Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
domingo, 7 de novembro de 2010
Prata da Casa: sumario de notas sobre livros de diplomatas
Prata da Casa: diplomatas escrevem (e publicam) - notas de Paulo R. Almeida
Infelizmente, o formato reduzido do boletim impede a elaboração de verdadeiras resenhas, e menos ainda de "review-articles", à la New York Review of Books, como gosto de fazer. Ainda assim, as notas procuram apresentar resumidamente o conteúdo de cada obra e tecer algumas considerações sobre o seu valor. Faço praticamente quatro notas a cada trimestre, o que faz aproximadamente dezesseis livros por ano, uma média aceitável para um leitor compulsivo como este que aqui escreve.
Também é uma estratégia para receber livros interessantes, se é que me entendem, o que por outro lado contribui para o aumento da densidade bibliográfica de minha já vasta biblioteca (não me perguntem de quantos volumes, pois parei de contar há muito tempo e nunca mais consegui colocá-la em ordem, inclusive porque regularmente faço doações de livros para bibliotecas).
Enfim, isso para dizer que, como o boletim tem uma circulação muito restrita -- embora possa ser consultado, número a número, neste link -- permito-me transcrever aqui, suponho que bem acolhidas pelos interessados, as notas que elaborei ao longo de 2010, apenas. Suprimo a reprodução das imagens das capas (que podem ser encontradas nos boletins, em pdf), pois este post ficaria muito pesado.
Existem muitas outras notas de livros, de anos anteriores, que vou procurar transcrever paulatinamente.
sábado, 6 de novembro de 2010
Assalto a mao armada (sem urnas), apenas nos precos...
Já tive todos os tipos de Mac na vida, e se tivesse guardado todos eles, hoje teria um museu de quase dois andares (exagero, claro...).
Bem, sou viciado em Macs mas não sou um fundamentalista e, sobretudo, sei que depois de toda e qualquer novidade, sempre tem alguns pequenos problemas que serão ajustados na segunda geração. Assim acontece com os iPads, o que me fez decidir esperar por uma versão mais "perfeita", digamos assim, dessa "tablete" que deve tirar algum mercado dos Kindle, mas também dos próprios Macs.
Quanto aos MacAir, estou ainda em pesquisa de preços, e vocês podem imaginar como as variações são grandes, entre a pátria do consumismo e a terra do roubo declarado, que é esta aqui, do nunca antes...
Pois bem, pesquisei, transformei tudo em dólares correntes e apresento aqui os preços de venda desses bichinhos em três mercados diferentes.
O preço americano segue como referência, mas ele é, obviamente, imbatível. Só clone chinês, de má qualidade, poderia ser mais barato, mas eu não recomendo...
Vejamos pois esses preços (TODOS EM DOLARES, para fins de comparação):
1) Macbook Air 11-inch - 1.4Ghz Intel core 2 duo processor - 2GB memory - 64GB flash storage - NVIDIA GeForce 320M graphics
USA: 999
Dubai: 1.225 (AED 4.499)
Europa: 1.403 (E 999)
Brasil: 1.999 (R$ 3.199) [exatamente o dobro dos EUA]
2) Macbook Air 11-inch - 1.4Ghz Intel core 2 duo processor - 2GB memory - 128GB flash storage - NVIDIA GeForce 320M graphics
USA: 1.199
Dubai: 1.498 (AED 5.499)
Europa: 1.614 (E 1.149)
Brasil: 2.374 (R$ 3.799) [1,97 mais caro que nos EUA]
3) Macbook Air 13-inch - 1.86Ghz Intel core 2 duo processor - 2GB memory - 128GB flash storage - NVIDIA GeForce 320M graphics
USA: 1.299
Dubai: 1.634 (AED 5.999)
Europa: 1.825 (E 1.299)
Brasil: 2.874 (R$ 4.599) [2,2 mais caro que nos EUA]
4) Macbook Air 13-inch - 1.86Ghz Intel core 2 duo processor - 2GB memory - 256GB flash storage - NVIDIA GeForce 320M graphics
USA: 1.599
Dubai: 1.988 (AED 7.299)
Europa: 2.246 (E 1.599)
Brasil: 3.561 (R$ 5.699) [2,2 mais caro que nos EUA]
Existe alguma razão para o roubo no Brasil, ser tão descarado?
Os impostos e taxas de importação não explicam todo esse aumento de preço, na média o dobro no Brasil do que nos EUA; ou seja, com o preço de um, você pode comprar dois MacAir nos EUA, de qualquer modelo.
Os saltos incrementais, entre um e outro modelo, também são espetaculares no Brasil, o que nos coloca em face de um assalto declarado.
Senão vejamos, o salto de preço de um modelo a outro, para cima, desses quatro modelos:
Nos EUA: + 200; +100; +300 dólares
Em Dubai: +273; +136; +354 dólares
Na Europa: +211; +211; +421 dólares
No Brasil: +374; +500; +687 dólares!!!
Meus caros Macaddicted people do Brasil: vocês estão sendo assaltados cada vez que vão comprar um Mac.
Alguém ainda acha que o Brasil é um país normal?
Paulo Roberto de Almeida
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Addendum:
No mesmo dia em que eu escrevia o post acima, o André Eiras me mandava uma matéria do Globo que tenta responder a essa bizarra questão de por que o Brasil é um dos países capitalistas mais caros do mundo (relativamente). Eu diria simplesmente que é porque não somos suficientemente capitalistas.
Aqui a matéria:
Produtos no Brasil custam até seis vezes mais do que no exterior
Pesquisa do Movimento Brasil Eficiente indica que, enquanto um Toyota Corolla XEI 2.0 custa R$ 75 mil no Brasil, sai a R$ 58.740 na África do Sul, R$ 33.782 no Japão e R$ 32.797 nos EUA. O grupo garante que a chave do problema está na alta carga tributária. Mas ela sozinha não explica diferenças.
Especialistas afirmam que uma conjunção perversa de fatores contribui para essa distorção, da carga tributária elevada às margens de lucro exorbitantes, mas também têm forte caráter cultural. Para baixar custos, a saída de muitos brasileiros tem sido ir comprar lá fora.
Pesam também o mercado consumidor ainda em desenvolvimento, a abertura recente da economia, a falta de referência de preços e a crença de que importados são produtos de luxo e de melhor qualidade e, por isso, naturalmente mais caros
A brasiliense Cristina Madeira é apenas uma das dezenas de mães recentes que optaram por montar os enxovais de seus filhos fora do Brasil:
- Comprei no exterior, porque a qualidade dos produtos é melhor e os preços, muito menores. Comprei carrinho, roupas, cadeirinha para o carro e bebê conforto. Tudo o que trouxe para o Rafael, que vai fazer um ano agora, vai dar nele até os dois anos.
Cristina gastou R$ 5 mil com as compras. No Brasil, só o carrinho de bebê sairia a R$ 2.500.
- Há alguma coisa muito errada quando vale a pena a pessoa tomar um voo de nove horas para fazer compras no país mais rico do mundo para economizar. Para ter uma moeda forte, o país precisa passar por profundas reformas e investir em infraestrutura - avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, cujo setor sofreu com a competição dos importados, mas vem se ajustando.
Os brasileiros estão sujeitos à cota de US$ 500 para passar com suas compras na aduana. Mas muitos consideram que vale a pena pagar o imposto de 50% sobre o que extrapolar.
As operadoras de turismo já identificaram o novo nicho e planejam criar roteiros de compras dedicados às jovens mães em seus pacotes aos Estados Unidos. O consumo já está em alguns roteiros. A CVC, por exemplo, lançou há um ano o pacote "Compras em Buenos Aires" e acaba de incluir na rota de Las Vegas um périplo por outlets com os quais fez acordos para garantir bons descontos aos clientes.
Para agradar os consumidores as empresas vão ter de diminuir as suas margens de lucro. Especialistas afirmam que está começando a mudar a cultura no Brasil de que as empresas podem ter margem de 100%, enquanto em países como os Estados Unidos, as empresas aplicam margens de 5% a 10%.
Assalto a mao armada (com as urnas), primeiro contra as empresas...
Alguém tem alguma dúvida de que as tropas de assalto do novo fascismo não vão aparecer em seus tanques mafiosos roubando cidadãos e empresas?
Que as empresas não digam que não sabiam dos métodos: eles já foram empregados em outras campanhas eleitorais; estão sempre sendo aperfeiçoados...
Paulo Roberto de Almeida
Carta do Coordenador financeiro da Campanha Dilma Presidente 2010
Brasília, 04 de Novembro de 2010.
Prezad (…)
Dilma Rousseff foi eleita Presidente da República, a primeira mulher na história do Brasil. Sua vitória representa uma opção dos eleitores pela continuidade do governo Lula, que criou 14 milhões de novos empregos formais, tirou 28 milhões de pessoas da pobreza e promoveu a ascensão de 36 milhões para a classe média. O Brasil tem hoje destacada posição de liderança internacional e enfrentou com sucesso a grave crise de 2008.
Neste momento em que nos preparamos para uma nova etapa de desenvolvimento econômico e social do Brasil, estou contatando o senhor e sua empresa em nome da Presidente Dilma Rousseff. O segundo turno da campanha eleitoral gerou novas despesas especialmente, com materiais de divulgação, que estamos buscando saldar ainda neste mês de novembro, de acordo com as normas da arrecadação eleitoral. Muitos empresários brasileiros já contribuíram, optando por exercer esse direito facultado pela lei eleitoral, que deixa o financiamento das campanhas a cargo das empresas, principalmente, e dos cidadãos.
A participação de sua empresa nesta eleição, como estabelece a lei brasileira, será muito bem vinda. Buscamos nesta eleição ampliar o número de empresas engajadas nessa prática de cidadania corporativa. Dentro deste espírito, tenho prazer de convidar sua empresa a dar uma contribuição para a campanha de Dilma Rousseff. A doação deve ser feita por meio de depósito (DOC ou TED), diretamente na conta da campanha. Mais informações e as instruções para depósito e emissão do recibo podem ser solicitadas por email ou por meio de contato com nosso Comitê Financeiro no telefone abaixo.
Obrigado e um abraço,
José de Filippi Jr., ex-prefeito de Diadema-SP, deputado federal eleito pelo PT-SP.
Coordenador financeiro da Campanha Dilma Presidente 2010.
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Se ouso terminar com uma piada cubana, muito apropriada ao caso em questão, ela se refere à "participação voluntária" de todos os cidadãos, até escolares, na "zafra", o corte anual de cana, já que eles não tem nem máquinas nem tratores e precisam mesmo de braços.
Como dizem os cubanos:
La participación es voluntaria, pero la voluntad es obrigatória...
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
A melhor politica externa de todos os tempos...
A presidenta eleita não precisou corar, nem chorar pois não estava presente. Se estivesse, teria sido ovacionada... E aproveitaria para falar bem de Zilda Arns, homenageada pela turma que se formou, que como ela, também era "pessoalmente" contra o aborto... Com uma vantagem para Zilda Arns: esta nunca se reconverteu.
Também, agora, tem essa mania de embaixadores aposentados ficarem escrevendo na imprensa contra a política externa, apenas demonstrando que eles não conseguem entender as excelências da nova diplomacia. Que gente!
Ainda bem que a presidente eleita disse que ela vai garantir a liberdade de imprensa. Menos mal... O que seria deles, e de nós, sem um presidente que garanta a liberdade de imprensa? O que seria da Constituição?
Paulo Roberto de Almeida
No Itamaraty
Lula elogia Dilma e diz que presidente eleita sofreu preconceitos durante campanha
Chico de Gois
O Globo, 05/11/2010 às 14h33m
BRASÍLIA - Em discurso durante a formatura de novos diplomatas, nesta sexta-feira, no Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um retrospectiva das realizações de seu governo, elogiou o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, e citou a presidente eleita, Dilma Rousseff, ao dizer que ela sofreu preconceito. Para Lula, os novos diplomatas vão representar um país que tem a riqueza do pré-sal, que será uma das maiores economias do mundo e que, depois de um metalúrgico na Presidência, terá uma mulher.
- Vocês agora vão representar um país que, depois de um metalúrgico, vai ter a primeira mulher presidente da República e não uma mulher qualquer. Uma mulher que esteve condenada a um sacrifício e à tortura porque quando tinha 20 anos ela ousou colocar a manga de fora e lutar por liberdade democrática neste país quando muita gente foi sacrificada - afirmou, observando que a geração de 1968 que, em sua concepção, havia perdido a esperança, agora chega ao poder, pela via democrática, com a eleição de Dilma. (...)Ao falar do que considera o novo papel que o Brasil tem desempenhado no mundo, Lula foi elogioso a ele mesmo e à presidente eleita. - Antigamente, um embaixador brasileiro para ir a um coquetelzinho tinha que pedir um convite. Hoje ele é chamado.(...)
Sem citar nomes, o presidente criticou ex-embaixadores que escrevem artigos questionando o rumo de sua política externa. - Sei que temos oposição. Nem todo mundo gosta da mesma coisa. Vejo muita gente falar mal do Itamaraty, escrevendo, sobretudo quando se aposenta. Vejo as críticas que a gente recebe. Fico feliz porque as críticas querecebemos não são por nossos defeitos, mas por nossas virtudes - defendeu Lula.
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Addendum: Comento apenas esta frase do presidente:
Pelo menos no que se refere aos coqueteis, o presidente poderia começar perguntando, apenas em função da verdade dos fatos, quantas vezes o seu chanceler foi implorar para ser convidado a um "coquetelzinho".
Alguém precisaria dizer as coisas como elas são, do contrário a falsidade veiculada a cada vez, de forma indigna para os diplomatas, acaba passando por verdade histórica.
Enfim, tenho certeza de uma coisa: outras afirmações desse teor virão até o final do "nunca antes...". Que termine, e que nunca mais tenhamos antidiplomacia.
Paulo Roberto de Almeida
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