Eu não tenho carreira política, nem pretendo ter. Jamais me filiei, jamais me filiarei a qualquer partido político, e nunca pretendi atuar politicamente através de qualquer instituição partidária. Sou eu e minha consciência, apenas isso.
Mas, isso precisa ficar claro, gostaria de morar num país no qual a verdade predominasse, apenas isto.
Como um cidadão consciente, quando vejo uma mentira vir a público, considero ser meu dever de cidadão denunciá-la.
Como pretendo viver num país em que a verdade predomina, quando vejo uma mentira muito grande, creio que os homens de bem têm o dever de denunciá-la.
Grandes mentirosos pretendem fazer-nos de idiotas, pensando enganar-nos com suas mentiras. A mim não me enganam, e acho que se deve sempre repetir:
uma mentira é uma mentira, uma mentira, uma mentira...
Apenas isto.
Paulo Roberto de Almeida
Violação não teve objetivo político, afirma Receita
LEONARDO SOUZA, MÁRIO SÉRGIO LIMA DE BRASÍLIA
Folha de S.Paulo, 28/08/2010
Em tentativa de despolitizar o caso, cúpula diz que havia "balcão de negócios"
Investigação sobre o vazamento de dados sigilosos de pessoas ligadas a Serra não deve acabar antes do 1º turno
O secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, e o corregedor-geral do órgão, Antônio Carlos D'Ávila, tentaram ontem despolitizar a quebra dos dados fiscais de quatro pessoas ligadas ao candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
De acordo com os dirigentes do fisco, a violação do sigilo dos tucanos ocorreu a partir de um esquema criminoso mais amplo de compra e venda de informações que funcionava dentro da agência da Receita em Mauá (SP).
"Realmente esse fato preocupa [a quebra dos dados das pessoas ligadas a Serra]. Mas, se nós analisarmos todos os acessos feitos na agência, verificamos que foram indistintamente realizados. Não acredito que tenha havido fins específicos de natureza político-partidária", disse Cartaxo, em entrevista para explicar o caso.
Conforme a Folha revelou, os dados do vice-presidente tucano, Eduardo Jorge, estavam em um dossiê feito pela chamada "equipe de inteligência" da campanha de Dilma Rousseff (PT). Os outros alvos da quebra tiveram seus nomes citados em outro dossiê do mesmo grupo.
Segundo o corregedor do órgão, foram levantados indícios de que um intermediário de fora da Receita encomendava dados sigilosos de contribuintes diversos a duas servidoras de Mauá, mediante "pagamento de propina".
D'Ávila não informou quem seria o intermediário. "Nas investigações, que poderão ser ratificadas pela Polícia Federal, há indícios de um balcão de compra e venda de dados sigilosos", disse.
Já Cartaxo afirmou que o episódio "não só nos deixa extremamente constrangidos como instituição mas também traumatizados".
Em outubro do ano passado, foram acessados e impressos irregularmente declarações do Imposto de Renda de Eduardo Jorge, do ex-ministro de FHC Luiz Carlos Mendonça de Barros, do ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio e de Gregorio Marin Preciado, casado com uma prima de Serra.
Além desses casos, a corregedoria listou outros 320 acessos a informações de contribuintes realizados na agência de Mauá entre agosto e dezembro do ano passado, incluindo dados da apresentadora de TV Ana Maria Braga e de empresários. Não se sabe quantos desses acessos foram irregulares.
"PURA ENROLAÇÃO"
"Essa investigação da Receita é pura enrolação. Eu tenho cópia de todo o procedimento da corregedoria. Não há nem uma menção sequer à venda de dados. Por que o secretário Cartaxo vem a público agora falar sobre essa hipótese? Ele está protegendo o PT", afirmou EJ.
O corregedor disse que na segunda-feira a comissão de inquérito encarregada do caso vai entregar ao Ministério Público Federal representação criminal recomendando o indiciamento da analista fiscal Antonia Aparecida Neves Silva e da funcionária do Serpro cedida ao fisco Adeildda Ferreira dos Santos.
Todos os acessos irregulares ocorreram no computador de Adeildda, mas a partir da senha de Antonia. As representações são por violação do sigilo funcional.
O corregedor do fisco ressaltou que as representações encerram apenas a primeira parte da investigação. Segundo ele, não será possível concluir a apuração num prazo inferior a 60 dias, ou seja, antes do primeiro turno.
"Não estamos preocupados com o calendário eleitoral", disse Cartaxo.
============
Addendum:
Transcrevo aqui dois despachos do mesmo jornal, cada um com declarações dos dois principais candidatos, em torno dos quais tudo gira, inclusive esta história escabrosa.
Leia as declarações de cada um, e escolha em quem você pretende acreditar.
Um deles está tentando nos chamar de idiotas, adivinhe quem é...
Paulo Roberto de Almeida
Apuração do fisco é "história de carochinha", afirma Serra
HUDSON CORRÊA DO RIO
MATHEUS MAGENTA DE SALVADOR
Folha de S.Paulo, 28.08.2010
Para Dilma, tudo indica que vazamento de dados sigilosos não foi político
Tucano volta a atacar o PT e diz que tentaram fazer armadilha contra ele; petista afirma que o que houve foi corrupção
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem que a apuração da Receita Federal sobre o vazamento de dados fiscais de pessoas ligadas ao partido "é uma história de carochinha, uma maluquice total".
Na agência da Receita em Mauá (SP) foram quebrados ilegalmente os sigilos de pessoas ligadas ao presidenciável e a seu partido. Parte dos dados serviram para a montagem de um dossiê e estavam em poder da equipe ligada à então pré-campanha de Dilma Rousseff (PT).
Para Serra, houve "a utilização do poder do governo contra indivíduos". "Foi uma armadilha que tentaram armar contra mim. Só que eles têm sempre um problema: eu sou ficha limpa", afirmou, e voltou a responsabilizar o PT pelas quebras de sigilo.
"Em todas as eleições, o PT costuma fazer a mesma coisa. Antes [2006] teve o dossiê dos aloprados. Agora tem a quebra de sigilo, todo aquele dossiê que estavam fazendo, comandados pelo candidato a senador em Minas Gerais, Fernando Pimentel [PT]."
No Rio, Serra fez uma palestra para cerca de cem pessoas no Clube de Aeronáutica e criticou uma suposta estratégia do PT de espalhar boatos contra ele.
Logo depois, em entrevista, o tucano atacou diretamente Dilma: "O PT tem sempre duas caras e a sua candidata não escapa disso".
DILMA
A candidata do PT, por sua vez, disse ontem que "tudo indica" que o vazamento dos dados fiscais faz parte de um "grande esquema de corrupção", sem caráter político.
As investigações feitas pela Corregedoria-Geral da Receita encontraram indícios de que os vazamentos foram encomendados por intermediários de fora do órgão.
"Pelo que eu li [na imprensa], tudo indica que é um grande esquema de corrupção, que envolve, parece, que vocês listam 140 nomes, visivelmente sem caráter político", afirmou Dilma durante entrevista em Salvador.
Ela voltou a criticar a oposição, que a responsabiliza pelo vazamento dos dados. "Eu acho que é uma tentativa um pouco desesperada da oposição tentar usar isso."
À noite, Dilma participaria de um comício ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Pernambuco.
Ela negou que diminuirá o número de aparições públicas até o final da campanha por liderar as pesquisas.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 28 de agosto de 2010
China and its growth - Stratfor
Dispatch: China's GDP and Questions of Strength
Rodger Baker
Video Stratfor, August 16, 2010
China’s gross domestic product (GDP) is close to surpassing Japan’s to become the second largest in the world. Analyst Rodger Baker explains the multiple fundamental weaknesses in China’s economic system and why GDP is not the only indicator of a state’s economic strength.
Dispatch: China's GDP and Questions of Strength
Rodger Baker
Video Stratfor, August 16, 2010
China’s gross domestic product (GDP) is close to surpassing Japan’s to become the second largest in the world. Analyst Rodger Baker explains the multiple fundamental weaknesses in China’s economic system and why GDP is not the only indicator of a state’s economic strength.
Dispatch: China's GDP and Questions of Strength
Paises emergentes: estao emergindo para o que, exatamente?
Parece que o autor tem certo despeito contra o Brasil, ou pelo menos contra sua atual política externa, que ele julga nociva do ponto de vista de certos valores humanistas. Em todo caso, cabe considerar seus argumentos.
Paulo Roberto de Almeida
TRIBUNA: JORGE CASTAÑEDA
Los países emergentes y el derecho internacional
JORGE CASTAÑEDA
El País, 26/08/2010
Ingresar en los centros de decisión del mundo conlleva aceptar su andamiaje jurídico.
¿Se puede ser líder mundial sin tener ascendencia en la propia región?
La prensa internacional ha seguido de cerca el tema de la posible ejecución en los próximos días de una mujer iraní. Como muchos lo habrán leído, Sakineh Mohammadi Ashtiani fue originalmente acusada de adulterio y condenada a muerte por lapidación, siguiendo la ley islámica de la sharia en Irán; ahora solo es acusada de homicidio y enfrenta la posibilidad de ser ahorcada.
El mundo ha protestado y es poco probable que la sentencia se lleve a cabo. Sin embargo, las reacciones de unos y de otros en torno a esta aberración han resultado reveladoras, y sintomáticas. Así, por ejemplo, de acuerdo a la información publicada por EL PAÍS hace unos días, el tema se ha convertido en el meollo coyuntural de la campaña presidencial en Brasil, donde la puntera Djilma Roussef ha tendido a defender a las autoridades iraníes, y el aspirante Jose Serra ha atacado las posturas del presidente Lula de acercamiento con Teherán. Cuando ciertos sectores de la sociedad civil brasileña y los medios solicitaron a Lula que interviniera ante su amigo el presidente de Irán, Mahmud Ahmadineyad, Lula contestó: "Las personas tienen leyes. Si comenzáramos a desobedecer las leyes de esas personas para atender los llamamientos de los presidentes en poco tiempo habría un caos. Un presidente de la República no puede estar pegado a Internet atendiendo a todas las peticiones en relación a otro país".
Después rectificó y reconoció que "ninguna mujer debería ser apedreada por engañar a su marido", ofreció asilo a Ashtiani si el Gobierno de Irán así lo deseaba y si consideraba que la mujer "adúltera" era "incómoda". Ahmadineyad rechazó la "generosa" oferta del brasileño. Lula evidentemente cree que no todas las leyes son iguales, y que la pena de muerte en cualquier país es reprobable aunque sea legal -sea en Estados Unidos, China, Irán o Cuba-, que hay penas de muerte más bárbaras que otras, como la lapidación.
Esta actitud es en el fondo idéntica a su postura ante la muerte del disidente cubano Orlando Zapata y frente a la huelga de hambre de su compatriota Guillermo Fariñas, aunque ciertamente en esta ocasión más estridente y extrema. Pero es indicativa de un dilema que enfrenta el mundo hoy, y que trato de describir y analizar en un ensayo que aparece en estos días en la revista norteamericana Foreign Affairs sobre la hipotética inclusión de nuevos actores o potencias mundiales en los centros de decisión internacionales.
En resumen, el artículo plantea que el ingreso de países como China, India, Sudáfrica y Brasil a clubes exclusivos como el Consejo de Seguridad de la ONU (China ya es miembro), el G-8 u otros análogos, podría arrojar una mayor representatividad de estos foros, pero no necesariamente para bien. China, la India, Sudáfrica y Brasil no son parti-darios del régimen jurídico internacional en plena construcción desde hace varias décadas en materia de defensa de la democracia, de los derechos humanos, de la no proliferación, de la protección del medio ambiente, de una mayor liberalización del comercio e incluso, en el caso de India y de China, de la Corte Penal Internacional.
Es innegable que los países ricos y los menos ricos que han ido construyendo este andamiaje normativo no siempre lo respetan y en ocasiones su hipocresía es insólita: Estados Unidos, en las cárceles de Guantánamo y Abu Ghraib; pero también Francia e Inglaterra en sus antiguas colonias africanas; e incluso Alemania en los Balcanes. Pero la gran diferencia entre esas potencias antiguas y las nuevas reside en la fuerza de sus respectivas sociedades civiles, cuyo vigor y activismo ha fijado límites a los excesos de las potencias tradicionales, cosa que no sucede con las nuevas.
Los ejemplos del rechazo a la nueva configuración jurídica internacional abundan: la postura de China en Tíbet, su apoyo a la junta de Myanmar y el suministro de varios apoyos al programa atómico de Pakistán, y sobre todo su posición ante el genocidio en Darfur; el respaldo de India a la represión en Myanmar y a los virtuales campos de concentración de ex combatientes o simpatizantes tamiles en Sri Lanka, y ante al programa de enriquecimiento de uranio iraní; la indiferencia de Sudáfrica ante la represión y el fraude electoral en Zimbabue; y las omisiones de Brasil respecto a la defensa de los derechos humanos, la democracia y las libertades en Cuba, Venezuela y ahora, de manera flagrante, en Irán.
Otros ejemplos incluyen la manera en que han formado un frente común varios de ellos en las negociaciones sobre cambio climático, junto con los países del llamado Tercer Mundo y en la Ronda de Doha. Por un lado China es la segunda economía del mundo; por el otro se solidariza con los países pobres: ¿son compatibles ambas identidades? Brasil se ve como líder mundial, buscando en vano soluciones al conflicto entre el Grupo de los Seis e Irán, pero sin siquiera proponerse ayudar a destrabar litigios más cercanos: entre Uruguay y Argentina, entre Colombia y Venezuela, entre Bolivia y Chile. ¿Se puede ser líder mundial sin tener ascendencia en su propia región?
Son justamente este tipo de razones por las que estos países no están listos para ingresar al club de los poderes internacionales fácticos. Su ingreso debilitaría los avances alcanzados en la construcción de ese andamiaje jurídico internacional que muchos anhelan, por limitados y endebles que sean. Dos razones lo explican: la adulación comprensible pero anacrónica de estos países por el principio de la no intervención y la soberanía como bien absoluto, y la debilidad de su sociedad civil, más en China y Sudáfrica que en la India y Brasil. Ojalá pueda suscitarse en estas naciones el debate necesario sobre su lugar en el mundo y las posibles cesiones multilaterales de soberanía a favor de bienes superiores, y para despertar y organizar a sus sociedades civiles.
En el pasado dichas sociedades dieron luchas importantes (contra el apartheid en Sudáfrica, la dictadura militar en Brasil, o por la independencia en India), pero hoy no parecen estar dispuestas a comprometerse con los pilares fundamentales del emergente régimen jurídico internacional. China, la India, Brasil, Sudáfrica y otros miembros del G-20 con aspiraciones análogas tienen todo el derecho de conservar sus posturas tercermundistas, soberanistas y nostálgicas del Movimiento de los No Alineados, pero entonces que sigan siendo eso: líderes del Tercer Mundo y no del mundo a secas.
Jorge G. Castañeda, ex canciller mexicano, es profesor de la Universidad de Nueva York y de la Universidad Nacional Autónoma de México.
Paulo Roberto de Almeida
TRIBUNA: JORGE CASTAÑEDA
Los países emergentes y el derecho internacional
JORGE CASTAÑEDA
El País, 26/08/2010
Ingresar en los centros de decisión del mundo conlleva aceptar su andamiaje jurídico.
¿Se puede ser líder mundial sin tener ascendencia en la propia región?
La prensa internacional ha seguido de cerca el tema de la posible ejecución en los próximos días de una mujer iraní. Como muchos lo habrán leído, Sakineh Mohammadi Ashtiani fue originalmente acusada de adulterio y condenada a muerte por lapidación, siguiendo la ley islámica de la sharia en Irán; ahora solo es acusada de homicidio y enfrenta la posibilidad de ser ahorcada.
El mundo ha protestado y es poco probable que la sentencia se lleve a cabo. Sin embargo, las reacciones de unos y de otros en torno a esta aberración han resultado reveladoras, y sintomáticas. Así, por ejemplo, de acuerdo a la información publicada por EL PAÍS hace unos días, el tema se ha convertido en el meollo coyuntural de la campaña presidencial en Brasil, donde la puntera Djilma Roussef ha tendido a defender a las autoridades iraníes, y el aspirante Jose Serra ha atacado las posturas del presidente Lula de acercamiento con Teherán. Cuando ciertos sectores de la sociedad civil brasileña y los medios solicitaron a Lula que interviniera ante su amigo el presidente de Irán, Mahmud Ahmadineyad, Lula contestó: "Las personas tienen leyes. Si comenzáramos a desobedecer las leyes de esas personas para atender los llamamientos de los presidentes en poco tiempo habría un caos. Un presidente de la República no puede estar pegado a Internet atendiendo a todas las peticiones en relación a otro país".
Después rectificó y reconoció que "ninguna mujer debería ser apedreada por engañar a su marido", ofreció asilo a Ashtiani si el Gobierno de Irán así lo deseaba y si consideraba que la mujer "adúltera" era "incómoda". Ahmadineyad rechazó la "generosa" oferta del brasileño. Lula evidentemente cree que no todas las leyes son iguales, y que la pena de muerte en cualquier país es reprobable aunque sea legal -sea en Estados Unidos, China, Irán o Cuba-, que hay penas de muerte más bárbaras que otras, como la lapidación.
Esta actitud es en el fondo idéntica a su postura ante la muerte del disidente cubano Orlando Zapata y frente a la huelga de hambre de su compatriota Guillermo Fariñas, aunque ciertamente en esta ocasión más estridente y extrema. Pero es indicativa de un dilema que enfrenta el mundo hoy, y que trato de describir y analizar en un ensayo que aparece en estos días en la revista norteamericana Foreign Affairs sobre la hipotética inclusión de nuevos actores o potencias mundiales en los centros de decisión internacionales.
En resumen, el artículo plantea que el ingreso de países como China, India, Sudáfrica y Brasil a clubes exclusivos como el Consejo de Seguridad de la ONU (China ya es miembro), el G-8 u otros análogos, podría arrojar una mayor representatividad de estos foros, pero no necesariamente para bien. China, la India, Sudáfrica y Brasil no son parti-darios del régimen jurídico internacional en plena construcción desde hace varias décadas en materia de defensa de la democracia, de los derechos humanos, de la no proliferación, de la protección del medio ambiente, de una mayor liberalización del comercio e incluso, en el caso de India y de China, de la Corte Penal Internacional.
Es innegable que los países ricos y los menos ricos que han ido construyendo este andamiaje normativo no siempre lo respetan y en ocasiones su hipocresía es insólita: Estados Unidos, en las cárceles de Guantánamo y Abu Ghraib; pero también Francia e Inglaterra en sus antiguas colonias africanas; e incluso Alemania en los Balcanes. Pero la gran diferencia entre esas potencias antiguas y las nuevas reside en la fuerza de sus respectivas sociedades civiles, cuyo vigor y activismo ha fijado límites a los excesos de las potencias tradicionales, cosa que no sucede con las nuevas.
Los ejemplos del rechazo a la nueva configuración jurídica internacional abundan: la postura de China en Tíbet, su apoyo a la junta de Myanmar y el suministro de varios apoyos al programa atómico de Pakistán, y sobre todo su posición ante el genocidio en Darfur; el respaldo de India a la represión en Myanmar y a los virtuales campos de concentración de ex combatientes o simpatizantes tamiles en Sri Lanka, y ante al programa de enriquecimiento de uranio iraní; la indiferencia de Sudáfrica ante la represión y el fraude electoral en Zimbabue; y las omisiones de Brasil respecto a la defensa de los derechos humanos, la democracia y las libertades en Cuba, Venezuela y ahora, de manera flagrante, en Irán.
Otros ejemplos incluyen la manera en que han formado un frente común varios de ellos en las negociaciones sobre cambio climático, junto con los países del llamado Tercer Mundo y en la Ronda de Doha. Por un lado China es la segunda economía del mundo; por el otro se solidariza con los países pobres: ¿son compatibles ambas identidades? Brasil se ve como líder mundial, buscando en vano soluciones al conflicto entre el Grupo de los Seis e Irán, pero sin siquiera proponerse ayudar a destrabar litigios más cercanos: entre Uruguay y Argentina, entre Colombia y Venezuela, entre Bolivia y Chile. ¿Se puede ser líder mundial sin tener ascendencia en su propia región?
Son justamente este tipo de razones por las que estos países no están listos para ingresar al club de los poderes internacionales fácticos. Su ingreso debilitaría los avances alcanzados en la construcción de ese andamiaje jurídico internacional que muchos anhelan, por limitados y endebles que sean. Dos razones lo explican: la adulación comprensible pero anacrónica de estos países por el principio de la no intervención y la soberanía como bien absoluto, y la debilidad de su sociedad civil, más en China y Sudáfrica que en la India y Brasil. Ojalá pueda suscitarse en estas naciones el debate necesario sobre su lugar en el mundo y las posibles cesiones multilaterales de soberanía a favor de bienes superiores, y para despertar y organizar a sus sociedades civiles.
En el pasado dichas sociedades dieron luchas importantes (contra el apartheid en Sudáfrica, la dictadura militar en Brasil, o por la independencia en India), pero hoy no parecen estar dispuestas a comprometerse con los pilares fundamentales del emergente régimen jurídico internacional. China, la India, Brasil, Sudáfrica y otros miembros del G-20 con aspiraciones análogas tienen todo el derecho de conservar sus posturas tercermundistas, soberanistas y nostálgicas del Movimiento de los No Alineados, pero entonces que sigan siendo eso: líderes del Tercer Mundo y no del mundo a secas.
Jorge G. Castañeda, ex canciller mexicano, es profesor de la Universidad de Nueva York y de la Universidad Nacional Autónoma de México.
Paixoes desatadas: os blogs como evidencias da estupidez crescente
Um leitor deste blog reclamou, ainda ontem, de minha tendência a considerar a educação no Brasil como perdida pelos próximos anos. Ele acha que eu fiz previsões catastrofistas sem qualquer razão para fazê-lo.
Em resposta, disse a ele que eu não estava fazendo previsões, mas apenas constatando o que já existe de fato na atualidade, basta olhar em volta.
Com efeito, quem conhece a realidade educacional do país, não apenas pelos indicadores, estes sim verdadeiramente catastróficos do PISA (recomendo uma visita ao site da OCDE, para maiores precisões, estarrecedoras), mas também pelo contato direto -- e quem tem filhos em escolas brasileiras, mesmo privadas, sabe o horror que são os professores, com muitas exceções, claro -- com alunos e professores (e eu tenho, pelos meus encargos acadêmicos), sabe que a realidade da educação no Brasil é muito pior do que possamos imaginar, e bota pior nisso.
Mas eu também me dedico -- só pode ser por esporte masoquista -- a ler os comentários de leitores nos blogs e colunas de jornalistas de grandes meios, em quase todos os que permitem publicação de comentários de leitores. Posso garantir que a impressão que se tem é arrasadora.
Sempre li as cartas de leitores nos grandes jornais e revistas -- Estadão, Globo, FSP, Veja, etc. -- pois elas revelam o que vai realmente na alma do povo. Mas essas cartas são rigorosamente selecionadas e as redações eliminam as mais chocantes ou mais mal escritas. Outra forma de saber dessa "opinião popular" é conversar com motoristas de taxi, mas aí o universo é imenso, e eu não ando muito de taxi, salvo em viagens, quando não tenho tempo ou paciência para ficar conversando com motoristas de SP ou Rio.
Mais instrutivos, e muito mais estarrecedores, são, portanto, esses comentários em blogs e colunas de jornalistas, sobretudo os que não são moderados devidamente.
Começa que a linguagem é a pior possível, em muitos casos, com expressões que normalmente seriam substituídas por apitos sonoros nos programas de televisão e por sinais característicos -- #@*+x&! -- nos textos escritos. Os argumentos, então, são os mais alucinantes que se pode encontrar na literatura fantástica, ou de botequim.
Portanto, quero contradizer meu comentarista e dizer o que segue.
Confesso que me assusta a mediocridade galopante e a estupidez crescente. O Brasil vem, sim, caminhando para a decadência mental.
Deixo vocês com este texto que retrata, de forma educada, essa nova realidade.
Paulo Roberto de Almeida
Paixões perigosas
Nelson Motta
O Estado de S.Paulo, 27 de agosto de 2010
Não é só nas novelas que a paixão cega, ensurdece, escurece a mente e embota a inteligência. Ela nos leva a fazer o inconcebível, a aceitar o inaceitável, a esquecer o inesquecível. Como em um transe, uma possessão, ela se incorpora e comanda, atropela a ética, a estética e as evidencias.
Paixão é droga pesada, que provoca êxtase e dependência, é insaciável, e sua falta produz desespero, vazio e dor. Mas sem paixão, dizia Nelson Rodrigues, não se pode nem chupar um Chicabon.
É impossível imaginar grandes conquistas pessoais e coletivas sem paixão, sem entrega. É ela que nos move além do instinto, da razão e de nós mesmos. Fora as carnais, que são hors concours, as paixões mais perigosas parecem ser as políticas, esportivas e religiosas.
É fascinante, e assustador, ver pessoas educadas e delicadas se transformando em bestas boçais cuspindo fogo e soltando coices verbais por um jogo de futebol. Filmados, não se reconheceriam. Reconhecidos, se vexariam. Mas é mais forte do que eles.
Na faculdade, já achava meio ridículos os debates acalorados nas assembleias estudantis, movidos a slogans, palavras de ordem, acusações, bravatas e ameaças. E não raro, força bruta e intimidação. Nobres e pobres paixões juvenis.
Hoje, ler os comentários de leitores nos blogs é chafurdar no que há de mais estúpido na paixão política, e pior, partidária. Pelo seu potencial destruidor, por emburrecer os inteligentes, fortalecer os intolerantes, afastar os diferentes, entorpecer a razão, inviabilizar qualquer convivência.
É a paixão desses militantes sinceros e radicais, de qualquer partido, coitados, que serve de massa de manobra para políticos apaixonados - não pelo País ou a cidade - mas pelo poder, e por eles mesmos.
Como equilibrar a paixão necessária com a razão e a serenidade indispensáveis para viver e crescer em liberdade? Paixões são indomáveis e incontroláveis, delas nascem as piores formas de servidão. Nos resta esperar o lançamento de um Super Paixoneitor Control Tabajara, e não perder a novela Passione, uma aula sobre os estragos que ela provoca.
Em resposta, disse a ele que eu não estava fazendo previsões, mas apenas constatando o que já existe de fato na atualidade, basta olhar em volta.
Com efeito, quem conhece a realidade educacional do país, não apenas pelos indicadores, estes sim verdadeiramente catastróficos do PISA (recomendo uma visita ao site da OCDE, para maiores precisões, estarrecedoras), mas também pelo contato direto -- e quem tem filhos em escolas brasileiras, mesmo privadas, sabe o horror que são os professores, com muitas exceções, claro -- com alunos e professores (e eu tenho, pelos meus encargos acadêmicos), sabe que a realidade da educação no Brasil é muito pior do que possamos imaginar, e bota pior nisso.
Mas eu também me dedico -- só pode ser por esporte masoquista -- a ler os comentários de leitores nos blogs e colunas de jornalistas de grandes meios, em quase todos os que permitem publicação de comentários de leitores. Posso garantir que a impressão que se tem é arrasadora.
Sempre li as cartas de leitores nos grandes jornais e revistas -- Estadão, Globo, FSP, Veja, etc. -- pois elas revelam o que vai realmente na alma do povo. Mas essas cartas são rigorosamente selecionadas e as redações eliminam as mais chocantes ou mais mal escritas. Outra forma de saber dessa "opinião popular" é conversar com motoristas de taxi, mas aí o universo é imenso, e eu não ando muito de taxi, salvo em viagens, quando não tenho tempo ou paciência para ficar conversando com motoristas de SP ou Rio.
Mais instrutivos, e muito mais estarrecedores, são, portanto, esses comentários em blogs e colunas de jornalistas, sobretudo os que não são moderados devidamente.
Começa que a linguagem é a pior possível, em muitos casos, com expressões que normalmente seriam substituídas por apitos sonoros nos programas de televisão e por sinais característicos -- #@*+x&! -- nos textos escritos. Os argumentos, então, são os mais alucinantes que se pode encontrar na literatura fantástica, ou de botequim.
Portanto, quero contradizer meu comentarista e dizer o que segue.
Confesso que me assusta a mediocridade galopante e a estupidez crescente. O Brasil vem, sim, caminhando para a decadência mental.
Deixo vocês com este texto que retrata, de forma educada, essa nova realidade.
Paulo Roberto de Almeida
Paixões perigosas
Nelson Motta
O Estado de S.Paulo, 27 de agosto de 2010
Não é só nas novelas que a paixão cega, ensurdece, escurece a mente e embota a inteligência. Ela nos leva a fazer o inconcebível, a aceitar o inaceitável, a esquecer o inesquecível. Como em um transe, uma possessão, ela se incorpora e comanda, atropela a ética, a estética e as evidencias.
Paixão é droga pesada, que provoca êxtase e dependência, é insaciável, e sua falta produz desespero, vazio e dor. Mas sem paixão, dizia Nelson Rodrigues, não se pode nem chupar um Chicabon.
É impossível imaginar grandes conquistas pessoais e coletivas sem paixão, sem entrega. É ela que nos move além do instinto, da razão e de nós mesmos. Fora as carnais, que são hors concours, as paixões mais perigosas parecem ser as políticas, esportivas e religiosas.
É fascinante, e assustador, ver pessoas educadas e delicadas se transformando em bestas boçais cuspindo fogo e soltando coices verbais por um jogo de futebol. Filmados, não se reconheceriam. Reconhecidos, se vexariam. Mas é mais forte do que eles.
Na faculdade, já achava meio ridículos os debates acalorados nas assembleias estudantis, movidos a slogans, palavras de ordem, acusações, bravatas e ameaças. E não raro, força bruta e intimidação. Nobres e pobres paixões juvenis.
Hoje, ler os comentários de leitores nos blogs é chafurdar no que há de mais estúpido na paixão política, e pior, partidária. Pelo seu potencial destruidor, por emburrecer os inteligentes, fortalecer os intolerantes, afastar os diferentes, entorpecer a razão, inviabilizar qualquer convivência.
É a paixão desses militantes sinceros e radicais, de qualquer partido, coitados, que serve de massa de manobra para políticos apaixonados - não pelo País ou a cidade - mas pelo poder, e por eles mesmos.
Como equilibrar a paixão necessária com a razão e a serenidade indispensáveis para viver e crescer em liberdade? Paixões são indomáveis e incontroláveis, delas nascem as piores formas de servidão. Nos resta esperar o lançamento de um Super Paixoneitor Control Tabajara, e não perder a novela Passione, uma aula sobre os estragos que ela provoca.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
100 mil visitas: um champagne virtual para o blog...
Meu blog é abstêmio, do contrário eu seria capaz de lhe servir un petit champagne. Na falta do legítimo, vai uma cervejinha mesmo...
O blog, não eu, está comemorando mais de 100 mil visitas, nos últimos seis meses (as estatísticas começaram em algum dia de janeiro, provavelmente segunda quinzena, pois as visitas nesse mês foram em número reduzido, como se pode ver na figura abaixo).
O mês de maior atividade, até aqui, foi maio (não sei o que atraiu tanta gente nesse mês, preciso verificar os posts).
Enfim, o blog deveria organizar une petite fête...
Não sei se serei convidado para a festa, mas avisarei se tiver brigadeiro...
Diplomatizzando (visitas segundo o Sitemeter)
Visits
Total ...................... 100,275
Average per Day ................ 625
Average Visit Length .......... 1:54
This Week .................... 4,373
Page Views
Total ...................... 144,671
Average per Day ................ 873
Average per Visit .............. 1.4
This Week .................... 6,114
(Recebido em 27.08.2010)
Grato aos meus muitos leitores, desculpas pela linguagem sometimes harsh (mas alguns idiotas merecem ser chamados de idiotas) e prometo manter o ritmo e a qualidade nos próximos seis meses...
O blog, não eu, está comemorando mais de 100 mil visitas, nos últimos seis meses (as estatísticas começaram em algum dia de janeiro, provavelmente segunda quinzena, pois as visitas nesse mês foram em número reduzido, como se pode ver na figura abaixo).
O mês de maior atividade, até aqui, foi maio (não sei o que atraiu tanta gente nesse mês, preciso verificar os posts).
Enfim, o blog deveria organizar une petite fête...
Não sei se serei convidado para a festa, mas avisarei se tiver brigadeiro...
Diplomatizzando (visitas segundo o Sitemeter)
Visits
Total ...................... 100,275
Average per Day ................ 625
Average Visit Length .......... 1:54
This Week .................... 4,373
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Total ...................... 144,671
Average per Day ................ 873
Average per Visit .............. 1.4
This Week .................... 6,114
(Recebido em 27.08.2010)
Grato aos meus muitos leitores, desculpas pela linguagem sometimes harsh (mas alguns idiotas merecem ser chamados de idiotas) e prometo manter o ritmo e a qualidade nos próximos seis meses...
Back to the past: Cuban style...
Cuba: Raúl Castro Viaja Al Pasado
Carlos Alberto Montaner
Firmas Press, August 27, 2010
Raúl Castro, lentamente, sin prisa, ha emprendido un viaje al pasado. Quiere regresar al 13 de marzo de 1968. El trayecto, cree, puede tomarle varios años. Ésa será su reforma económica y su tímido modo de arreglar el desbarajuste heredado. En esa fecha, su hermano Fidel, en medio de un arrebato colectivista desaconsejado por casi todo el mundo, y especialmente por el vicepresidente Carlos Rafael Rodríguez, un viejo comunista que exhibía ciertos vestigios de prudencia, confiscó y estatizó casi 60,000 microempresas que todavía estaban en manos privadas, dado que las grandes y medianas ya habían sido engullidas en los primeros dos años de dictadura. A ese empobrecedor disparate Fidel le llamó “una ofensiva revolucionaria”.
Con un estalinista chasquido de sus dedos, el Comandante acabó con los pequeños restaurantes, las empresas familiares, los talleres que reparaban toda clase de objetos, los sastres y costureras, los barberos, los electricistas, fontaneros, carpinteros y el resto de los artesanos y técnicos especializados que aliviaban un poco los horrores del sector público de la economía, ya muy afectado por la torpeza burocrática, la escasez y la inflación. A los pocos meses el purgatorio comunista se había convertido en un verdadero infierno: casi nada se podía arreglar o reemplazar. La decadencia material del país se aceleró hasta llegar a lo que es hoy día: un país en ruinas que parece haber sido bombardeado por algún enemigo inclemente.
¿Por qué Fidel cometió una estupidez de ese calibre? Al margen del poder político, que siempre entra en sus cálculos, y de su patológica necesidad de controlarlo todo, lo hizo por razones morales. “No queremos –dijo—que los hombres sigan el instinto del egoísmo de la individualidad, la vida del lobo, la vida de la bestia…”. Para Fidel, el cubano emprendedor que deseaba abrirse paso y luchar por mejorar la calidad de su vida y la de su familia era un canalla insolidario, un tipo al que había que reeducar hasta transformarlo en el “hombre nuevo”, o al que había que erradicar a sangre y fuego porque no cabía en la sociedad maravillosa de revolucionarios desinteresados y angelicales que él estaba creando.
Fue una época de frustraciones y radicalismos. En octubre de 1967 moría Ernesto Che Guevara en Bolivia y con él las supercherías del “foquismo”, suceso que provocó en Cuba una declaración oficial de duelo que incluyó el cierre permanente de todos los cabarets y salas de fiesta. Divertirse no era propio de revolucionarios. En enero de 1968 Fidel arrasaba con unos cuantos marxistas críticos que habían surgido en el partido comunista a los que llamó “microfracción” antes de encarcelarlos. En marzo lanzó la mencionada “ofensiva revolucionaria” contra los microempresarios. En agosto apoyó la invasión soviética a Checoslovaquia. Estaba desatado. Era el “Año del guerrillero heroico”. Todavía no se había inventado el Prozac.
Hoy casi todo el mundo en Cuba, incluido Raúl, reconoce que aquellos espasmos ultracomunistas de Fidel aumentaron exponencialmente el desastre económico que ha experimentado ese pobre país. Pero de lo que muchos revolucionarios no han podido librarse, incluido Raúl, es de la censura moral al espíritu emprendedor. Saben que es necesario restaurar la propiedad privada para que el país funcione, pero no ven esa transformación como algo positivo, sino como una concesión vergonzante que no los hace felices. Siguen siendo gentes convencidas de que el guevarismo, teóricamente, es una forma superior de conducta, aunque en la práctica resulte inaplicable e inútil por la maldita naturaleza humana.
Por eso va a fracasar la reforma de Raúl Castro. Porque trufa los cambios con toda clase de cautelas, limitaciones y castigos. No cree en la libertad. No concede cambios convencido de lo que hace y arrepentido por lo que hizo. Accede a regañadientes, como con asco, forzado por la catástrofe que han provocado. Sólo está buscando forjar un tenue tejido empresarial capitalista para salvar su dictadura comunista de partido único. Cree que, si lo logra, podrá organizar la transmisión de la autoridad sin ceder un ápice de poder político. No entiende que aquel aparato que ellos eliminaron de un tajo había surgido espontáneamente a lo largo de siglos como consecuencia del libre mercado y del tanteo y error. Ese clima no se puede recrear por decreto con medidas de ingeniería social. Así no se puede viajar al pasado.
Carlos Alberto Montaner
Firmas Press, August 27, 2010
Raúl Castro, lentamente, sin prisa, ha emprendido un viaje al pasado. Quiere regresar al 13 de marzo de 1968. El trayecto, cree, puede tomarle varios años. Ésa será su reforma económica y su tímido modo de arreglar el desbarajuste heredado. En esa fecha, su hermano Fidel, en medio de un arrebato colectivista desaconsejado por casi todo el mundo, y especialmente por el vicepresidente Carlos Rafael Rodríguez, un viejo comunista que exhibía ciertos vestigios de prudencia, confiscó y estatizó casi 60,000 microempresas que todavía estaban en manos privadas, dado que las grandes y medianas ya habían sido engullidas en los primeros dos años de dictadura. A ese empobrecedor disparate Fidel le llamó “una ofensiva revolucionaria”.
Con un estalinista chasquido de sus dedos, el Comandante acabó con los pequeños restaurantes, las empresas familiares, los talleres que reparaban toda clase de objetos, los sastres y costureras, los barberos, los electricistas, fontaneros, carpinteros y el resto de los artesanos y técnicos especializados que aliviaban un poco los horrores del sector público de la economía, ya muy afectado por la torpeza burocrática, la escasez y la inflación. A los pocos meses el purgatorio comunista se había convertido en un verdadero infierno: casi nada se podía arreglar o reemplazar. La decadencia material del país se aceleró hasta llegar a lo que es hoy día: un país en ruinas que parece haber sido bombardeado por algún enemigo inclemente.
¿Por qué Fidel cometió una estupidez de ese calibre? Al margen del poder político, que siempre entra en sus cálculos, y de su patológica necesidad de controlarlo todo, lo hizo por razones morales. “No queremos –dijo—que los hombres sigan el instinto del egoísmo de la individualidad, la vida del lobo, la vida de la bestia…”. Para Fidel, el cubano emprendedor que deseaba abrirse paso y luchar por mejorar la calidad de su vida y la de su familia era un canalla insolidario, un tipo al que había que reeducar hasta transformarlo en el “hombre nuevo”, o al que había que erradicar a sangre y fuego porque no cabía en la sociedad maravillosa de revolucionarios desinteresados y angelicales que él estaba creando.
Fue una época de frustraciones y radicalismos. En octubre de 1967 moría Ernesto Che Guevara en Bolivia y con él las supercherías del “foquismo”, suceso que provocó en Cuba una declaración oficial de duelo que incluyó el cierre permanente de todos los cabarets y salas de fiesta. Divertirse no era propio de revolucionarios. En enero de 1968 Fidel arrasaba con unos cuantos marxistas críticos que habían surgido en el partido comunista a los que llamó “microfracción” antes de encarcelarlos. En marzo lanzó la mencionada “ofensiva revolucionaria” contra los microempresarios. En agosto apoyó la invasión soviética a Checoslovaquia. Estaba desatado. Era el “Año del guerrillero heroico”. Todavía no se había inventado el Prozac.
Hoy casi todo el mundo en Cuba, incluido Raúl, reconoce que aquellos espasmos ultracomunistas de Fidel aumentaron exponencialmente el desastre económico que ha experimentado ese pobre país. Pero de lo que muchos revolucionarios no han podido librarse, incluido Raúl, es de la censura moral al espíritu emprendedor. Saben que es necesario restaurar la propiedad privada para que el país funcione, pero no ven esa transformación como algo positivo, sino como una concesión vergonzante que no los hace felices. Siguen siendo gentes convencidas de que el guevarismo, teóricamente, es una forma superior de conducta, aunque en la práctica resulte inaplicable e inútil por la maldita naturaleza humana.
Por eso va a fracasar la reforma de Raúl Castro. Porque trufa los cambios con toda clase de cautelas, limitaciones y castigos. No cree en la libertad. No concede cambios convencido de lo que hace y arrepentido por lo que hizo. Accede a regañadientes, como con asco, forzado por la catástrofe que han provocado. Sólo está buscando forjar un tenue tejido empresarial capitalista para salvar su dictadura comunista de partido único. Cree que, si lo logra, podrá organizar la transmisión de la autoridad sin ceder un ápice de poder político. No entiende que aquel aparato que ellos eliminaron de un tajo había surgido espontáneamente a lo largo de siglos como consecuencia del libre mercado y del tanteo y error. Ese clima no se puede recrear por decreto con medidas de ingeniería social. Así no se puede viajar al pasado.
More of the same (talvez pior): a possivel politica economica de Dona Dilma...
Ninguém sabe, ao certo, qual será a política econômica da "prospective winner of the Brazilian elections", como devem estar escrevendo agora mesmo os correspondentes econômicos dos principais jornais internacionais.
Na dúvida, os indicadores tendem a se deteriorar, como já ocorreu nas eleições de 2002, mas agora bem menos, pois a candidata oferece, na verdade, "continuidade" (claro, "aperfeiçoando o que deve ser aperfeiçoado").
Sem saber do que, e de quem, será feita essa política econômica, só podemos, pelo momento, especular, como faz o editor do Ordem Livre, site com o qual também colaboro, a convite.
Existem boas e más especulações, como gostaria de dizer alguns. Acredito que esta aqui é da boa. Não que agrade os interessados, mas se trata de um exercício baseado inteiramente em declarações dos mais próximos do pensamento político (se existe algum) da candidata oficial.
A conferir.
Paulo Roberto de Almeida
Apostando na mediocridade
Diogo CostaTags
Ordem Livre, 20 de Agosto de 2010
Ninguém sabia ao certo qual seria a política econômica do governo Lula antes de sua eleição. Agora todos acreditam saber exatamente qual será a política econômica da candidata Dilma Roussef caso eleita.
Assim como o pessimismo antes de Lula, o otimismo em relação a Dilma também pode ser exagerado. Por um lado, é possível que ela siga uma linha mais próxima de Palocci ou até mesmo (para a nossa sorte) de Henrique Meirelles. Por outro, há a possibilidade de Dilma se render à base do seu partido, que reivindica o socialismo petista.
Em geral, faltam perguntas da mídia por maiores detalhes da política econômica de Dilma, e falta articulação da candidata para responder questões mais específicas. Ontem, Alessandro Teixeira, coordenador do programa de governo de Dilma, tentou sintetizar a visão econômica de um suposto governo Dilma em entrevista para o Estadão online.
Se Teixeira é um representante fiel do pensamento de sua equipe, a candidata irá insistir na mediocridade.
Teixeira frisou repetidamente sua visão de “estado fomentador, um estado que ajuda a dar dinâmica a economia.” Eu defendo que nenhum jornalista permita a políticos e economistas usar analogias como “fomentar” “movimentar”, ”dinamizar” impunemente. Verbos como esses escondem a ação verdadeira que esses sujeitos têm em mente. “Estado fomentador” para Teixeira é estado gastador. Só que com uma diferença: “nós não chamamos isso de gasto”, diz Teixeira, “é investimento”. Chamar despesas de investimento: não é esse o truque de qualquer vendedor de seguros?
Fomentar a economia por meio de gastos, já disse Russel Roberts, é similar a tentar encher a parte rasa de uma piscina com a água retirada da parte funda da mesma piscina. Os baldes entornados podem até fazer barulho, mas o nível da água permanece o mesmo.
Todo recurso que o estado diz injetar na economia precisa sair do bolso dos brasileiros. Diz Teixeira que “PAC 1 e PAC 2 colocaram na economia mais de 700 bilhões de reais.” Bem, Sr. Teixeira, onde estavam esses 700 bilhões que o governo colocou na economia? Flutuando no éter, numa altura que apenas a mão estatal consegue alcançar para trazer ao plano da economia real? Claro que não. Esses bilhões já estavam na economia. O que seu governo fez foi desviar os recursos que atenderiam aos objetivos da sociedade civil para que eles passassem a atender aos objetivos estatais.
Mas não esperem que essa ilusão contábil mude com Dilma. De acordo com Teixeira, “do ponto de vista de condução macroeconômica, política macroeconômica, com todos os dados positivos que nós temos, e nós não temos um dado negativo — nenhum dado negativo — nós não podemos mudar a condução porque o resultado tem sido colocado.”
Então a equipe de Dilma não tem nenhum dado negativo da política macroeconômica? Permita-me sanar a ignorância do time do Sr. Teixeira. De 2003 a 2008, a média do crescimento econômico brasileiro foi de 4.1%. A média da América Latina e Caribe durante o mesmo período foi de 4.8%. Ou seja, durante o período do governo Lula a média de crescimento brasileiro ficou abaixo da média de uma região que não deve ser modelo para nada. Se formos analisar o desempenho dos outros membros do BRIC, a comparação fica pior. China, India e Rússia cresceram em uma média de 8.7% durante o período — mais que o dobro do crescimento brasileiro. Dá até pra desconfiar, como fez Martin Wolf no Financial Times, se o Brasil merece mesmo fazer parte do grupo.
Se o Brasil quiser dar motivos para o otimismo, é preciso redefinir o papel do estado na economia. Os países que mais crescem são aqueles em que a intervenção na economia é limitadíssima, e a proteção a propriedade bem segura. Infelizmente, Teixeira não quer discutir o papel do estado: “Não existe nenhum estado hoje que vai advogar o seguinte: estado mínimo e não investimento na área social porque isso significa gasto. Essa visão está ultrapassada hoje em qualquer país.”
Uma das formas mais comuns de refutar os liberais é situá-los nas pegadas da história. No diálogo “A politician in sight of haven” Auberon Herbert já coloca na boca do adversário estatista: “Todo mundo hoje imagina que o laissez-faire está do outro lado do horizonte atrás de nós”.
A verdade é que ninguém consegue apontar onde está essa época libertária, de estado mínimo, de laissez-faire. Em todas as épocas, os defensores do estado mínimo estão em minoria. Mas a verdade é que, onde quer que as ideias liberais sejam aplicadas, seja o imposto único na Rússia, ou a abolição das tarifas de exportação na Estônia, o resultado é maior prosperidade para todos. Será que algum dia os políticos brasileiros aprenderão a lição?
Diogo G. R. Costa é editor de OrdemLivre.org
Na dúvida, os indicadores tendem a se deteriorar, como já ocorreu nas eleições de 2002, mas agora bem menos, pois a candidata oferece, na verdade, "continuidade" (claro, "aperfeiçoando o que deve ser aperfeiçoado").
Sem saber do que, e de quem, será feita essa política econômica, só podemos, pelo momento, especular, como faz o editor do Ordem Livre, site com o qual também colaboro, a convite.
Existem boas e más especulações, como gostaria de dizer alguns. Acredito que esta aqui é da boa. Não que agrade os interessados, mas se trata de um exercício baseado inteiramente em declarações dos mais próximos do pensamento político (se existe algum) da candidata oficial.
A conferir.
Paulo Roberto de Almeida
Apostando na mediocridade
Diogo CostaTags
Ordem Livre, 20 de Agosto de 2010
Ninguém sabia ao certo qual seria a política econômica do governo Lula antes de sua eleição. Agora todos acreditam saber exatamente qual será a política econômica da candidata Dilma Roussef caso eleita.
Assim como o pessimismo antes de Lula, o otimismo em relação a Dilma também pode ser exagerado. Por um lado, é possível que ela siga uma linha mais próxima de Palocci ou até mesmo (para a nossa sorte) de Henrique Meirelles. Por outro, há a possibilidade de Dilma se render à base do seu partido, que reivindica o socialismo petista.
Em geral, faltam perguntas da mídia por maiores detalhes da política econômica de Dilma, e falta articulação da candidata para responder questões mais específicas. Ontem, Alessandro Teixeira, coordenador do programa de governo de Dilma, tentou sintetizar a visão econômica de um suposto governo Dilma em entrevista para o Estadão online.
Se Teixeira é um representante fiel do pensamento de sua equipe, a candidata irá insistir na mediocridade.
Teixeira frisou repetidamente sua visão de “estado fomentador, um estado que ajuda a dar dinâmica a economia.” Eu defendo que nenhum jornalista permita a políticos e economistas usar analogias como “fomentar” “movimentar”, ”dinamizar” impunemente. Verbos como esses escondem a ação verdadeira que esses sujeitos têm em mente. “Estado fomentador” para Teixeira é estado gastador. Só que com uma diferença: “nós não chamamos isso de gasto”, diz Teixeira, “é investimento”. Chamar despesas de investimento: não é esse o truque de qualquer vendedor de seguros?
Fomentar a economia por meio de gastos, já disse Russel Roberts, é similar a tentar encher a parte rasa de uma piscina com a água retirada da parte funda da mesma piscina. Os baldes entornados podem até fazer barulho, mas o nível da água permanece o mesmo.
Todo recurso que o estado diz injetar na economia precisa sair do bolso dos brasileiros. Diz Teixeira que “PAC 1 e PAC 2 colocaram na economia mais de 700 bilhões de reais.” Bem, Sr. Teixeira, onde estavam esses 700 bilhões que o governo colocou na economia? Flutuando no éter, numa altura que apenas a mão estatal consegue alcançar para trazer ao plano da economia real? Claro que não. Esses bilhões já estavam na economia. O que seu governo fez foi desviar os recursos que atenderiam aos objetivos da sociedade civil para que eles passassem a atender aos objetivos estatais.
Mas não esperem que essa ilusão contábil mude com Dilma. De acordo com Teixeira, “do ponto de vista de condução macroeconômica, política macroeconômica, com todos os dados positivos que nós temos, e nós não temos um dado negativo — nenhum dado negativo — nós não podemos mudar a condução porque o resultado tem sido colocado.”
Então a equipe de Dilma não tem nenhum dado negativo da política macroeconômica? Permita-me sanar a ignorância do time do Sr. Teixeira. De 2003 a 2008, a média do crescimento econômico brasileiro foi de 4.1%. A média da América Latina e Caribe durante o mesmo período foi de 4.8%. Ou seja, durante o período do governo Lula a média de crescimento brasileiro ficou abaixo da média de uma região que não deve ser modelo para nada. Se formos analisar o desempenho dos outros membros do BRIC, a comparação fica pior. China, India e Rússia cresceram em uma média de 8.7% durante o período — mais que o dobro do crescimento brasileiro. Dá até pra desconfiar, como fez Martin Wolf no Financial Times, se o Brasil merece mesmo fazer parte do grupo.
Se o Brasil quiser dar motivos para o otimismo, é preciso redefinir o papel do estado na economia. Os países que mais crescem são aqueles em que a intervenção na economia é limitadíssima, e a proteção a propriedade bem segura. Infelizmente, Teixeira não quer discutir o papel do estado: “Não existe nenhum estado hoje que vai advogar o seguinte: estado mínimo e não investimento na área social porque isso significa gasto. Essa visão está ultrapassada hoje em qualquer país.”
Uma das formas mais comuns de refutar os liberais é situá-los nas pegadas da história. No diálogo “A politician in sight of haven” Auberon Herbert já coloca na boca do adversário estatista: “Todo mundo hoje imagina que o laissez-faire está do outro lado do horizonte atrás de nós”.
A verdade é que ninguém consegue apontar onde está essa época libertária, de estado mínimo, de laissez-faire. Em todas as épocas, os defensores do estado mínimo estão em minoria. Mas a verdade é que, onde quer que as ideias liberais sejam aplicadas, seja o imposto único na Rússia, ou a abolição das tarifas de exportação na Estônia, o resultado é maior prosperidade para todos. Será que algum dia os políticos brasileiros aprenderão a lição?
Diogo G. R. Costa é editor de OrdemLivre.org
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