Confuso, não é mesmo?
Mas a realidade é assim confusa, sempre, com assimetrias inevitáveis.
Alguns até acham que vão "corrigir assimetrias" construindo algum viaduto e asfaltando uma estradinha de interior. E enchem a boca com seus projetos mal concebidos.
Na verdade, o mundo é feito de assimetrias, como essa expressa acima.
Partindo de uma sigla para os especuladores de mercado, tentaram construir uma frente anti-imperialista e anti-hegemônica que só funciona no papel e na retórica, para fazer splash na mídia.
O C é obviamente maior do que todo o resto, que tampouco se entende quanto a prioridades.
E as "assimetrias" continuam sendo importantes.
Da coluna diária do Cesar Maia:
BRASIL X BRICS!
1. Investimento em relação ao PIB. Brasil em último.
2. Exportações em relação ao PIB. Brasil em último.
3. Dívida Pública em relação ao PIB. Só a Índia é pior que o Brasil.
4. Pagamento de juros em relação ao PIB. Só a Índia é pior que o Brasil.
5. Receita Tributária em relação ao PIB. Aqui, ninguém passa o Brasil.
6. Se quiser ler a matéria toda, são 18 páginas. Sebastian Briozzo e Joydeep Mukherji. Standard & Poor’s. Conheça.
Aqui em claro: http://www.joserobertoafonso.com.br/attachments/article/1687/BrazilxBRICs.pdf
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Direitos Humanos: com aspas ou sem aspas?
Certas pessoas, incapazes, incompetentes ou covardes demais para assumir claramente suas posições favoráveis a ditaduras ignóbeis, dão voltas à imaginação para encontrar explicações sobre ações e posturas passadas que envergonham e envergonharam o Brasil e seus cidadãos e diplomatas, e envergonhariam qualquer um não submisso ideologicamente a essas ditaduras sórdidas e a essas ideias esclerosadas que eles ainda hoje envergonhadamente e defensivamente ainda defendem. Ficam disfarçando a realidade para não reconhecer diferenças claras, evidentes, cristalinas, entre o que se passou, de horrível, patrocinado por eles mesmos, e o que se passa agora, no plano da afirmação internacional do Brasil.
Ainda assim, tentam: pela pena, ou na oralidade das entrevistas de conveniência, tentam dourar a pílula a seu favor, ou encontrar uma última justificativa -- já não digo nem de ordem moral, mas de cunho apenas prático -- para defender políticas indefensáveis, e vergonhosas para qualquer padrão civilizatório. Pessoas assim deveriam se recolhar à sua falta de caráter e permanecer em silêncio, pois um dia o julgamento da História vai reduzi-las ao que são, verdadeirament^: celerados a serviço de propósitos indecorosos de organização política e social.
Já nem pretendo falar do personagem obscuro objeto da "crônica" abaixo transcrita, pois ele claramente é um operador da surdina, mas de outros personagens, que pretendem continuar frequentando a "mídia" -- essa expressão reservada ao "partido da imprensa golpista" -- e os auditórios com suas explicações canhestras sobre ignomínias passadas.
O julgamento da História virá, um dia...
Paulo Roberto de Almeida
Sem aspas, Garcia
Demétrio Magnoli
O Estado de S.Paulo, 28 de abril de 2011
"É mesmo lamentável ver o Brasil adotar essa posição", reclamou Sayad Sajjadi, embaixador do Irã na ONU, no dia 25 de março. A representação brasileira votara a favor de uma resolução patrocinada pelos Estados Unidos e diversos países europeus que institui um relator independente para investigar a violação dos direitos individuais na ditadura teocrática xiita.
"Não esperávamos isso do Brasil". Na sua surpresa genuína, Sajjadi deixa entrever o diagnóstico que, por aqui, se procura ocultar: a política externa de Dilma Rousseff promove uma ruptura conceitual, não um mero ajuste, em relação à de Lula. Dias atrás, no Palácio do Itamaraty, a presidente esclareceu o sentido da nova orientação, conectando a defesa dos direitos humanos à pretensão brasileira de obter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Durante oito anos o Brasil rejeitou todas as resoluções que condenavam o Irã. Ano passado, alegando uma "questão cultural", absteve-se em face da resolução que condenava o apedrejamento de mulheres condenadas por adultério. "Eu sei que cada país tem suas leis, sua Constituição, sua religião - e, gostando ou não, temos que respeitar o procedimento de cada país", explicou Lula no momento da abstenção ignóbil. O então chanceler Celso Amorim, na sua característica arrogância, deu um passo à frente para dizer que não votaria com a finalidade de "agradar à imprensa". A mudança em curso é indisfarçável, mas a facção derrotada tenta disfarçá-la para reconquistar, no futuro próximo, uma influência perdida.
Nas antigas enciclopédias soviéticas, lacunas narrativas ocupavam o lugar de eventos históricos "indesejáveis". O assessor presidencial Marco Aurélio Garcia, em artigo consagrado à política externa do governo Dilma, publicado na edição de abril da revista Interesse Nacional, simplesmente não menciona a nova abordagem do tema dos direitos humanos. Numa entrevista, instado a falar sobre aquilo que lhe desagrada, atribuiu a reviravolta apenas a uma preferência pessoal da presidente, que refletiria seu passado de prisioneira política. Ele fala aos tolos, supondo que todos o são.
Menos melífluo, o ex-chanceler Amorim admitiu que, provavelmente, votaria contra a resolução sobre o Irã, por considerá-la "política". É, de fato, de política que se trata. Samuel Pinheiro Guimarães, o lugar-tenente de Amorim, num ensaio de 2002, qualificou a promoção dos "direitos humanos ocidentais" como política destinada a dissimular, "com sua linguagem humanitária e altruísta, as ações táticas das Grandes Potências em defesa de seus próprios interesses estratégicos". O adjetivo "ocidental", agregado aos direitos humanos, é o sinal inconfundível de uma doutrina de justificação dos regimes que violam sistematicamente os direitos humanos.
Um artigo do diplomata Sérgio Florêncio, também publicado na Interesse Nacional, mas em 2008, e devotado à defesa da abordagem dos direitos humanos na política externa de Lula, sintetiza exemplarmente tal doutrina. Florêncio aponta uma tensão entre "uma visão de fortalecimento da universalidade dos direitos humanos" e "um olhar de preservação de identidades culturais consideradas ameaçadas por um mundo globalizado" para, em seguida, denunciar os "propósitos políticos" das resoluções de condenação de regimes que criminalizam a opinião política, encarceram dissidentes, assassinam opositores. As passagens cruciais de seu texto poderiam ser encampadas pelo governo chinês ou subscritas por Hosni Mubarak, Muamar Kadafi e Fidel Castro.
"O Brasil deveria mostrar que é um país independente, e não um país pequeno que se curva aos interesses dos Estados Unidos". A crítica, emitida após o voto contra o Irã, casualmente não partiu de Amorim ou Garcia, mas do diplomata iraniano Mohammad Reza Ghaebi. Dilma Rousseff pode usá-la como condecoração involuntária oferecida pelo representante de uma ditadura que borra, cotidianamente, a fronteira entre civilização e barbárie. O voto brasileiro não é uma homenagem aos interesses dos Estados Unidos, mas aos valores nacionais, proclamados pela nossa Constituição.
No seu artigo sobre política externa, Garcia cerca a expressão "interesse nacional" com as aspas de uma rancorosa ironia. Por meio de uma longa digressão em torno do óbvio, ensina que o interesse nacional está sujeito a contrastantes interpretações, concluindo com uma afirmação tão vulgar quanto perigosa: "A política externa, como toda política, sempre dividiu e divide uma sociedade (...)". O interesse nacional não é, evidentemente, um dogma inscrito em pedra. Mas, ao contrário do que imagina o ideólogo, a experiência histórica das nações se condensa em valores coletivos e consensos duradouros. Quando a Constituição os converte em princípios políticos, como no caso da prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais do Brasil, é preciso reconhecer a existência de um interesse nacional não cerceado pelas aspas da "luta de classes".
O discurso de Dilma Rousseff no Itamaraty alinhou nossa política externa à prescrição constitucional - ou seja, ao interesse nacional. Nele os direitos humanos foram recolocados no seu lugar: "Vamos promovê-los em todas as instâncias internacionais, sem concessões, discriminações ou seletividade, coerentemente com as preocupações que temos a respeito em nosso próprio país". A mensagem é cristalina. As violações de direitos humanos nas democracias, inclusive na nossa, não invalidam os compromissos internacionais com os direitos humanos. Guantánamo deve ser criticada, mas não mais será transformada em pretexto para silenciar sobre as tiranias.
É uma mudança providencial, na hora em que os povos árabes se erguem contra ditaduras tantas vezes elogiadas por Lula e Amorim, exigindo precisamente o respeito às liberdades políticas - isto é, aos direitos humanos "ocidentais".
SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP.
E-MAIL: DEMETRIO.MAGNOLI@TERRA.COM.BR
Ainda assim, tentam: pela pena, ou na oralidade das entrevistas de conveniência, tentam dourar a pílula a seu favor, ou encontrar uma última justificativa -- já não digo nem de ordem moral, mas de cunho apenas prático -- para defender políticas indefensáveis, e vergonhosas para qualquer padrão civilizatório. Pessoas assim deveriam se recolhar à sua falta de caráter e permanecer em silêncio, pois um dia o julgamento da História vai reduzi-las ao que são, verdadeirament^: celerados a serviço de propósitos indecorosos de organização política e social.
Já nem pretendo falar do personagem obscuro objeto da "crônica" abaixo transcrita, pois ele claramente é um operador da surdina, mas de outros personagens, que pretendem continuar frequentando a "mídia" -- essa expressão reservada ao "partido da imprensa golpista" -- e os auditórios com suas explicações canhestras sobre ignomínias passadas.
O julgamento da História virá, um dia...
Paulo Roberto de Almeida
Sem aspas, Garcia
Demétrio Magnoli
O Estado de S.Paulo, 28 de abril de 2011
"É mesmo lamentável ver o Brasil adotar essa posição", reclamou Sayad Sajjadi, embaixador do Irã na ONU, no dia 25 de março. A representação brasileira votara a favor de uma resolução patrocinada pelos Estados Unidos e diversos países europeus que institui um relator independente para investigar a violação dos direitos individuais na ditadura teocrática xiita.
"Não esperávamos isso do Brasil". Na sua surpresa genuína, Sajjadi deixa entrever o diagnóstico que, por aqui, se procura ocultar: a política externa de Dilma Rousseff promove uma ruptura conceitual, não um mero ajuste, em relação à de Lula. Dias atrás, no Palácio do Itamaraty, a presidente esclareceu o sentido da nova orientação, conectando a defesa dos direitos humanos à pretensão brasileira de obter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Durante oito anos o Brasil rejeitou todas as resoluções que condenavam o Irã. Ano passado, alegando uma "questão cultural", absteve-se em face da resolução que condenava o apedrejamento de mulheres condenadas por adultério. "Eu sei que cada país tem suas leis, sua Constituição, sua religião - e, gostando ou não, temos que respeitar o procedimento de cada país", explicou Lula no momento da abstenção ignóbil. O então chanceler Celso Amorim, na sua característica arrogância, deu um passo à frente para dizer que não votaria com a finalidade de "agradar à imprensa". A mudança em curso é indisfarçável, mas a facção derrotada tenta disfarçá-la para reconquistar, no futuro próximo, uma influência perdida.
Nas antigas enciclopédias soviéticas, lacunas narrativas ocupavam o lugar de eventos históricos "indesejáveis". O assessor presidencial Marco Aurélio Garcia, em artigo consagrado à política externa do governo Dilma, publicado na edição de abril da revista Interesse Nacional, simplesmente não menciona a nova abordagem do tema dos direitos humanos. Numa entrevista, instado a falar sobre aquilo que lhe desagrada, atribuiu a reviravolta apenas a uma preferência pessoal da presidente, que refletiria seu passado de prisioneira política. Ele fala aos tolos, supondo que todos o são.
Menos melífluo, o ex-chanceler Amorim admitiu que, provavelmente, votaria contra a resolução sobre o Irã, por considerá-la "política". É, de fato, de política que se trata. Samuel Pinheiro Guimarães, o lugar-tenente de Amorim, num ensaio de 2002, qualificou a promoção dos "direitos humanos ocidentais" como política destinada a dissimular, "com sua linguagem humanitária e altruísta, as ações táticas das Grandes Potências em defesa de seus próprios interesses estratégicos". O adjetivo "ocidental", agregado aos direitos humanos, é o sinal inconfundível de uma doutrina de justificação dos regimes que violam sistematicamente os direitos humanos.
Um artigo do diplomata Sérgio Florêncio, também publicado na Interesse Nacional, mas em 2008, e devotado à defesa da abordagem dos direitos humanos na política externa de Lula, sintetiza exemplarmente tal doutrina. Florêncio aponta uma tensão entre "uma visão de fortalecimento da universalidade dos direitos humanos" e "um olhar de preservação de identidades culturais consideradas ameaçadas por um mundo globalizado" para, em seguida, denunciar os "propósitos políticos" das resoluções de condenação de regimes que criminalizam a opinião política, encarceram dissidentes, assassinam opositores. As passagens cruciais de seu texto poderiam ser encampadas pelo governo chinês ou subscritas por Hosni Mubarak, Muamar Kadafi e Fidel Castro.
"O Brasil deveria mostrar que é um país independente, e não um país pequeno que se curva aos interesses dos Estados Unidos". A crítica, emitida após o voto contra o Irã, casualmente não partiu de Amorim ou Garcia, mas do diplomata iraniano Mohammad Reza Ghaebi. Dilma Rousseff pode usá-la como condecoração involuntária oferecida pelo representante de uma ditadura que borra, cotidianamente, a fronteira entre civilização e barbárie. O voto brasileiro não é uma homenagem aos interesses dos Estados Unidos, mas aos valores nacionais, proclamados pela nossa Constituição.
No seu artigo sobre política externa, Garcia cerca a expressão "interesse nacional" com as aspas de uma rancorosa ironia. Por meio de uma longa digressão em torno do óbvio, ensina que o interesse nacional está sujeito a contrastantes interpretações, concluindo com uma afirmação tão vulgar quanto perigosa: "A política externa, como toda política, sempre dividiu e divide uma sociedade (...)". O interesse nacional não é, evidentemente, um dogma inscrito em pedra. Mas, ao contrário do que imagina o ideólogo, a experiência histórica das nações se condensa em valores coletivos e consensos duradouros. Quando a Constituição os converte em princípios políticos, como no caso da prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais do Brasil, é preciso reconhecer a existência de um interesse nacional não cerceado pelas aspas da "luta de classes".
O discurso de Dilma Rousseff no Itamaraty alinhou nossa política externa à prescrição constitucional - ou seja, ao interesse nacional. Nele os direitos humanos foram recolocados no seu lugar: "Vamos promovê-los em todas as instâncias internacionais, sem concessões, discriminações ou seletividade, coerentemente com as preocupações que temos a respeito em nosso próprio país". A mensagem é cristalina. As violações de direitos humanos nas democracias, inclusive na nossa, não invalidam os compromissos internacionais com os direitos humanos. Guantánamo deve ser criticada, mas não mais será transformada em pretexto para silenciar sobre as tiranias.
É uma mudança providencial, na hora em que os povos árabes se erguem contra ditaduras tantas vezes elogiadas por Lula e Amorim, exigindo precisamente o respeito às liberdades políticas - isto é, aos direitos humanos "ocidentais".
SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP.
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quarta-feira, 27 de abril de 2011
Santo Deus: o PT virou neoliberal !!! (incrivel: o mundo já não é o mesmo...)
Pois é, vivendo e aprendendo, diria um velho marxista.
Não, não estou me referindo a mim mesmo, mas aos representantes da espécie que ainda sobrevivem no clima inóspito e desértico do cerrado central.
Mas essa da presidente (com "e") anunciar, pela voz do seu grão-vizir, que vão privatizar aeroportos é o desmentido da mentira ao cubo, ou seja, a fraude consumada. Onde vamos parar ?!
Foi preciso muita deterioração dos serviços aeroportuários para que a presidente se rendesse ao óbvio: em face de um governo incompetente, de petistas incapazes, melhor entregar tudo para a iniciativa privada.
Em outros termos, não é por falta de dinheiro que o governo está fazendo isso, ou pelo menos não é apenas por falta de dinheiro. Dinheiro sempre existe, basta remanejar o orçamento, quando se tem ideia exata do que se pretende fazer. É por incompetência mesmo.
Essa gente não deixa por menos: ao enfrentar a menor dificuldade já se rendem ao neoliberalismo assim de graça. Covardes...
Aposto como nem vão dar explicações ou justificativas.
Vão encolher o rabo e escondê-lo entre as pernas, como cachorro humilhado, e sobretudo vão ficar quietos, esperando que a oposição não acrescente sua própria gozação à humilhação pública.
Nisso eles podem contar com a "oposição" (com aspas reforçadas, para justamente denotar algo que não existe, por enquanto); ela é incapaz de sequer dizer o que pensa, quanto mais de interpretar o que não pensam os petistas.
Os petistas deveriam dizer: "Gracias, oposição de araque!"
Enfim, aqui fica o meu conselho: talvez os que sobraram na oposição deveriam chamar os petistas de neoliberais. Mas, pensando bem, talvez não cole mais. Como já foi consagrado no vocabulário político e nas aulas idiotas de acadêmicos abestalhados com o "povo no poder", eles, os da oposição, são os neoliberais, como os petistas nunca se cansaram de acusar.
Os petistas são algo mais elaborado: eles são agora os neo-neoliberais...
Paulo Roberto de Almeida
Não, não estou me referindo a mim mesmo, mas aos representantes da espécie que ainda sobrevivem no clima inóspito e desértico do cerrado central.
Mas essa da presidente (com "e") anunciar, pela voz do seu grão-vizir, que vão privatizar aeroportos é o desmentido da mentira ao cubo, ou seja, a fraude consumada. Onde vamos parar ?!
Foi preciso muita deterioração dos serviços aeroportuários para que a presidente se rendesse ao óbvio: em face de um governo incompetente, de petistas incapazes, melhor entregar tudo para a iniciativa privada.
Em outros termos, não é por falta de dinheiro que o governo está fazendo isso, ou pelo menos não é apenas por falta de dinheiro. Dinheiro sempre existe, basta remanejar o orçamento, quando se tem ideia exata do que se pretende fazer. É por incompetência mesmo.
Essa gente não deixa por menos: ao enfrentar a menor dificuldade já se rendem ao neoliberalismo assim de graça. Covardes...
Aposto como nem vão dar explicações ou justificativas.
Vão encolher o rabo e escondê-lo entre as pernas, como cachorro humilhado, e sobretudo vão ficar quietos, esperando que a oposição não acrescente sua própria gozação à humilhação pública.
Nisso eles podem contar com a "oposição" (com aspas reforçadas, para justamente denotar algo que não existe, por enquanto); ela é incapaz de sequer dizer o que pensa, quanto mais de interpretar o que não pensam os petistas.
Os petistas deveriam dizer: "Gracias, oposição de araque!"
Enfim, aqui fica o meu conselho: talvez os que sobraram na oposição deveriam chamar os petistas de neoliberais. Mas, pensando bem, talvez não cole mais. Como já foi consagrado no vocabulário político e nas aulas idiotas de acadêmicos abestalhados com o "povo no poder", eles, os da oposição, são os neoliberais, como os petistas nunca se cansaram de acusar.
Os petistas são algo mais elaborado: eles são agora os neo-neoliberais...
Paulo Roberto de Almeida
O papel da oposição - Rubens Antonio Barbosa
Transcrevendo:
O papel da oposição
Rubens Antonio Barbosa
O Globo, 26/04/2011
As três últimas derrotas do PSDB em eleições presidenciais deixaram a oposição sem discurso, adotado e incorporado habilmente pelo PT, e sem bandeiras (como a modernização do país e as privatizações), cujos resultados positivos foram renegados três vezes, pelo próprio partido, durante as campanhas eleitorais.
De maneira competente, o governo do PT ocupou todos os espaços políticos. A oposição, reduzida aos pronunciamentos parlamentares, teve pouca relevância e influência no processo político pela dificuldade de ser ouvida pela sociedade. O papel da oposição, em larga medida, foi representado pela mídia que, com competência e com amplo acesso à sociedade, tem fiscalizado as ações do executivo e denunciado o que entende serem equívocos de políticas e mazelas da administração pública.
Criou-se, assim, um vácuo político que a revista “Interesse Nacional” procurou preencher ao promover o debate sobre o papel da oposição no Brasil hoje. Afinal, na última eleição presidencial, 43 milhões de eleitores rejeitaram o que o PT representa e a sociedade brasileira, em profunda transformação, mostra a inclusão das classes D e E em uma classe média que conta hoje com mais de 100 milhões de pessoas, cujas aspirações e valores ainda não estão claramente identificados.
É tão grande o anseio da sociedade pela discussão de ideias e tão vigorosa a demanda pelo debate político que não chega a surpreender a repercussão que um único artigo sobre o papel da oposição conseguiu despertar na mídia e nos meios eletrônicos de comunicação, antes mesmo de sua publicação na revista. A demanda reprimida foi atendida e despertou imediata atenção da classe política e da mídia.
O artigo, publicado no último número da “Interesse Nacional”, pode ser visto como um convite para o inicio de um debate de alto nível sobre o aperfeiçoamento da democracia pelo fortalecimento das oposições. FHC, nos últimos tempos, tem chamado a atenção de seu partido para a urgente necessidade de se reciclar e de mudar seu discurso, sua estratégia e sua ação de modo a que possa ocupar um papel de realce no cenário político nacional.
Na revista, a análise do ex-presidente FHC foi acompanhada por dois outros provocativos trabalhos do sociólogo Demetrio Magnoli e do professor e diplomata Paulo Roberto de Almeida, cujas ideias básicas valem como contribuições importantes para o debate.
Demetrio Magnoli, em “Partido Único”, referindo-se ao PT, assinala que a sociedade brasileira — moderna, urbana, complexa — não se ajusta à sedimentação de seu sistema político sob o peso de um poder hegemônico. Na sua opinião, a rejeição do petismo se expressaria na sociedade sob as mais diversas formas. “Os partidos oposicionistas nada têm a dizer sobre o modelo (econômico) em gestação que subordina o interesse público ao interesse privado”, assinala Demétrio.
Em “Miséria da oposição no Brasil: da falta de um projeto de poder à irrelevância política”, Paulo Roberto de Almeida elabora sobre a inexistência de uma verdadeira oposição no atual cenário político brasileiro e sobre as tarefas da oposição num moderno sistema político democrático. “A oposição brasileira (….) falhou miseravelmente em sua missão oposicionista. Dizer que ela foi inepta, ineficiente, incompetente, patética, seria até ser generoso com as principais forças que foram agrupadas nesta classificação de oposição”, observa Paulo Roberto.
O Partido dos Trabalhadores fez a sua parte. Renovou-se, organizou-se nacionalmente e tem um projeto de poder. No governo há oito anos, e agora desfrutando mais quatro, tem um forte poder de atração e de cooptação.
Espera-se que as oposições, e, em especial, o PSDB, o partido mais forte dentro desse grupo, iniciem um debate democrático para criar condições de modo a apresentarem-se, nas próximas eleições, como uma real alternativa ao PT, com um projeto para o país, e não apenas de poder. A alternativa — caso isso não ocorra — é a consolidação do PT como partido hegemônico, a exemplo do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México por quase 70 anos.
==========
Meu artigo ao qual ele se refere é este aqui:
Miséria da ‘oposição’ no Brasil: da falta de um projeto de poder à irrelevância política?
Revista Interesse Nacional (n. 13, abril-junho 2011, p. 28-36)
Link: http://interessenacional.uol.com.br/artigos-integra.asp?cd_artigo=103
Relação de Originais n. 2242; Publicados n. 1029.
O papel da oposição
Rubens Antonio Barbosa
O Globo, 26/04/2011
As três últimas derrotas do PSDB em eleições presidenciais deixaram a oposição sem discurso, adotado e incorporado habilmente pelo PT, e sem bandeiras (como a modernização do país e as privatizações), cujos resultados positivos foram renegados três vezes, pelo próprio partido, durante as campanhas eleitorais.
De maneira competente, o governo do PT ocupou todos os espaços políticos. A oposição, reduzida aos pronunciamentos parlamentares, teve pouca relevância e influência no processo político pela dificuldade de ser ouvida pela sociedade. O papel da oposição, em larga medida, foi representado pela mídia que, com competência e com amplo acesso à sociedade, tem fiscalizado as ações do executivo e denunciado o que entende serem equívocos de políticas e mazelas da administração pública.
Criou-se, assim, um vácuo político que a revista “Interesse Nacional” procurou preencher ao promover o debate sobre o papel da oposição no Brasil hoje. Afinal, na última eleição presidencial, 43 milhões de eleitores rejeitaram o que o PT representa e a sociedade brasileira, em profunda transformação, mostra a inclusão das classes D e E em uma classe média que conta hoje com mais de 100 milhões de pessoas, cujas aspirações e valores ainda não estão claramente identificados.
É tão grande o anseio da sociedade pela discussão de ideias e tão vigorosa a demanda pelo debate político que não chega a surpreender a repercussão que um único artigo sobre o papel da oposição conseguiu despertar na mídia e nos meios eletrônicos de comunicação, antes mesmo de sua publicação na revista. A demanda reprimida foi atendida e despertou imediata atenção da classe política e da mídia.
O artigo, publicado no último número da “Interesse Nacional”, pode ser visto como um convite para o inicio de um debate de alto nível sobre o aperfeiçoamento da democracia pelo fortalecimento das oposições. FHC, nos últimos tempos, tem chamado a atenção de seu partido para a urgente necessidade de se reciclar e de mudar seu discurso, sua estratégia e sua ação de modo a que possa ocupar um papel de realce no cenário político nacional.
Na revista, a análise do ex-presidente FHC foi acompanhada por dois outros provocativos trabalhos do sociólogo Demetrio Magnoli e do professor e diplomata Paulo Roberto de Almeida, cujas ideias básicas valem como contribuições importantes para o debate.
Demetrio Magnoli, em “Partido Único”, referindo-se ao PT, assinala que a sociedade brasileira — moderna, urbana, complexa — não se ajusta à sedimentação de seu sistema político sob o peso de um poder hegemônico. Na sua opinião, a rejeição do petismo se expressaria na sociedade sob as mais diversas formas. “Os partidos oposicionistas nada têm a dizer sobre o modelo (econômico) em gestação que subordina o interesse público ao interesse privado”, assinala Demétrio.
Em “Miséria da oposição no Brasil: da falta de um projeto de poder à irrelevância política”, Paulo Roberto de Almeida elabora sobre a inexistência de uma verdadeira oposição no atual cenário político brasileiro e sobre as tarefas da oposição num moderno sistema político democrático. “A oposição brasileira (….) falhou miseravelmente em sua missão oposicionista. Dizer que ela foi inepta, ineficiente, incompetente, patética, seria até ser generoso com as principais forças que foram agrupadas nesta classificação de oposição”, observa Paulo Roberto.
O Partido dos Trabalhadores fez a sua parte. Renovou-se, organizou-se nacionalmente e tem um projeto de poder. No governo há oito anos, e agora desfrutando mais quatro, tem um forte poder de atração e de cooptação.
Espera-se que as oposições, e, em especial, o PSDB, o partido mais forte dentro desse grupo, iniciem um debate democrático para criar condições de modo a apresentarem-se, nas próximas eleições, como uma real alternativa ao PT, com um projeto para o país, e não apenas de poder. A alternativa — caso isso não ocorra — é a consolidação do PT como partido hegemônico, a exemplo do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México por quase 70 anos.
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Meu artigo ao qual ele se refere é este aqui:
Miséria da ‘oposição’ no Brasil: da falta de um projeto de poder à irrelevância política?
Revista Interesse Nacional (n. 13, abril-junho 2011, p. 28-36)
Link: http://interessenacional.uol.com.br/artigos-integra.asp?cd_artigo=103
Relação de Originais n. 2242; Publicados n. 1029.
Contra-homenagem aos anonimos (verdadeiros e falsos)
De vez em quando aparece por aqui algum anônimo comentarista, que pretende liquidar com duas ou três afirmações peremptórias, geralmente ligeiras, superficiais e inúteis, alguma frustração acumulada ao longo de uma carreira mal-sucedida de escritor ou uma outra jamais alcançada de diplomata.
Essas pessoas pretendem se fazer ouvir, e ficam contentes quando eu admito aqui duas ou três bobagens que escreveram, geralmente negativas para com minha atividade, depreciativas de minha escrita ou enraivecidas com minhas posições políticas (em geral anarquistas, reconheço, ou melhor, libertárias, absolutamente independentes e autônomas de qualquer poder ou autoridade).
Eu nem deveria prestar atenção nesse tipo de erva daninha, e simplesmente deletar os comentários maldosos.
Mas mesmo os anônimos maldosos prestam um serviço: eles sempre me dão a oportunidade de novas reflexões; por isso, devo agradecer sinceramente a eles, mesmo se eles o fizeram com outras intenções e de forma totalmente involuntária.
Enfim, tendo recebido mais uma inutilidade deste tipo, creio que seria oportuno, para deixar esses leitores amargos ainda mais frustrados, republicar um antigo texto dedicado especialmente a eles, que aparecem em diferentes categorias: os bons, os maus e os feios.
Minúsculo Tratado sobre o Anonimato
Paulo Roberto de Almeida
Há muito tempo pretendia escrever um mini-tratado sobre o anonimato, mais uma peça de relativa inutilidade substantiva, apenas para me distrair e para fazer companhia a meus outros mini-tratados (um primeiro sobre as reticências, outro sobre as entrelinhas, um terceiro sobre as interrogações, e um adicional, que aliás não sei se já foi terminado, sobre as exclamações). Não se inquietem os curiosos, pois tenho vários outros no pipeline, ou pelo menos nos meus circuitos mentais, e a coleção deve ser enriquecida com algum besteirol gratificante, cuja única função, pelo menos para mim, é servir a meu próprio divertissement intelectual.
Raramente escrevo textos para contentar ou servir alguém, e jamais escrevo algo com o qual não estou de acordo, o que não quer dizer que eu também não possa me divertir com essas pequenas distrações de um cotidiano mais sério. Sempre me divirto fazendo esse tipo de coisa, pois tudo é motivo para uma digressão a mais na extensa cadeia das minhas escrevinhações.
Pois o mini-tratado pretendido sobre o anonimato se deve obviamente ao fato que recebo incontáveis mensagens anônimas em meus blogs, algumas simpáticas, outras questionáveis (para usar um termo neutro), outras francamente dispensáveis. Se não destoar muito do espírito dos blogs, acabo publicando, mesmo quando se trata de crítica ou discordância em relação ao que escrevi. Um blog tem essa função, precisamente, oferecer um espaço para a livre expressão do pensamento.
Infelizmente, alguns comentários anônimos são extremamente curtos, e a gente fica sem saber o que pretendia exatamente o seu autor. Como, por exemplo, um sintético Anônimo que deixou um comentário sobre esta minha postagem:
sexta-feira, 12 de março de 2010
1779) A pedagogia freireana: nossa contribuicao ao atraso do mundo...
Cito: “Oferecemos ao mundo um PRA, com seu arsenal de inutilidades e pensamentos levianos!”
Como se vê, nada de muito esclarecedor ou útil a um debate importante sobre o tema desse post, que se referia ao papel deletério desse ícone da idiotice pedagógica que é o equivocadamente cultuado Paulo Freire, o representante máximo de nosso atraso educacional.
Mas entendo que o Anônimo em questão nunca teve a intenção de comentar de fato a substância da postagem e, sim, a de criticar o “postador”, no caso eu mesmo, com o que ele se desvia dos meus critérios requeridos para incorporação de comentários, ou seja, de que eles sejam pertinentes e tragam alguma contribuição para o distinto público leitor, se ouso me expressar assim.
Segundo esse Anônimo eu trago ao mundo um arsenal de inutilidades e pensamentos levianos. Curioso que ele se dê ao trabalho de me ler, o que revela um espírito crítico pelo menos deficiente, posto que se ocupando de bobagens e inutilidades. Esse Anônimo faria melhor em ocupar o seu tempo com coisa mais inteligente, em lugar de ficar aqui procurando sarna para coçar sabe-se lá que parte de seu corpo indolente, já que ele parece incapaz de expressar de modo mais claro ou completo o seu pensamento (se é o caso de usar este substantivo...)..
Em todo caso, eu gostaria de agradecer a este Anônimo comentarista, pois ele me oferece a oportunidade de antecipar ao meu previsto mini-tratado sobre o Anonimato, redigindo este minúsculo texto sobre esse tema, que ocupa, digamos assim, quase metade do volume de comentários em meus posts.
Certos comentaristas em meus blogs estão de fato interessados nos temas, e colocam observações inteligentes, correções a meus pontos de vista, complementos à informação em questão, enfim, fazem aquilo que se espera de um comentarista. Muitos, provavelmente mais da metade, são anônimos, o que pode querer dizer várias coisas: se trata de pessoas ocupando cargos na burocracia do Vaticano onde também trabalho, enfim, uma Santa Casa carente de liberdades democráticas mais amplas, posto que as pessoas evitam – e são induzidas a evitar – comentários abertos sobre seu objeto de trabalho, seu ganha-pão tradicional por temor de alguma retaliação indevida (e autoritária, como sempre acontece); outros querem justamente ter a liberdade de participar de um debate sem ter a necessidade de revelar sua identidade, para se sentirem mais livres, leves e soltos na expressão de seu pensamento real, que por vezes é puramente especulativo, ou até contrário ao que normalmente se espera de um profissional de sua condição pública; outros, ainda, querem justamente atacar meus posts ou meus argumentos – o que também é legítimo –, sem precisar se explicar sobre as razões de seus gestos; e existem também aqueles que comparecem com certo despeito, talvez até mesmo alguma raiva, pela liberdade que eu me concedo de ficar escrevendo tanta coisa – muita bobagem, reconheço – sem pedir permissão a nenhuma dessas autoridades que supostamente nos governam (e imagino que eles também sejam colegas de infortúnio intelectual...).
Existem alguns que o fazem por timidez, outros por covardia, outros ainda que atuam por maledicência, ou espírito ranzinza, gente frustrada que talvez gostasse de fazer o que eu faço e que se julga então no dever de me atacar – mesmo de forma tão superficial e incompreensível como o post de comentário negativo acima transcrito – para talvez compensar alguma frustração qualquer.
Enfim, existem anônimos de todos os tipos, inclusive aqueles que mesmo assim são flamenguistas ou corintianos, ou que não abandonam crenças ultrapassadas, há muito tempo na lata de lixo da história, como diria um ilustre marxista.
Pois bem, quero dizer a todos esses anônimos que freqüentam meus espaços de interação que eu os estou “observando”, se ouso dizer, para tirar minhas conclusões sobre sua atividade interessante, e sem dúvida enriquecedora dos meus blogs. Gostaria de lhes prometer que, assim que eu conseguir algum tempo livre, vou escrever meu “mini-tratado sobre o anonimato” en bonne et due forme, as appropriate, como diriam franceses e britânicos. Vai chegar o dia, não se inquietem. Por enquanto fiquem apenas com este minúsculo ensaio sobre um dos assuntos mais sérios do chamado cyberspace, o que permite (quase) todas as transgressões e liberdades.
Aliás, já está na hora de alguém propor uma associação de Anônimos Anônimos, ou seja, gente que se reúne sem revelar a identidade, apenas para discutir, cripticamente se for o caso, as diversas facetas de uma profissão florescente, uma atividade que requer certa coragem para sair do anonimato anônimo para se lançar no anonimato público. Enfim, anônimos anônimos, uni-vos, pois vocês não tem nada a perder, a não ser a vergonha de ser um membro dessa imensa confraria.
Meu mini-tratado virá, mesmo sob risco de algum outro Anônimo classificar minhas iniciativas como um arsenal de inutilidades. Não se pode contentar todos ao mesmo tempo.
Abraços Anônimos, se ouso dizer...
Brasília, 19 de março de 2010.
Essas pessoas pretendem se fazer ouvir, e ficam contentes quando eu admito aqui duas ou três bobagens que escreveram, geralmente negativas para com minha atividade, depreciativas de minha escrita ou enraivecidas com minhas posições políticas (em geral anarquistas, reconheço, ou melhor, libertárias, absolutamente independentes e autônomas de qualquer poder ou autoridade).
Eu nem deveria prestar atenção nesse tipo de erva daninha, e simplesmente deletar os comentários maldosos.
Mas mesmo os anônimos maldosos prestam um serviço: eles sempre me dão a oportunidade de novas reflexões; por isso, devo agradecer sinceramente a eles, mesmo se eles o fizeram com outras intenções e de forma totalmente involuntária.
Enfim, tendo recebido mais uma inutilidade deste tipo, creio que seria oportuno, para deixar esses leitores amargos ainda mais frustrados, republicar um antigo texto dedicado especialmente a eles, que aparecem em diferentes categorias: os bons, os maus e os feios.
Minúsculo Tratado sobre o Anonimato
Paulo Roberto de Almeida
Há muito tempo pretendia escrever um mini-tratado sobre o anonimato, mais uma peça de relativa inutilidade substantiva, apenas para me distrair e para fazer companhia a meus outros mini-tratados (um primeiro sobre as reticências, outro sobre as entrelinhas, um terceiro sobre as interrogações, e um adicional, que aliás não sei se já foi terminado, sobre as exclamações). Não se inquietem os curiosos, pois tenho vários outros no pipeline, ou pelo menos nos meus circuitos mentais, e a coleção deve ser enriquecida com algum besteirol gratificante, cuja única função, pelo menos para mim, é servir a meu próprio divertissement intelectual.
Raramente escrevo textos para contentar ou servir alguém, e jamais escrevo algo com o qual não estou de acordo, o que não quer dizer que eu também não possa me divertir com essas pequenas distrações de um cotidiano mais sério. Sempre me divirto fazendo esse tipo de coisa, pois tudo é motivo para uma digressão a mais na extensa cadeia das minhas escrevinhações.
Pois o mini-tratado pretendido sobre o anonimato se deve obviamente ao fato que recebo incontáveis mensagens anônimas em meus blogs, algumas simpáticas, outras questionáveis (para usar um termo neutro), outras francamente dispensáveis. Se não destoar muito do espírito dos blogs, acabo publicando, mesmo quando se trata de crítica ou discordância em relação ao que escrevi. Um blog tem essa função, precisamente, oferecer um espaço para a livre expressão do pensamento.
Infelizmente, alguns comentários anônimos são extremamente curtos, e a gente fica sem saber o que pretendia exatamente o seu autor. Como, por exemplo, um sintético Anônimo que deixou um comentário sobre esta minha postagem:
sexta-feira, 12 de março de 2010
1779) A pedagogia freireana: nossa contribuicao ao atraso do mundo...
Cito: “Oferecemos ao mundo um PRA, com seu arsenal de inutilidades e pensamentos levianos!”
Como se vê, nada de muito esclarecedor ou útil a um debate importante sobre o tema desse post, que se referia ao papel deletério desse ícone da idiotice pedagógica que é o equivocadamente cultuado Paulo Freire, o representante máximo de nosso atraso educacional.
Mas entendo que o Anônimo em questão nunca teve a intenção de comentar de fato a substância da postagem e, sim, a de criticar o “postador”, no caso eu mesmo, com o que ele se desvia dos meus critérios requeridos para incorporação de comentários, ou seja, de que eles sejam pertinentes e tragam alguma contribuição para o distinto público leitor, se ouso me expressar assim.
Segundo esse Anônimo eu trago ao mundo um arsenal de inutilidades e pensamentos levianos. Curioso que ele se dê ao trabalho de me ler, o que revela um espírito crítico pelo menos deficiente, posto que se ocupando de bobagens e inutilidades. Esse Anônimo faria melhor em ocupar o seu tempo com coisa mais inteligente, em lugar de ficar aqui procurando sarna para coçar sabe-se lá que parte de seu corpo indolente, já que ele parece incapaz de expressar de modo mais claro ou completo o seu pensamento (se é o caso de usar este substantivo...)..
Em todo caso, eu gostaria de agradecer a este Anônimo comentarista, pois ele me oferece a oportunidade de antecipar ao meu previsto mini-tratado sobre o Anonimato, redigindo este minúsculo texto sobre esse tema, que ocupa, digamos assim, quase metade do volume de comentários em meus posts.
Certos comentaristas em meus blogs estão de fato interessados nos temas, e colocam observações inteligentes, correções a meus pontos de vista, complementos à informação em questão, enfim, fazem aquilo que se espera de um comentarista. Muitos, provavelmente mais da metade, são anônimos, o que pode querer dizer várias coisas: se trata de pessoas ocupando cargos na burocracia do Vaticano onde também trabalho, enfim, uma Santa Casa carente de liberdades democráticas mais amplas, posto que as pessoas evitam – e são induzidas a evitar – comentários abertos sobre seu objeto de trabalho, seu ganha-pão tradicional por temor de alguma retaliação indevida (e autoritária, como sempre acontece); outros querem justamente ter a liberdade de participar de um debate sem ter a necessidade de revelar sua identidade, para se sentirem mais livres, leves e soltos na expressão de seu pensamento real, que por vezes é puramente especulativo, ou até contrário ao que normalmente se espera de um profissional de sua condição pública; outros, ainda, querem justamente atacar meus posts ou meus argumentos – o que também é legítimo –, sem precisar se explicar sobre as razões de seus gestos; e existem também aqueles que comparecem com certo despeito, talvez até mesmo alguma raiva, pela liberdade que eu me concedo de ficar escrevendo tanta coisa – muita bobagem, reconheço – sem pedir permissão a nenhuma dessas autoridades que supostamente nos governam (e imagino que eles também sejam colegas de infortúnio intelectual...).
Existem alguns que o fazem por timidez, outros por covardia, outros ainda que atuam por maledicência, ou espírito ranzinza, gente frustrada que talvez gostasse de fazer o que eu faço e que se julga então no dever de me atacar – mesmo de forma tão superficial e incompreensível como o post de comentário negativo acima transcrito – para talvez compensar alguma frustração qualquer.
Enfim, existem anônimos de todos os tipos, inclusive aqueles que mesmo assim são flamenguistas ou corintianos, ou que não abandonam crenças ultrapassadas, há muito tempo na lata de lixo da história, como diria um ilustre marxista.
Pois bem, quero dizer a todos esses anônimos que freqüentam meus espaços de interação que eu os estou “observando”, se ouso dizer, para tirar minhas conclusões sobre sua atividade interessante, e sem dúvida enriquecedora dos meus blogs. Gostaria de lhes prometer que, assim que eu conseguir algum tempo livre, vou escrever meu “mini-tratado sobre o anonimato” en bonne et due forme, as appropriate, como diriam franceses e britânicos. Vai chegar o dia, não se inquietem. Por enquanto fiquem apenas com este minúsculo ensaio sobre um dos assuntos mais sérios do chamado cyberspace, o que permite (quase) todas as transgressões e liberdades.
Aliás, já está na hora de alguém propor uma associação de Anônimos Anônimos, ou seja, gente que se reúne sem revelar a identidade, apenas para discutir, cripticamente se for o caso, as diversas facetas de uma profissão florescente, uma atividade que requer certa coragem para sair do anonimato anônimo para se lançar no anonimato público. Enfim, anônimos anônimos, uni-vos, pois vocês não tem nada a perder, a não ser a vergonha de ser um membro dessa imensa confraria.
Meu mini-tratado virá, mesmo sob risco de algum outro Anônimo classificar minhas iniciativas como um arsenal de inutilidades. Não se pode contentar todos ao mesmo tempo.
Abraços Anônimos, se ouso dizer...
Brasília, 19 de março de 2010.
Revolucao cultural maoista: um dos grandes desastres humanos
De vez em quando, homens (mulheres também) cometem enormes bobagens, desastres que se revelam incomensuráveis. A expulsão dos judeus da península ibérica -- 1492 da Espanha, 1503 de Portugal -- foi uma dessas bobagens enormes que causaram um atraso secular -- vários séculos -- em termos de atraso, perda de capital humano e isolamento cultural e comercial.
O "grande salto para a frente" -- que provocou 25 a 30 milhões de mortos -- e a "revolução cultural" -- que simplesmente destruiu a educação na China, e pode ter provocado alguns poucos milhões de mortos -- ambas provocadas, sustentadas e estimuladas por esse grande tirano megalomaníaco que foi Mao Tsé-tung devem ter representado um desastre de proporções inimagináveis para a China.
Nenhuma família chinesa ficou imune a uma ou a outra. Tragédias fabulosas, se ouso dizer.
Paulo Roberto de Almeida
Calendário Histórico
1969: Termina a Revolução Cultural na China
Deutsche Welle, 27 de abril de 2011
No dia 27 de abril de 1969, seguindo as ordens de Mao Tse-tung, o Exército chinês dissolveu as Guardas Vermelhas.
Mao Tse-tung em 1966, no início da Revolução Cultural
A Revolução Cultural da China nasceu de um estrondoso fracasso do líder Mao Tse-tung. Com a campanha do Grande Salto para a Frente (1958-1960), ele pretendia industrializar a China em tempo recorde e, simultaneamente, construir a sociedade igualitária preconizada pelo comunismo.
Ele obrigou os camponeses a se juntarem em gigantescas comunas agrícolas e instalou siderúrgicas de tecnologia rudimentar por todo o país. Mas o único resultado da campanha foi a desorganização total da economia. Milhões de agricultores morreram de fome.
No dia 27 de abril de 1969, seguindo as ordens de Mao, o Exército chinês dissolveu as Guardas Vermelhas, que levaram a China praticamente à anarquia durante a Revolução Cultural. Oficialmente, o número de mortos durante a Revolução Cultural foi de 34 mil, embora muitos acreditem que, na realidade, houve milhões de vítimas.
Ostracismo e contra-ofensiva de Mao
O desastre do "grande salto" condenara Mao ao ostracismo. O Partido Comunista Chinês afastou-o da condução dos assuntos internos do país, mas ele continuou comandando a política externa.
Em 16 de maio de 1966, advertiu num documento interno que o PCCh estava repleto de revisionistas capazes de, a qualquer momento, instaurar o capitalismo na China. Começava assim sua audaciosa contra-ofensiva para recuperar prestígio, mergulhando o país na chamada Grande Revolução Cultural Proletária.
A revolução mobilizou os estudantes de Pequim e, em pouco tempo, alastrou-se por toda a China. Principalmente a juventude era estimulada a se rebelar contra o "elitismo, revisionismo e a mentalidade burguesa". As consequências foram dramáticas: filhos denunciavam os pais, estudantes agrediam seus professores e forçavam à suspensão das aulas, chefes torturavam seus subordinados.
Perseguições políticas
Cerca de 20 milhões de colegiais e universitários, liderados por Jiang Qing, a mulher de Mao, formaram as Guardas Vermelhas e iniciaram uma onda de perseguições políticas. Intelectuais e líderes do PCCh foram espancados, presos e, em muitos casos, mortos.
Um dos ilustres perseguidos, por exemplo, foi Deng Xiaoping, o dirigente que, depois de enfrentar o exílio interno, voltou ao poder nos anos 70 e arquitetou a revolução capitalista responsável pelo crescimento atual da economia chinesa.
Paralelamente à perseguição política, o movimento promoveu uma faxina cultural. Os "guardas vermelhos" destruíam templos e outros vestígios do "passado feudal", queimavam livros que não tivessem conteúdo revolucionário. A peça Romeu e Julieta, de Shakespeare, por exemplo, era considerada incompatível com o sonhado "paraíso proletário". Mao usou a juventude também para levar ao extremo o culto à personalidade, promovendo marchas colossais em sua própria homenagem.
"Dez anos perdidos"
O "Grande Timoneiro", no entanto, logo perdeu o controle do movimento. Seguiram-se dez anos de turbulências que paralisaram o sistema educacional e abateram a economia. "Foram anos de injustiça, humilhações e sofrimento sem fim", resume o escritor Ba Jin. Os excessos dos "guardas vermelhos" levaram o exército a intervir, já em 1969, com o apoio de Mao. Era, na prática, o fim da Revolução Cultural.
Hoje, o governo comunista se refere à Grande Revolução Cultural e Proletária como "dez anos perdidos". A principal preocupação de Mao não era salvar a ideologia do proletariado. Sabe-se que ele arquitetou o movimento para se livrar de rivais políticos e consolidar seu poder. Seus maiores rivais eram dirigentes da ala moderada do PCCh, como Deng Xiaoping, que defendiam a "liberalização da economia".
Possuído pelo poder, Mao eliminou 12 dos 23 membros incômodos no politburo. A Revolução Cultural pareceu um golpe de Estado. No fim, o próprio Mao viu-se obrigado a acabar com o movimento, ordenando a dissolução das Guardas Vermelhas.
A decisão de extingui-las foi aprovada no nono Congresso do Partido Comunista, a 27 de abril de 1969, marcando formalmente o fim da Revolução Cultural. O país, porém, só voltou à normalidade em 1976, com a morte de Mao. Hoje o governo chinês procura ignorar o aniversário da revolução, para não arranhar a imagem do "Grande Timoneiro" Mao Tse-tung.
O "grande salto para a frente" -- que provocou 25 a 30 milhões de mortos -- e a "revolução cultural" -- que simplesmente destruiu a educação na China, e pode ter provocado alguns poucos milhões de mortos -- ambas provocadas, sustentadas e estimuladas por esse grande tirano megalomaníaco que foi Mao Tsé-tung devem ter representado um desastre de proporções inimagináveis para a China.
Nenhuma família chinesa ficou imune a uma ou a outra. Tragédias fabulosas, se ouso dizer.
Paulo Roberto de Almeida
Calendário Histórico
1969: Termina a Revolução Cultural na China
Deutsche Welle, 27 de abril de 2011
No dia 27 de abril de 1969, seguindo as ordens de Mao Tse-tung, o Exército chinês dissolveu as Guardas Vermelhas.
Mao Tse-tung em 1966, no início da Revolução Cultural
A Revolução Cultural da China nasceu de um estrondoso fracasso do líder Mao Tse-tung. Com a campanha do Grande Salto para a Frente (1958-1960), ele pretendia industrializar a China em tempo recorde e, simultaneamente, construir a sociedade igualitária preconizada pelo comunismo.
Ele obrigou os camponeses a se juntarem em gigantescas comunas agrícolas e instalou siderúrgicas de tecnologia rudimentar por todo o país. Mas o único resultado da campanha foi a desorganização total da economia. Milhões de agricultores morreram de fome.
No dia 27 de abril de 1969, seguindo as ordens de Mao, o Exército chinês dissolveu as Guardas Vermelhas, que levaram a China praticamente à anarquia durante a Revolução Cultural. Oficialmente, o número de mortos durante a Revolução Cultural foi de 34 mil, embora muitos acreditem que, na realidade, houve milhões de vítimas.
Ostracismo e contra-ofensiva de Mao
O desastre do "grande salto" condenara Mao ao ostracismo. O Partido Comunista Chinês afastou-o da condução dos assuntos internos do país, mas ele continuou comandando a política externa.
Em 16 de maio de 1966, advertiu num documento interno que o PCCh estava repleto de revisionistas capazes de, a qualquer momento, instaurar o capitalismo na China. Começava assim sua audaciosa contra-ofensiva para recuperar prestígio, mergulhando o país na chamada Grande Revolução Cultural Proletária.
A revolução mobilizou os estudantes de Pequim e, em pouco tempo, alastrou-se por toda a China. Principalmente a juventude era estimulada a se rebelar contra o "elitismo, revisionismo e a mentalidade burguesa". As consequências foram dramáticas: filhos denunciavam os pais, estudantes agrediam seus professores e forçavam à suspensão das aulas, chefes torturavam seus subordinados.
Perseguições políticas
Cerca de 20 milhões de colegiais e universitários, liderados por Jiang Qing, a mulher de Mao, formaram as Guardas Vermelhas e iniciaram uma onda de perseguições políticas. Intelectuais e líderes do PCCh foram espancados, presos e, em muitos casos, mortos.
Um dos ilustres perseguidos, por exemplo, foi Deng Xiaoping, o dirigente que, depois de enfrentar o exílio interno, voltou ao poder nos anos 70 e arquitetou a revolução capitalista responsável pelo crescimento atual da economia chinesa.
Paralelamente à perseguição política, o movimento promoveu uma faxina cultural. Os "guardas vermelhos" destruíam templos e outros vestígios do "passado feudal", queimavam livros que não tivessem conteúdo revolucionário. A peça Romeu e Julieta, de Shakespeare, por exemplo, era considerada incompatível com o sonhado "paraíso proletário". Mao usou a juventude também para levar ao extremo o culto à personalidade, promovendo marchas colossais em sua própria homenagem.
"Dez anos perdidos"
O "Grande Timoneiro", no entanto, logo perdeu o controle do movimento. Seguiram-se dez anos de turbulências que paralisaram o sistema educacional e abateram a economia. "Foram anos de injustiça, humilhações e sofrimento sem fim", resume o escritor Ba Jin. Os excessos dos "guardas vermelhos" levaram o exército a intervir, já em 1969, com o apoio de Mao. Era, na prática, o fim da Revolução Cultural.
Hoje, o governo comunista se refere à Grande Revolução Cultural e Proletária como "dez anos perdidos". A principal preocupação de Mao não era salvar a ideologia do proletariado. Sabe-se que ele arquitetou o movimento para se livrar de rivais políticos e consolidar seu poder. Seus maiores rivais eram dirigentes da ala moderada do PCCh, como Deng Xiaoping, que defendiam a "liberalização da economia".
Possuído pelo poder, Mao eliminou 12 dos 23 membros incômodos no politburo. A Revolução Cultural pareceu um golpe de Estado. No fim, o próprio Mao viu-se obrigado a acabar com o movimento, ordenando a dissolução das Guardas Vermelhas.
A decisão de extingui-las foi aprovada no nono Congresso do Partido Comunista, a 27 de abril de 1969, marcando formalmente o fim da Revolução Cultural. O país, porém, só voltou à normalidade em 1976, com a morte de Mao. Hoje o governo chinês procura ignorar o aniversário da revolução, para não arranhar a imagem do "Grande Timoneiro" Mao Tse-tung.
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