quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A tese da semana (talvez do século)

Não me responsabilizo pela consistência teórica ou pela fiabilidade histórica, sequer pela correção econômica, da tese abaixo.
Mas, considerando-se que seu autor é um legítimo representante da classe operária, do proletariado tão incensado pelo autor original da tese da mais-valia, a quintessência da explicação marxiana para o segredo do valor econômico e o inner sanctum da teoria marxista para explicar a derrocada inevitável do capitalismo e a ascensão também inevitável e triunfante do socialismo, creio que convém dar a maior atenção a essa tese verdadeiramente revolucionária, tanto porque vem de um grupo, o Vanguarda Popular, coerentemente preocupado com o avanço da ciência entre as camadas populares e manifestamente engajado na transformação revolucionária de nossa sociedade, a começar por nossas universidades, infelizmente recheadas, como se sabe, de marxistas vulgares, que nunca leram Marx e não conseguem penetar nos arcanos do Capital, para dali aurir a fonte generosa de elocubrações filosóficas de tão alta relevância quanto essa teoria da menos-valia.
A ler e refletir. Vocês não têm nada a perder, só alguns minutos de seu tempo.
Como diriam os capitalistas vulgares, tempo é dinheiro, mas não neste caso, quando se trata de lutar pela gloriosa causa do proletariado universal.
Aux armes citoyens, ou pelo menos, às telas de computadores...
Paulo Roberto de Almeida

A menos-valia
Escrito por Operário Sindicalizado
Vanguarda Popular, 11.08.2010

Marx nos ensina, e todos sabem, que toda a fonte de valor é o trabalho. Ou seja, se uma pessoa achar por acaso numa caverna um pedaço de ouro, ele não terá valor, porque não tem trabalho algum agregado. Inversamente, se um sujeito passar 30 anos cavando um buraco, será um buraco incrivelmente caro, porque tem MUITO trabalho agregado. Não creio que haja dúvidas quanto a isso. Só cães raivosos da burguesia ousariam negar tão óbvio princípio.

Leia mais...

Brasil: um pais preparado para NAO crescer...

O que emperra o País
Rolf Kuntz
O Estado de S.Paulo, 11 de agosto de 2010

O Brasil continuará crescendo menos que outros Brics, nos próximos anos, se a taxa de investimento permanecer na vizinhança de 20% do Produto Interno Bruto (PIB), ou pouco abaixo, como tem ocorrido há muito tempo. Em 2010 deve ficar em 19%, segundo a estimativa divulgada ontem pelo Ministério da Fazenda, no relatório bimestral intitulado Economia Brasileira em Perspectiva. O PIB deve aumentar 6,5% neste ano e cerca de 5,5% no próximo, sem criar grandes pressões. O potencial de expansão sem problemas está na faixa de 5,5% a 6%, de acordo com o ministro Guido Mantega. Um avanço nesse ritmo está longe de ser desprezível. De fato, é muito bom, se comparado com as perspectivas do mundo rico, ainda afetado pela crise iniciada com o estouro da bolha de crédito. Mas os brasileiros poderiam, com realismo, ambicionar muito mais, e não precisariam fazer grandes sacrifícios para dar maior impulso ao crescimento.

Segundo a candidata Dilma Rousseff, o Brasil só não cresceu mais nos últimos anos porque o governo petista encontrou “uma inflação fora de controle”, havia uma dívida muito grande com o FMI e foi preciso gastar tempo para pôr em ordem as finanças. Deve haver quem acredite nesse besteirol, mas, como o assunto é crescimento econômico, vale a pena recordar alguns dados. O dólar disparou e a inflação aumentou em 2002 porque petistas haviam passado anos defendendo o calote da dívida pública. Se não houvesse desconfiança, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva não precisaria escrever aquela Carta ao Povo Brasileiro. O programa com o FMI foi combinado por causa disso e não envolveu nenhuma dificuldade especial. A inflação foi rapidamente contida em 2003 graças ao uso de instrumentos monetários e fiscais forjados no governo anterior. Quanto às contas públicas, já vinham sendo consertadas e hoje poderiam estar em melhor situação, se uma chefe da Casa Civil, chamada Dilma Rousseff, não houvesse torpedeado a proposta do ministro Antônio Palocci de zerar num prazo razoável o déficit nominal.

A proposta foi recusada porque a ministra, vários de seus colegas e o próprio presidente Lula preferiam continuar aumentando o gasto público. Puderam continuar nessa marcha durante anos graças à elevação da receita. A ideia era gastar mais, inflando a folha de pagamentos, deixando crescer o custeio e aumentando a rigidez orçamentária. O Tesouro sempre investiu muito menos que o valor previsto no Orçamento (neste ano, só 34,3% até 5 de agosto). Depois, elevar a qualidade do gasto nunca foi prioridade. Sempre foi muito mais importante aparelhar o governo e suas empresas, embora isso tornasse inevitável, de vez em quando, demitir algumas pessoas inconvenientes de alguma estatal.

Se o presidente Lula e seus companheiros cuidassem menos da ocupação do poder e um pouco mais da administração, poderiam ter preparado a economia para crescer mais velozmente. Para começar, poderiam ter elevado a qualidade gerencial do governo. Se a máquina federal fosse tocada com um pouco mais de competência, o investimento público teria sido bem maior com o mesmo dinheiro disponível. Basta olhar o Orçamento e conferir o baixo grau de uso das verbas. Um pouco mais de competência teria permitido também um avanço maior em todas as frentes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em três anos, a aplicação do dinheiro mal passou de 60% do previsto para 2007-2010, e isso ainda inclui financiamentos de imóveis usados. Na parte das estatais, a Petrobrás foi responsável por cerca de 90% dos investimentos concretizados.
Os 18% ou 19% do PIB investidos anualmente no Brasil dependem essencialmente da Petrobrás e do setor privado. A maior parte do setor público permanece mais aparelhada politicamente do que preparada para atender às necessidades do País. Mas o capital privado poderia ter feito mais, se o governo tivesse adotado as parcerias necessárias ao investimento em infraestrutura. Além disso, o ambiente institucional permaneceu pouco atraente, porque o governo – e nisso a ministra Dilma Rousseff teve um papel importante – emperrou o projeto das agências de regulação. Tudo isso – e é preciso também lembrar o descalabro educacional – limita o potencial de crescimento do PIB.
A última novidade é a política seletiva do BNDES. De 2008 a junho deste ano, a Petrobrás, a Eletrobrás e dez grupos privados ficaram com 57% dos financiamentos, segundo levantamento da Folha de S.Paulo. Mas há, no setor privado, quem assine manifesto a favor dessa política. Impossível, diante da alegria dessa gente, não lembrar a piada da hiena: “De que se ri o animalzinho?”

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A frase sintese da campanha eleitoral...

Deve ser muito criterioso que não se acuse sem provas porque no final da campanha tem gente que vai passar para a história das campanhas eleitorais como ter feito calúnia e difamado desnecessariamente pessoas e campanhas que não tinham provas”.
Candidata Dilma Rousseff (11/08/2010)

Entendeu leitor?
Não se preocupe, eu também não, e acho que ninguém mais.
Como disse um jornalista (Reinaldo Azevedo. de quem copio essa transcrição) é "a sintaxe na sua fase de miséria". Essa frase "rende um tratado de lingüística e neurologia."

Brazil's Foreign Policy: not so praised, anymore...

The Folly of Brazil's Exceptionalism
Daniel Wagner and Tyler Rouillard
The Huffington Post, 10 August 2010

Brazil has been referred to as a regional superpower and an emerging global power, and President Lula has been called the most popular politician in the world by President Obama. But is Brazil's and its President's status well deserved, and have they lived up to their reputation? This article will argue that the answer is 'no' to both questions.

Rather than having earned its much vaunted position among political and economic pundits, Brazil has achieved its status based more on potential than economic performance, and while President Lula has certainly earned his popularity in Brazil, on the global political stage, he has made a mess of things.

To BRIC, or not to BRIC - That is the Question
Goldman Sachs first coined the term "BRICs" in 2001, instantly catapulting Brazil into emerging regional superstar status, which was puzzling since Brazil was in the middle of a financial crisis at the time. Its $210 billion foreign debt equaled 38% of the country's GDP, per capita GDP was just $2,800, and its real GDP growth rate was just 2.7% that year. The value of its currency had plunged by 29% from the previous year, and in 2002 -- the year Lula da Silva was first elected President -- the country took out a $30 billion financial assistance package from the IMF.

Based on its economic performance, Brazil did not deserve to be placed on the same pedestal as China and India. Goldman undoubtedly threw Brazil in the pot because of its 'potential' as an emerging regional power. However, based on its economic performance, Brazil still does not deserve to be in the same company as the other BRIC countries. Consider this:

Brazil's average GDP growth rate from 1997 to 2001 was just 2.0 percent, and from 2002 to 2006, just 3.2 percent;
Its average GDP per capita actually fell from 4,100 between 1997 and 2001 to 4,000 from 2002 to 2006; and
Average annual foreign direct investment to Brazil also fell from 27 billion between 1997 to 2001 to less than 16 billion between 2002 to 2006 (Source: Political Risk Services).
The country's GDP growth rate actually only exceeded 4 percent once between 2001 and 2006, while Russia's, India's, and China's average growth rates for the period were approximately 7, 9, and 10 percent, respectively. Brazil's GDP growth in 2009 was -0.2%. Although Brazil is expected to reach 6 percent growth this year, through 2014 it is projected to revert back to its usual lackluster growth performance (by BRIC standards) of 3 to 4 percent (Source:Business Model International), while China and India are forecast to continue to try to tame double digit growth.

So it appears that Goldman erred by tossing Brazil into the BRIC pot and must have used different criteria for Brazil than it did for China or India. This raises question about the wisdom and validity of having created the term BRIC, and the aura that surrounds it.

A combination of government complacency, an inadequately developed regulatory framework, and a host of infrastructure bottlenecks prevent Brazil from achieving its full potential. Rigid labor laws, a byzantine tax system, and government domination of long-term credit markets conspire to prevent Brazil from breaking out of its well established pattern of below average economic performance. Having been lauded by investment banks for a decade, and having been rescued by the IMF - crisis after crisis -- for more than $40 billion since 1984, Brazil must feel it can do just about anything and retain its stature in the global arena.

Too Big for Its Britches

Politically, Brazil has simply gotten too big for its britches. The country's obvious regional importance and special status among global policy makers gave President Lula the confidence to leap on to the global political stage. Lula naturally sought to project Brazil's power globally, but based more on his popularity as a friend of the global worker than as a skilled statesman. Although Brazil has admittedly been a pivotal player in forming the G20 and played a significant role in WTO and climate change talks, it appears to have bitten off more than it can chew.

Brazil's foreign policy since 1985 has been based on three pillars of achieving autonomy: through diversification of relations with other nations, by maintaining a distance from the liberalizing international order, and participation in international forums. For Brazil, independence is paramount, and in foreign policy, it wants to be all things to all people. As a result, a tendency to 'double deal' with its international partners in order to protect itself has become endemic in Brazilian foreign policy over the past 25 years (Source: Gabrial Capaluni and Tullo Vigevant, Brazilian Foreign Policy in Changing Times).

By embracing Iran and attempting to broker with Turkey the low-enriched uranium swap to France, he has chosen to give priority to Brazil and Iran's $2 billion trade relationship over Brazil's decades-long relationship with Washington. As a result, Lula has burned a lot of political capital with Brazil's second largest trading partner (the U.S.). The attempted exchange with Iran demonstrates clearly that Brazil will pursue its own path, even though it is clearly not yet ready to assume a leading role in superpower politics. As Brazilian foreign affairs analyst Matias Spekor has noted, "Foreign policy requires intellectual capital, and Brazil is ill prepared to engage in a globalized world."

Brazil's attempts to play a broker role in Honduras, when former Honduran President Zalaya was thrown out of power in 2009, and more recently between the Israelis and Palestinians, also both failed - the result of the Brazil overstepping its bounds and sticking its nose where it doesn't belong. In his desire to be all things to all people and maintain a diverse range of bilateral relationships, Lula has gotten himself caught on a rather slippery slope and is causing potentially long-term damage with some of its most important allies.

Pursuit of Autonomy vs. Adversarial Role
Brazil's desire to achieve autonomy in foreign affairs is not new, but a number of historical and current examples makes one wonder whether its pursuit of 'autonomy' in foreign affairs makes the country an ally or adversary of the West. For example, Brazil first embarked on a nuclear program in the 1930s and pursued a covert nuclear weapons program until the 1970s. It retains the ability to create nuclear weapons but agreed not to do so under the terms of the Nuclear Non-Proliferation Agreement, and as a signatory to the 1994 Treaty of Tlatelolco, which bans nuclear weapons in Latin America. But Brazil continues to have a program to produce enriched uranium for power plants, and opened its first uranium enrichment plant in 2006.

In its negotiations with the International Atomic Energy Agency (IAEA) at the time, Brazilian negotiators did not want to allow inspection of its centrifuges, arguing that doing so would reveal technological secrets. Following extensive negotiations, the IAEA relented and agreed not to directly inspect the centrifuges, but rather the composition of the gas entering and leaving the centrifuges. Brazil won a significant victory and the U.S. was forced to resort to merely stating that it was "sure" Brazil had no plans to develop nuclear weapons.

If Brazil decided to pursue a nuclear weapon today its centrifuges could be reconfigured to produce enough highly enriched uranium to produce nuclear weapons. In addition, Brazil has ambition to develop a nuclear submarine fleet, having authorized the construction of a prototype submarine propulsion reactor in 2007. So Brazil has similar proliferation capability as Pakistan and North Korea but is seen as a 'team player,' having gotten a green light as one of the good guys from the IAEA and the United States, while actually having manipulated and emasculated both for its own benefit.

Consistent with its strategy of strengthening ties with poorer countries, Brazil has either abstained or attempted to substantially dilute a number of human rights resolutions in the United Nations. In February 2010, Lula visited Fidel Castro, referred to Cuban human rights hunger strikers as common criminals, and defended Cuba's treatment of political opponents.

This is ironic, since Lula got into politics as a result of being a union leader, and led similar strikes against Brazil's military government in the 1970s. According to Jose Miguel Vivanco, Americas Director of Human Rights Watch, "outside of non-democratic countries like China, Brazil has become the biggest obstacle nation to advancing universal human rights and freedoms." Is this really the reputation Brazil means to forge for itself over the long-term?

Aid Recipient and Provider
As developed countries have done for decades, Brazil is now using its new position in the world to attempt to influence poorer countries by dispensing aid. According to The Economist, Brazil now commits more than $4 billion per year in foreign assistance (including disbursements from Brazil's aid agency --the Brazilian Cooperation Agency--, contributions to individual countries and other aid organizations). That is more than China and about as much as 'generous' developed countries, such as Canada and Sweden. In that regard, Brazil is keeping good company.

Spending by the BCA has trebled over the past two years and recipient nations are quite happy to receive the aid, since Brazil does not impose western-style conditions. Unlike China, which focuses its aid on infrastructure and natural resource extraction, Brazil targets its assistance more on social programs and agriculture, which resonates well with local populations.

Since Brazil is also a recipient of aid, the country's new role as aid giver has helped blur the distinctions between aid recipients and donors. This is consistent with Brazil's tendency to want to shake up the ancient regime and redefine what is means to be a developing country. But it is entirely possible that, as was the case with China, Brazil's foray into development assistance could come back to bite it later.

Its Own Worst Enemy
In spite of all the hoopla over Brazil as one of the world's globalization poster boys, its worst enemy is itself. Brazil has yet to sustain mid-to-high single digit GDP growth rates as the other BRIC countries have done, and looks no better poised to do so in the second decade of the 21st century than it did in the first.

Brazil's inexperience on the global stage, combined with Lula's desire to project Brazilian power, has led to a series of mistakes that are perhaps best described as reckless. By trying to shape the world to reflect its own world view, Lula has succeeded in ringing alarm bells in Washington and the capitals of Europe. That cannot help its objective of gaining a permanent seat on the UN Security Council.

The Brazilian government would be well advised to steer clear of the established powers' neighborhood until such time as it is genuinely accepted as a member of the club, and can demonstrate that it has something meaningful to offer by becoming engaged in the most sensitive diplomatic issues of the day.

Daniel Wagner is Managing Director of Country Risk Solutions, a political and economic risk consultancy based in Connecticut. Tyler Rouillard is a research analyst with CRS and provided research for this article.

Keynes-Hayek: um velho debate sempre atual

Keynes versus Hayek: El gran debate continúa
por Gerald P. O'Driscoll Jr.
The Wall Street Journal, 7 de julio de 2010

Gerald P. O'Driscoll es ex-vicepresidente del Banco de la Reserva Federal en Dallas y académico asociado del Cato Institute.

El debate acerca de qué clase de políticas sacarán a la economía estadounidense de su Gran Recesión repite aquel que se dio durante la Gran Depresión. Gracias a los esfuerzos de Richard Ebeling, profesor de economía en la Universidad de Northwood, tenemos evidencia contundente y concisa. Él ha desempolvado cartas enviadas al Times de Londres desde dos perspectivas que reflejan el debate contemporáneo.

El 17 de octubre de 1932, el Times publicó una larga carta de John Maynard Keynes y cinco otros economistas académicos. Keynes y sus coautores esgrimieron el argumento a favor del gasto —de cualquier tipo, privado o público, ya sea en consumo o inversión.

“La economía privada” era el obstáculo que impedía un retorno a la prosperidad. Si una persona decide ahorrar, no hay garantía de que los fondos “encontraran su camino hacia la inversión en nuevo capital de construcción por parte de emprendimientos públicos o privados”. Ellos citaban a la “falta de confianza” como la razón por la cual los ahorros no se convierten en inversiones. Consecuentemente, “el interés público en las condiciones actuales no conduce hacia una economía privada; gastar menos dinero del que quisiéramos no es patriótico”. Ellos concluían respaldando el gasto público para compensar la miope austeridad privada.

El punto de vista esbozado en esta carta llegó a ser conocido como la economía keynesiana. Las depresiones son causadas por un déficit en el gasto, que puede compensarse mediante gasto público. La economía keynesiana (la cual precede a Keynes) es fácilmente reconocible en los discursos del presidente Obama y su equipo económico.
Dos días después, el 19 de octubre de 1932, cuatro profesores de la Universidad de Londres respondieron a la carta de Keynes y uno de los firmantes era Friedrich A. Hayek quien casi 50 años después ganaría el Premio Nóbel de Economía.

Hayek y sus coautores señalaron tres puntos de divergencia. Primero, identificaron correctamente el argumento de Keynes acerca de la futilidad del ahorro como un argumento sobre lo que tradicionalmente ha sido conocido como los peligros del ahorro, es decir, las consecuencias potencialmente perjudiciales de un aumento en la demanda del dinero a lo largo y ancho de la economía que no es correspondido por un aumento en la oferta de dinero. “Se está de acuerdo con que el acumular dinero, ya sea en efectivo o en cuentas inactivas, tiene efectos deflacionarios. Nadie piensa que la deflación en sí es deseable”.

Segundo, los profesores de Londres cuestionaron la premisa de que no importaba en qué se gastaba, ya fuese en consumo o en inversión. Ellos vieron un “renacimiento de la inversión como peculiarmente deseable”, tal y como lo ven los partidarios actuales de la economía del lado de la oferta. Ellos hicieron una distinción entre acumular dinero y los ahorros que fluyen hacia valores, y reafirmaron la importancia de los mercados de valores en transformar los ahorros en inversión.

Su tercer y más importante punto de desacuerdo con Keynes radicaba en los beneficios del gasto público financiado mediante déficit. Ellos expresaron dudas. “La existencia de una deuda pública a gran escala impone fricciones y obstáculos al reajuste mucho mayores que las fricciones y obstáculos impuestos por la existencia de la deuda privada”. Este no era el momento para “nuevas piscinas municipales” (el ejemplo dado por Keynes). En nuestro contexto actual, sería nada de estímulo.

Finalmente, e igual de importante, sugirieron una estrategia. Los gobiernos a nivel mundial, liderados por EE.UU. con el destructivo paquete de aranceles Smoot-Hawley de 1930, se habían volcado hacia el proteccionismo y las restricciones a los flujos de capitales. Hayek argumentó que era hora de “abolir aquellas restricciones sobre el comercio y el libre movimiento del capital”.

En resumen, ellos argumentaban que la cura para la Gran Depresión era un revigorizado sistema global de comercio. La economía mundial no ha se ha volcado hacia el proteccionismo esta vez, pero esfuerzos por expandir el comercio mundial se han debilitado. Como Allan Meltzer, profesor de economía en la Universidad de Carnegie Mellon, recientemente le recordó a los lectores página de opinión del Wall Street Journal (“Why Obamanomics Has Failed”, 30 de Junio de 2010), solamente la expansión del comercio nos puede permitir pagar la deuda pública que pesa sobre la economía.

El redescubrimiento del profesor Ebeling de estas cartas ha desatado un torrente de comentarios en los blogs. Como dijera Mario Rizzo, economista de la Universidad de Nueva York, “El gran debate todavía es Keynes versus Hayek. Todo lo demás es una nota al pie de página”. Los economistas han cubierto al debate con cada vez más complejidad matemática, pero los asuntos de fondo siguen siendo los mismos.

¿Estaba Keynes en lo correcto cuando decía que los ahorros se convierten en dinero inactivo y deprimen la actividad económica? O, ¿acaso la perspectiva de Hayek, primero articulada por Adam Smith en La riqueza de las naciones en 1776, era la correcta? (Smith: “Lo que es ahorrado anualmente es tan regularmente consumido como lo que es gastado anualmente, y casi al mismo tiempo también”.)

¿Todo gasto es igualmente productivo o deberían las políticas estatales buscar estimular el gasto privado? Si esto último es cierto, entonces Obama ha estado siguiendo los pasos de Franklin Delano Roosevelt e impidiendo la recuperación. Lo hace al demonizar los negocios y crear un régimen de incertidumbre con nuevas regulaciones y programas costosos. En esto no sigue ni a Hayek ni a Keynes, ya que generar incertidumbre era considerado como algo destructivo por ambos.

Finalmente, ¿acaso crear más deuda pública en una economía debilitada será el camino a la recuperación? O, ¿es la “economía” (austeridad en el debate de hoy) y el ahorro el camino a la prosperidad ahora, como usualmente se ha creído?

Expandindo o Estado assistencialista: construindo um Brasil inviavel

Não se trata de considerar que os gastos do Bolsa Família são orçamentariamente insuportáveis, porque não o são: representam menos da metade, talvez uma quarta parte do "Bolsa-Empresários" e do ajutório a banqueiros, que o governo promove por diferentes meios e mecanismos de transferência de dinheiro para quem já é rico. O governo sempre fez isso e continua fazendo.
Trata-se simplesmente da criação de uma mentalidade assistencialista que vai dividir o Brasil em duas nações: a dos assistidos e a dos pagantes, sendo que os primeiros já se consideram titulares de um direito irrevogável, como se constata abaixo.

Beneficiários do Bolsa Família querem mais
Folha.com, 11.08.2010

Setenta e oito por cento dos beneficiários do Programa Bolsa Família preferem a expansão do número de atendidos e outros 22% defendem o aumento do valor do benefício.

Isso é o que revela pesquisa encomendada pelo MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Entre as pessoas que estão fora do programa, 85% defendem a inclusão de mais famílias e 15% preferem que o valor do benefício seja aumentado.

Somando beneficiários e não atendidos, 82% responderam pela expansão, contra 18% que optaram pelo aumento do repasse do programa.

A pesquisa avaliou também se as famílias têm dificuldades para cumprir as exigências do programa, como permanência das crianças na escola e vacinação em dia.

Do total de entrevistados, 81% responderam não enfrentar problemas no cumprimento das condições exigidas pelo Bolsa Família.

Entre as famílias urbanas, 84% disseram não ter dificuldade, contra 71% das que vivem no meio rural. Mais de 90% dos entrevistados sabe e entende quais são os critérios para ingressar no programa, conforme a pesquisa.

O Ifpri (Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares), responsável pela pesquisa, ouviu famílias beneficiárias e não contempladas pelo programa.

O objetivo é medir os efeitos provocados pelo programa nas condições de vida dos beneficiários.

As famílias beneficiária ou não atendidas pelo programa foram ouvidas em 2005 e em 2009. Na primeira rodada, foram entrevistadas 15.426 famílias em 269 municípios.

Em 2009, cerca de 11 mil famílias foram novamente entrevistadas. De acordo com os pesquisadores, a perda de amostra ocorre por dificuldades em localizar as famílias, mas foi considerada dentro dos padrões.

A maioria dos dados divulgados hoje se referem à avaliação de 2009. O programa atende hoje a 12,6 milhões de famílias.

Mentiras politicas: ate quando os jornalistas aceitam as fraudes eleitorais?

Não digo pela jornalista econômica abaixo transcrito, mas por todos esses repórteres e entrevistadores, que ouvem mentiras e não retrucam na hora.
Tenho horror à mentira e apenas por este motivo transcrevo esta matéria, não por achar que ela é especialmente meritória.
Mas quando num país todos os políticos mentem, alguém precisa restabelecer a verdade dos fatos.
Paulo Roberto de Almeida

Em nome dos fatos
Miriam Leitão
O Globo, 11.08.2010

Inflação fora de controle quem enfrentou foi o Plano Real. O acumulado em 12 meses estava em 5.000% em julho de 1994. Quando a inflação subiu em 2002, no último ano do governo Fernando Henrique, pela incerteza eleitoral criada pelo velho discurso radical do PT, ficou em 12%.

Ela foi reduzida pelo instrumental que o PT havia renegado. Isso é a História. O resto é propaganda e manipulação.

O PT e o governo Lula têm dito que receberam o país com descontrole inflacionário e a candidata Dilma Rousseff repetiu isso na entrevista do Jornal Nacional. O interesse é mexer com o imaginário popular que lembra do tormento da inflação.

A grande vitória contra a inflação foi conquistada no governo Itamar Franco, no plano elaborado pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, como todos sabem. Nos primeiros anos do governo FHC houve várias crises decorrentes, em parte, do sucesso no combate à inflação, como a crise bancária.

Foi necessário enfrentar todas essas ondas para garantir a estabilização. Nada daquela luta foi fácil. A inflação havia derrotado outros cinco planos, e feito o país perder duas décadas.

Todos sabem disso. Se por acaso a candidata Dilma Rousseff andava distraída nesta época, o seu principal assessor Antonio Palocci sabe muito bem o que foi que houve. Ele ajudou a convencer os integrantes do partido a ter uma atitude mais madura e séria no combate à inflação.

O PT votou contra o Plano Real e fez oposição a cada medida necessária para consolidar a nova ordem. As ideias que o partido tinha sobre como derrotar a alta dos preços eram rudimentares.

Em 2002, a inflação subiu principalmente nos dois últimos meses, após a eleição. A taxa, que havia ficado abaixo de 6% em 2000, subiu um pouco em 2001 e ficou quase todo o ano de 2002 em torno de 7%. Em outubro daquele ano, o acumulado em 12 meses foi para 8,5%. Em novembro, com Lula eleito, subiu para 10,9% e em dezembro fechou em
12,5%.

É tão falso culpar o governo Fernando Henrique por aquela alta da inflação — de 12,5% repita-se, e não os 5.000% que ele enfrentou — quanto culpar o governo Lula pela queda do PIB do ano passado, que foi provocada pela crise internacional.

Recentemente, conversei com um integrante do governo Lula que, longe dos holofotes e da campanha, admitiu que essa aceleração final foi decorrente do fato de que a maioria dos empresários não acreditava que o governo Lula fosse pagar o preço de manter a estabilização.

Esse foi o mérito do PT. Foi ter contrariado seu próprio discurso, abandonado suas próprias propostas, por ter percebido o valor da estabilização.

Esse esforço foi liderado por Palocci e pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A inflação entraria numa rota de descontrole que poderia até ter destruído o esforço feito durante os oito anos anteriores se o governo Lula tivesse persistido nas suas propostas.

A História foi essa e não a que a candidata Dilma Rousseff apresentou.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...