Uma vergonha de Congresso como este, um governo totalmente desarticulado, a demagogia barata que todos os políticos gostam de praticar (e que era a base da política do partido agora no poder quando era oposição), arriscam deixar uma conta pesada para toda a sociedade brasileira, que vai ser paga por todos nós nas décadas que seguem, ou seja, roubando uma parte da renda de nossos filhos e netos.
Paulo Roberto de Almeida
O risco do populismo eleitoral
Diego Escosteguy
Revista Veja, edição 2164 - 12 de maio de 2010
Num surto demagógico, os deputados aumentam em 4 bilhões de reais os gastos com aposentados – e vem mais por aí.
Somam 323 os nobres parlamentares que, na tormentosa noite da terça-feira passada, ignoraram o equilíbrio das contas públicas, os apelos do governo e, sobretudo, o bom senso para aprovar duas medidas populistas que podem sangrar em 4 bilhões de reais por ano os cofres do estado brasileiro. Uma delas prevê um generoso reajuste de 7,7% aos aposentados que recebem acima de um salário mínimo, índice muito superior ao que o governo tem condições de pagar. A outra pôs fim ao fator previdenciário, cálculo que dificultava a aposentadoria antecipada dos trabalhadores e, com isso, minimizava a insolvência do sistema de aposentadoria público. O ruinoso projeto segue agora para o Senado. Lá, os peemedebistas Romero Jucá e Renan Calheiros, capitães do mato do governo, avisaram aos patrões que a proposta também passará docilmente. Caberá então ao presidente Lula a impopular porém necessária tarefa de vetar a medida – e ele já mandou dizer que, para preservar a solidez dos alicerces econômicos do país, assim o fará. Não se esperava menos do presidente. Nem, por outro lado, se esperava mais dos congressistas. Cedendo gostosamente às tentações populistas que grassam em tempos eleitorais, eles ainda preparam a votação de um bilionário pacote de tungas – que, se aprovadas pelo Congresso, podem causar uma inconcebível cratera de 26 bilhões de reais nas contas públicas.
Esse pacote compõe-se de projetos que estão prontos para ir a votação no plenário da Câmara e, não por acaso, beneficiam somente funcionários públicos, uma privilegiadíssima casta de 1 milhão de pessoas, que custam cerca de 100 bilhões de reais por ano ao país. Há criação de cargos de carreira e de confiança, funções comissionadas, reajustes, equiparações salariais – enfim, contempla-se todo o vernáculo burocrático que faz brilhar os olhos dos sindicalistas, que faturam politicamente esses ganhos junto aos seus filiados, mas que apavora os demais brasileiros – aqueles que acabam pagando a conta do lucro da companheirada. Está pronta para ir a plenário, por exemplo, a criação de quase 17 000 cargos no Judiciário e 5 000 no Executivo. Outros dois projetos estipulam reajustes fabulosos para todos os burocratas do Ministério Público e do Judiciário. Se essas propostas vierem a prosperar, para arcar com elas o país gastará a extraordinária quantia de 11 bilhões de reais por ano – o mesmo valor investido pelo governo em 2009 no Bolsa Família, o principal programa de distribuição de renda do país. Diz o cientista político Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília: "O problema não é só criar novas despesas sem receita, mas também criar as despesas erradas. Devem-se privilegiar investimentos em áreas como infraestrutura, saúde, educação".
Entre os sortilégios prestes a se materializar no plenário da Câmara, constam aberrações indefensáveis, como a emenda à Constituição que acaba com os limites para o cálculo do adicional por tempo de serviço, proposta que pode sugar quase 10 bilhões de reais dos cofres públicos. Revela-se alarmante o fato de que os autores dessas propostas não são deputados radicais de partidos nanicos, nem opositores dispostos a prejudicar o governo de qualquer maneira: são parlamentares que compõem a base aliada. O fim do fator previdenciário resultou do esforço do senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul. O deputado Arnaldo Faria de Sá, do PTB de São Paulo, patrocina a emenda que aumenta o salário dos policiais. Regis de Oliveira, outro governista, assina a proposta que ressuscita o adicional por tempo de serviço.
A autoria desses projetos, assim como a tranquila aprovação na semana passada do reajuste dos aposentados, reforça que a dita base aliada no Congresso só é aliada quando lhe convém – ou seja, na hora de nomear apadrinhados no governo e exigir a liberação de emendas ao Orçamento. Nos momentos em que a coerência programática deve prevalecer, prevalece, ao contrário, a lei da selva política: cada um faz o que melhor for para os seus interesses. Perto das eleições, quando os interesses dos parlamentares se resumem a manter-se no poder, as prioridades deles, naturalmente, aliam-se às prioridades de quem pode elegê-los. É nesses instantes que assoma a força das categorias articuladas politicamente, como os funcionários públicos. Eles formam a plateia que dobra o Congresso, porque dobrado o Congresso se deixa ser, de modo a continuar onde está.
De um modo ou de outro, a conta dessa farra será quitada pelos brasileiros que trabalham e pagam impostos. Se o Congresso aprovar essas medidas e o presidente sancioná-las, duas coisas poderão acontecer: o governo cortar investimentos necessários para o desenvolvimento do país ou aumentar impostos – ou, ainda pior, promover ambas. "Essa tendência de aprovar mais despesas é extremamente preocupante", afirma o economista José Matias Pereira, da Universidade de Brasília. "A conta não fecha. Não se pode gastar mais do que se ganha. Simples assim."
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 8 de maio de 2010
A concepcao de desenvolvimento de certas pessoas...
Um capitalismo de Estado, engordado com o dinheiro de todos os brasileiros, para premiar os amigos do poder com grandes obras subsidiadas...
Lula celebra Geisel em Belo Monte
DEMÉTRIO MAGNOLI
O Estado de S.Paulo, 29 de abril de 2010
Belo Monte lembra Itaipu, de muitas formas. O estudo de viabilidade da usina, então batizada Kararaô, começou em 1980, durante a construção de Itaipu. O nome do general-presidente Ernesto Geisel está ligado às duas obras. Itaipu nasceu do consórcio binacional firmado um ano antes de sua posse, mas tornou-se um ícone do modelo de desenvolvimento que ele personificou. O conceito original de Kararaô foi elaborado durante o seu quinquênio, como parte de um grandioso plano de exploração do potencial hidrelétrico da Amazônia. De Kararaô a Belo Monte, mudou a abordagem dos impactos sociais e ambientais do projeto. Por outro lado, a engenharia financeira da hidrelétrica, tal como exposta no seu leilão, evidencia a restauração da visão geiseliana sobre o Brasil.
Lula definiu Geisel como "o presidente que comandou o último grande período desenvolvimentista do País". A crítica ao desenvolvimentismo geiseliano não partiu dos liberais, então um tanto calados, mas da esquerda. As grandes obras de infraestrutura de sua época foram financiadas à custa do endividamento estrutural do Estado e pagas ao longo de mais de uma década de inflação. No preço oculto das variadas Itaipus, esses objetos do encantamento de Lula, deve-se contar a crise política crônica que destruiu o regime militar e envenenou os governos Sarney e Collor tanto quanto a impotência do Estado para investir em serviços públicos de saúde e educação. Tais lições, aprendidas na transição política que viu nascer o PT, são hoje renegadas, no discurso e na prática, por um presidente embriagado de soberba.
Geisel ofereceu energia barata para a indústria, subsidiando-a pela via da exclusão social de milhões de brasileiros. Uma ditadura comum pode fazer isso por algum tempo, mas é preciso uma ditadura à chinesa para sustentar tal estratégia de desenvolvimento. Kararaô não seguiu adiante pois esgotara-se o fôlego financeiro e político do modelo de Geisel. Desde a redemocratização, sob pressão dos eleitores, os governos iniciaram um redirecionamento dos fundos públicos para as finalidades sociais. O leilão de Belo Monte representa uma inflexão nessa curva virtuosa.
A engenharia financeira da usina se subordina ao dogma geiseliano da tarifa barata. O suposto benefício não passa de um subsídio indireto aos empresários industriais e comerciais, que consomem juntos quase 70% da oferta total de eletricidade. A tarifa comprimida afugentou os investidores privados, convertendo o Estado no financiador principal da obra. O BNDES entrará com 80% dos recursos, a juros subsidiados e prazo de pagamento de 30 anos. Como o BNDES não dispõe desse capital, o Tesouro pagará a conta, emitindo dívida pública.
O preço real da eletricidade que será produzida, escondido atrás da tarifa de mentira, corresponde à remuneração do capital investido na obra, mais os custos e lucros da concessionária. A diferença entre o preço real e a tarifa recairá sobre os brasileiros de todas as faixas de renda, inclusive sobre a geração que ainda não vota. Itaipu, segunda versão: apesar daquilo que dirá a candidata governista no carnaval eleitoral, o povo fica condenado a subsidiar a energia consumida pelo setor empresarial.
Lula celebra Geisel no templo profano do capitalismo de Estado. Contudo, se o general confinava as empresas parceiras à lucrativa função de empreiteiras, o presidente que o admira prefere o sistema de aliança no consórcio concessionário. O jogo, mais complexo, assumiu a forma de uma contenda entre aliados pela distribuição de poder e benesses financeiras. À sombra da regra da tarifa subsidiada, manejando os recursos públicos e o capital dos fundos de pensão, que trata como se fossem públicos, o governo impôs o controle estatal sobre o consórcio.
A Eletrobrás, imaginada como uma Petrobrás do setor elétrico, terá a hegemonia na operação da usina, pela via da participação de 49,98% da Chesf no consórcio vencedor. À meia luz, no ambiente propício aos acertos heterodoxos, desenvolve-se o processo de domesticação dos parceiros privados, que aceitarão posições subordinadas em troca de generosas isenções tributárias e da almejada participação como empreiteiros. O leilão foi apenas o ponto de partida da negociata multibilionária, que seguirá seu curso longe dos olhos da opinião pública.
A nova Itaipu custará estimados R$ 30 bilhões. Na sequência, vem aí o leilão do trem-bala, com custo similar, também financiado essencialmente por meio de emissão de dívida pública. O PT nasceu no ano da concepção de Kararaô e no rastro da crítica de esquerda ao peculiar nacionalismo geiseliano, com a sua aliança entre o Estado-empresário e uma coleção de grandes grupos privados associados ao poder. Três décadas depois, é no capitalismo de Estado que ele busca um substituto para a descartada utopia socialista.
"No Brasil dos generais, quem quisesse crescer tinha de ter uma relação de dependência absoluta com o setor público", explicou um alto executivo da construtora Norberto Odebrecht, que participou da fase derradeira da construção de Itaipu. O fundador da empresa mantinha relações estreitas com Geisel. Seu neto, Marcelo, atual presidente da Odebrecht, conserva uma coerência de fundo com as ideias do avô. É essa coerência que o levou a afirmar, três meses atrás: "O Chávez tem vários méritos que o pessoal precisa reconhecer. Antes dele, a Venezuela estava de costas para a América do Sul e de frente para os EUA. Vocês podem questionar o que quiserem, mas é inequívoca a contribuição que Chávez deu à integração do continente americano. É inequívoco, também, que os objetivos são nobres."
Marcelo Odebrecht pode ou não ter objetivos "nobres", mas não é ingênuo nos negócios - nem em política. A Odebrecht negocia a sua incorporação ao consórcio de Belo Monte. Ela tem bilhões de motivos para gostar do capitalismo de Estado.
É SOCIÓLOGO E DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP. E-MAIL:
Lula celebra Geisel em Belo Monte
DEMÉTRIO MAGNOLI
O Estado de S.Paulo, 29 de abril de 2010
Belo Monte lembra Itaipu, de muitas formas. O estudo de viabilidade da usina, então batizada Kararaô, começou em 1980, durante a construção de Itaipu. O nome do general-presidente Ernesto Geisel está ligado às duas obras. Itaipu nasceu do consórcio binacional firmado um ano antes de sua posse, mas tornou-se um ícone do modelo de desenvolvimento que ele personificou. O conceito original de Kararaô foi elaborado durante o seu quinquênio, como parte de um grandioso plano de exploração do potencial hidrelétrico da Amazônia. De Kararaô a Belo Monte, mudou a abordagem dos impactos sociais e ambientais do projeto. Por outro lado, a engenharia financeira da hidrelétrica, tal como exposta no seu leilão, evidencia a restauração da visão geiseliana sobre o Brasil.
Lula definiu Geisel como "o presidente que comandou o último grande período desenvolvimentista do País". A crítica ao desenvolvimentismo geiseliano não partiu dos liberais, então um tanto calados, mas da esquerda. As grandes obras de infraestrutura de sua época foram financiadas à custa do endividamento estrutural do Estado e pagas ao longo de mais de uma década de inflação. No preço oculto das variadas Itaipus, esses objetos do encantamento de Lula, deve-se contar a crise política crônica que destruiu o regime militar e envenenou os governos Sarney e Collor tanto quanto a impotência do Estado para investir em serviços públicos de saúde e educação. Tais lições, aprendidas na transição política que viu nascer o PT, são hoje renegadas, no discurso e na prática, por um presidente embriagado de soberba.
Geisel ofereceu energia barata para a indústria, subsidiando-a pela via da exclusão social de milhões de brasileiros. Uma ditadura comum pode fazer isso por algum tempo, mas é preciso uma ditadura à chinesa para sustentar tal estratégia de desenvolvimento. Kararaô não seguiu adiante pois esgotara-se o fôlego financeiro e político do modelo de Geisel. Desde a redemocratização, sob pressão dos eleitores, os governos iniciaram um redirecionamento dos fundos públicos para as finalidades sociais. O leilão de Belo Monte representa uma inflexão nessa curva virtuosa.
A engenharia financeira da usina se subordina ao dogma geiseliano da tarifa barata. O suposto benefício não passa de um subsídio indireto aos empresários industriais e comerciais, que consomem juntos quase 70% da oferta total de eletricidade. A tarifa comprimida afugentou os investidores privados, convertendo o Estado no financiador principal da obra. O BNDES entrará com 80% dos recursos, a juros subsidiados e prazo de pagamento de 30 anos. Como o BNDES não dispõe desse capital, o Tesouro pagará a conta, emitindo dívida pública.
O preço real da eletricidade que será produzida, escondido atrás da tarifa de mentira, corresponde à remuneração do capital investido na obra, mais os custos e lucros da concessionária. A diferença entre o preço real e a tarifa recairá sobre os brasileiros de todas as faixas de renda, inclusive sobre a geração que ainda não vota. Itaipu, segunda versão: apesar daquilo que dirá a candidata governista no carnaval eleitoral, o povo fica condenado a subsidiar a energia consumida pelo setor empresarial.
Lula celebra Geisel no templo profano do capitalismo de Estado. Contudo, se o general confinava as empresas parceiras à lucrativa função de empreiteiras, o presidente que o admira prefere o sistema de aliança no consórcio concessionário. O jogo, mais complexo, assumiu a forma de uma contenda entre aliados pela distribuição de poder e benesses financeiras. À sombra da regra da tarifa subsidiada, manejando os recursos públicos e o capital dos fundos de pensão, que trata como se fossem públicos, o governo impôs o controle estatal sobre o consórcio.
A Eletrobrás, imaginada como uma Petrobrás do setor elétrico, terá a hegemonia na operação da usina, pela via da participação de 49,98% da Chesf no consórcio vencedor. À meia luz, no ambiente propício aos acertos heterodoxos, desenvolve-se o processo de domesticação dos parceiros privados, que aceitarão posições subordinadas em troca de generosas isenções tributárias e da almejada participação como empreiteiros. O leilão foi apenas o ponto de partida da negociata multibilionária, que seguirá seu curso longe dos olhos da opinião pública.
A nova Itaipu custará estimados R$ 30 bilhões. Na sequência, vem aí o leilão do trem-bala, com custo similar, também financiado essencialmente por meio de emissão de dívida pública. O PT nasceu no ano da concepção de Kararaô e no rastro da crítica de esquerda ao peculiar nacionalismo geiseliano, com a sua aliança entre o Estado-empresário e uma coleção de grandes grupos privados associados ao poder. Três décadas depois, é no capitalismo de Estado que ele busca um substituto para a descartada utopia socialista.
"No Brasil dos generais, quem quisesse crescer tinha de ter uma relação de dependência absoluta com o setor público", explicou um alto executivo da construtora Norberto Odebrecht, que participou da fase derradeira da construção de Itaipu. O fundador da empresa mantinha relações estreitas com Geisel. Seu neto, Marcelo, atual presidente da Odebrecht, conserva uma coerência de fundo com as ideias do avô. É essa coerência que o levou a afirmar, três meses atrás: "O Chávez tem vários méritos que o pessoal precisa reconhecer. Antes dele, a Venezuela estava de costas para a América do Sul e de frente para os EUA. Vocês podem questionar o que quiserem, mas é inequívoca a contribuição que Chávez deu à integração do continente americano. É inequívoco, também, que os objetivos são nobres."
Marcelo Odebrecht pode ou não ter objetivos "nobres", mas não é ingênuo nos negócios - nem em política. A Odebrecht negocia a sua incorporação ao consórcio de Belo Monte. Ela tem bilhões de motivos para gostar do capitalismo de Estado.
É SOCIÓLOGO E DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP. E-MAIL:
Seria melhor que a Grecia reestruturasse a sua divida
Os europeus e o FMI, mais alguns credores nacionais, estão sustentando a dívida grega, o que significa simplesmente transferir dinheiro dos contribuintes europeus para os bancos europeus que compraram, de maneira irresponsável, títulos da divida grega.
O pacote se eleva ao montante absurdo de metade do PIB grego, o que indica que alguma coisa está errada com esse país irresponsável.
Seria melhor que os gregos obrigassem os credores a um rebaixamento das obrigações financeiras pelos próximos três ou quatro anos, impondo um desconto do valor face de pelo menos 30%.
Paulo R. Almeida
A Better Plan for Greece
Luigi Zingales
City Journal, 7 May 2010
A restructuring, not a bailout
It seems like déjà vu: using fear, a political leader pushes down the throats of violently opposed voters an expensive bailout plan that benefits banks. That description applies not only to U.S. Treasury Secretary Henry Paulson in 2008 but also to German Chancellor Angela Merkel and French President Nicolas Sarkozy in 2010. Make no mistake: the €110 billion bailout plan, organized by the European Union and the International Monetary Fund and backed by Merkel and Sarkozy, is designed not to save Greece but to avoid painful losses to German and French banks, which hold massive amounts of Greek debt. According to Barclays’s estimates, French financial institutions hold €50 billion of Greek debt, while German ones hold €28 billion.
Just as Paulson did, Merkel and Sarkozy have artfully presented the situation as a choice between bailout and catastrophe. Any reasonable person would choose to avoid the disaster that an uncontrolled default would cause and reluctantly back a bailout. But there is another way out: restructuring, which was a feasible option in the Paulson case and is feasible now as well. Just as many private firms do when facing the threat of default, the Greek government could restructure its debt. In fact, Greece as a sovereign borrower is in a much stronger bargaining position than a private company.
Here’s how it could work. The first thing Greece needs to restructure its public finances is time. So the initial step of a restructuring plan would be a forced extension of debt maturity by three years. This extension, amounting to a partial default, would saddle holders of debt issued by the Greek government with a 15 to 20 percent loss. Temporarily liberated from the need to refinance its debt, Greece would need only the money to finance its budget deficit, which it must bring down dramatically in the next few years. Any credible fiscal policy plan must shrink the budget deficit to €20 billion this year and €5 billion the following year. The International Monetary Fund would be in the best position to extend the €25 billion in loans to cover these deficits. The IMF could make the loans conditional on these deficit cuts’ being reached and could also make the loans senior to all the existing debt—as debtors in financing lending do in U.S. bankruptcy law—which would keep the funds from propping up the existing debt.
Such a plan would admittedly be risky because of the impact it could have on banks in Greece. French and German banks would not be affected in a major way; most of the Greek debt that the two countries hold is owned by insurance companies and mutual funds, which can absorb the shock, rather than by banks, which hold just €18 billion of debt in France and €19 billion in Germany. Thus the worst-case 20 percent loss that Greece’s partial default could impose on debtholders would represent €4 billion for each country’s banks—a significant blow, but not enough to imperil the entire European banking system. The Greek situation is different. According to Barclays’s estimates, Greek banks hold €42 billion of Greek debt. There, a 20 percent loss would equal €8 billion, potentially too much to bear. The failure of Greek banks could then easily spread a panic throughout Europe.
So a restructuring plan would require an IMF intervention in the Greek banking system: not a bailout, but a temporary takeover of insolvent banks. The IMF could act as a receiver, guaranteeing the banks’ systemic obligations (deposits and interbank debt) while wiping out shareholders and also, to the extent the losses require, long-term debtholders. Then it could temporarily recapitalize these banks and sell their shares in the marketplace as soon as the market stabilized. This part of the plan would not require more than €8 billion, and the IMF would be likely to recover all of that (and more) at the time the banks were sold. So the total amount of funds required would not exceed €33 billion, an amount that the IMF could feasibly cover on its own.
This restructuring plan would cost European taxpayers nothing while preserving marketplace incentives. The current bailout plan, by contrast, rewards banks and individuals who invested in risky Greek debt, contributing to moral hazard and distorting future market signals. But the restructuring that I propose would never be discussed in Europe, let alone approved. In Paris and Frankfurt, as in Washington, the will of the banks matters more than the will of the people.
Luigi Zingales is the Robert C. McCormack Professor of Entrepreneurship and Finance at the University of Chicago Booth School of Business and a City Journal contributing editor.
O pacote se eleva ao montante absurdo de metade do PIB grego, o que indica que alguma coisa está errada com esse país irresponsável.
Seria melhor que os gregos obrigassem os credores a um rebaixamento das obrigações financeiras pelos próximos três ou quatro anos, impondo um desconto do valor face de pelo menos 30%.
Paulo R. Almeida
A Better Plan for Greece
Luigi Zingales
City Journal, 7 May 2010
A restructuring, not a bailout
It seems like déjà vu: using fear, a political leader pushes down the throats of violently opposed voters an expensive bailout plan that benefits banks. That description applies not only to U.S. Treasury Secretary Henry Paulson in 2008 but also to German Chancellor Angela Merkel and French President Nicolas Sarkozy in 2010. Make no mistake: the €110 billion bailout plan, organized by the European Union and the International Monetary Fund and backed by Merkel and Sarkozy, is designed not to save Greece but to avoid painful losses to German and French banks, which hold massive amounts of Greek debt. According to Barclays’s estimates, French financial institutions hold €50 billion of Greek debt, while German ones hold €28 billion.
Just as Paulson did, Merkel and Sarkozy have artfully presented the situation as a choice between bailout and catastrophe. Any reasonable person would choose to avoid the disaster that an uncontrolled default would cause and reluctantly back a bailout. But there is another way out: restructuring, which was a feasible option in the Paulson case and is feasible now as well. Just as many private firms do when facing the threat of default, the Greek government could restructure its debt. In fact, Greece as a sovereign borrower is in a much stronger bargaining position than a private company.
Here’s how it could work. The first thing Greece needs to restructure its public finances is time. So the initial step of a restructuring plan would be a forced extension of debt maturity by three years. This extension, amounting to a partial default, would saddle holders of debt issued by the Greek government with a 15 to 20 percent loss. Temporarily liberated from the need to refinance its debt, Greece would need only the money to finance its budget deficit, which it must bring down dramatically in the next few years. Any credible fiscal policy plan must shrink the budget deficit to €20 billion this year and €5 billion the following year. The International Monetary Fund would be in the best position to extend the €25 billion in loans to cover these deficits. The IMF could make the loans conditional on these deficit cuts’ being reached and could also make the loans senior to all the existing debt—as debtors in financing lending do in U.S. bankruptcy law—which would keep the funds from propping up the existing debt.
Such a plan would admittedly be risky because of the impact it could have on banks in Greece. French and German banks would not be affected in a major way; most of the Greek debt that the two countries hold is owned by insurance companies and mutual funds, which can absorb the shock, rather than by banks, which hold just €18 billion of debt in France and €19 billion in Germany. Thus the worst-case 20 percent loss that Greece’s partial default could impose on debtholders would represent €4 billion for each country’s banks—a significant blow, but not enough to imperil the entire European banking system. The Greek situation is different. According to Barclays’s estimates, Greek banks hold €42 billion of Greek debt. There, a 20 percent loss would equal €8 billion, potentially too much to bear. The failure of Greek banks could then easily spread a panic throughout Europe.
So a restructuring plan would require an IMF intervention in the Greek banking system: not a bailout, but a temporary takeover of insolvent banks. The IMF could act as a receiver, guaranteeing the banks’ systemic obligations (deposits and interbank debt) while wiping out shareholders and also, to the extent the losses require, long-term debtholders. Then it could temporarily recapitalize these banks and sell their shares in the marketplace as soon as the market stabilized. This part of the plan would not require more than €8 billion, and the IMF would be likely to recover all of that (and more) at the time the banks were sold. So the total amount of funds required would not exceed €33 billion, an amount that the IMF could feasibly cover on its own.
This restructuring plan would cost European taxpayers nothing while preserving marketplace incentives. The current bailout plan, by contrast, rewards banks and individuals who invested in risky Greek debt, contributing to moral hazard and distorting future market signals. But the restructuring that I propose would never be discussed in Europe, let alone approved. In Paris and Frankfurt, as in Washington, the will of the banks matters more than the will of the people.
Luigi Zingales is the Robert C. McCormack Professor of Entrepreneurship and Finance at the University of Chicago Booth School of Business and a City Journal contributing editor.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Know-how (ou nou-rau) economico brasileiro para ajuda a Grecia...
Acredito ser imperdível, para os que apreciam humor econômico (com toda a sutileza permitida pelo gênero, claro).
Como não sou o autor, não adianta debater comigo, apenas ler e se divertir (para os que gostam do gênero, claro, pois sempre tem aqueles que vão ficar rangendo os dentes e ser tentados a responder, o que eu já digo que é inútil, pois não sou autor, apenas divulgador. A única coisa que fiz foi trocar GDP por PIB, pois acho que o pessoal estava tentando escrever em grego, ou alguma dessas línguas bárbaras...). PRA.
Pacote de ajuda brasileira para a Grécia
Trilha Liberal, 7 de maio de 2010
Está embarcando hoje para Atenas uma delegação de especialistas brasileiros, enviados como cortesia pelo Itamaraty. Economistas do IPEA estão preparando apresentações ao governo Grego provando que o gasto público grego é da mais alta qualidade, e que a produtividade do servidor público grego é mais alta do que a do setor privado, o que garantirá taxas de crescimento do PIB acima do mercado, e resolverá supostos problemas fiscais. 'O problema são os juros', concluirá o palestrante.
O adjunto econômico da UNASUL acompará a delegação brasileira e fará uma apresentação expondo as experiências do Instituo Nacional de Estatísticas da Argentina, em sua constante missão de esclarecer alguns numeros mal-entendidos e mal-interpretados pelo mercado, usando estatísticas macroeconômicas responsáveis socialmente e da mais alta qualidade.
Especialistas da FGV irão fazer uma apresentação mostrando que o endividamento grego, embora relativamente alto, é uma consequência do modelo de estado escolhido democraticamente pelos gregos, que afinal inventaram essa estória toda, logo sabem o que estão fazendo e merecem respeito.
Portando, os especialistas brasileiros mostrarão com seus estudos econométricos precisos que o mercado está redondamente enganado sobre uma suposta deterioração nas contas públicas gregas.
Técnicos do BNDES vão apontar para a Grécia o caminho brasileiro, comprovadamente uma invenção tupiniquim como a palavra saudade e a jabuticaba. A receita brasileira diz que em tempos de crise, é essencial que o estado tome a liderança dos investimentos tanto no setor público quanto privado. E em épocas sem crise, com mais motivos ainda é necessário que o estado faça o mesmo.
Através dos recursos espontaneamente recolhidos dos trabalhadores pelo Fundo de amparo ao trabalhador português, irlandês e grego (FAT PIG) os brasileiros demonstrarão que investimentos estatais em grandes empresas européias garantirão um sólido crescimento para estes países e para a Europa como um todo.
O BNDES também já anunciou o interesse brasileiro em investimentos em parceria no setor de azeite de oliva, desde que a tecnologia seja compartilhada com o Brasil. A Petrobrás anunciou o interesse de investir no azeite de oliva como um combustível alternativo bastante econômico.
Uma delegação da JBS-Friboi acompanhá os representantes brasileiros para conhecer técnicas de preparo do churrasco grego, e sondar um possível investimento em uma unidade de processamento de alimentos, com o aval do banco, para produzir churrasco grego usando picanha 100% brasileira.
A Caixa Econômica Federal mostrará seus planos de habitação no Brasil para os próximos anos, que de acordo com a Caixa e o governo, formam a estratégia ótima para sair da crise. Todos precisam de casas para morar, e é evidente que o sonho da casa própria gera um ciclo virtuoso na economia, gerando empregos e renda. Portanto, é extremamente necessário que o setor de habitação tenha juros mais baixos, para que os gregos deixem para trás suas casinhas brancas nos morros, e passem a morar em habitações de qualidade.
Para não atrair a atenção dos repórteres internacionais, que não o deixam em paz um minuto sequer após sua consagração como grande líder internacional, a delegação brasileira transportará o presidente Luís Inácio Lula da Silva dentro do compartimento executivo de um cavalo gigante de madeira.
O presidente explicará, em termos simples, que nunca antes na história da Grécia houve tanto progresso quanto nos últimos anos, e que todos estes problemas não passam de especulação dos mercados e da imprensa européia que não aceitam que os países mais pobres da Europa possam ter direito a ter uma vida digna.
Postado por Julek às 12:37 PM
Como não sou o autor, não adianta debater comigo, apenas ler e se divertir (para os que gostam do gênero, claro, pois sempre tem aqueles que vão ficar rangendo os dentes e ser tentados a responder, o que eu já digo que é inútil, pois não sou autor, apenas divulgador. A única coisa que fiz foi trocar GDP por PIB, pois acho que o pessoal estava tentando escrever em grego, ou alguma dessas línguas bárbaras...). PRA.
Pacote de ajuda brasileira para a Grécia
Trilha Liberal, 7 de maio de 2010
Está embarcando hoje para Atenas uma delegação de especialistas brasileiros, enviados como cortesia pelo Itamaraty. Economistas do IPEA estão preparando apresentações ao governo Grego provando que o gasto público grego é da mais alta qualidade, e que a produtividade do servidor público grego é mais alta do que a do setor privado, o que garantirá taxas de crescimento do PIB acima do mercado, e resolverá supostos problemas fiscais. 'O problema são os juros', concluirá o palestrante.
O adjunto econômico da UNASUL acompará a delegação brasileira e fará uma apresentação expondo as experiências do Instituo Nacional de Estatísticas da Argentina, em sua constante missão de esclarecer alguns numeros mal-entendidos e mal-interpretados pelo mercado, usando estatísticas macroeconômicas responsáveis socialmente e da mais alta qualidade.
Especialistas da FGV irão fazer uma apresentação mostrando que o endividamento grego, embora relativamente alto, é uma consequência do modelo de estado escolhido democraticamente pelos gregos, que afinal inventaram essa estória toda, logo sabem o que estão fazendo e merecem respeito.
Portando, os especialistas brasileiros mostrarão com seus estudos econométricos precisos que o mercado está redondamente enganado sobre uma suposta deterioração nas contas públicas gregas.
Técnicos do BNDES vão apontar para a Grécia o caminho brasileiro, comprovadamente uma invenção tupiniquim como a palavra saudade e a jabuticaba. A receita brasileira diz que em tempos de crise, é essencial que o estado tome a liderança dos investimentos tanto no setor público quanto privado. E em épocas sem crise, com mais motivos ainda é necessário que o estado faça o mesmo.
Através dos recursos espontaneamente recolhidos dos trabalhadores pelo Fundo de amparo ao trabalhador português, irlandês e grego (FAT PIG) os brasileiros demonstrarão que investimentos estatais em grandes empresas européias garantirão um sólido crescimento para estes países e para a Europa como um todo.
O BNDES também já anunciou o interesse brasileiro em investimentos em parceria no setor de azeite de oliva, desde que a tecnologia seja compartilhada com o Brasil. A Petrobrás anunciou o interesse de investir no azeite de oliva como um combustível alternativo bastante econômico.
Uma delegação da JBS-Friboi acompanhá os representantes brasileiros para conhecer técnicas de preparo do churrasco grego, e sondar um possível investimento em uma unidade de processamento de alimentos, com o aval do banco, para produzir churrasco grego usando picanha 100% brasileira.
A Caixa Econômica Federal mostrará seus planos de habitação no Brasil para os próximos anos, que de acordo com a Caixa e o governo, formam a estratégia ótima para sair da crise. Todos precisam de casas para morar, e é evidente que o sonho da casa própria gera um ciclo virtuoso na economia, gerando empregos e renda. Portanto, é extremamente necessário que o setor de habitação tenha juros mais baixos, para que os gregos deixem para trás suas casinhas brancas nos morros, e passem a morar em habitações de qualidade.
Para não atrair a atenção dos repórteres internacionais, que não o deixam em paz um minuto sequer após sua consagração como grande líder internacional, a delegação brasileira transportará o presidente Luís Inácio Lula da Silva dentro do compartimento executivo de um cavalo gigante de madeira.
O presidente explicará, em termos simples, que nunca antes na história da Grécia houve tanto progresso quanto nos últimos anos, e que todos estes problemas não passam de especulação dos mercados e da imprensa européia que não aceitam que os países mais pobres da Europa possam ter direito a ter uma vida digna.
Postado por Julek às 12:37 PM
Diplomacia da generosidade eletrica (assimetrica)
O Focem é para corrigir assimetrias. Do jeito que vai, se está aprofundando assimetrias...
Comunicado Conjunto dos Ministros das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil e da República do Paraguai sobre a construção da Linha de Transmissão entre Itaipu e Villa Hayes
Por mandato do Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Senhor Presidente da República do Paraguai, Fernando Lugo Méndez, após o Encontro Bilateral realizado na cidade de Ponta Porã, Brasil, em 3 de maio de 2010, subscreve-se o presente
COMUNICADO CONJUNTO
Nessa oportunidade, os Presidentes do Brasil e do Paraguai recordaram o compromisso contido no ponto 10 da Declaração Conjunta assinada em Assunção, em 25 de julho de 2009, relativo à "construção por Itaipu da LT 500 kV entre a SE Itaipu-MD e a SE Villa Hayes. (...) As duas obras serão transferidas sem custo ao Paraguai".
Os Governos da República Federativa do Brasil e da República do Paraguai identificaram, como mecanismo para viabilizar a execução da linha de transmissão de 500 kV no mais breve prazo possível, o Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (FOCEM). Nesse sentido, os recursos serão repassados pelo FOCEM a ITAIPU, para que execute a obra.
Para este efeito, os dois Governos apresentarão o projeto de forma conjunta, para a utilização dos recursos do FOCEM derivados das contribuições feitas pelo Brasil - tanto as obrigatórias quanto as voluntárias - que beneficiarão o Paraguai.
Levando em consideração que o valor da obra é estimado em US$ 400.000.000 (quatrocentos milhões de dólares), desse montante, US$ 100.000.000 (cem milhões de dólares) virão de contribuições obrigatórias brasileiras e até US$ 300.000.000 (trezentos milhões de dólares) de contribuições voluntárias do Brasil.
Nessa oportunidade, os Presidentes determinaram que a Entidade Binacional ITAIPU e a Administración Nacional de Electricidad (ANDE) adotem as providências necessárias para a pronta execução da obra, cuja conclusão está prevista para o mês de dezembro de 2012.
Assinado em 5 de maio de 2010
Celso Amorim
Ministro das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil
Héctor Lacognata
Ministro das Relações Exteriores da República do Paraguai
O original desta nota encontra-se disponível no seguinte endereço:
http://www.mre.gov.br/portugues/imprensa/nota_detalhe3.asp?ID_RELEASE=8192
Comunicado Conjunto dos Ministros das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil e da República do Paraguai sobre a construção da Linha de Transmissão entre Itaipu e Villa Hayes
Por mandato do Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Senhor Presidente da República do Paraguai, Fernando Lugo Méndez, após o Encontro Bilateral realizado na cidade de Ponta Porã, Brasil, em 3 de maio de 2010, subscreve-se o presente
COMUNICADO CONJUNTO
Nessa oportunidade, os Presidentes do Brasil e do Paraguai recordaram o compromisso contido no ponto 10 da Declaração Conjunta assinada em Assunção, em 25 de julho de 2009, relativo à "construção por Itaipu da LT 500 kV entre a SE Itaipu-MD e a SE Villa Hayes. (...) As duas obras serão transferidas sem custo ao Paraguai".
Os Governos da República Federativa do Brasil e da República do Paraguai identificaram, como mecanismo para viabilizar a execução da linha de transmissão de 500 kV no mais breve prazo possível, o Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (FOCEM). Nesse sentido, os recursos serão repassados pelo FOCEM a ITAIPU, para que execute a obra.
Para este efeito, os dois Governos apresentarão o projeto de forma conjunta, para a utilização dos recursos do FOCEM derivados das contribuições feitas pelo Brasil - tanto as obrigatórias quanto as voluntárias - que beneficiarão o Paraguai.
Levando em consideração que o valor da obra é estimado em US$ 400.000.000 (quatrocentos milhões de dólares), desse montante, US$ 100.000.000 (cem milhões de dólares) virão de contribuições obrigatórias brasileiras e até US$ 300.000.000 (trezentos milhões de dólares) de contribuições voluntárias do Brasil.
Nessa oportunidade, os Presidentes determinaram que a Entidade Binacional ITAIPU e a Administración Nacional de Electricidad (ANDE) adotem as providências necessárias para a pronta execução da obra, cuja conclusão está prevista para o mês de dezembro de 2012.
Assinado em 5 de maio de 2010
Celso Amorim
Ministro das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil
Héctor Lacognata
Ministro das Relações Exteriores da República do Paraguai
O original desta nota encontra-se disponível no seguinte endereço:
http://www.mre.gov.br/portugues/imprensa/nota_detalhe3.asp?ID_RELEASE=8192
Nossos aliados "climaticos" no Bric: eles mesmos, os chineses...
Sem comentários (e precisa?):
Sabe quem sabotou o acordo do clima?
por Marcos Guterman
Seção: Zeitgeist
Blogs do Estadão, 05 de maio de 2010 22:51:23
Os EUA passaram à história como o perverso país que boicotou o Protocolo de Kyoto, como a comprovar a indiferença do “império” sobre os destinos do mundo sobre o qual exercia sua hegemonia. Agora, a revista Der Spiegel revela que, na Conferência do Clima de Copenhague, o fracasso deve ser debitado na conta do país queridinho dos antiamericanos: a China.
Juntos com a Índia – e apoiados por Brasil e África do Sul –, os chineses impediram que se articulasse um consenso para a redução acentuada da emissão de carbono, como mostram os registros gravados de uma tensa reunião de cúpula na Dinamarca, em 18 de dezembro de 2009.
No encontro, fechado à imprensa, estavam presentes os principais chefes de Estado do planeta, como Barack Obama, Angela Merkel, Gordon Brown e Nicolas Sarkozy. Lá pelas tantas, o francês, ao perceber o naufrágio da proposta, exaltou-se: “A China, que logo será a maior economia do planeta, diz ao mundo: ‘Compromissos se aplicam a vocês, e não a nós’. Isso é absolutamente inaceitável. Isso é sobre coisas essenciais, e alguém tem de reagir a essa hipocrisia”.
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, não compareceu ao encontro, enviando em seu lugar um subalterno. Esse diplomata se sentou ao lado de Obama, num evidente escárnio, ainda que o presidente americano tenha tentado pôr panos quentes na situação – coisa que a Spiegel qualificou de “facada nas costas dos europeus”.
A ideia de Pequim, desde sempre, foi evitar um acordo que obrigasse a China a cortar suas emissões, o que certamente afetaria seu desenfreado crescimento econômico. E a história, como sempre, serve de desculpa esfarrapada, como se constatou pelo discurso do subalterno de Wen: “Nos últimos 200 anos de industrialização, os países desenvolvidos contribuíram com mais de 80% das emissões. Quem criou o problema é responsável pela catástrofe que estamos enfrentando”. Por essa lógica infantil, os chineses, que descobriram a pólvora, deveriam ser responsabilizados pelos milhões de mortos que ela provocou.
Como diz a Spiegel, tomar conhecimento dos detalhes desse episódio só serve para confirmar a sólida autoconfiança dos asiáticos e a crescente impotência do Ocidente.
Sabe quem sabotou o acordo do clima?
por Marcos Guterman
Seção: Zeitgeist
Blogs do Estadão, 05 de maio de 2010 22:51:23
Os EUA passaram à história como o perverso país que boicotou o Protocolo de Kyoto, como a comprovar a indiferença do “império” sobre os destinos do mundo sobre o qual exercia sua hegemonia. Agora, a revista Der Spiegel revela que, na Conferência do Clima de Copenhague, o fracasso deve ser debitado na conta do país queridinho dos antiamericanos: a China.
Juntos com a Índia – e apoiados por Brasil e África do Sul –, os chineses impediram que se articulasse um consenso para a redução acentuada da emissão de carbono, como mostram os registros gravados de uma tensa reunião de cúpula na Dinamarca, em 18 de dezembro de 2009.
No encontro, fechado à imprensa, estavam presentes os principais chefes de Estado do planeta, como Barack Obama, Angela Merkel, Gordon Brown e Nicolas Sarkozy. Lá pelas tantas, o francês, ao perceber o naufrágio da proposta, exaltou-se: “A China, que logo será a maior economia do planeta, diz ao mundo: ‘Compromissos se aplicam a vocês, e não a nós’. Isso é absolutamente inaceitável. Isso é sobre coisas essenciais, e alguém tem de reagir a essa hipocrisia”.
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, não compareceu ao encontro, enviando em seu lugar um subalterno. Esse diplomata se sentou ao lado de Obama, num evidente escárnio, ainda que o presidente americano tenha tentado pôr panos quentes na situação – coisa que a Spiegel qualificou de “facada nas costas dos europeus”.
A ideia de Pequim, desde sempre, foi evitar um acordo que obrigasse a China a cortar suas emissões, o que certamente afetaria seu desenfreado crescimento econômico. E a história, como sempre, serve de desculpa esfarrapada, como se constatou pelo discurso do subalterno de Wen: “Nos últimos 200 anos de industrialização, os países desenvolvidos contribuíram com mais de 80% das emissões. Quem criou o problema é responsável pela catástrofe que estamos enfrentando”. Por essa lógica infantil, os chineses, que descobriram a pólvora, deveriam ser responsabilizados pelos milhões de mortos que ela provocou.
Como diz a Spiegel, tomar conhecimento dos detalhes desse episódio só serve para confirmar a sólida autoconfiança dos asiáticos e a crescente impotência do Ocidente.
Voce compraria acoes de uma empresa estatal pouco transparente?
Talvez sim, pelo menos por certo tempo.
Afinal de contas, o governo já fez as ações dessa companhia se valorizarem mais de 3 mil por cento, por manobras de certos "espertos" (ou bandidos) interessados justamente nisso.
Mas, você confiaria na palavra desse presidente de companhia que disse que vai apresentar lucros em apenas dois anos de funcionamento, subsidiando conexões baratas para o povinho miudo?
Talvez, pois o governo, mais uma vez, está colocando mais de 3 bilhões de reais na companhia, ou seja, o seu, o meu, o nosso dinheiro. Fica fácil, assim, fazer caridade com o dinheiro alheio, como sempre acontece.
Em todo caso, acredito que o governo poderia tratar do que é verdadeiramente estratégico: colocar crianças em escolas de boa qualidade o dia inteiro.
Oferecer conexões de internet, isso o setor privado pode fazer e o setor privado não vai fazer escolas primárias de boa qualidade, funcionando o dia inteiro...
Acho que falta foco, e faltam prioridades a esse governo.
Não esperem a educação melhorar de qualidade pelo futuro previsível: os analfabetos vão poder continuar escrevendo errado em alta velocidade...
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 7 de maio de 2010)
Sem subsídios, estatal vai ter lucro a partir de 2013, prevê novo presidente
Valor Econômico, São Paulo, 7 de Maio de 2010
De Brasília, 06/05/2010 -- O maior entusiasta da restauração da Telebrás ao longo das discussões do Plano Nacional de Banda Larga, Rogério Santanna, será seu novo presidente. Segundo ele, nos moldes do plano apresentado ontem, a partir de 2013 a Telebrás começará a apresentar lucro e, daqui a dez anos, apresentará um Ebitda (receita operacional líquida) de 51%. "Não será uma empresa subsidiada, que vai onerar os cofres públicos", diz Santanna. "Será uma empresa eficiente, que focará mais em inteligência do que na operação de serviços."
O fato relevante divulgado na terça-feira pela Telebrás indicava que a empresa poderá oferecer serviços de acesso onde a oferta não for considerada adequada, o que significa baixa atratividade econômica para empresas privadas. Para Santanna, porém, no resultado final, haverá bom lucro.
Foto Destaque
Ontem, a ação PN da empresa subiu 19,5% com a notícia da sua retomada como protagonista do PNBL. Nas contas do assessor especial da Presidência, César Alvarez, a Telebrás terá receita de R$ 5,7 bilhões daqui a dez anos.
Para ter fôlego para esta missão, a estatal - que perdeu qualquer atividade operacional com a privatização do setor em 1998 -, será capitalizada em R$ 3,22 bilhões. Santanna destaca, porém, que essa operação não precisa ocorrer no curto prazo, porque, para atingir as metas definidas para 2010, os cerca de R$ 280 milhões que a empresa tem em caixa seriam suficientes.
"O investimento (capitalização) será do Tesouro Nacional, mas os acionistas minoritários poderão acompanhar", diz Santanna. Para ele, está descartada a possibilidade de a Telebrás fechar o capital. "Isso nos obriga a ter bons critérios de governança corporativa e transparência." Além de operar a rede de 30,5 mil km de fibras ópticas que o governo quer ter até 2014, a Telebrás terá garantia de fornecimento de serviços a órgãos públicos federais, como a Receita Federal e a Previdência Social, sem necessidade de licitação.
Santanna é atualmente secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento. Ele substituirá Jorge da Motta e Silva, que foi indicado à presidência da Telebrás pelo ex-ministro das Comunicações Eunício Oliveira, hoje deputado federal do PMDB do Ceará.
Para Santanna, em cerca de dois meses a empresa poderá ser reativada. Hoje, a Telebrás tem 226 funcionários, dos quais mais da metade está alocada na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em 2020, o governo prevê que a empresa chegará a ter 400 funcionários. (DF)
=============
Addendum:
O governo é um especulador (como eu sempre desconfiei). (PRA)
O especulador
Miriam Leitão
O Globo - 06/05/2010
Durante mais de dois anos o governo soltou balões de ensaio, fez declarações, desmentidos, informações contraditórias sobre Telebrás, apesar de ser uma empresa com ações em bolsa. O resultado foi o que se viu: as especulações produziram uma violenta volatilidade, uma alta espetacular das ações. Altas e quedas produziram ganhos aos mais espertos.
A notícia que saiu aos pedaços foi confirmada: a Telebrás será a gestora do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL). A forma correta de fazer isso era o governo decidir primeiro e anunciar depois. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deveria ter visto isso.
Manipular o mercado dessa forma é crime.
O governo Lula nada fez em matéria de telecomunicação.
Tudo o que aconteceu foi decorrente da privatização.
A telefonia estatal tinha 20 milhões de clientes dos serviços de telecomunicações. Agora, 12 anos depois, são 235 milhões. O número é maior do que a população porque alguns são consumidores de diversos produtos.
As empresas, como disseram ontem em nota, investiram R$ 180 bilhões nestes 12 anos. Nada disso seria possível se o setor permanecesse estatal.
O governo Lula não conseguiu sequer usar o fundo criado na venda das empresas, o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, que tem hoje R$ 10 bilhões depositado lá pelas empresas do setor. Esse fundo era exatamente para ampliar serviços como a banda larga.
Depois de sete anos sem fazer coisa alguma, o governo Lula, a sete meses do seu fim, lança um plano para investir R$ 13 bilhões em cinco anos e reintroduzir o Estado no setor. E o faz com óbvias fanfarras eleitoreiras.
Não há dúvida que o serviço de banda larga tem que ser ampliado, mas para isso o governo tem recursos dos fundos setoriais (Fust e Funtel) e muito a fazer. Há oito anos, a Anatel não oferece uma licença de TV a cabo. A última oferta de novas frequências (espectro radioelétrico) para utilização de serviços sem fio foi feita no final de 2008. Os serviços de telecomunicações pagam mais impostos que perfumes, bebidas e armas. Só para usar um exemplo: no modem de internet móvel há 75% de impostos.
O ex-ministro das comunicações Juarez Quadros não tem dúvidas que é preciso ampliar os serviços de banda larga no Brasil, mas acha que o governo reativar uma empresa em processo de liquidação é o caminho errado.
— Uma estatal depende de procedimentos burocráticos, como restabelecimento de um quadro de pessoal, aprovação da proposta do Executivo pelo Legislativo.
Tem amarras para investir — diz ele.
A Telebrás quando funcionava era uma holding de prestadores de serviço, ela em si não prestava serviço ao público. A própria lei que criou a estatal tem que ser mudada. Isso sem falar na Lei Geral de Telecomunicações, que definiu os participantes do mercado.
O economista William Alves, da XP Investimentos, explica que a Telebrás era uma massa falida, com patrimônio líquido negativo de R$ 400 milhões. Ou seja, possuía dívidas maiores do que o valor da própria empresa.
Se ela fosse vendida, ainda assim não haveria dinheiro para pagar tudo. Os prejuízos trimestrais eram constantes, com pagamentos de passivos trabalhistas, pensões e aposentadorias.
Como mostra o gráfico abaixo, até o final de 2007 as ações da Telebrás negociadas em bolsas não tinham valorização, ficavam encostadas com preço baixo. Mas após as primeiras declarações do então ministro Helio Costa e do presidente Lula, de que queria usar a empresa no PNBL, teve início a especulação: — Quem comprou esse papel não foi o investidor, mas o especulador. Esse é um papel totalmente especulativo porque não é possível projetar nada sobre a empresa, até porque ela não oferece mais nenhum tipo de serviço, é apenas uma massa falida.
Não gera receita, apenas despesa. Tudo essa alta aconteceu em função das declarações do governo — explicou William.
Somente este ano, as ações subiram mais de 160%. Ontem, após o anúncio oficial do Plano, as ações chegaram a subir mais de 40%, e o pregão teve que ser interrompido por conta da forte volatilidade.
Se quisesse ampliar e aumentar o acesso, o governo poderia retirar barreiras, regular, ampliar licenças e frequências, fazer desonerações para os serviços que considera prioritário ou faixas de renda, e usar os fundos para subsidiar a baixa renda. Poderia ter atuado na oferta e na demanda ao longo dos últimos sete anos, mas escolheu o caminho de injetar gás numa estatal falida e quebrando todas as regras de respeito ao mercado de capitais.
Afinal de contas, o governo já fez as ações dessa companhia se valorizarem mais de 3 mil por cento, por manobras de certos "espertos" (ou bandidos) interessados justamente nisso.
Mas, você confiaria na palavra desse presidente de companhia que disse que vai apresentar lucros em apenas dois anos de funcionamento, subsidiando conexões baratas para o povinho miudo?
Talvez, pois o governo, mais uma vez, está colocando mais de 3 bilhões de reais na companhia, ou seja, o seu, o meu, o nosso dinheiro. Fica fácil, assim, fazer caridade com o dinheiro alheio, como sempre acontece.
Em todo caso, acredito que o governo poderia tratar do que é verdadeiramente estratégico: colocar crianças em escolas de boa qualidade o dia inteiro.
Oferecer conexões de internet, isso o setor privado pode fazer e o setor privado não vai fazer escolas primárias de boa qualidade, funcionando o dia inteiro...
Acho que falta foco, e faltam prioridades a esse governo.
Não esperem a educação melhorar de qualidade pelo futuro previsível: os analfabetos vão poder continuar escrevendo errado em alta velocidade...
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 7 de maio de 2010)
Sem subsídios, estatal vai ter lucro a partir de 2013, prevê novo presidente
Valor Econômico, São Paulo, 7 de Maio de 2010
De Brasília, 06/05/2010 -- O maior entusiasta da restauração da Telebrás ao longo das discussões do Plano Nacional de Banda Larga, Rogério Santanna, será seu novo presidente. Segundo ele, nos moldes do plano apresentado ontem, a partir de 2013 a Telebrás começará a apresentar lucro e, daqui a dez anos, apresentará um Ebitda (receita operacional líquida) de 51%. "Não será uma empresa subsidiada, que vai onerar os cofres públicos", diz Santanna. "Será uma empresa eficiente, que focará mais em inteligência do que na operação de serviços."
O fato relevante divulgado na terça-feira pela Telebrás indicava que a empresa poderá oferecer serviços de acesso onde a oferta não for considerada adequada, o que significa baixa atratividade econômica para empresas privadas. Para Santanna, porém, no resultado final, haverá bom lucro.
Foto Destaque
Ontem, a ação PN da empresa subiu 19,5% com a notícia da sua retomada como protagonista do PNBL. Nas contas do assessor especial da Presidência, César Alvarez, a Telebrás terá receita de R$ 5,7 bilhões daqui a dez anos.
Para ter fôlego para esta missão, a estatal - que perdeu qualquer atividade operacional com a privatização do setor em 1998 -, será capitalizada em R$ 3,22 bilhões. Santanna destaca, porém, que essa operação não precisa ocorrer no curto prazo, porque, para atingir as metas definidas para 2010, os cerca de R$ 280 milhões que a empresa tem em caixa seriam suficientes.
"O investimento (capitalização) será do Tesouro Nacional, mas os acionistas minoritários poderão acompanhar", diz Santanna. Para ele, está descartada a possibilidade de a Telebrás fechar o capital. "Isso nos obriga a ter bons critérios de governança corporativa e transparência." Além de operar a rede de 30,5 mil km de fibras ópticas que o governo quer ter até 2014, a Telebrás terá garantia de fornecimento de serviços a órgãos públicos federais, como a Receita Federal e a Previdência Social, sem necessidade de licitação.
Santanna é atualmente secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento. Ele substituirá Jorge da Motta e Silva, que foi indicado à presidência da Telebrás pelo ex-ministro das Comunicações Eunício Oliveira, hoje deputado federal do PMDB do Ceará.
Para Santanna, em cerca de dois meses a empresa poderá ser reativada. Hoje, a Telebrás tem 226 funcionários, dos quais mais da metade está alocada na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em 2020, o governo prevê que a empresa chegará a ter 400 funcionários. (DF)
=============
Addendum:
O governo é um especulador (como eu sempre desconfiei). (PRA)
O especulador
Miriam Leitão
O Globo - 06/05/2010
Durante mais de dois anos o governo soltou balões de ensaio, fez declarações, desmentidos, informações contraditórias sobre Telebrás, apesar de ser uma empresa com ações em bolsa. O resultado foi o que se viu: as especulações produziram uma violenta volatilidade, uma alta espetacular das ações. Altas e quedas produziram ganhos aos mais espertos.
A notícia que saiu aos pedaços foi confirmada: a Telebrás será a gestora do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL). A forma correta de fazer isso era o governo decidir primeiro e anunciar depois. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deveria ter visto isso.
Manipular o mercado dessa forma é crime.
O governo Lula nada fez em matéria de telecomunicação.
Tudo o que aconteceu foi decorrente da privatização.
A telefonia estatal tinha 20 milhões de clientes dos serviços de telecomunicações. Agora, 12 anos depois, são 235 milhões. O número é maior do que a população porque alguns são consumidores de diversos produtos.
As empresas, como disseram ontem em nota, investiram R$ 180 bilhões nestes 12 anos. Nada disso seria possível se o setor permanecesse estatal.
O governo Lula não conseguiu sequer usar o fundo criado na venda das empresas, o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, que tem hoje R$ 10 bilhões depositado lá pelas empresas do setor. Esse fundo era exatamente para ampliar serviços como a banda larga.
Depois de sete anos sem fazer coisa alguma, o governo Lula, a sete meses do seu fim, lança um plano para investir R$ 13 bilhões em cinco anos e reintroduzir o Estado no setor. E o faz com óbvias fanfarras eleitoreiras.
Não há dúvida que o serviço de banda larga tem que ser ampliado, mas para isso o governo tem recursos dos fundos setoriais (Fust e Funtel) e muito a fazer. Há oito anos, a Anatel não oferece uma licença de TV a cabo. A última oferta de novas frequências (espectro radioelétrico) para utilização de serviços sem fio foi feita no final de 2008. Os serviços de telecomunicações pagam mais impostos que perfumes, bebidas e armas. Só para usar um exemplo: no modem de internet móvel há 75% de impostos.
O ex-ministro das comunicações Juarez Quadros não tem dúvidas que é preciso ampliar os serviços de banda larga no Brasil, mas acha que o governo reativar uma empresa em processo de liquidação é o caminho errado.
— Uma estatal depende de procedimentos burocráticos, como restabelecimento de um quadro de pessoal, aprovação da proposta do Executivo pelo Legislativo.
Tem amarras para investir — diz ele.
A Telebrás quando funcionava era uma holding de prestadores de serviço, ela em si não prestava serviço ao público. A própria lei que criou a estatal tem que ser mudada. Isso sem falar na Lei Geral de Telecomunicações, que definiu os participantes do mercado.
O economista William Alves, da XP Investimentos, explica que a Telebrás era uma massa falida, com patrimônio líquido negativo de R$ 400 milhões. Ou seja, possuía dívidas maiores do que o valor da própria empresa.
Se ela fosse vendida, ainda assim não haveria dinheiro para pagar tudo. Os prejuízos trimestrais eram constantes, com pagamentos de passivos trabalhistas, pensões e aposentadorias.
Como mostra o gráfico abaixo, até o final de 2007 as ações da Telebrás negociadas em bolsas não tinham valorização, ficavam encostadas com preço baixo. Mas após as primeiras declarações do então ministro Helio Costa e do presidente Lula, de que queria usar a empresa no PNBL, teve início a especulação: — Quem comprou esse papel não foi o investidor, mas o especulador. Esse é um papel totalmente especulativo porque não é possível projetar nada sobre a empresa, até porque ela não oferece mais nenhum tipo de serviço, é apenas uma massa falida.
Não gera receita, apenas despesa. Tudo essa alta aconteceu em função das declarações do governo — explicou William.
Somente este ano, as ações subiram mais de 160%. Ontem, após o anúncio oficial do Plano, as ações chegaram a subir mais de 40%, e o pregão teve que ser interrompido por conta da forte volatilidade.
Se quisesse ampliar e aumentar o acesso, o governo poderia retirar barreiras, regular, ampliar licenças e frequências, fazer desonerações para os serviços que considera prioritário ou faixas de renda, e usar os fundos para subsidiar a baixa renda. Poderia ter atuado na oferta e na demanda ao longo dos últimos sete anos, mas escolheu o caminho de injetar gás numa estatal falida e quebrando todas as regras de respeito ao mercado de capitais.
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