem as amarras da Petrobras, estão vivendo esse dilema [de diversificar o portfólio].

Valor: Qual é o melhor uso do dinheiro da Petrobras?

Mesquita: O ideal é privatizar a Petrobras, ter uma empresa menor e mais focada em exploração e produção de petróleo no Brasil. E deixar o país usar os recursos [da privatização] para fazer o que precisa, como infraestrutura, escolas, hospitais e abater a dívida pública para ter uma taxa de juros mais baixa. Isso permite ter um custo de capital menor. É saudável para o país usar esse dinheiro que a Petrobras gera. A Noruega e o Chile, por exemplo, têm fundos criados para pegar o excedente de dinheiro em momento de bonança, investir e guardar. No Brasil, não temos maturidade política para guardar porque todo mundo quer gastar quando está no poder e não deixar para quem vem depois. Se pudesse, esse seria o caminho: colocar o dinheiro em um fundo e usar quando precisar. Mas isso é tão sofisticado que não estamos nesse ponto do debate no Brasil.

Valor: O senhor defende a privatização da Petrobras há tempos, mas nunca houve condições reais de avançar nessa discussão...

Mesquita: A sociedade evoluiu. Agora seria o momento de ser magnânimo, de ser estadista. Se um governo do PT faz isso, ficaria no poder 20 anos. Deveriam ter a grandeza de entender isso. Se as forças políticas entendessem que têm que ser pragmáticas e não ideológicas em certas questões, alcançaríamos o consenso para nos desenvolvermos como nação. Cada vez que entra um grupo, fala que vai fazer tudo diferente do anterior. Não se acha uma convergência para que haja avanço.

Valor: Por que nunca ninguém conseguiu privatizar a Petrobras?

Mesquita: Porque ela ficou por último, depois de outros setores como celulose, siderurgia e mineração. A Petrobras, talvez por ser a maior e mais rentável, de um setor que muitos países têm estatais, ficou para o fim. E tem um debate polêmico [em torno ao tema], então vai indo pelas beiradas.

Valor Seu modelo para a privatização seria o de uma "Corporation"?

Mesquita: Privatização pode ser feita em vários modelos, o país tem que debater. Como permitir que a Petrobras se livre das interferências políticas privatizando, mas sem que fique desnacionalizada e aumentando investimentos, pagando impostos e gerando mais lucro. Se faz uma operação eficiente e lucrativa, o país ganha com isso, como ganha com a Vale. Quem é contra privatização por hipocrisia, deveria se obrigar a usar escola e hospital públicos em vez de ir no privado. O governo nem precisaria ter participação acionária, mas poderia influenciar, via "golden share", para não desnacionalizar. O governo recebe impostos da Petrobras, que são brutais. O [valor] que vai para funcionários e acionistas também é brutal.

Valor: Mas para privatizar teria que ter apoio do Congresso, mudar a Lei do Petróleo...

Mesquita: Estamos ficando para trás no mundo. A urgência da privatização da Petrobras tem a ver com a transição energética global. O petróleo vai deixar de ser uma riqueza, então precisamos usá-lo de forma correta.

Valor: Em que prazo?

Mesquita: Ninguém sabe. Mas está determinado que o planeta não quer mais usar petróleo, quer outras fontes de energias renováveis. Não sabemos em que velocidade. Uma empresa privada e ágil vai ter mais condições de tomar riscos do que uma estatal que muda a direção a cada quatro anos com a troca de governo. Qualquer governo de direita ou de esquerda quer mudar o presidente [da Petrobras] a cada ano. Em oito anos, eu vi sete conselhos, sete presidentes, sete diretorias. O Prates entrou, ainda está mudando as pessoas e a estrutura, e já estão falando que ele vai sair.

Valor: A dificuldade de Prates parece ser se equilibrar entre os interesses do governo e do mercado.

Mesquita: Esse embate existe porque tem minoritários que colocaram dinheiro e estão ali brigando. A empresa de economia mista [caso da Petrobras] funciona melhor do que quando não é, mas no Brasil não funciona bem como poderia. Porque não tem esse consenso político de que tem que ter vida de empresa e que não é uma autarquia federal. Com a "class action" [ação movida por investidores contra a Petrobras nos EUA, em 2015] e o acordo com a SEC [a CVM americana], a Petrobras se comprometeu a melhorar a governança e criar regras para evitar ataques e interferências. Graças a isso nos últimos oito anos a empresa melhorou muito. O ataque de Brasília é o mais difícil. Bolsonaro [o ex-presidente Jair Bolsonaro] ligava e achava que podia fazer o que queria. Mas não pode porque as pessoas que estão ali respondem com o CPE É resistência diária, mas a empresa vai sendo minada. É uma barragem que vai criando rachaduras. A flexibilização da Lei das Estatais foi uma delas.

Valor: Faltam duas semanas para a assembleia que vai eleger o conselho. Qual é a sua expectativa?

Mesquita: É um assunto difícil de falar, melhor comentar depois.

Valor: Tem elementos para dizer se Prates fica no cargo?

Mesquita: Nenhum, mas ficar 15 dias aparecendo supostos nomes que vão entrar [como CEO] é péssimo. A empresa para, os diretores começam a procurar emprego porque sabem que vão ficar desempregados. O presidente para de tomar decisão, as empresas que queriam parcerias também param.

Valor: O clima no conselho não parecer ser bom. É isso mesmo?

Mesquita: Onde tem alguma polêmica é quando se define o plano estratégico, ao definir o longo prazo da empresa. Eu votei contra o plano estratégico porque acredito numa Petrobras focada em exploração e produção, vendendo campos maduros, não entrando em coisas que não sabe fazer. Essa gestão, orientada por Brasília, aposta no outro caminho [de diversificar investimentos]. Tem que ter responsabilidade de votar com o CPE Às vezes tem consenso e outras vezes não.
Valor: Um caso em que não houve consenso foi na votação do dividendo extraordinário, quando Prates se absteve na votação.

Mesquita: Nunca vi isso em oito anos. Nos governos Temer e Bolsonaro, mesmo com todas as mudanças, havia coordenação entre CEO e o chairman da empresa, entre conselheiros colocados pelo governo e o que o presidente da empresa estava querendo fazer, sempre houve coordenação forte. Não entendo o que acontece, também não pergunto e não quero saber. É muito estranho a diretoria ter uma proposta e os conselheiros que a indicaram não terem uma atuação coordenada. É surpreendente como minoritário. E não sei explicar, não sei porque é assim. Eu acho que tem que ser distribuído 100% de tudo o que sobra. Por definição, se sobrou dinheiro e a empresa está com dívida resolvida, investindo o máximo que pode, tem que distribuir.

Valor: Então o senhor foi contrário à criação da reserva de capital.

Mesquita: Claro! Porque não tem que ter reserva de procrastinação. Eu até brinco internamente que essa não é uma reserva de capital, é uma reserva de atraso, porque esse dinheiro, um dia, ou vai ter que ser dado ao acionista ou vai ser investido em maluquice. Ou pode queimar [o recurso] caso faça retenção de preço de combustíveis.

Valor: Há algum ativo que a Petrobras não deveria ter vendido?

Mesquita: Foi ótimo [vendera distribuição de combustíveis] porque cria mais concorrência, mais players. Também não houve problema em vender refinarias. Quando se tem uma fatia de mercado monopolista e o dono da empresa é o governo, a mão pesada é sempre para vender barato e fazer politicagem. Historicamente, o capital aplicado em refino nunca deu retorno porque sempre se tentou represar preços para segurar a inflação.

Valor: Faz sentido econômico ter lançado o segundo trem da Rnest [Refinaria Abreu e Lima]?

Mesquita: Faz porque o investimento foi feito. O ganho é grande ao se terminar o que começou. Votei a favor. Apesar de ter sido um investimento mal-feito, com preços absurdos, que demorou à beça [para ser implantado], a pior obra é a inacabada. Não é uma questão ideológica, é prática, específica.

Valor: Há defasagem nos preços dos combustíveis desde o início do ano. Como é o debate no conselho?

Mesquita: Não se pode olhar a defasagem apenas a curto prazo. Todo mês o conselho monitora a política de preços, a equipe de vendas explica o que está acontecendo com dados e gráficos. Na gestão de Prates, a política foi correta, não se vendeu gasolina com subsídios. Quando precisou, [a Petrobras] aumentou [os preços]. Agora é difícil [aumentar preços], porque quando se fala em derrubar o presidente e é preciso reajustar, é difícil acreditar que ele vá fazer. Entram as pressões políticas. Eu já vi esse filme antes. Por isso tem que privatizar.

Valor E se Prates reajustasse os preços dos combustíveis hoje?

Mesquita: Seria corajoso ao extremo. Eu, se fosse ele, até tentaria, para mostrar que é forte e que não vai sair. Se o Lula não quer tirá-lo [da presidência da Petrobras] de fato, é um ótimo momento para aumentar os combustíveis, mostrar que está tudo normal.


or: Faz sentido econômico ter lançado o segundo trem da Rnest [Refinaria Abreu e Lima]?

Mesquita: Faz porque o investimento foi feito. O ganho é grande ao se terminar o que começou. Votei a favor. Apesar de ter sido um investimento mal-feito, com preços absurdos, que demorou à beça [para ser implantado], a pior obra é a inacabada. Não é uma questão ideológica, é prática, específica.

Valor: Há defasagem nos preços dos combustíveis desde o início do ano. Como é o debate no conselho?

Mesquita: Não se pode olhar a defasagem apenas a curto prazo. Todo mês o conselho monitora a política de preços, a equipe de vendas explica o que está acontecendo com dados e gráficos. Na gestão de Prates, a política foi correta, não se vendeu gasolina com subsídios. Quando precisou, [a Petrobras] aumentou [os preços]. Agora é difícil [aumentar preços], porque quando se fala em derrubar o presidente e é preciso reajustar, é difícil acreditar que ele vá fazer. Entram as pressões políticas. Eu já vi esse filme antes. Por isso tem que privatizar.

Valor E se Prates reajustasse os preços dos combustíveis hoje?

Mesquita: Seria corajoso ao extremo. Eu, se fosse ele, até tentaria, para mostrar que é forte e que não vai sair. Se o Lula não quer tirá-lo [da presidência da Petrobras] de fato, é um ótimo momento para aumentar os combustíveis, mostrar que está tudo normal.


How stable is the US-China relationship? - Ian Bremer (GZero Daily)

 How stable is the US-China relationship?

Ian Bremer

GZero Daily, April 11, 2024

   

The most geopolitically important relationship in the world is fundamentally adversarial and devoid of trust. Its long-term trajectory remains negative, with no prospect of substantial improvement.

And yet, ever since US President Joe Biden and Chinese President Xi Jinping met at the Asia-Pacific Economic Cooperation summit in Woodside, Calif., last November, US-China relations have looked comparatively stable amid a sea of chaos.

In the months that have followed, both sides have continued to seek steadier ties through frequent high-level engagement as well as new dialogue channels on a wide range of policy areas. In January, the US and China resumed military-to-military talks for the first time in nearly two years. On April 2, Biden and Xi spoke by telephone and ratified their ongoing commitment to manage tensions. The presidential call came after the third in-person meeting between US National Security Adviser Jake Sullivan and Chinese Foreign Minister Wang Yi in less than a year on Jan. 16-17. It set the stage for US Treasury Secretary Janet Yellen’s trip to China this past week – where she met with senior Chinese officials, local and provincial leaders, and top economists – as well as US Secretary of State Antony Blinken's upcoming visit. Both militaries are currently in the final stages of preparation for a maritime dialogue and a likely ministerial meeting at the Shangri-La Dialogue in June.

However, while better managed than they have been historically, US-China relations are coming under stress from a number of flashpoints that threaten to disrupt the relative calm that has prevailed since Woodside.

Second Thomas Shoal. This is the most likely, imminent, and dangerous tripwire for US-China military conflict, following an incident on March 23 in which Chinese Coast Guard ships fired high-pressure water cannons on a Philippine vessel attempting to deliver construction materials to the rusting BRP Sierra Madre – a symbolic Philippine warship, home to a small detachment of Philippine marines, that was intentionally grounded by Manila in the South China Sea’s Second Thomas Shoal in 1999 to assert Philippine sovereignty over the disputed territory.

Beijing refuses to allow any construction materials to reach the Sierra Madre, and Philippine President Ferdinand Marcos feels he must continue sending materials to prevent it from sinking lest he renounce Manila’s claim. The latest run-in injured several Filipino sailors but stopped short of causing fatalities. US defense officials believe that if a Philippine sailor were to get killed, Manila would invoke its Mutual Defense Treaty with Washington, prompting the US to send military escorts for Philippine resupply ships. Chinese contacts say that if that happened, Beijing would consider towing the Sierra Madre off the reef, setting up a showdown between the US and Chinese navies.

Tech competition. Xi views Washington’s ever-expanding restrictions on China’s advanced semiconductor and artificial intelligence industries – and its pressure on US allies like Japan, the Netherlands, Germany, and South Korea to follow suit – as an effort to curb his country’s technological and economic development. More than ordinary trade barriers, tech restrictions get under Xi’s skin because they hit at the heart of his strategy to shift the sources of Chinese growth away from real estate and infrastructure investment toward “new productive forces.” Insofar as the US containment policy persists – and it will, as it is driven by a bipartisan national security consensus to “de-risk” – Beijing will eventually be compelled to retaliate.

Trade. A sticking point for labor unions in an election year, Chinese industrial “overcapacity” was a central theme of both Biden’s call with Xi and Yellen’s China trip. Washington’s core contention is that China accounts for a third of global production but only a sixth of global consumption. As a result, China’s heavily subsidized (or outright state-owned) firms are flooding Western and global markets with low-cost goods, especially in key sectors such as electric vehicles (EVs), batteries, and solar photovoltaics, benefiting consumers worldwide through lower prices – and reducing emissions by increasing the adoption of renewables – but hurting the less competitive American manufacturers.

American accusations ring hollow in Beijing when the US is simultaneously granting TSMC, the world’s leading producer of semiconductors, billions of dollars in subsidies to expand chip manufacturing in America. Separate but related, the irony of the US (and Europe) complaining about China making the global energy transition cheaper while at the same time chastising the country for not doing enough to decarbonize their economy is not lost on the Chinese and many in the global South. But I digress.

From Washington’s perspective, overcapacity is a problem at the core of China’s industrial policy model that will be made worse by Xi's aversion to boosting domestic consumption. Given the election-year politics of the issue for Democrats, at least some market access barriers before November are likely – whether through the Section 301 review of China’s steel industry, the Chinese EV data security probe, and/or the likely realignment of Trump-era tariffs on EVs and other imports. Still, anything Biden might do on trade pales in comparison to the risk of major tariff escalation that Beijing will face if Donald Trump returns to the White House.

Taiwan. China’s leadership has concluded that Taiwanese President-elect William Lai is an irredeemable separatist, and Lai sees little upside in trying to persuade Beijing otherwise. Xi’s embrace of Lai’s Kuomintang predecessor, Ma Ying-jeou, in a high-profile meeting on April 8 didn’t help defuse tensions. Lai’s inaugural address on May 20 will accordingly set the stage for a gradual erosion of cross-strait ties over the next four years. The pressure will start as soon as this summer when China begins to regularly enter Taiwan’s contiguous zone, “erasing” the island’s territorial waters and airspace. While these moves will be calibrated and telegraphed to Washington through backchannels to limit retaliation, Lai could escalate and force Biden to respond with a show of resolve in support for Taipei that risks a dangerous cycle of escalation.

But while these irritants will strain the bilateral relationship, there are still plenty of reasons for both leaders to want to maintain relatively stable ties, at least through the US elections.

Biden can’t afford to start a new war when he’s already managing two abroad – one in Ukraine, one in the Middle East – and fighting another at home. Xi continues to face major domestic economic challenges that require him to be much more geopolitically cautious than he would otherwise. Tensions are further constrained from spiraling out of control by enduring interdependence between the world’s two largest economies, neither of which would benefit from faster decoupling let alone military conflict.

Of course, as we saw both in 2022 with former House Speaker Nancy Pelosi’s visit to Taiwan and in 2023 with the Chinese surveillance balloon incident, accidents and miscalculations can easily overwhelm leaders’ ability to manage the tensions. But the communications channels established since November make such flare-ups less likely.

Neither the US nor China want a free-fall in their relationship this year, and thanks to Woodside, they now have the tools to avoid one. The Woodside truce may bend, but it won’t break.


Putin continua sua campanha terrorista contra a Ucrânia: o mundo assiste impassivelmente? - Notícia e Paulo Roberto de Almeida

Putin continua sua campanha terrorista contra a Ucrânia: o mundo assiste impassivelmente?

Notícia e Paulo Roberto de Almeida  

Primeiro a notícia:

“Update: Centerenergo loses 100% of generation capacity after Russian attack on Kyiv Oblast plant.

Ukraine's state energy company Centerenergo lost 100% of its generation capacity after the April 11 strike that destroyed the Trypillia Thermal Power Plant in Ukrainka, Kyiv Oblast, the company said.”

Agora meu comentário:

Se isso não é um Estado terrorista, o que seria? Impossibilitado de conquistar militarmente a Ucrânia como pretendeu fazer desde fevereiro de 2022, o tirano de Moscou continua em sua campanha terrorista de destruir sistematicamente a infraestrutura do país e a atacar indiscriminadamente alvos civis, matando o maior número possível de civis. 

 A Ucrânia precisaria dispor de maiores meios de defesa antimísseis, o que só os países ocidentais poderiam fornecer. A outra maneira de contra-arrestar a continuidade desse tipo de massacre sistemático seria estrangular economicamente a Rússia, para impedi-la de prosseguir em sua campanha terrorista. Contra tiranos não funcionam apelos de paz ou negociações diplomáticas: as únicas maneiras são uma força maior ou o constrangimento de sanções paralisantes.

Lideranças esclarecidas do Sul Global poderiam tomar essa iniciativa. Mas onde estão as lideranças democráticas desse fantasmagórico Sul Global? O presidente do Brasil, que pretende ser uma das lideranças dessa diáfano Sul Global, poderia se prestar a esse papel, se não fosse totalmente indiferente aos sofrimentos do povo ucraniano e se não estivesse totalmente comprometido com seu projeto de constituir uma aliança antiocidental em prol de uma fantástica “nova ordem global”, supostamente “multipolar” (o que é uma redundância absoluta), cuja principal característica é a de ter à sua frente duas grandes autocracias voltadas para o objetivo maior de retirar os EUA de sua atual condição hegemônica. 

Esta é, expressa e deliberadamente, a meta da atual política externa brasileira, a pretexto de criar uma ordem global “mais democrática” desde que “multipolar”, como se a ordem de Bretton Woods, caracteristicamente ocidental (pois que baseada em democracias de mercado e em DH e em vários outros princípios iluministas) fosse contrária ou nefasta aos interesses nacionais brasileiros de crescimento econômico com desenvolvimento social, num regime político de plenas liberdades democráticas, como se tal existisse na “ordem global alternativa” prometida pelas duas grandes autocracias da atualidade. É esse projeto insano de colocar a diplomacia do Brasil como caudatária de dois regimes autoritários que move a postura de Lula e seus apparatchiks do PT. 

Eu me pergunto o que passaria pela cabeça de meus colegas diplomatas — a maior parte sendo formada por pessoas esclarecidas, de formação humanista e de índole democrática— ao serem levados a colaborar passivamente com tal tipo de projeto, em tudo e por tudo profundamente contrário e prejudicial aos interesses nacionais brasileiros e violentamente oposto a qualquer sentido humanitário e democrático que eles possam exibir individualmente. 

Pessoalmente, sinto-me profundamente consternado ao assistir a tal DEGRADAÇÃO dos princípios e valores de nossas tradições diplomáticas e até opostos às cláusulas constitucionais de relações internacionais, tal como inscritas no Art. 4 da Carta Magna.

Assim como se faz na carreira médica, em relação ao compromisso hipocrático de “salvaguardar a vida humana”, na carreira diplomática deveria haver o compromisso de defender os princípios constitucionais pelos quais a geração anterior batalhou desde a resistência contra o regime ditatorial que prevaleceu no Brasil dos anos 1960 aos 80. Seria o mínimo a esperar de diplomatas dotadas de alguma consciência humanista. O atual projeto diplomático do partido no poder é antidemocrático e contrário aos interesses nacionais.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 11 de abril de 2024

terça-feira, 9 de abril de 2024

O Brasil tem problemas demais para ter pensamento estratégico- Rubens Barbosa (OESP)

AMBIÇÃO EXTERNA SEM PENSAMENTO ESTRATÉGICO

Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo, 9/04/2024


No Brasil, os problemas sociais, pobreza, concentração de renda, falta de recursos para o Estado, gastos desnecessários e duplicados, déficit público, déficit educacional e cientifico e tecnológico, sem falar nos privilégios, nos problemas da segurança pública, na violência e na corrupção, segurança jurídica para garantir investimentos, para citar os mais dramáticos, deixam pouco espaço para um pensamento de meio e longo prazo, verdadeiro esforço estratégico para um país do porte do Brasil, potência média, a nona economia do mundo, com interesses importantes a preservar na área do agronegócio e com grandes deficiências e vulnerabilidades na área industrial e, sobretudo, de Defesa, pelo baixo aproveitamento dos avanços da tecnologia.

 

O mundo mudou e hoje as preocupações com a Defesa são prioritárias. No meio de duas guerras, na Europa e no Oriente Médio, 58 conflitos localizados em 35 países e, na nossa vizinhança, a ameaça bélica da Venezuela contra a Guiana, o Brasil não pode se dar ao luxo de ignorar esse pensamento estratégico.

 

A falta de uma visão estratégica tornou-se trágica para o ambiente da Defesa Nacional e para um projeto nacional, exemplificado agora com o anúncio da venda da AVIBRAS, empresa líder de tecnologia de ponta no lançamento de foguetes. Com problemas de gestão que se arrastam a mais de ano, com dívidas acumuladas, o governo Lula ao assumir, tentou encontrar uma fórmula para preservar a empresa nacional, sem sucesso.

 

Caso se concretize a venda da AVIBRAS, será a terceira empresa de grande porte e significado na Defesa que o Brasil perde, depois da Engesa (carro de combate) e da Mectron SIATT (míssil naval). Em comunicado, a Avibras e a empresa australiana Defend Tex informaram que vem mantendo tratativas para viabilizar a recuperação econômica-financeira da empresa para manter suas unidades fabris no Brasil, retomar as operações e manter o fornecimento previsto nos contratos. Apesar do grave dano à soberania, com a desnacionalização da empresa, a operação conta com a boa vontade do governo e das autoridades do Ministério da Defesa (MD), inclusive dos comandantes das três Forças.

 

O Centro de Defesa e Segurança Nacional (CEDESEN), junto com a ABIMDE, apresentaram proposta ao MD que poderia ser uma saída para a Avibras. Sugeriu-se a criação da Empresa Crítica de Defesa (ECD), visto que uma análise de risco observando impacto com a descontinuidade de operações ou com a perda do controle nacional mostra que certas empresas são Críticas para o presente e futuro da país. A proposta é simples e direta: Criação, por lei, da classificação adicional de ECD, que se somaria às Empresas Estratégicas de Defesa (EEDs) e Empresas de Defesa (EDs). Para se tornar ECD a empresa deveria ser uma EED. Uma análise de risco deveria apontar que a sua descontinuidade possuiria impacto significativo imediato e de longo prazo em áreas estratégicas e de interesse da Segurança Nacional (e não somente Defesa Nacional). O Estado deveria se organizar para realizar aquisições mínimas periódicas das ECD de forma manter a capacidade de P&D e produtiva ao menos com carga mínima, evitando-se assim a sua desmobilização. Como contrapartida, as ECD deveriam estar sujeitas a intervenção técnico-econômica direta da União em caso de iminência de perda de controle nacional ou de severo desarranjo econômico. Os mecanismos precisariam ser discutidos, mas poderiam incluir a criação de Golden Share, inclusive sendo este uma forma de aporte financeiro.

 

Segundo a legislação vigente, a lei 12.598, determina que, em EED, o controle fique restrito a 40% dos votos, além de desenvolver tecnologia nacional. Aparentemente, não foi isso o que ocorreu. A legislação deveria ser aplicada, mas pode deixar de ser por não existir um responsável por desenvolver e sustentar uma Base Industrial de Defesa estratégica para o país

 

Algumas sugestões apareceram para tentar contornar a questão das dívidas crescentes da companhia que parou de fornecer equipamento ao exterior e enfrenta ameaça de paralização total. A última instância seria estatizar a empresa em troca da dívida tributária sem colocação de recursos públicos ou controle administrativo para empresas, mas não teve apoio de Lula.

 

Essa transação ocorre quando o MD discute a atualização da Política Nacional de Defesa e a Estratégia Nacional de Defesa, embora a questão da Avibras certamente não tenha sido colocada no contexto mais amplo da capacidade de Defesa do país. Os interesses divergentes no contexto do establishment militar brasileiro não permitem ainda o entendimento de que a capacidade militar tem dois componentes essenciais. Capacidade operacional de combate, providas pelas FFAA e capacidade logística de defesa, provida pelas sinergias entre um órgão do Estado que gere a demanda por produtos e tecnologia de defesa e uma BID estratégica, sem a qual as FFAA não podem operar e mesmo existir. As FFAA exigem uma reforma estrutural para se modernizar e apoiar a indústria nacional de Defesa.

 

O assunto transcende as competências do Poder executivo e deveria merecer a atenção do Congresso já que envolve questões de Defesa e Segurança Nacional.

 

Rubens Barbosa, presidente do Centro Estudos de Defesa e Segurança Nacional (CEDESEN)


Protecionismo comercial não garante desenvolvimento econômico - Paulo Roberto de Almeida

Protecionismo comercial não garante desenvolvimento econômico

 Um aluno me pergunta, numa postagem minúscula:

“ Professor, dá para comparar o protecionismo americano do século XIX com as atitudes protecionistas dos dias atuais?”

Respondo sinteticamente:

Não dá para comparar, mas os protecionistas de hoje acham que os EUA cresceram apenas porque tinham altas tarifas (o que não é verdade). Não se desenvolve um país apenas pela política comercial: o rabo do comércio não pode abanar o cachorro do desenvolvimento. São necessárias outras condições que o Brasil não tinha e não tem até hoje. Do contrário todos os protecionistas seriam avançados, o que não ocorre. 

Existe um mito, muito propagado por Celso Furtado, sobre as famosas “tarifas hamiltonianas”, de fato altas, mas numa conjuntura de retaliação contra a Grã-Bretanha, por ocasião da “segunda guerra da independência” (1812-15). Depois as tarifas foram moderadas, até uma nova alça por ocasião da guerra de secessão, por uma razão muito simples: impostos sobre o comércio exterior eram a única fonte de renda da União, já que todos os outros impostos eram estaduais ou locais. A União precisa de dinheiro para financiar o esforço de guerra.

As tarifas só voltam a subir no final do século, quando todos os outros paises— principalmente a Alemanha — conhecem uma tendência protecionista, nacionalista, estatista, industrializante.

O Brasil SEMPRE foi altamente protecionista no Império e na velha República, mas era mais por razões fiscais — receitas para o governo central — do que por motivos industrializantes (não tinhamos os requisitos sociais, educacionais e outros para um processo industrializador integral). 

O protecionismo renitente do Brasil serviu para industrializar o país de forma desequilibrada, pois isolou das pressões competitivas do mercado internacional, deixando-nos defasados, sem economia de escala e sem marcas próprias no mercado mundial.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 9 abril 2024


A segunda Guerra Fria agora virou realidade - Paulo Roberto de Almeida

“Russia, China agree to deepen cooperation in Eurasia to counter US influence, Russian Foreign Minister Sergey Lavrov said on April 9 in Beijing.”

A segunda Guerra Fria, que desde o início dos anos 2000 era basicamente econômica e tecnológica, agora é oficial e já está ativa, entre China e Rússia  assumindo desta vez contornos estratégico-militares.

Na primeira Guerra Fria, o Brasil foi aliado americano ao início, nos anos 1940-50,  mas depois ficou neutro, e isso desde o regime militar. Mantivemos a autonomia da política externa e da diplomacia brasileira, sem nos envolvermos nos conflitos interimperiais.

Agora, nesta confirmação de uma segunda e mais decisiva Guerra Fria, o Brasil de Lula 3 já escolheu o seu lado? 

Tudo leva a crer que sim, pelos compromissos no BRIC, no BRICS e agora no BRICS+.


Diplomacia ideologizada - Denis Lerrer Rosenfield ( Estadão)

 ESPAÇO ABERTO

Diplomacia ideologizada

O atual governo, de repente, torna-se um baluarte do antiocidentalismo, sob a máscara esquerdista da luta contra o Imperialismo norte-americano'

Denis Lerrer Rosenfield 
O Estado de S. Paulo, 8/04/2024

Em períodos normais, as relações externas do País têm pouco impacto sobre a política interna. Presidentes e diplomatas estão centrados na defesa dos interesses estratégicos do Brasil, de seus interesses comerciais e em sua inserção num mundo cada vez mais globalizado. Isso se traduz pelo fato de que questões diplomáticas se tornam assuntos restritos de especialistas e do Itamaraty. Saliente-se a neutralidade e a imparcialidade, enquanto princípios norteadores, do trabalho de nossa diplomacia. Todavia, a diplomacia presidencial está tendo como efeito a perda de popularidade do presidente.

A causa se deve a que o presidente Lula e o PT geraram uma inflexão desta política diplomática, praticamente operando uma ruptura, embora não cansem de dizer que estão apenas fazendo uma correção de rota. Se há correção de rota, caberia determinar se há rota alguma no que estão apresentando, salvo se a virmos sob o prisma do apoio a presidentes autocráticos, avessos à democracia, e da crítica feroz aos valores ocidentais, aqueles mesmos que introduziram no mundo os princípios da liberdade e da igualdade. Chega a ser lamentável a fraternidade introduzida com os terroristas do Hamas, com o ditador Nicolás Maduro, com Vladimir Putin e Cuba.

De repente, o atual governo torna-se um baluarte do antiocidentalismo. Tudo isso sob a máscara esquerdista da luta contra o "imperialismo norte americano", como se nosso futuro estivesse atrelado ao fundamentalismo islâmico, do Hamas ou do Irã, aos valores da "Grande Nação" russa, eurasiana e não ocidental, ou ao esquerdismo venezuelano.

Dentre as aberrações diplomáticas, fica difícil privilegiar uma ou outra. A de Maduro é um caso contumaz de apreço pela violência, pela ditadura e pela mais cruel repressão, e isso desde o primeiro governo Lula. Segue coerente! Seria, ao arrepio de toda a lógica, uma "democracia" por realizar eleições fraudulentas, sem a participação legítima da oposição e sem imprensa e meios de comunicação livres.

Ademais, a população venezuelana vive sob a miséria e a violência, como se isso fosse, então, o reino do socialismo/comunismo. Se esse é o reino da igualdade, melhor os eleitores brasileiros se organizarem para o próximo pleito eleitoral, pois não é isso que almejam.

Ainda sob a ótica diplomática, bastou o Itamaraty fazer uma nota amiga, tímida, solidária com Maduro e sua trupe, quase se desculpando por exprimir uma pequena discordância, para que o ditador e seu ministro de Relações Exteriores dessem um tapa na cara do Brasil. E o que fez o presidente brasileiro? Calou-se!

O caso da Rússia é um caso à parte, pois a ditadura de Putin é considerada como se fosse de esquerda, quando defende abertamente valores de extrema direita, ancorados na Igreja Ortodoxa, na repressão indiscriminada a quaisquer opositores, em valores antiocidentais, propugnando pela ideia de uma civilização russa que se projetaria para o exterior, sendo a invasão da Ucrânia o seu primeiro passo e tendo em Alexander Dugin o seu mais proeminente pensador. Lula e o PT são uma amostra de daltonismo político, nem mais sabendo distinguir esquerda de direita.

Cuba é outro exemplo de um amor incontido. A ditadura castrista e seus herdeiros não cessam de submeter a sua população à miséria, à repressão policial, à ausência de liberdade, com uso intensivo de prisões e tortura, se for o caso. Essa ilha é tão feliz sob o domínio comunista que os seus servos (não se pode considerá-los cidadãos) têm um único objetivo: fugir do paraíso. Recentemente, uma dirigente petista chegou a dizer que a situação cubana se deve ao "bloqueio" americano. Não há nenhum bloqueio, mas embargo! A ilha não está cercada militarmente, pode comercializar com quem quiser, salvo com os Estados Unidos e com empresas americanas no mundo. Por que não se torna próspera negociando com a Rússia, a China e o Irã?

A visita do presidente Emmanuel Macron ao Brasil, por sua vez, foi constrangedora. Os dois presidentes não negociaram o que é mais importante para o Brasil: o acordo Mercosul-União Europeia. O presidente francês deu-se, inclusive, ao luxo de dizer que a proposta atual, fruto de 20 anos de laboriosas negociações, era "péssima". Tudo deveria recomeçar, provavelmente para atender aos interesses dos agricultores franceses, que nem querem ouvir falar de restrições ambientais, pelos próximos 20 anos. Lula e Macron ficaram saltitando de mãos dadas como namorados e fazendo fotos com indígenas na Amazônia. Os franceses adoraram as fotos! Paradoxalmente, Lula colocou-se na posição do colonizado e Macron, do colonizador.

Lula, até agora, não se desculpou por sua infame comparação entre o Holocausto judeu sob o nazismo e a autodefesa de Israel, operando uma guerra urbana, em meio a túneis e com o Hamas utilizando a sua população como escudo humano. Hospitais tornam-se centros do terror, em flagrante crime de guerra. Entretanto, numa completa inversão, Israel é que seria culpado pela "destruição de hospitais". Vale aqui, também, o antiocidentalismo, senão o antissemitismo.

PROFESSOR DE FILOSOFIA NA UFRGS E-MAIL: DENISROSENFIELD@TERRA.COM.BR

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Trajetória de Paulo Roberto de Almeida nas relações internacionais - relação de livros por editoras comerciais e em edições digitais

 Trajetória de Paulo Roberto de Almeida nas relações internacionais, nas relações exteriores do Brasil e na diplomacia brasileira: um itinerário acadêmico-prático

Paulo Roberto de Almeida

Relação de meus trabalhos nos campos afetos à política internacional e do Brasil, como refletido em livros publicados desde os anos 1990.

 

Seleção dos livros publicados por editoras comerciais: 23

 

1)      55) Intelectuais na diplomacia brasileira: a cultura a serviço da nação (Brasília: 15 maio 2023, 310 p.; em publicação. Relação de trabalhos n. 4397)

2)      50) Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira (Curitiba: Appris, 2021, 291 p.; ISBN: 978-65-250-1634-4)

3)      36) Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (Boa Vista: Editora da UFRR, 2019, 165 p.; ISBN livro impresso: 978-85-8288-201-6; ISBN livro eletrônico: 978-85-8288-202-3)

4)      35) Contra a corrente: Ensaios contrarianistas sobre as relações internacionais do Brasil (2014-2018) (Curitiba: Appris, 2019, 247 p.; ISBN: 978-85-473-2798-9)

5)      33) O homem que pensou o Brasiltrajetória intelectual de Roberto Campos (Curitiba: Appris, 2017, 373 p.;ISBN: 978-8547304850)

6)      32) Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (3ª edição; Brasília: Funag, 2017; 2 vols.; 964 p.; ISBN: 978-85-7631-675-6).

7)    31) Nunca Antes na Diplomacia…: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Editora Appris, e-book, 2016, 450 p.; 1366 KB; Kindle, ASIN: B0758G8BXL).

8)   21) Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Editora Appris, 2014, 289 p.; ISBN: 978-85-8192-429-8).

9)    19) Integração Regional: uma introdução (São Paulo: Saraiva, 2013, 192 p.; ISBN: 978-85-02-19963-7).

10)   18) Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização (Rio de Janeiro: LTC, 2012, 328 p.; ISBN: 978-85-216-2001-3). 

11)   17) Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização. Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2010, xx+272 p.; ISBN: 978-85-375-0875-6). 

12)   14) O Estudo das Relações internacionais do Brasil: um diálogo entre a diplomacia e a academia (Brasília: LGE Editora, 2006, 385 p.; ISBN: 85-7238-271-2).

13)   Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (2ª edição; São Paulo: Editora Senac, 2005, 680 pp., ISBN: 85-7359-210-9).

14)   12) Relações internacionais e política externa do Brasil: história e sociologia da diplomacia brasileira (2ª ed.: revista, ampliada e atualizada; Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004, 440 p.; ISBN: 85-7025-738-4). 

15)   09) Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas (São Paulo: Editora Paz e Terra, 2002, 286 p.; ISBN: 85-219-0435-5).

16)   8) Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (São Paulo: Editora Senac, 2001, 680 pp., ISBN: 85-7359-210-9).

17)   7) Le Mercosud: un marché commun pour l’Amérique du Sud. Paris : L’Harmattan, 2000, 160 p.; ISBN: 2-7384-9350-5). 

18)   6) O estudo das relações internacionais do Brasil (São Paulo: Editora da Universidade São Marcos, 1999, 300 p.; ISBN: 85-86022-23-3).

19)   5) O Brasil e o multilateralismo econômico (Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, na coleção “Direito e Comércio Internacional”, 1999, 328 p.; ISBN: 85-7348-093-9).

20)   4) Velhos e novos manifestos: o socialismo na era da globalização (São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 1999, 96 p.; ISBN: 85-7441-022-5).

21)   3) Mercosul: Fundamentos e Perspectivas (São Paulo: Editora LTr, 1998, 160 p.; ISBN: 85-7322-548-3).

22)   2) Relações internacionais e política externa do Brasil: dos descobrimentos à globalização (Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1998, 360 p.; ISBN: 85-7025-455-5).

23)   O Mercosul no contexto regional e internacional (São Paulo: Edições Aduaneiras, 1993, 204 p.; ISBN: 85-7129-098-9).

 

Seleção dos livros publicados digitalmente: 19

 

1)    51) A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2022, 277 p.; 1377 KB; ISBN: 978-65-00-46587-7; ASIN: B0B3WC59F4)

2)    49) O Itamaraty sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo, (Brasília: Diplomatizzando, 2021, 130 p. ISBN: 978-65-00-22215-9; ASIN: B094V28NGD)

3)    48) Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira(Brasília: Diplomatizzando, 2020, 169 p.; ISBN: 978-65-00-19254-4; Academia.edu)

4)    46) A ordem econômica mundial e a América Latina: ensaios sobre dois séculos de história econômica (Brasília: Diplomatizzando, 2020; 394 p.; 2286 KB; ISBN: 978-65-00-05967-0; Kindle, ASIN: B08CCFDVM2)

5)    45) O Mercosul e o regionalismo latino-americano: ensaios selecionados, 1989-2020 (Brasília: Diplomatizzando, 2020; 497 p.; 2537 KB; ISBN: 978-65-00-05970-0; Kindle, ASIN: B08BNHJRQ4)

6)    44) O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020; 205 p.; 1309 KB; ISBN: 978-65-00-05968-7; Kindle, ASIN: B08B17X5C1).

7)    41) Minhas colaborações a uma biblioteca eletrônica: contribuições a periódicos do sistema SciELO (Brasília: Edição de Autor, 2019, 525 p.; 920 KB; Kindle, ASIN: B08356YQ6S).

8)    40) Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude (Brasília, Edição do Autor, 2019, 543 p.; 1908 KB; Kindle, ASIN: B082Z756JH).

9)    39) O panorama visto em Mundorama: ensaios irreverentes e não autorizados (Brasília: 2ª. edição do Autor, 2019, 655 p.; 5725 KB; Academia.edu; Kindle, ASIN: B082ZNHCCJ).

10) 38) Pontes para o mundo no Brasil: minhas interações com a RBPI (Brasília, Edição do Autor, 2019, 685 p.; 1693 KB; Kindle, ASIN: B08336ZRVS).

11) 36) Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (Brasília: Edição do autor, 2019, 184 p., ISBN: 978-65-901103-0-5; Academia.eduAmazon.com.br)

12) 29) Die brasilianische Diplomatie aus historischer Sicht: Essays über die Auslandsbeziehungen und Außenpolitik Brasiliens (Saarbrücken: Akademiker Verlag, 2015, 204 p.; Übersetzung aus dem Portugiesischen ins Deutsche: Ulrich Dressel; ISBN: 978-3-639-86648-3; Amazon.comAmazon.com.br).

13) 28) O Panorama visto em Mundorama: Ensaios Irreverentes e Não Autorizados (Hartford: 2a. edição do autor, 2015, 294 p.; DOI: 10.13140/RG.2.1.4406.7682; nova edição, ampliada dos artigos até o final de 2015, em 4/12/2015, em 374 p.; Research Gate; edição original: Academia.edu)

14) 27) Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude (Hartford: Edição do Autor, 2015; 543 p.; 1908 KB; DOI: 10.13140/RG.2.1.1916.4006; Academia.edu; ASIN: B082Z756JHResearch Gate). 

15) 26) Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Relações Internacionais e Economia Mundial (Brasília: 1ª edição: 2014; 2ª. edição: 2018; Kindle edition; 809 KB; ASIN: B00P9XAJA4).

16) 25) Rompendo Fronteiras: a Academia pensa a Diplomacia (Kindle, 2014, 414 p.; 1324 KB; ASIN: B00P8JHT8Y).

17) 24)Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros (Kindle, 2014, 326 p.; ASIN: B00P6261X2Academia.edu; ).

18) 23) Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas (Kindle edition, 2014, 151 p., 484 KB; ASIN: B00OL05KYG).

19) 22) Prata da Casa: os livros dos diplomatas (Hartford: edição para a Funag, 2013, 667 p; não publicada; disponível em Research Gate; 2ª. edição de Autor; 16/07/2014, 663 p.; Academia.eduResearch Gate).

 

Brasília, 8 abril 2024