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DCI
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China enviou US$ 20 bilhões ao Brasil via
paraísos fiscais
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Gustavo Machado
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DCI, 6/09/2011
Maior parceiro comercial do Brasil nos
últimos anos, a China configura atualmente um parceiro e um rival. Principal
comprador de matérias-primas produzidas no País, os asiáticos causam
preocupação na equipe econômica do governo de Dilma com sua moeda, o iuane,
depreciada, e produtos baratos. E apesar de, oficialmente, registrar um valor
baixo de investimentos diretos, o país asiático, na verdade, enviou US$ 20
bilhões no ano passado em recursos por meio de países conhecidos como paraíso
fiscal, como Suíça e Luxemburgo.
No ano de 2010, entre janeiro e julho, US$ 24,435 bilhões foram exportados para a China, enquanto que US$ 17,687 bilhões foram importados. Atualmente, os Estados Unidos são o país do qual o Brasil mais importa. De acordo com dados do Banco Central (BC), no mesmo período, em IED, apenas US$ 367 milhões vieram da China, o que os situava apenas em 12º entre os estrangeiros que mais investiam no País. Neste ano, os valores são ainda mais insignificantes: US$ 138 milhões e o distante 23º lugar. No entanto, os dados do BC não condizem com a realidade da relação bilateral. De acordo com Welber Barral, consultor de comércio exterior e secretário do MDIC entre 2007 e 2010, isso ocorre porque o investimento do gigante asiático é oriundo de subsidiárias de suas empresas. "Muito do dinheiro chinês não vem necessariamente da China". Segundo Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC), o Brasil recebeu mais de US$ 20 bilhões no ano de 2010 em investimentos de companhias chinesas. O valor colocaria o asiático na primeira posição com muita folga, de acordo com os documentos do setor externo divulgados pelo Banco Central. "Isso porque muito do dinheiro vem de paraísos fiscais", explica Tang. Corroborando com a afirmação de Tang, no ano passado Luxemburgo e Suíça figuraram como os principais investidores, com pouco mais de US$ 15 bilhões. "A China considera o Brasil um grande mercado. O Governo quer a abertura de novas fábricas. Não só o País se beneficiará, mas também o povo", afirma o presidente da CCIBC. Para o Dr. Evaldo Alves, coordenador do curso de Comércio Exterior da Fundação Getúlio Vargas, existe uma relação complexa com o parceiro asiático. "Devemos nos proteger quanto à China competidora, mas não devemos atacá-la", avisa, antes de lembrar que os preços baixos dos produtos importados ajudam a baixar a inflação. "Precisamos resolver os gargalos da economia brasileira", alerta Alves. O custo Brasil é um dos maiores agravantes na relação bilateral. Altos impostos e salários mais altos encarecem os produtos nacionais. Para o consultor em comércio exterior Vivaldo Cardoso Piraino existe um pouco de dúvida quanto ao futuro desta parceira. "Os preços dos chineses são tão baixos que é preciso criar restrições, taxas para evitar o dumping [preços extremamente baixos para prejudicar concorrentes]", diz o consultor. Entre os maiores produtos exportados estão minério de ferro, soja triturada e petróleo. Já entre os importados, peças para transmissores, máquinas de processamento de dados e circuitos impressos (chips) para telefonia. Segundo Barral, existe uma barreira de importação na China contra os manufaturados do Brasil, que seria forçado a compor sua pauta de exportação basicamente com matérias-primas e commodities agrícolas. A tese é combatida por Charles Tang, que culpa os preços elevados pela dificuldade de ingresso dos manufaturados. Indiferente aos produtos exportados, a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Lacerda, indica que cada vez mais a China representa o motor da economia global e que a relação entre os dois países é cada vez mais importante. "O crescimento do PIB chinês se reflete na pauta exportadora do Brasil", afirma Lacerda. Ao encontro da afirmação da secretária, na comparação entre os meses de janeiro e agosto de 2010 e 2011, o volume financeiro exportado cresceu 45%. O superávit brasileiro na balança comercial entre os países aumentou para US$ 1,443 milhão em julho de 2011, 63% maior que no mesmo período de 2010. |
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
China-Brasil: mais capitalista do que os capitalistas
The United States in the World Economy - C. Fred Bergsten
The United States faces an acute set of
challenges as it struggles to restore its economic vitality and role in the
world economy. At the same time, the world must adjust to a new set of rising
powers, most importantly China but with India and several others not far
behind. The United States is highly dependent on global developments for
prosperity and stability, and it is now much more like other countries, for
virtually all of whom such international engagement has been a given throughout
their histories. The United States has gained enormously from this
globalization and is more than $1 trillion per year richer as a result of its
trade integration. At the same time, it has become the world's largest debtor
country.
To resuscitate its economy on a successful
and sustainable basis, the United States must reorient toward the global
economy within which it operates and on which it has become so dependent. Its
goal should be to eliminate its large trade deficit over the next five to ten
years, which would generate 3 million to 4 million very good jobs—about half
the number needed to restore full employment. A feasible strategy for doing so
begins with, and rests primarily upon, getting its fiscal house in order and
substantially beefing up its international competitiveness, which will
encompass a trio of international policy approaches: restoring and maintaining
a competitive exchange rate for the dollar, demanding and achieving full
protection for the intellectual property rights of American firms and workers,
and opening (especially emerging) markets abroad to the wide array of services
sectors in which the United States is highly competitive. There is no
"quick fix," and these issues will be at the forefront of US concerns
for many years, and probably decades, to come.
Latin American Development Models: A Parallel Between Brazil and Mexico - Sergio Florencio
Latin American Development Models: A Parallel Between Brazil and Mexico
Sergio Florencio
Presentation: September 15
Sergio Florencio (Consul General of Brazil in Vancouver), will present "Latin American Development Models: A Parallel Between Brazil and Mexico" on September 15, at 3 pm, in Room 1600 - Canfor Policy Room, SFU Harbour Centre, Vancouver, Canada.
This is the first paper in our 2011-2012 LAS Working Paper Series. We encourage you to read his paper in advance. His paper can be found at the following address:
All are welcome to attend.
Alec Dawson
Director
Latin American Studies Program
SFU
Revista Espaço Acadêmico - Dossiê Onze de Setembro
Na verdade, o dossiê se resume a três artigos, um dos quais escrito por mim, o outro pelo próprio organizador do dossiê. Apenas um artigo a mais, para um assunto tão importante. Fiquei verdadeiramente surpreendido. Pensei, antes, que muito mais gente se disporia a escrever sobre tema tão relevante das relações internacionais.
Ou apenas não escrevem mesmo, o que não parece ser o caso, pois todos querem publicar para acumular pontos, ou então não dão nenhuma importância ao evento em questão:
Ou apenas não escrevem mesmo, o que não parece ser o caso, pois todos querem publicar para acumular pontos, ou então não dão nenhuma importância ao evento em questão:
Revista Espaço Acadêmico, nº 124, setembro de 2011. Acesso: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/issue/current
Meu artigo:
Onze de Setembro, dez anos: recepção no
mundo, reações no Brasil
Revista Espaço Acadêmico, dossiê especial Onze de
Setembro
(ano 11, n. 124, setembro de 2011, p. 21-26; ISSN: 1519-6186, link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/14042/7731).
Relação de Originais n. 2290; Publicados n. 1043.
Discutindo as ameaças nucleares: Hudson Institute (Washington)
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A tal de "faxina" que nao existe - Percival Puggina
Eu também fui atrás do tal do compromisso da presidente com a correção das irregularidades, ou seja, o combate à corrupção, e não achei rigorosamente nada, "nadicas de peteberabas".
Até quis ajudar, redigindo dois discursos para a presidente, mas parece que ela não gostou, pois não aproveitou nenhuma das boas ideias que ali coloquei.
Não importa, reproduzo aqui essas referências, para deleite dos interessados, antes de transcrever um outro texto que tem a ver com a mesma realidade:
1) “Brasileiras e brasileiros: quero falar diretamente a vocês... (o primeiro Estado da Nação da nova presidente)”, 7 p. Publicado Espaço Acadêmico (ano 10, n. 117, fevereiro 2011, p. 93-98; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/12375/6547). Republicado como “‘Brasileiros e brasileiras...’ (o que Dilma realmente gostaria de dizer)”, Via Política (21/02/2011; link: http://www.viapolitica.com.br/noticia_view.php?id_noticia=409). Dom Total (17/03/2011; link: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=1860).
2) “Brasileiras e brasileiros: meu segundo pronunciamento à Nação (numa hora grave)”, Brasília, 12 julho 2011, 5 páginas. Para acabar com a corrupção e a malversação dos recursos públicos no Brasil. Via Política (17/07/2011; link: http://www.viapolitica.com.br/diplomatizando_view.php?id_diplomatizando=175) e Dom Total (21/07/2011; link: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=2102). Blog Diplomatizzando (15/07/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/07/brasileiras-e-brasileiros-o-segundo.html).
Não querendo ser cético, nem negativo, simplesmente não acredito que a presidente promova uma limpeza ética no governo, simplesmente não acredito. Aliás, ainda mais: considero isso impossível de ocorrer, tendo em vista o registro dos fatos. Até aqui, todo mundo foi "demitido" pela imprensa, não por ações do governo.
E não adianta virem áulicos do poder dizer o contrário. Eu vou achar que eles estão sendo pagos para retrucar (no que aliás não estaria muito longe da verdade).
Paulo Roberto de Almeida
Nunca a gramática prestou tão bom serviço à compreensão das análises políticas quanto nestes dias de Dilma Rousseff. Quando o comentarista ou o analista a designa como "presidenta" a gente já sabe para que lado sopra o vento. É uma facilidade. Pois foi inspirado por essa facilidade que saí atrás do decantado e inabalável compromisso da presidente (pronto, já disse de que lado estou!) com a faxina. Faxina? Busquei todas as falas presidenciais. Queria saber o que Dilma, pessoalmente, já afirmou sobre isso porque me parecia improvável que um vocábulo e um conceito de tanto impacto político tivessem sido concebidos fora do circuito oficial e sem apoio verbal da presidente.
Para quem não sabe, no site www.info.planalto.gov.br se pode ler tudo que ela disse em discursos, entrevistas, cafés com a "presidenta" e conversas com a "presidenta". Para facilitar a vida do pesquisador, o site permite que se faça a busca por palavra-chave. Então, espremi o arquivo em busca de "faxina". Sabe o leitor quantas vezes a presidente usou esse vocábulo que hoje está colado à sua imagem? Nenhuma. E no conjunto de suas demais manifestações, desde o início do governo? Nenhuma, também.
É perfeitamente possível, no entanto, que, mesmo sem falar em faxina, ela tenha balizado a conduta do seu governo com manifestações que expressem sua disposição de promover um minucioso combate à corrupção. Fui atrás dessa outra palavra. Quantas vezes "corrupção" - que tanto se quer expulsar do governo - saiu da boca presidencial? Duas. Uma no discurso de posse e outra numa entrevista, motivada pela repórter.
Não será demasia, portanto, concluir que a palavra faxina e a correspondente imagem lhe foram regaladas pela mídia, sem suporte nos fatos da vida. Afinal, os aparelhos da corrupção operaram durante todo o período em que ela respondia pela gestão do governo Lula como ministra-chefe da Casa Civil e genitora dos bilionários empreendimentos do PAC. Todas as denúncias dos últimos meses surgiram pelo trabalho investigativo da imprensa nacional ou por ação autônoma da Polícia Federal. Faxina? Retirar a lata de lixo do meio da cozinha não é faxina. Dilma ficaria exposta a uma denúncia por crime de responsabilidade se conservasse nos cargos aqueles a quem demitiu! E quem conhece biografias políticas sabe que um efetivo combate à corrupção no espaço de seu próprio governo deveria ter começado lá atrás, não aceitando certas indicações de seu padrinho e dos partidos da base (inclusive do seu próprio partido).
Haverá algo que a imprensa possa descobrir hoje que não estivesse, desde sempre, com muito maior facilidade, acessível aos órgãos de fiscalização e controle do Estado e do próprio governo? Pode-se crer no compromisso com a faxina de um governo que inventou e constrangeu a base a aprovar o Regime Diferenciado de Contratação, que até o Procurador Geral da República (arquivador do processo contra Palocci) designou como "absurda, escandalosamente absurda"?
Uma verdadeira faxina deveria incluir a cuidadosa leitura de relatórios do TCU, fazer bom uso dos órgãos de informação do governo, extinguir os aparelhos partidários da administração, das estatais, dos fundos de pensão e das agências reguladoras. E, principalmente, propor instrumentos políticos para desestimular a corrupção inerente ao modelo institucional (separando Estado, governo e administração) e instrumentos jurídicos para acabar com a impunidade (propondo as necessárias alterações no Código Penal e no Código de Processo Penal).
Por enquanto, tudo indica que os amigos da "presidenta" encontraram um jeito de lhe dar uma imagem e lhe proporcionar um respaldo popular que ela possa chamar de seu. Mas se são amigos da "presidenta" estão tão comprometidos quanto ela com o esquema de poder que hoje comanda o país e que só com muita ingenuidade se pode considerar movido por robustas intenções éticas.
Até quis ajudar, redigindo dois discursos para a presidente, mas parece que ela não gostou, pois não aproveitou nenhuma das boas ideias que ali coloquei.
Não importa, reproduzo aqui essas referências, para deleite dos interessados, antes de transcrever um outro texto que tem a ver com a mesma realidade:
1) “Brasileiras e brasileiros: quero falar diretamente a vocês... (o primeiro Estado da Nação da nova presidente)”, 7 p. Publicado Espaço Acadêmico (ano 10, n. 117, fevereiro 2011, p. 93-98; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/12375/6547). Republicado como “‘Brasileiros e brasileiras...’ (o que Dilma realmente gostaria de dizer)”, Via Política (21/02/2011; link: http://www.viapolitica.com.br/noticia_view.php?id_noticia=409). Dom Total (17/03/2011; link: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=1860).
2) “Brasileiras e brasileiros: meu segundo pronunciamento à Nação (numa hora grave)”, Brasília, 12 julho 2011, 5 páginas. Para acabar com a corrupção e a malversação dos recursos públicos no Brasil. Via Política (17/07/2011; link: http://www.viapolitica.com.br/diplomatizando_view.php?id_diplomatizando=175) e Dom Total (21/07/2011; link: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=2102). Blog Diplomatizzando (15/07/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/07/brasileiras-e-brasileiros-o-segundo.html).
Não querendo ser cético, nem negativo, simplesmente não acredito que a presidente promova uma limpeza ética no governo, simplesmente não acredito. Aliás, ainda mais: considero isso impossível de ocorrer, tendo em vista o registro dos fatos. Até aqui, todo mundo foi "demitido" pela imprensa, não por ações do governo.
E não adianta virem áulicos do poder dizer o contrário. Eu vou achar que eles estão sendo pagos para retrucar (no que aliás não estaria muito longe da verdade).
Paulo Roberto de Almeida
A "Presidenta" e a "Faxina"
Nunca a gramática prestou tão bom serviço à compreensão das análises políticas quanto nestes dias de Dilma Rousseff. Quando o comentarista ou o analista a designa como "presidenta" a gente já sabe para que lado sopra o vento. É uma facilidade. Pois foi inspirado por essa facilidade que saí atrás do decantado e inabalável compromisso da presidente (pronto, já disse de que lado estou!) com a faxina. Faxina? Busquei todas as falas presidenciais. Queria saber o que Dilma, pessoalmente, já afirmou sobre isso porque me parecia improvável que um vocábulo e um conceito de tanto impacto político tivessem sido concebidos fora do circuito oficial e sem apoio verbal da presidente.Para quem não sabe, no site www.info.planalto.gov.br se pode ler tudo que ela disse em discursos, entrevistas, cafés com a "presidenta" e conversas com a "presidenta". Para facilitar a vida do pesquisador, o site permite que se faça a busca por palavra-chave. Então, espremi o arquivo em busca de "faxina". Sabe o leitor quantas vezes a presidente usou esse vocábulo que hoje está colado à sua imagem? Nenhuma. E no conjunto de suas demais manifestações, desde o início do governo? Nenhuma, também.
É perfeitamente possível, no entanto, que, mesmo sem falar em faxina, ela tenha balizado a conduta do seu governo com manifestações que expressem sua disposição de promover um minucioso combate à corrupção. Fui atrás dessa outra palavra. Quantas vezes "corrupção" - que tanto se quer expulsar do governo - saiu da boca presidencial? Duas. Uma no discurso de posse e outra numa entrevista, motivada pela repórter.
Não será demasia, portanto, concluir que a palavra faxina e a correspondente imagem lhe foram regaladas pela mídia, sem suporte nos fatos da vida. Afinal, os aparelhos da corrupção operaram durante todo o período em que ela respondia pela gestão do governo Lula como ministra-chefe da Casa Civil e genitora dos bilionários empreendimentos do PAC. Todas as denúncias dos últimos meses surgiram pelo trabalho investigativo da imprensa nacional ou por ação autônoma da Polícia Federal. Faxina? Retirar a lata de lixo do meio da cozinha não é faxina. Dilma ficaria exposta a uma denúncia por crime de responsabilidade se conservasse nos cargos aqueles a quem demitiu! E quem conhece biografias políticas sabe que um efetivo combate à corrupção no espaço de seu próprio governo deveria ter começado lá atrás, não aceitando certas indicações de seu padrinho e dos partidos da base (inclusive do seu próprio partido).
Haverá algo que a imprensa possa descobrir hoje que não estivesse, desde sempre, com muito maior facilidade, acessível aos órgãos de fiscalização e controle do Estado e do próprio governo? Pode-se crer no compromisso com a faxina de um governo que inventou e constrangeu a base a aprovar o Regime Diferenciado de Contratação, que até o Procurador Geral da República (arquivador do processo contra Palocci) designou como "absurda, escandalosamente absurda"?
Uma verdadeira faxina deveria incluir a cuidadosa leitura de relatórios do TCU, fazer bom uso dos órgãos de informação do governo, extinguir os aparelhos partidários da administração, das estatais, dos fundos de pensão e das agências reguladoras. E, principalmente, propor instrumentos políticos para desestimular a corrupção inerente ao modelo institucional (separando Estado, governo e administração) e instrumentos jurídicos para acabar com a impunidade (propondo as necessárias alterações no Código Penal e no Código de Processo Penal).
Por enquanto, tudo indica que os amigos da "presidenta" encontraram um jeito de lhe dar uma imagem e lhe proporcionar um respaldo popular que ela possa chamar de seu. Mas se são amigos da "presidenta" estão tão comprometidos quanto ela com o esquema de poder que hoje comanda o país e que só com muita ingenuidade se pode considerar movido por robustas intenções éticas.
La Fabrication du Bresil - Paul Claval
Compte-rendu de lecture
La fabrication du Brésil, une grande puissance en devenir (Paul Claval)
Paul Claval, La fabrication du Brésil, une grande puissance en devenir, Belin, Paris, 2004, 383 pages.
Malgré une ancienne fascination pour le Brésil, les Français ne retiennent aujourd’hui que peu de choses de ce gigantesque territoire : Brasilia, les plages de Copacabana, Rio, son carnaval et ses favelas... Ces stéréotypes occultent la réalité : derrière l’image gaie et insouciante du pays se cache une réalité plus complexe. Le Brésil est le pays du mélange et du métissage, de la diversité et des extrêmes. Son origine même étonne : comment une colonie a-t-elle pu devenir plus puissante que la métropole portugaise ? L’ouvrage s’interroge sur le destin particulier et les ferments constitutifs de cette nation devenue en moins de 500 ans une grande puissance en devenir, en dépit de profondes inégalités de développement. Ces héritages et les débats actuels sur la mise en valeur de l’Amazonie conduisent à s’intéresser à la nation brésilienne et aux politiques qu’elle a définies pour développer l’économie et mettre en valeur ce territoire.
Paul Claval décline cette interrogation tout au long de son ouvrage. Dans un premier temps, il revient sur les conditions de la colonisation, de l’installation du peuplement sur le littoral et sur les premières formes d’urbanisation : c’est à la genèse d’un pays moderne que l’on assiste ici. Ensuite, il retrace la période qui suit l’indépendance : les élites politiques et culturelles qui émergent à cette époque contribuent à définir et asseoir la nation fondée sur le métissage. L’affirmation de la nation constitue un contexte favorable à l’émergence de nouvelles politiques de mise en valeur du territoire. Dans cette situation, la question de la mise en valeur de l’Amazonie reste ouverte : faut-il considérer cette immense région forestière comme un réservoir de ressources à exploiter ou au contraire comme une réserve écologique à préserver. L’Amazonie est-elle le nouvel eldorado brésilien ? Cette modernisation s’est traduite par des inégalités profondes qui sont l’objet de la troisième partie, de loin la plus intéressante : le Brésil est maintenant un pays urbanisé, avec des cultures de masses ou des élites très différenciées. L’unité de la nation est donc bien relative aujourd’hui : les horizons d’attente des riches et des pauvres ne sont en effet pas les mêmes...
L’originalité de l’ouvrage réside dans la démarche historique et culturelle adoptée par Paul Claval : le recours à l’histoire permet d’envisager dans le temps long l’émergence de la nation brésilienne et les politiques de développement territorial (dont la création de Brasilia comme capitale fédérale n’est qu’un avatar). A l’opposé, par l’approche culturelle, Paul Claval met en lumière la profonde diversité de cette nation : en interrogeant le quotidien des Brésiliens, leur mode de vie et leurs aspirations il souligne les profondes inégalités qu’a entraînées un développement rapide.
Avec cette synthèse de près de 400 pages, Paul Claval donne donc d’intéressantes pistes d’étude du Brésil qui complètent et mettent à jour les précédentes, parmi lesquelles celles d’Hervé Théry (le volume de la Géographie universelle sur l’Amérique latine en 1994 ou Le Brésil chez Armand Colin en 2000) ou de Martine Droulers (L’Amazonie, Vers un développement durable, Armand Colin, 2004).
Compte-rendu : Yann Calbérac
URL pour citer cet article: http://www.cafe-geo.net/article.php3?id_article=380
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