O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 15 de outubro de 2016

Minha homenagem no dia do Professor - Paulo Roberto de Almeida



Paulo Roberto de Almeida

Neste dia 15 de outubro, convencionalmente dedicado aos professores, desejo prestar uma homenagem aos que se revelam essenciais às lides docentes: os alunos. Sim! Se não fossem os estudantes, os professores não teriam razão de ser, não apenas pelo fato dos alunos constituírem a “outra parte” absolutamente indispensável à atividade dos professores, mas também porque, sem alunos inquisidores, o encargo docente seria incrivelmente aborrecido. Minha homenagem, portanto, aos alunos, a todos eles, os meus e os de todos os outros professores. Obrigado, alunos, por me permitir existir como professor, o que faço por prazer, não por obrigação ou necessidade.

Tenho com a atividade docente uma antiga relação de dedicação parcial, no tempo, mas integral, no espírito. Salvo um ou outro livro de literatura, em volume bem mais rarefeito, quase todas as minhas leituras, no campo das humanidades, da história econômica são feitas – e anotadas – em função daquilo que posso transmitir a meus alunos, diretos ou indiretos, oralmente ou por escrito, em contato pessoal ou à distância. Estou sempre anotando alguma coisa, em alguns dos meus muitos cadernos de notas, que servem para leituras, reflexões, registros de viagens, contatos, enfim, uma variedade de objetivos. Também estou sempre lendo algo, geralmente o que comprei no minuto anterior: andando ou dirigindo, sempre dá para avançar alguns parágrafos, talvez mesmo algumas páginas. Tudo isso é para ser revertido em alguma aula ou algum escrito, que é também uma forma de aula, por extensão.
Preferiria, claro, ter mais alunos perguntadores do que ouvintes passivos, mas cada um deve decidir o que é melhor para si, independentemente da vontade do professor. Este só existe para tentar melhorar os estudantes, e estes só existem, se forem conscienciosos e inquisitivos, para melhorar o professor. Alguns creem que se trata de uma relação assimétrica, mas para mim se trata de algo absolutamente relacional, com conivências recíprocas, ainda que não isentas de contradições. O aluno contestador ajuda o professor a ser responsável, ajustar o foco, preparar suas aulas de forma responsável, a sempre fazer a síntese de suas leituras, a expor claramente os seus argumentos, a embasá-los de forma pertinente em elementos factuais ou empíricos relevantes, sob risco de não convencer e não persuadir. O professor precisa de alunos iconoclastas, que contestem as meias-verdades e as afirmações puramente opinativas ou impressionistas.
Alguns são chatos, é verdade, não por questionar o professor, mas por desprezar o aprendizado, conversar ou ausentar-se de forma ostensiva no meio da aula, não que isso represente uma ofensa absoluta ao professor, mas porque perturba a aula pelo barulho do deslocamento, pela conversa paralela, pelo zumbido intermitente da concorrência desleal. Muitas vezes a culpa é do próprio professor, que não soube tornar a sua aula suficientemente atraente para motivar e capturar a atenção dos alunos. Aqui também se trata da lei da oferta e da procura num mercado pouco transparente: o aluno “compra” aquilo que lhe parece de boa qualidade e suscetível de oferecer algum prazer intelectual e se a aula é chata e pouco vinculada às realidades cotidianas, merece o desapreço e desatenção que lhe dedicam os alunos.
São os alunos, portanto, que fazem um bom professor, ainda que as qualidades deste também dependam de seu investimento preliminar no estudo e na leitura, sua acumulação primitiva de conhecimentos e informações, tudo isso apresentado com alguma pedagogia atrativa. De minha parte, não tenho reclamações de meus alunos, apenas motivo de satisfação. Sinto que estou contribuindo, ainda que modestamente, para o seu enriquecimento intelectual e, quiçá, para a elevação de seus padrões morais. Algumas sementes só vão frutificar alguns anos à frente, mas isso não importa para o professor, se ele tem certeza de que fez corretamente o seu trabalho docente.
Por tudo isso, só tenho a agradecer sinceramente aos meus alunos e prestar-lhes, neste dia, uma merecida homenagem por permitir-me ser um simples professor.
Cheers...

Brasília, 15 de outubro de 2009

Pesquisa sobre a diplomacia lulopetista (se algo assim existiu) - Paulo Roberto de Almeida

Pesquisa sobre a diplomacia lulopetista: 2003-2016 (maio, RIP)

Paulo Roberto de Almeida
 [Pesquisa voluntária, aberta a opositores, aderentes, indiferentes, interessados, etc.]

Explicito desde já os objetivos desta minha consulta: recolher opiniões sinceras dos interessados no tema, tanto do ponto de vista profissional, quanto acadêmico. E adianto desde já minha posição quanto ao tema: condenação, in limine e total.
Não tenho porque esconder ou minimizar minha oposição à chamada diplomacia lulopetista, ainda que eu duvide que se possa, a qualquer título, caracterizar esse longo intervalo de tempo (treze anos e meio, três governos e meio, do mesmo grupo no poder) como conformando uma diplomacia stricto et lato sensi, no mesmo molde do que foram e de como ficaram designados, por exemplo, em seu tempo (e por quaisquer motivos subjacentes), a chamada diplomacia do “pragmatismo responsável” (da dupla Silveira e Geisel, entre 1974 e 1979), ou a “ecumênica” do chanceler Saraiva Guerreiro (durante a presidência Figueiredo, 1979-1985).
Os próprios formuladores e executores dessa diplomacia a chamavam de “ativa, altiva e soberana”, mas não temos por que aceitar um título auto atribuído, com alta dose de arrogância, por sinal, que foi feito pro domo sua, como se apenas ela tivesse o monopólio dessas virtudes, sendo que todas as outras, especialmente a anterior, teriam os vícios de terem sido submissas ao império, obedientes aos ditames de Washington (especialmente a um tal de Consenso que dele deriva), neoliberais (My God!, quanto simplismo), ou qualquer outra pecha maldita que a elas tenham pretendido colar.
Não tenho porque esconder nada disso porque desde antes dos companheiros assumirem o poder, eu já estava identificando no programa político, nas plataformas eleitorais, nos objetivos de governo do partido que monopolizou  o poder entre 2003 e 2016 os mesmos vícios, equívocos e concepções deformadas de outros partidos esquerdistas latino-americanos, em seu antiamericanismo anacrônico, em seu anti-imperialismo infantil, em suas pretensões a continuar dividindo o mundo entre ricos arrogantes, hegemônicos e unilateralistas, e pobres oprimidos e dominados, estes necessitados de uma boa liderança política para se libertarem dos grilhões imperiais e formularem suas políticas nacionais com toda autonomia. Escrevi tudo isso.
Também denunciei, desde o início, os vínculos (muitos deles secretos), entre o partido que se pretendia ético, justiceiro e distributivista, com ditaduras do continente e de outros continentes, suas imensas ilusões quanto a certas “alianças estratégicas” e certas parcerias duvidosas (do ponto de vista do desenvolvimento do Brasil, assim como da credibilidade de sua política externa). Como antigo true believer, e participante ativo de algumas das aventuras malucas que se fizeram nos anos 1960-70 para derrubar o “terrível” regime militar que nos “oprimia”, sei do que estou falando.
Por tudo isso fui levado a efetuar uma pequena travessia do deserto, que levou exatamente treze anos e meio, durante a qual fui obstado de trabalhar na Secretaria de Estado, limitado a ficar fazendo da Biblioteca meu escritório funcional e meu refúgio estudioso, dedicando-me, ao longo desse período, à leitura, à reflexão e à produção de muitos escritos que devem ter confirmado naqueles mesmos promotores da diplomacia lulopetista o acertado de sua decisão de afastar-me de qualquer tarefa executiva (onde estou até hoje, por sinal). Aproveito para agradecer pela oportunidade de escrever...
Expressei minhas opiniões e análises em um sem número de artigos e notas publicadas, em diversos veículos, e até publiquei alguns livros a respeito dessa política externa, sendo o mais recente este aqui: Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014). 
Minha intenção agora é a de reincidir – não por vício ou animosidade especial – na análise dessa diplomacia que, à falta de melhor caracterização, poderia efetivamente ser chamada de lulopetista, pois foi do partido e de seu chefe incontestável (e, até aqui, incontestado) que emanaram as principais ideias e iniciativas que transformaram, por vezes de forma radical a política externa brasileira nesse período (ainda que o que permaneceu como anteriormente possa ser creditado à própria diplomacia profissional do Itamaraty, que nunca deixou de existir). Eles mesmos fazem questão de confirmar de modo explícito esse caráter de ruptura da velha diplomacia para a “nova”, a “altiva”.
Para isso gostaria de empreender uma pesquisa de opinião aberta (ou fechada, segundo o desejo de cada um), seja entre like-minded people, seja entre apoiadores sinceros ou opositores declarados, sobre o que foi essa diplomacia, o que ela representou para cada um, qual a avaliação que cada respondente faz de seus principais episódios. Os próprios responsáveis podem amavelmente colaborar, se assim o desejarem, e eu até os incito, ou desafio, a isto: que floresçam as mil flores, como diria o Mao Tsé-tung (mas prometo não tratar meus respondentes como ocorreu na China).
Por inépcia deste escrevinhador, não domino técnicas de pesquisa online para montar um desses formulários formidáveis que permitem a cada um ir clicando em listas de múltipla escolha ou escrever suas opiniões e argumentos numa janela auto-formatável. Por isso, deixo a critério de cada um a colaboração com esta pesquisa, da forma como melhor desejarem.
Tentei montar um formulário de resposta no Google+, mas não tenho certeza de que funcionará a contento para todos (nem sequer para mim, sou capaz de aferir). Em todo caso, o link para esse documento parece ser este aqui:
O link curto (pelo menos assim o sistema me disse) é este aqui:

Também estou disponível em meu blog Diplomatizzando, ou por e-mail, para receber, responder, interagir com os benevolentes respondedores, comentaristas, aderentes ou opositores a esta pesquisa, que, como disse, se destina a continuar minha avaliação, tanto quanto possível objetivo (mas não necessariamente imparcial) sobre essa diplomacia que reputo um ponto fora da curva na trajetória dos últimos cem, ou duzentos, anos de diplomacia nacional.
Agora, quanto às motivações. Costumo comparar a cronologia do Brasil nas últimas duas décadas da mesma maneira como seguido na historiografia ocidental, ou cristã, desde que se adotou esse costume (que não sei quando foi): AC e DC, ou seja, Antes ou Depois de Cristo. Acho que já está consagrada a datação, mesmo entre aqueles que não seguem as tradições cristãs, mas assim é o imperialismo dos padrões de data.
Pois bem, sem querer atribuir demasiada importância ao peronismo de botequim que contaminou a história política do Brasil entre 2003 e 2016, creio que se pode, da mesma forma, dividir nossa trajetória em AC e DC, Antes e Depois dos Companheiros.
Esse longo intervalo de tempo – pequeno em termos históricos, mas decisivo para uma única geração, suficiente inclusive para causar a GRANDE DESTRUIÇÃO na área econômica – foi um dos mais interessantes (se me permitem o termo) atravessados pelo Brasil: vivemos uma experiência de exacerbação nos instintos estatizantes de amplos setores da população (acadêmicos, militares, empresários, sindicalistas, povo em geral, funcionários públicos em particular, povinho miúdo provavelmente) e uma derrocada virtual em algumas instituições (sistema partidário certamente, Congresso provavelmente, tribunais superiores talvez, universidades muito fortemente), além dessa erosão terrível nos princípios éticos que deveriam (supostamente) guiar a condução política e as ações governamentais de nossas elites escolhidas pelo voto. O grupo que empalmou o poder, legitimamente pode-se dizer (na primeira vez sim, nas outras vezes graças às patifarias hoje conhecidas, de compra de votos, de mentiras e manipulações políticas, indo até a criminalidade pura e simples), revelou-se, ao fim e ao cabo, uma ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA no pleno sentido da palavra. Alguma dúvida disso?
Isso não impede que se examine, honestamente, a sua diplomacia, que foi por mais de uma metade elaborada pelas mentes alopradas dos apparatchiks do partido neobolchevique, pela outra metade guiada, orientada, ajudada pela própria máquina da diplomacia profissional, ou pelo menos por alguns de seus membros mais distinguidos (sendo que a grande massa do corpo funcional permaneceu passiva, ou aderiu de forma circunspecta, oportuna, ou simplesmente trabalhou normalmente, como se nada estivesse acontecendo no governo e país). Mas isto é próprio de certos regimes de tipo corporativo (alguns até diriam de “castas”, ou de mandarins) que soem existir.
Por todos esses motivos, empreendo esta pesquisa. Sei o que pretendo dizer, mas gostaria de ouvir a opinião sincera de acadêmicos, amigos, colegas, desconhecidos interessados, tutti quanti se julgam capazes de emitir um argumento interessante, alguma ideia inteligente sobre a diplomacia que pretendeu colocar o Brasil no mundo, e que de certa forma conseguiu, qualquer que seja o julgamento que se faça sobre ela.
Grato pela colaboração e atenção de todos.
  
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 15 de outubro de 2016 (dia do professor).
(Divulgado em diferentes formatos)

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

O que as eleições mostraram: a derrota do PT - Augusto de Franco

DAGOBAH

NL 0027 - 13/10/2016


Dagobah.com.br


O que as eleições mostraram

Especificamente em relação ao PT, as eleições de domingo (2 de outubro de 2016) mostraram: 

1) Que a imensa maioria das pessoas não engoliu a farsa do golpe. 

2) Que não há nenhuma restrição à democracia no Brasil, ao contrário das alegações de Lula na ONU. 

3) Que tudo está ocorrendo no Brasil dentro da normalidade democrática (com mais de 100 milhões comparecendo às urnas em paz e sem qualquer constrangimento). 

4) Que Lula não tem mais capacidade de transferir votos para ninguém. Todos que ele apoiou perderam. Nem o seu próprio filho conseguiu se reeleger vereador em São Bernardo. 

5) Que o PT vai abandonar rapidinho a tese de novas eleições. 

6) Que o PT vive num universo paralelo composto por: universidades, escritórios de advocacia, "movimentos sociais" e sindicalismo pelego e gente como Duvivier e seus admiradores. 

7) Que a Universidade, em especial, está fora do mundo real. 

8) Que o PT vai perder cerca de 50 mil cargos de confiança, ficará sem os milhões da receita do dízimo e terá 80% menos possibilidade de roubar. 

9) Que o PT ficou aproximadamente 61% menor em termos eleitorais, voltando a 1985, quando elegeu Maria Luiza Fontenele. 

10) Que quem derrotou o PT não foi o PSDB, não foi Ackmin, não foi Temer ou o PMDB e sim a sociedade brasileira, que escolheu cuidadosamente em quem não votar (os candidatos petistas). 

11) Que, mesmo fragorosamente derrotado nas urnas, o PT não se conformará com o resultado eleitoral e tentará inviabilizar de todos os modos o governo constitucional de transição. 

12) Que se o governo Temer for inviabilizado pela obstrução e agitação petistas, mesmo assim as pessoas não votarão no PT em 2018. 

13) Que estamos assistindo o início do fim do projeto neopopulista. 

Abaixo um breve comentário sobre cada um dos pontos listados. 

1 - A imensa maioria das pessoas não engoliu a farsa do golpe. Se tivessem aceitado essa falsa narrativa do PT, certamente se manifestariam em solidariedade aos golpeados e injustiçados. A farsa do golpe é a explicação universal de todos os autocratas: Maduro usou, repetidamente, a mesma alegação solerte contra seus adversários políticos e contra as manifestações populares que começaram a encher as ruas da Venezuela a partir de 12 de fevereiro de 2014. Erdogan também aplicou o truque para transformar a Turquia numa ditadura, acusando seus opositores de quererem dar um golpe de Estado. Putin, de quando em vez, lança a mesma acusação sobre a sociedade que ousa protestar, sobretudo em Moscou, contra seu governo. Pois bem. Todos os partidos e candidatos que pregaram a tese de que o impeachment foi golpe não alcançaram 20% da preferência do eleitorado. 

2 - Não há nenhuma restrição à democracia no Brasil, ao contrário das alegações de Lula na ONU. Se houvesse, a rede suja de blogs e sites a serviço do PT não poderia continuar espalhando versões mentirosas sobre o golpe. Se houvesse, os institutos de pesquisa de opinião não poderiam fornecer anabolizantes para a engrossar a boca de urna da militância, ou seja, praticar abertamente o dopingeleitoral. Se houvesse, candidaturas seriam cassadas e candidatos seriam constrangidos pelo Estado. Se houvesse, alguma lei teria sido violada para prejudicar as vítimas (o PT e seus aliados), o que não ocorreu. 

3 - Tudo está ocorrendo no Brasil dentro da normalidade democrática (com mais de 100 milhões comparecendo às urnas em paz e sem qualquer constrangimento). Não houve nenhum tipo de constrangimento aos petistas (as supostas vítimas do imaginário golpe): nem antes, nem durante, nem depois da campanha eleitoral, quer por parte do Estado, quer por parte de grupos organizados da sociedade. O não-voto (abstenções + brancos + nulos), que alcançou cerca de 30%, foi a manifestação de um insatisfação difusa da sociedade com o velho sistema político, tal como está organizado e funciona e atingiu igualmente todos os partidos, não se caracterizando em um protesto contra os supostos golpistas (e tanto é assim que o PT encolheu 60,9% em relação às eleições de 2012). Vejamos os números que não mentem (salvo eventual erro nas contas ou se os dados estiverem incorretos): 

Votos recebidos por todos os partidos em 2012 = 104.696.354 (os eleitores aptos a votar eram 138.544.348). 

Votos recebidos por todos os partidos em 2016 = 102.486.556 (os eleitores aptos a votar eram 144.088.912). 

O não-voto (abstenções + brancos + nulos) pulou de 24,43% (em 2012) para 28,87% (em 2016). 

Votos recebidos pelo PT em 2012 = 17.448.801 

Votos recebidos pelo PT em 2016 = 6.822.964 

Variação (negativa) = - 60,90% 

Porcentagem dos votos recebidos pelo PT em 2012 = 16,67% 

Porcentagem dos votos recebidos pelo PT em 2016 = 6,66% 

4 - Lula não tem mais capacidade de transferir votos para ninguém.Todos que ele apoiou perderam. Nem o seu próprio filho conseguiu se reeleger vereador em São Bernardo. Fica assim esvaziado o argumento - repetido ad nauseam pelos petistas - dos 54 milhões de votos de Dilma. Se Dilma tem 54 milhões de votos e Lula foi o melhor presidente do Brasil por que os candidatos que eles apoiaram perderam? 

5 - O PT vai abandonar rapidinho a tese de novas eleições. Na verdade, já abandonou. Antecipar eleições gerais ou para presidente da República em 2016 (pois a partir de 2017 as eleições seriam indiretas) levaria o PT a outra derrota, ainda pior do que a que amargou no pleito municipal. Não se fala mais no assunto. 

6 - O PT vive num universo paralelo composto por: universidades, escritórios de advocacia, "movimentos sociais" e sindicalismo pelego e gente como Duvivier e seus admiradores. Do contrário teria percebido que a imensa maioria da população não aceita mais o partido. O universo paralelo em que vive o PT é composto, aliás, pelos bunkers em que se refugiou para exercer sua resistência antidemocrática, a saber: 

1) partidos estatistas (PT, PCdoB, PSOL, REDE, PSTU, PCO, PCB, PDT etc.); 

2) rede suja de veículos a serviço da guerra de propaganda e contra-informação (movida pelos partidos estatistas); 

3) parte da grande mídia (criptopetistas e criptolulistas infiltrados na imprensa, rádio e TV); 

4) universidades e escolas (aqui se concentra o maior contingente); 

5) centrais, sindicatos, associações profissionais e assemelhadas (que atuaram de forma pelega na última década); 

6) meios artísticos e culturais (designados acima pela expressão "Duvivier e seus admiradores"); 

7) "movimentos sociais" que atuam como correias de transmissão de partidos estatistas (MST, MTST, UNE etc.); 

8) organizações não-governamentais (que atuaram como organizações neo-governamentais na última década); 

9) governos federal e instituições sob sua influência: empresas estatais, agências reguladoras etc. (com o impeachment, começou a desinfestação, mas os aparelhadores infiltrados que ainda restam são milhares) e governos estaduais e municipais (comandados pelo bloco da esquerda autocrática); 

10) organismos internacionais do sistema das UN no Brasil e organizações regionais (como OEA e todas que terminam com as letras SUR); 

11) empresas operadoras do esquema criminoso de poder (como as empreiteiras Odebrecht e OAS, que estão sendo desbaratadas pela operação Lava Jato). 

7 - A Universidade, em especial, está fora do mundo real. Nenhuma análise consistente, prevendo ou analisando o desastre eleitoral do PT, saiu das universidades controladas pelo petismo. Deu-se o oposto: os professores marxistas acalentavam a esperança de que o PT se manteria no seu patamar histórico de 30% de preferência popular. E, depois do leite derramado, enfureceram-se acusando o povo de não saber votar, de estar alienado pela grande mídia monopolista e dominado pelos aparelhos controlados pela direita. As universidades, sobretudo nas áreas de humanas, viraram antros de celerados e autoritários, pátios fétidos para o surgimento e difusão de ideologias escabrosas, caracterizando-se como ambientes que permitem o surgimento de organismos agressivos e perigosos para a convivência humana amigável. De tribunais epistemológicos, que já eram, degeneraram-se como alfândegas ideológicas. 

8 - O PT vai perder cerca de 50 mil cargos de confiança, ficará sem os milhões da receita do dízimo e terá 80% menos possibilidade de roubar.Desalojado pelo impeachment, o PT começou a perder, a partir de maio deste ano, os cargos de confiança no governo federal. Agora esse desaparelhamento vai alcançar também os governos municipais (com a perda de 374 prefeituras, inclusive a maior do país) e as câmaras de vereadores (com a perda de 2.377 representantes eleitos). Estima-se que o volume de receitas administradas pelos petistas será agora 84% menor. 

9 - O PT ficou aproximadamente 61% menor em termos eleitorais, voltando a 1985, quando elegeu Maria Luiza Fontenele. A história se repetindo: em 2016 o PT conseguiu eleger apenas 1 prefeito de capital (Rio Branco, no Acre: a nova "fortaleza" revolucionária). 

10 - Quem derrotou o PT não foi o PSDB, não foi Ackmin, não foi Temer ou o PMDB e sim a sociedade brasileira, que escolheu cuidadosamente em quem não votar (os candidatos petistas). Os analistas políticos ficam procurando saber quem ganhou as eleições de 2016, mas na verdade só podemos saber quem perdeu: incontestavelmente, o PT. As pessoas que preferiram votar em outros partidos, distribuíram seus votos, majoritariamente, por cerca de 10 legendas: e as mais aparelhadas para receber esse voto não-petista, como o PSDB, o PMDB, o PSD e o PP, foram naturalmente beneficiadas. 

11 - Mesmo fragorosamente derrotado nas urnas, o PT não se conformará com o resultado eleitoral e tentará inviabilizar de todos os modos o governo constitucional de transição. Embora tendo perdido força, a narrativa do golpe vai continuar, quando menos para manter acesa a chama da militância petista. E o PT continuará tentando obstruir os projetos para recuperar a economia no parlamento e tentanto criar o caos nas ruas, tudo com o objetivo de inviabilizar o governo Temer e salvar o seu grande líder (que sofre hoje cinco inquéritos por corrupção, lavagem de dinheiro ou ocultação de patrimônio, tráfico de influência internacional, obstrução da justiça e organização criminosa) das garras da justiça. Um professor de ciência política da UnB declarou recentemente (resumindo a vibe que prevalecerá nas hostes petistas): 

"Defender Lula contra a perseguição criminosa que ele sofre, protestar contra a arbitrariedade de que ele é alvo, contribuir para, sim, incendiar o país quando ele for preso - esses são compromissos de qualquer pessoa que se queira de esquerda, progressista ou democrata no Brasil". 

12 - Se o governo Temer for inviabilizado pela obstrução e agitação petistas, mesmo assim as pessoas não votarão no PT em 2018. Ao que tudo indica, o encanto lulopetista foi quebrado em todos os estratos da população, classificados por idade, sexo, faixa de renda, região do país. O PT foi reprovado pela imensa maioria da população e essa rejeição universal parece ser definitiva (ou, se não for definitiva, não permitirá uma recuperação tão rápida que habilite o PT a voltar à presidência da República daqui a dois anos). Mesmo que o governo Temer se saia muito mal, mesmo assim as pessoas votarão em candidatos de outros partidos, ou seja, o voto não-PT se repetirá, para evitar o risco da volta do PT ao poder. 

13 - Estamos assistindo o início do fim do projeto neopopulista. Qualquer projeto neopopulista - eleitoralista e presidencialista - passa necessariamente pela eleição de um presidente (para dar um "curto circuito" nas instituições do Estado democrático de direito, eliminando as mediações para fazer uma ligação direta entre o Führer e as massas, deprimindo o sistema imunológico da democracia e neutralizando seus mecanismos de checks and balances para poder conquistar hegemonia sobre a sociedade a partir do Estado aparelhado pelo partido com o fito de nunca mais sair do governo). Sem um líder com potencial para vencer eleições presidenciais o projeto neopopulista fica desabilitado. 

O PT não tem esse líder (além de Lula). Até porque ele, Lula, se dedicou durante décadas a matar qualquer líder que emergisse (assim fez com Erundina, Mercadante, Tarso, Suplicy e... Dirceu: seu principal inimigo íntimo). Todos os que pudessem, em alguma circunstância, lhe fazer sombra, foram sutilmente "queimados" por ele ao longo de suas carreiras. E agora, que envelheceu (não em razão da idade, mas de perda de criatividade e de capacidade de adaptação) e que está sendo investigado em vários processos, sem foro privilegiado, Lula não pode mais se segurar no topo (como fez Fidel, até onde deu). Perdeu capacidade de transferir votos (e isso é decisivo num projeto eleitoralista). Consequentemente, perdeu gravitatem, ou seja, capacidade de converter todos os seus correligionários em satélites, orbitando em torno dele e potência para deformar o campo social com a sua presença, criando verdadeiros buracos negros para fazer abismar, para dentro de si, toda a luz. 

E não há luz no fim desse túnel. Talvez o PT se reconstrua em uma década, mas não será a mesma coisa. Se insistir nas suas ideias ultrapassadas, virará uma espécie de organização autoritária e cínica como o PCdoB. Se aggiornar suas propostas, será mais um partido da segunda divisão querendo subir para a primeira, obrigado a conviver como igual no concerto dos partidos sem alma. Em qualquer caso terá de abandonar o projeto neopopulista.

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Custos de Custodia para Tesouro Direto: BB exagerando no roubo...

Em 13/10/2016, recebi a informação de que as aplicações em Tesouro Direto em minha conta na XP iriam ficar sem taxa de custóia.
Achei ótimo, isto porque já fui vítima de uma tentativa de assalto a mão desarmada pelo BB, como explico nesta mensagem abaixo:

Recebi, como informado abaixo, comunicado do Tesouro Direto relativo ao extrato mensal de custodia, e pude verificar no site do Tesouro Direito, os valores atribuídos a essa Custodia, que concernem três títulos nos quais estão concentrados meus investimentos nessa modalidade, a saber:

    LTN, 01/01/2015
    LFT, 07/03/2015 e
    LTN, 01/01/2016

    Os valores informados nos extratos do Tesouro Direto não apenas discrepam, quanto aos montantes respectivos, como também o extrato de minha conta corrente, repetem os mesmos valores duas vezes, conformando, portanto, seis descontos identificados como extratos de custódia, como transcrito abaixo:

    Banco do Brasil, extrato dia 1.07/2014: 

Tarifa de Custódia: 47,81 D - 1/07/2014

Tarifa de Custódia: 91,27 D - 01/07/2014

Tarifa de Custódia:  960,40 D - 01/07/2014

Tarifa de Custódia:  47,81 D - 1/07/2014

Tarifa de Custódia: 91,27 D - 01/07/2014

Tarifa de Custódia: 960,40 D

Total de descontos:  R$ 2.198,98

    Apreciaria ter uma explicação quanto ao exposto acima.
    Grato, cordialmente,

------------------------------------------------
Paulo Roberto de Almeida

PS.: Depois recebi simples desculpas orais do BB dizendo que tinham incorrido em engano, e que estavam repondo as descontos efetuados equivocamente. Nem por escrito quiseram reconhecer que tinham cometido um erro em descontar os valores indevidamente. Bando de salafrários...
Paulo Roberto de Almeida


Margaret Thatcher e Ronald Reagan: dois estadistas improvaveis, e que fizeram toda a diferenca - Regina Caldas

Margaret Thatcher e Ronald Reagan, uma amizade antiga, solidificada no exercício do poder. Ambos "liquidaram" o comunismo, na verdade dando um empurrão num longo processo de erosão e decadência que acabou resultando na implosão desse sistema esclarosado.
O texto abaixo é de Regina Caldas, e foi feito para rememorar o falecimento do ex-presidente americano.
Paulo Roberto de Almeida

Quando nos lembramos de Ronald Reagan, memoravel ex-presidente dos Estados Unidos da América do Norte, nosso pensamento se volta para Lady Margaret Thatcher. Thatcher, também apelidada pelo Kremlim de “Iron Lady” e Ronald Reagan foram grande amigos. Formaram uma dupla imbatível em questões de política internacional, atuando juntos num momento bastante crítico da história mundial.

Thatcher e Reagan se encontraram pela primeira vez em 1975 , quando ela foi nomeada para liderar o Partido Conservador. Ela o conhecia através de seu marido Denis, que retornando dos Estados Unidos na década de 60, entusiasmado entregou-lhe uma cópia de um discurso feito por Reagan no Instituto dos Diretores. Thatcher pressentiu naquele texto o nascimento de um líder. E quando o encontrou pessoalmente, de imediato sentiu-se cativada pelo charme, senso de humor e diretrizes do cow-boy. Tornaram-se amigos, com Reagan a visitando na House of Commons, e Thatcher lendo todas as falas de Reagan e o percebendo cada vez mais forte e capaz.

Descendente de um clã de políticos pelo lado paterno, Thatcher nasceu numa pequena cidade do interior da Inglaterra, Lincoln, distrito de Grantham. Seu pai, além de proprietário de um pequeno mercado, também era militante do Partido Conservador, tendo sido prefeito. Isto deu a ela a chance de passar grande parte dos momentos de lazer durante a infância e juventude debruçada sobre os joelhos paternos, ouvindo-o em suas discussões políticas com a vizinhança. Sempre muito dedicada aos estudos passou pela Universidade de Oxford onde estudou Química. Já na época da universidade seu caráter participativo a levou a uma atuação importante no centro acadêmico (OUCA) daquela escola.

Profundamente religiosa Lady Thatcher considera o cristianismo a sua âncora de estabilidade. Introspectiva gosta de ler, gosta de estar consigo mesma, com seus próprios pensamentos digerindo suas leituras prediletas cujos temas versam sobre política e teologia. Chocada com a leitura de um livro de C.S.Lewis, “Mere christianity”, lido durante o tempo de faculdade, cujo ponto central partia da comparação entre o caminho que os cristão seguem em contraste com a fé que professam, compreendeu que deveria buscar a santidade através do exemplo dos santos.

Da riqueza de detalhes que encontramos na biografia de Thatcher, podemos ressaltar seu visceral repúdio ao pensamento dos intelectuais de esquerda. Estudiosa e responsavel dedicou-se à leitura e interpretação dos textos de grandes escritores como Popper, Hayek, Stuart-Mills, Tocqueville e outros que lhe serviram de modêlo em sua gestão pública.

Perfilando-se nos ideais paternos, Thatcher cresceu acreditando numa sociedade livre. Aos 16 anos de idade leu “Out of the night” do alemão Jan Valtin e impressionou-se muito. Segundo ela, os horrores do nazismo narrados no livro a afligiram muito, bem como as informações sobre os cínicos acordos que os comunistas fizeram com Hitler a fim de subverter a democracia na Alemanha entre o final e o início das décadas de vinte e trinta, quando o pacto nazi-soviético destruiu a Polonia, os estados bálticos e a Finlândia. O livro serviu para faze-la entender que nazismo e comunismo são faces da mesma moeda.

Desde a juventude militou no Partido Conservador. Ainda muito jovem observou que a esquerda inglesa (Labour Party) era extremamente efetiva em retratar os conservadores como os únicos responsáveis pelo abandono da política doméstica numa época em que a Europa se encontrava em plena II Guerra Mundial, e muitos assuntos externos eram mais imperativos que os problemas internos de seu país. As esquerdas inglesas militavam de forma irresponsavel e extremista bem junto ao Partido Conservador. E não queriam a reeleição de Churchill. Movida por esta observação Lady Thatcher iniciou sua militância ativa falando para os candidatos de seu partido incansavelmente. Afirmava sempre aos seus ouvintes: ” Estamos caminhando para uma grande batalha como este país jámais viu anteriormente. Uma batalha entre dois caminhjos de vida, um que leva inevitavelmente à escravidão, o outro à Liberdade. Nossos oponentes querem nos fazer crer que o conservadorismo é um privilégio de poucos. Mas o conservadorismo preserva tudo o que é de melhor e mais grandioso de nossas heranças culturais. Nossa política não é construir na inveja ou no ódio, mas na liberdade para todos. Não queremos suprimir o sucesso. Ao contrario, o encorajamos bem como a energia e a iniciativa. Em 1940, não choravamos o nacionalismo que levantou este país e combateu o totalitarismo. Chorávamos por libertação.” Chocada com as chances que se abriam para a esquerda inglesa, Thatcher saiu em campo para caminhar com seus próprios pés e lutar contra o inimigo.

Em fins de 1969, a convite dos russos, Thatcher realizou sua primeira viagem a Moscou durante um final de semana. Conhecedora das táticas soviéticas pagou por sua viagem e demonstrou interesse apenas em visitar igrejas e museus. Mas sua mente observadora captou através dos trabalhadores que que encontrou nas ruas de Moscou, e dos estudantes nas universidades, que o comunismo era um regime para uma elite privilegiada, e capitalismo o credo para o homem comum.

Na década de 70, com o intuito de combater o Marxismo-Leninismo, Thatcher fazia conferências por toda a Europa, iniciando suas palestras sempre com a mesma frase: ” Em alguns países europeus nós vemos agora os partidos comunistas vestido com roupas democráticas, e falando com vozes suaves…” vendo nestes inimigos dentes e apetite de lobo vorazes. No final desta mesma década, três novos rostos surgiram na Europa e Estados Unidos: um papa polonês ascendia ao trono de São Paulo sonhando reunificar a Europa cristã. Uma mulher de grasnde força moral foi ocupar os escritórios de Downing Street, 10, enquanto um ex-ator norte-americano foi colocado no Salão Oval da White House, e grande comunicador que era logo classificou a União Soviética como Império do Mal.

No início dos anos 80, duras experiencias mostraram que o Ocidente sofria de ilusões persistentes em relação à URSS. Estava em moda entre os cientistas políticos falar de “convergência”, uma idéia de que o tempo poderia drenar de volta para o ocidente o leste assolado por problemas políticos e economicos. Pura ilusão, pois no conceito deles havia o erro de acreditar numa diferenciação entre os regimes comunistas de acordo com sua dependencia de Moscou. Ao contrário, quanto mais repressivo fosse o governo mais favores recebia de Moscou, tal como acontecia com Ceausescu. A outra ilusão era a “detènte”: acreditavam que a conduta de Moscou dependia do bom comportamento do Ocidente. Mas o fato é que os comunistas não reagem à amabilidade. Mas estas esperanças drenavam a tensão das relações Leste-Oeste, vistas apenas como uma estratégia que no futuro talvez fosse bem sucedida. Em meio a estas procrastinações, em 1975 desponta uma nova estrela em Moscou, Mikhail Gorbachev. Para o partido ele não tinha credenciais democráticas , mas como ser humano era diferente. Era o único homem inoculado contra a memória stalinista. Era um homem com quem se poderia conversar, embora os primeiros contatos entre Reagam e ele não foram producentes. Mas, em 1987*, num encontro em Reykjavik entre líderes mundiais para uma discussão sobre desarmamento, Gorbachev surpreendeu propondo um corte de 50% na produção de armas nucleares. O tratado foi assinado. A seguir, um incidente tornou ridícula a Guerra-fria. Um jovem de 19 anos, Matthias Rust, pilotando um mono-motor invadiu o espaço aéreo russo, terminando sua aventura sem maiores problemas próximo às calçadas da praça Vermelha em Moscou.

Uns três anos após a eleição de Gorbachev para a presidência da Rússia, o último império colonial europeu começou a ruir. E a análise de Gorbachev sobre a crise soviética que pode ser deduzida de seu livro “Perestroika” lançado em q989, foi um catálago de desculpas. Os gastos com armamentos roubavam as possiblidades de melhorar a qualidade de vida das populações comunistas. Os métodos de planejamento comunista haviam falhado. O partido era corrupto. Os jovens se afastavam da ideologia comunista enquanto o cidadão perdia a paciência com promessas mentirosas, e a sociedade soviética estava tomada de apatia. Neste clima de necessidade de urgentes reformas Gorbachev deu boas vindas ao Presidente Reagan. E com a glasnost* finalmente rompeu com o silencio por trás da cortina de ferro. A partir daí o comunismo ´passou a ser denunciado ao redor do mundo.

Na magestosa Catedral de Washington, mesmo doente Lady Thatcher esteve presente para dar adeus ao amigo querido, Ronald Reagan. Com certeza seu pensamento retornou àquela criança que aprendeu política debruçada sobre os joelhos paternos. Deste privilegiado posto de observação do mundo, Thatcher pode refazer sua longa e gloriosa caminhada na política interna de seu país e na internacional. Reconheceu erros e acertos. A sua obsessão por disciplina deu um estilo autoritário em todas as esferas do governo. O efeito sem que fosse sua intençao foi uma centralização de poder, o que ela tanto condenava no sistema comunista. Mas em política externa movida pelo seu agudo espírito observador, pelo seu horror ao comunismo, com seu extraordinãrio conhecimento da matéria foi reconhecida como fonte de inspiração para Jacques Delors*** e para o amigo à quem diziam adeus naquele momento.

De seus 15 anos como militante política, e 11 e 1/2 ocupando o cargo de primeiro-ministro, Thatcher nos lega a certeza de que um mundo globalizado com grande mobilidade de pessoas e capitais, revoluções nas Comunicações e na Tecnologia, são o melhor antídoto contra o veneno destilado por mentes e governos com tendências totalitárias. Segundo ela, a experiencia russa demonstra que sem o respeito á lei, sem a compreensão dos limites do governo, sem o respeito á propriedade privada e à liberdade empresarial, é difícil construir instituições democráticas. Sua missão maior, entretanto foi persistir desde a juventude no ideal de combater o comunismo por uma questão de princípio moral.

* glasnost: uma política oficial russa enfatizando informações públicas.

** Jacques Delors: Primeiro Ministro francês, católico e socialista. Mas um discípulo de Monnet e Schuman, visto por seus oponentes como umEuro-fundamentalista. O principal instrumento para as suas ambições foi o Single European Act (SEA). Foi Primeiro Ministro entre 1985 e 1992. O SEA foi um programa elaborado para permitir a total abolição de barreiras e a mobilidade na Comunidade Européia. Apresentado em 1985, e adotado em 1986 pelos estados-membros.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Economia Keynesiana e Anti-Keynesiana: numero desbalanceado - What's Wrong with Keynesian Economic Theory? (book)

Received from the Societies for the History of Economics, edited by Prof. Steve Kates:
(O editor confessa que gostaria de ter intitulado um precedente livro seu: Anti-Kenesyan Reader, mas que acabou saindo com um título mais moderado. Agora o título é mais direto.)
 

What's Wrong with Keynesian Economic Theory?
Edited by Steven Kates, Associate Professor of Economics, School of Economics, Finance and Marketing, RMIT University, Melbourne, Australia
(Cheltenham: Edward Elgar Publishing, 2016)
 
It is a collection of readings by thirteen different economists from across the non-Keynesian economic spectrum, who find Keynesian economic theory a disastrous guide to economic policy.
As an indication of how necessary this book is, let me take you to Henry Hazlitt's 1959, The Failure of the New Economics.

‘There must be hundreds of economic books that may be variously described as Keynesian, pro-Keynesian, semi-Keynesian, or “post-Keynesian,” and there must be thousands of such pamphlets  and articles; but there is a great dearth when we come to any literature since 1936 that may be described as definitely anti-Keynesian – in the sense that it is explicitly and consistently critical of the major Keynesian doctrines. In the works of such writers as Ludwig von Mises, F.A. Hayek, Wilhelm Röpke, Frank H. Knight, Jacques Rueff, and others, we do indeed have an impressive non-Keynesian literature, based on “neo-classical” premises, with occasional explicit criticism of Keynesian tenets. But full-length books exclusively devoted to a critical analysis of Keynesianism may be counted on the fingers of one hand.’ (Hazlitt 1959: 437)

Book info:
Possibly the strangest phenomenon in all of economics is the absence of a long tradition of criticism focused on Keynesian economic theory. Keynesian demand management has been at the centre of some of the worst economic outcomes in history, from the great stagflation of the 1970s to the lost decade and more in Japan following the expenditure program of the 1990s. And once again, following the Global Financial Crisis, it is incontrovertible that no stimulus program in any part of the world has been a success, each one having been abandoned as conditions deteriorated under the weight of public sector spending. This book brings together some of the most vocal critics of Keynesian economics. Each author attempts to explain what is wrong with Keynesian theory in ways that can be understood by those seeking guidance on where to turn for a more accurate explanation of the business cycle and on what to do when recessions occur.

More info:
 One of the most striking phenomena in all of economics is the absence of a deep tradition of criticism focused on Keynesian economic theory. There have been critics but they are few and far between, even though Keynesian demand management has been at the centre of some of the worst economic outcomes in history, from the great stagflation of the 1970s to the twenty-year ‘lost decade’ in Japan that has been ongoing since the 1990s, and now, once again, the dismal recoveries that have followed the Global Financial Crisis. This book brings together some of the most vocal critics of Keynesian economics of the present time.

Each author attempts to explain what is wrong with Keynesian theory for those seeking guidance on where to turn for a more accurate explanation of the business cycle and what to do when recessions occur. The contributions are by scholars from a wide number of schools of economics, which include but are not restricted to Austrian, monetarist and classical perspectives. Written not just for economists, this accessible book is one of the few anti-Keynesian texts available and explains the inability of public spending and lower interest rates to have restored robust economic growth and full employment after the GFC.

The collection offers an antidote to contemporary macroeconomic theory. It is an essential text for anyone wishing to understand why no stimulus has been able to bring recovery to any economy in which it has been tried.

Contributors: 
 P. Boettke, P.L. Bylund, T. Congdon, R.M. Ebeling, R.W. Garrison, S. Horwitz, S. Kates, A. Kling, A.B. Laffer, P. Newman, G. Reisman, D. Simpson, M. Skousen, P. Smith

Contents:

Introduction

1. The Keynesian Liquidity Trap: An Austrian Critique
Peter Boettke and Patrick Newman

2. What the Entrepreneurial Problem Reveals about Keynesian Macroeconomics
Per L. Bylund

3. A Critique of Two Key Concepts in Keynesian Textbooks
Tim Congdon

4. The Misdirection of Keynesian Aggregates for Understanding Monetary and Cyclical Processes
Richard M. Ebeling

5. Cycles and Slumps in an Overly Aggregated Theoretical Framework
Roger W. Garrison

6. The Problems with Keynesianism: A View from Austrian Capital Theory
Steven Horwitz

7. The Dangers of Keynesian Economics
Steven Kates

8. The Problem of Keynesian Aggregation
Arnold Kling

9. What’s Wrong with Keynesian Economists?
Arthur B. Laffer

10. Capital, Saving and Employment
George Reisman

11. What’s Wrong With Keynesian Economics?
David Simpson

12. Move Over Keynes: Replacing Keynesianism with a Better Model
Mark Skousen

13. The Conclusive Fault Line in Keynesian Economics
Peter Smith

Index
 

This day in History: Italy declares war to Germany (NYT)

Front Page Image

BIGGEST PACIFIC AIR FLEET BOMBS RABAUL; WRECKS 177 PLANES, 123 SHIPS IN SURPRISE; BADOGLIO, DECLARING WAR, RALLIES ITALY



REICH'S ACTS CITED
Italian Marshal Lists German Attacks as Cause of War
URGES PEOPLE TO FIGHT 
He Tells Eisenhower That 'All Ties' With 'Dreadful Past' Are Broken--Backs Democracy
By MILTON BRACKER
By Wireless to The New York Times

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OTHER HEADLINES

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Marines in Pacific Design Yule Cards

Says 'Youngsters' Do Federal Hiring: House Report Asserts Civil Service Puts 'Inexperienced' in Top Personnel Offices

Ships in Rabaul Bay Scurry But Are Bombed Into Flames

Red Army Pierces Line Above Crimea: Battle Rages in Melitopol - Pincers Closing on Kiev - Gomel's Fall Near

Auto Club Asks Easing of Dimout; Says Police Allow Some Revision

Churchill Rebuke to 'Politicians' Is Believed Aimed at U.S. Group

Algiers, Oct. 13--Italy declared war on Nazi Germany, her former Axis partner, at 3 P.M. today, Greenwich time [11 A.M. in New York].

Acting on orders of King Victor Emmanuel as transmitted by Marshal Pietro Badoglio, the Italian Ambassador in Madrid notified the German Ambassador there that:

"In the face of repeated and intensified acts of war committed against Italians by the armed forces of Germany, from 1500 hours Greenwich time on the thirteenth day of October Italy considers herself in a state of war with Germany."

Thus the defeated nation led into war by Benito Mussolini re-entered it against its former ally through a curt diplomatic exchange in the capital of the country in which they had first collaborated on a military basis seven years ago.

Asks People to Avenge Ferocity

Excoriating the nation that now occupies Italy's own "Eternal City" as well as the entire industrial north, Marshal Badoglio in a proclamation to the Italian people exhorted them all to avenge the inhuman ferocity of the German Army at Naples and in other areas.

And in a five-sentence note to Gen. Dwight D. Eisenhower, Mussolini's successor as head of the Italian Government told the Allied Commander in Chief that all ties with the "dreadful past" were broken and that his government would be proud "to march with you to inevitable victory." He asked General Eisenhower to communicate the decision to Britain, the United States, Russia and the other United Nations with which in his proclamation he said Italy would now march forward "shoulder to shoulder" to the end.

His Government, the septuagenarian marshal asserted in his proclamation to the Italian people, will soon be completed, and to guarantee its functioning as a truly democratic administration the representatives of "every political party" will be asked to participate. Moreover, the man with whom the Allies negotiated the armistice of Sept. 3 pledged that the present arrangement would in no way impair the "untrammeled right of the people of Italy to choose their own form of democratic government when peace is restored."

There could be no such peace, Marshal Badoglio said in the proclamation, so long as a single German remained on Italian soil. He reiterated in a statement to the press issued at his headquarters in Italy that his Government had no intention of interfering with the right of the Italian people to a free choice of the government they desire "for the not less important tasks of peace and reconstruction."

Cites Ouster of Mussolini

Marshal Badoglio cited the fact that the decree dissolving the Chamber of Fasces and Corporations--which accompanied the ousting of Mussolini in July--had effectually indicated the Government's intention. It was therein provided that elections would be held four months after the end of hostilities.

"What was said then is reaffirmed now," Marshal Badoglio said. "The present Government has clearly defined the task of leading the country until peace has been won. With that its mandate will cease."

The New York Times' exclusive story on the declaration this morning took the edge off the surprise of the announcement here this afternoon, but even without that the news would not have been so much of a surprise here as the news of the armistice thirty-five days ago.

It had been known for weeks--and this correspondent among others had said--that negotiations between the Allies and Marshal Badoglio were continuing with a view to formalizing Italy's war role from now on.

A major consideration was public opinion--just how the Allies intend to cope with the obvious criticism that is sure to arise in many quarters. There will be cries of "Darlanism" and much blinking in puzzlement among many Americans and Britons who have not yet forgotten the fact that our troops were shooting at and being shot at by Italians until very recently.

But as of the moment that the decision was formalized, with the Italian Ambassador at Madrid actually handing the document of notification to the German Ambassador there, it can be assumed that Washington and London had pretty well resolved the problem. This is about the way the two governments and their military High Command are understood to feel about it.

Question of Italian Army

The Italian Army as such cannot be regarded in its present state as an important striking force because of its great losses of man and equipment, but primarily because the all-important will to fight had been observed as very low for a long time preceding the armistice. At the same time Italian hatred of the Germans unquestionably grew as the fighting spirit waned, and episodes between German and Italian soldiers and civilians before and after the armistice have shown pretty clearly a complete and incontrovertible end of all sympathy between the former Axis partners.

Therefore, it seemed reasonable to take advantage of the Italians' willingness, even eagerness, to pin their hopes of a better role in the peace settlement to the status of co-belligerency now. As co-belligerents, which the Italians now become by virtue of the documents published today, even though the Allies have not said so in so many words, the Italians will be able to help the Allies in a great many ways, even if not as fellow- soldiers in the front lines.

Although nothing has been said officially as to exactly how the Italians will be employed in the rest of the war, it is almost universally believed that a lingering feeling between them and their recent enemies would militate against their efficiently joining in the actual battlefront.

At the same time, there is obviously an enormous amount of behind-the-lines work, particularly in their own country, where the Italians can be of enormous use. In all matters of supply, in furnishing guards over military property, as a collective liaison agency between advancing Allies and the liberated Italian people, there is no doubt that the Italians can contribute a major service to the Allied cause.

Italy's Position in War

This can be understood better when viewed negatively. If the Allies had turned down Italy's plea to be accepted as a co-belligerent, she would naturally have remained a defeated enemy. As such much Allied military strength would have had to be diverted to administering her disbanded army and her liberated but not militarily controlled territory.

As this correspondent wrote several times, the new status of Italy means a new and minimized role for the Allied Military Government, but at the same time it means giving the Italians more faith in those who defeated them, pride in having a share in the cleansing of their own territory of the hated Germans, and an opportunity actually to play an important role in ultimate victory.

Another highly important consideration behind the decision of the Allies to permit the Italian declaration was the probable effect on the populations of the occupied parts of Italy. Even with the status as it was up to this afternoon, the Allies had reason to be hopeful that the great laboring populations of Milan, Turin and Genoa would turn against the Germans in the same way the French and other European victims of Hitler had turned against the occupying forces.

Now, it may be argued, many persons north of the present Allied front will see in the advancing forces not only foreign armies considerably less odious than those they are driving out but Italian forces themselves. And no matter how limited is the extent to which the Italian troops are employed, that will nevertheless be true to some degree.

The question of who will figure in marshal Badoglio's completed government has been bruited about ever since the armistice. So far the only names released as officially connected with the Italian marshal are those of his military, naval and air aides who accompanied him on the visit to General Eisenhower Sept. 29. These also included Count Aquarone, Minister of Finance.

But it is uniformly agreed that outsiders will have to be brought in and, of course, Count Carlo Sforza's name has cropped up most often. He is now en route here.

But Count Sforza has said he will not actually be part of the Badoglio Government, although he will lend his influence and aid to the general project of kicking the Germans out. As Marshal Badoglio has said, the single objective is to free the country of Germans, and on that basis, it ought to be possible to unite many Italian leaders who otherwise are separated by vast political differences. Another hitch is that so many potential candidates are in German hands.

Attitude of the French

The attitude of the French Committee of National Liberation here remains generally calm, although there is still no love between the French and the Italians as the simple fact of newsreels showing Italians proves. But with Rene Massigli to direct its foreign relations and both Gen. Charles de Gaulle and Henri-Honore Giraud thoroughly aware of the primary military nature of the new arrangement, it is very unlikely that the French will make a formal protest.

At the time of the armistice they were most piqued, not by the armistice of course, but by the fact that it had been negotiated without their participation.

The establishment of the Politico-Military Commission, with France sharing membership with Russia, the United States and Britain, has helped to bring the committee into the swiftly enlarging Mediterranean picture and will undoubtedly help to alleviate any sting that the recognition of Italy as a co-belligerent might otherwise have provoked.

A member of the Committee of National Liberation said tonight that the Italian matter would undoubtedly be discussed at a regular meeting tomorrow morning, but he doubted that any formal comment would be issued. It was this man's opinion that many persons in France, particularly southeastern France, would be interested in the development. He said it was obvious from the background of French-Italian relations since 1938 that acceptance of the Italians as co-belligerents could hardly be seriously stomached by these French.

Many will never forget the circumstances of the Italian declaration of war against France. But the French spokesman also was sure the committee had come too far since those days to be seriously piqued by what is plainly a military step. Moreover, he cited a guarantee in the Allied leader's declaration that nothing growing out of the new status of Italy would be permitted to constitute inconsistence with the armistice terms. Beyond that he thought the French were prepared to await eventualities.

There may be a problem in Corsica, where 80,000 Italians have retained an army, which the patriots who figured in the liberation there would very much like to take over, as well as all of its transport.


Adolfo Sachsida explica a PEC dos gastos publicos, suas limitacoes e insuficiencias

Transcrevendo, e concordando a 150% com os argumentos.
Assista ao vídeo também: https://www.youtube.com/watch?v=6P7iBcgGg5Y
Paulo Roberto de Almeida

Considerações Sobre a PEC que Limita os Gastos Públicos
Adolfo Sachsida
Brasilia, 11/10/2016

A PEC 241 que impõe limite aos gastos públicos pelos próximos 20 anos está em discussão no Congresso Nacional. A grosso modo, a ideia básica dessa PEC é que o gasto público do próximo ano seja limitado pela inflação do ano corrente. Assim, o gasto público federal de 2017 terá como teto o gasto público ocorrido em 2016 corrigido pela inflação.
De cara devemos destacar uma mentira básica espalhada pelas esquerdas: o gasto com saúde e educação NÃO será reduzido em 2017. Pelo contrário, pode até aumentar. Aliás, saúde e educação só entrarão no regime da PEC a partir de 2018. Somente depois disso pode ser que tais gastos sejam reduzidos. E ai temos o primeiro problema da PEC: saúde e educação possuem disposições legais de gastos obrigatórios próprios que podem ir contra a PEC. No meu entender jurídico, a PEC (por ser emenda constitucional) prevalece sobre as demais disposições de gastos (aprovadas por leis ordinárias). De maneira mais clara, a PEC 241 estaria revogando as disposições anteriores que versam sobre os gastos com saúde e educação. Evidente que tal assunto, pela sua própria importância, deveria ter sido deixado claro.
Outra objeção que pode-se fazer sobre a PEC é sobre seu horizonte de tempo: 20 anos é certamente um horizonte longo demais para um mecanismo desse tipo. Mas o que realmente me incomoda é que essa PEC tem uma curiosidade, sua efetividade para reduzir o gasto público em relação ao PIB ocorre apenas no longo prazo. No curto prazo ajuste fiscal algum esta sendo feito. Sejamos claros aqui: o gasto público de 2017 será, em termos reais, maior que o de 2016. Isso ocorrerá por causa do mecanismo de indexação adotado. Em outras palavras, o governo Temer está propondo um ajuste fiscal que atingirá em cheio seu sucessor, mas afetará muito pouco a ele mesmo.
O governo prevê um déficit primário de R$ 170 bilhões para esse ano, e de outros R$ 139,5 bilhões para o ano que vem. A PEC 241 em nada muda essa realidade. Em resumo, nada de cortes significativos de gastos do governo até o final da administração Temer.
Claro que com o passar o tempo, e com a retomada do crescimento, o gasto público será reduzido EM RELAÇÃO AO PIB. E essa é a ideia central da PEC 241: desde a Constituição de 1988 o gasto público aumenta 0,5% do PIB ao ano no Brasil, a PEC 241 impede tal crescimento. Em minha opinião esse é o grande mérito dessa proposta, qual seja, impedir o crescimento contínuo dos gastos públicos federais em relação ao PIB. Mas repito: boa parte dos efeitos dessa PEC só será fará sentir após 2018.
Outro detalhe importante é saber se o governo pretende realmente sanar as contas públicas ou apenas ganhar tempo para terminar seu mandado presidencial. Vou ser claro: a PEC 241 NÃO FUNCIONA NA AUSÊNCIA DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA. O que a PEC 241 faz é ganhar tempo para o governo. O governo terá dois anos para aprovar várias medidas que ajustem as contas públicas, mas se tais medidas não forem aprovadas fica IMPOSSÍVEL seguir o que determina a PEC 241. Isso ocorrerá pois, na ausência de outras reformas, parte significativa do gasto público terá que ser direcionado ao pagamento de pessoal ativo e inativo, e juros da dívida pública. Em palavras, será a paralisação do governo.
Três últimos problemas com a PEC 241: a) sou contra o congelamento linear de salários para funcionários públicos. Mesmo quando escrevi sobre as 23 medidas para equilibrar o orçamento federal tive o cuidado de deixar claro que reajustes salariais de servidores devem ser analisados caso a caso. Existem carreiras que estão em seu pico salarial, e outras que estão defasadas salarialmente. Não faz sentido usar a mesma regra de congelamento para todas elas; b) é fundamental incluir nessa PEC os gastos com empresas estatais. Ao final da década de 1970, e começo dos anos 1980, o governo brasileiro mostrou ao mundo o que é capaz de fazer quando se trata de ser criativo em matéria de aumentar gastos públicos. Deixar as empresas estatais de fora desse limite é um convite ao próximo governante usar tais empresas para financiar o gasto público; e c) acho importante a imposição de um teto para a dívida pública bruta.
Por fim, encerro dizendo o óbvio: as contas dos estados e dos municípios estão em pior situação que as contas da União. A União não pode continuar a ajudar e premiar os entes federados mais irresponsáveis a custa dos responsáveis. Essa PEC não resolve esse problema. É um absurdo o governo pedir sacrifícios a população e continuar usando juros subsidiados do BNDES para agradar aos amigos do rei, chega de dar empréstimos subsidiados via BNDES. Igualmente absurdo é o governo pedir sacrifícios a população e ao mesmo tempo aprovar programas populistas de aumento de gastos públicos (tal como o programa que ajuda na reforma de imóveis).
A PEC 241 foi um importante passo para o ajuste fiscal brasileiro. Apoio sua aprovação, mas é fundamental entendermos que ela é APENAS um primeiro passo necessário. Muitos outros ajustes ainda terão que ser feitos para restaurarmos as contas públicas brasileiras.