quarta-feira, 7 de março de 2012

Brasil 2011: PIB a 2,7%: algo a comemorar? (o governo comemora...)

O governo comemora até inauguração de placa fundamental, assim não é novidade. Quem vive de propaganda se contenta com pouco.
O artigo de Rolf Kuntz é, mais uma vez, impecável.
Ele só peca por uma coisa: é muito leniente com os responsáveis dessa tragédia que se chama involução econômica brasileira...
Paulo Roberto de Almeida

O PIB emperrado

7 de março de 2012 | 7h00
Rolf Kuntz
O governo promete para 2012 um crescimento maior que o do ano passado, puxado mais uma vez pelo mercado interno e dinamizado por investimentos em máquinas, equipamentos, construção imobiliária e obras de infraestrutura. Mais uma vez será preciso ver para crer nas mudanças mais importantes. Não será muito difícil um crescimento maior, depois do fiasco dos 2,7% em 2011. Mas também não será motivo para muita festa. Com a diferença da taxa de expansão econômica, as promessas de agora são as mesmas de um ano atrás. O balanço do ano passado mostra uma economia despreparada para um desempenho muito melhor. A taxa de investimento, 19,3% do Produto Interno Bruto (PIB), continuou insuficiente para uma longa fase de crescimento na faixa de 5% a 7% ao ano. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia para este ano uma elevação da taxa para 20,8%, 1,5 ponto acima da registrada em 2011. A previsão dos 20,8% apareceu no relatório Economia Brasileira em Perspectiva, divulgado pelo ministério no mês passado.
Se depender do governo, a parcela da renda aplicada na expansão e na modernização do sistema produtivo continuará muito abaixo da necessária. Em janeiro e fevereiro o Tesouro pagou investimentos no valor de R$ 3,6 bilhões. No ano passado, no mesmo bimestre, foram desembolsados R$ 4,7 bilhões. O ano começou, portanto, com um desempenho pior que o de 2011 nesse quesito. Mas em 2012, como no ano anterior, a maior parte do valor aplicado veio de restos a pagar, segundo levantamento da organização Contas Abertas. A mesma organização havia mostrado, em janeiro, o fracasso dos planos federais de investimento. Os desembolsos para o investimento orçamentário ficaram em R$ 41,9 bilhões em todo o ano passado, bem abaixo do valor aplicado em 2010, R$ 44,7 bilhões. Só essa rubrica diminuiu, porque as despesas de custeio aumentaram. A folha de pessoal e encargos, por exemplo, passou de R$ 183,4 bilhões, em 2010, para R$ 196,6 bilhões, em 2011.
Também as estatais investiram no ano passado menos que no anterior. Só aplicaram 79,4% dos R$ 103,8 bilhões programados para o exercício e mais uma vez o resultado foi garantido pelo esforço da Petrobrás. O setor privado continuou batalhando para elevar sua capacidade produtiva, mas com as limitações de sempre, a começar pelo peso da carga tributária. O resultado geral foi a manutenção de uma economia pouco eficiente e muito vulnerável à pressão da concorrência externa. O crescimento de apenas 1,6% da produção industrial, em contraste com um aumento de 4,1% do consumo privado, reflete essa deficiência, mas isso ainda não dá uma ideia bastante clara do problema.
O desempenho do setor industrial foi puxado pela mineração, com 3,2% de crescimento; pela construção civil, com 3,6%; e pela produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana, com 3,8% de aumento. A indústria de transformação, forçada no dia a dia a enfrentar a concorrência internacional, cresceu apenas 0,1%. Isto é, ficou estagnada, com uma variação de produto muito próxima de zero.
A política de crescimento puxado pelo mercado interno, tal como executada pelo governo, está claramente baseada num equívoco. O problema principal não está na demanda, mas na capacidade da indústria de transformação de atender ao mercado enfrentando a competição estrangeira. Essa capacidade é limitada não só pelo câmbio – o real valorizado encarece os produtos nacionais -, mas principalmente por uma porção de ineficiências estruturais muito bem conhecidas. A maior parte dessas deficiências é atribuível à baixa qualidade das políticas públicas (infraestrutura insuficiente e ruim, energia muito cara, custos trabalhistas elevados, distorções tributárias, escassez de mão de obra adequada, entraves burocráticos, etc.). Sem a solução desses problemas, uma expansão na faixa de 5% a 7% levará à inflação ou à crise externa.
A presidente Dilma Rousseff reclamou na Alemanha do tsunami monetário provocado pelos bancos centrais do mundo rico. Essa é uma das causas da valorização do real e de outras moedas de países emergentes. Ela está certa ao apontar o problema criado pela emissão excessiva de euros, dólares e libras, mas estaria ainda mais certa se cuidasse de eliminar as deficiências e ineficiências da economia nacional. O governo já estima para este ano exportações de apenas US$ 264 bilhões, apenas 3,1% maiores que as de 2011. Isso se deve principalmente à transformação do Brasil num país dependente das vendas de commodities, numa relação quase colonial com a China. Também isso é consequência de tolices econômicas e diplomáticas cometidas em Brasília. Não dá para culpar os bancos centrais do mundo rico por essas t0lices.

Economistas esquecem, inclusive Paul Krugman

Aos que apreciam Paul Krugman, o artigo abaixo serve para retificar algumas de suas ligeirezas. Depois que ele deixou de ser economista, para ser colunista do NYTimes, ele perdeu sua habitual presteza com os dados, e talvez até a honestidade intelectual.
Paulo Roberto de Almeida 



Krugman and British Austerity
by Sean Rosenthal on March 7, 2012

In a recent New York Times op-ed piece called "The Austerity Debacle," columnist Paul Krugman notes how policies in Britain have failed to bring about an economic recovery. In doing so, he contends that the British government's decision to "slash spending" has led to a slower economic recovery as measured by real GDP growth than during the Great Depression. However, as will be shown, the present British government has implemented insignificant spending reductions and continues to run large budget deficits while the British government of the Great Depression followed "austerity" measures much more closely than the present government. Therefore, so far as unrelated historical events provide any evidence, the historical evidence in Britain supports the view that spending cuts bring about larger economic recoveries than deficit spending does.
For Krugman, austerity measures represent the source of serious economic problems in Britain. As a consequence, Krugman remarks,
It turns out that by one important measure — changes in real GDP since the recession began — Britain is doing worse this time than it did during the Great Depression. Four years into the Depression, British GDP had regained its previous peak; four years after the Great Recession began, Britain is nowhere close to regaining its lost ground.… Yes, there are some caveats and complications. But this nonetheless represents a stunning failure of policy. And it's a failure, in particular, of the austerity doctrine that has dominated elite policy discussion both in Europe and, to a large extent, in the United States for the past two years.
Based on a combination of economic problems in Britain and an assertion that austerity caused or exacerbated these problems, Krugman believes he has empirical support for his view that, during recessions, deficit spending promotes economic growth and cutting spending exacerbates economic downturns.
Interestingly, Krugman neglects to provide any data on British government actions. In particular, although he asserts that British policies have simply been to "slash spending," he neglects that Britain ignored the advice of free-market supporters by increasing tax rates significantly, such as raising the top marginal income-tax rate to 50 percent, the capital-gains-tax rate to 28 percent, and the value-added-tax rate to 20 percent. More damaging to his view, as can be seen on tables 25 and 27 of this Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD) document, British spending has experienced no significant cuts and still represents a sharp increase compared to prerecession levels.
Although British spending as a percent of GDP fell mildly from 51.1 percent in 2009 to 49.8 percent in 2011, this level still signifies a massive increase in spending from 2007 levels of 43.9 percent of GDP. Similarly, although the British deficit as a percent of GDP fell from 11 percent in 2009 to 9.4 percent in 2011, this deficit still amounts to a huge surge compared to the 2007 level of only 2.8 percent and, with the exception of this recession, exceeds all other deficits in Britain since World War II. Though certainly Keynesians can look at these minor cuts in the scope of government spending as compatible with their theories of how reducing deficits affects the economy, they should emphasize for the sake of honesty that they believe a government that represents half of all the spending in an economy with an essentially record post–World War II deficit of more than 9 percent of GDP is being "austere" so that people who haven't looked at the data can make their own judgments on the merits of the claim.
Although critics of spending cuts can legitimately interpret British data to fit their theories, they cannot gain further evidence through the historical comparison made by Krugman to the Great Depression. As stated above, Krugman believes that British austerity measures have caused the recovery in Britain to be slower than during the Great Depression. In making this claim, he fails to consider the actual fiscal policy of Britain during the Great Depression. After leaving the gold standard in 1931, the British government balanced its budget and reduced spending as a percent of GNP every year until 1935, reducing government spending from a high of 28.8 percent in 1931 to 24.4 percent in 1935.[1] Although not ideal — because part of the reduction included tax increases — this policy succeeded in creating small budget surpluses every year from 1929 through 1936 (except for an irrelevant 0.2 percent deficit in 1932) — leading as Krugman mentioned to a faster recovery than the current British policy of a 9 percent-plus deficit as a percent of GDP.[2]
Comparing the real cuts in 1931 to the 2010 "cuts," which entailed an increase in spending in real terms, it's clear that a historical comparison would better support proponents of spending cuts than Keynesian deficit spending.[3] It is truly a strange state of affairs when economists find it reasonable to use the word "austerity" to describe both Britain's balanced budgets and spending reductions in the 1930s and its extremely large deficits without any real spending cuts in 2010. It's also unfortunate that, in making this comparison, they neglect to mention that the balanced-budget economy experienced a stronger recovery.
In reflecting on British stagnation, Krugman laments that economic policy has failed to learn the lesson of the Great Depression. In particular, he states,
Surpassing the track record of the 1930s shouldn't be a tough challenge. Haven't we learned a lot about economic management over the last 80 years?… I'm sorry to say, many economists decided, largely for political reasons, to forget what they used to know. And millions of workers are paying the price for their willful amnesia.
Indeed, it is truly sad that many economists have advocated bad policies, and Britain and other governments have continued to raise taxes and run large budget deficits despite experience that cutting spending in Britain worked better. It's also truly sad that some economists in describing this history have experienced "willful amnesia." For instance, Krugman says that he has read Lionel Robbins's The Great Depression (1934), but he apparently forgot (or ignored) Robbins's contention that Britain balanced its budget in 1931 — that is, before the economic recovery.[4]
In ignoring the lessons from 80 years ago, the New York Times columnist advocates for less effective policies than those performed at the time, resulting in a slower recovery in the present. Although historical comparisons offer inconclusive evidence at best, Krugman chose to make this specific comparison to bolster his point when, in fact, the historical comparison between Britain during the Great Depression and contemporary Britain conflicts with Krugman's interpretation. Rather than advancing the Keynesian hypothesis, the comparison of British policies over time better supports the view that true spending cuts lead to more robust economic recoveries than the allegedly "austere" policies of Britain today.

Sean Rosenthal is a graduate of Georgetown University. As an avid reader of liberty, he considers his main intellectual inspirations to be Frederic Bastiat, F.A. Hayek, Henry Hazlitt, Rose Wilder Lane, Ludwig von Mises, Robert Nozick, and Murray Rothbard. He will be attending law school in the fall. Send him mail. See Sean Rosenthal's article archives.

Reciclagem diplomatica - Editorial O Globo

Reciclagem é uma atividade difícil: sempre é preciso separar o que presta do que não presta, jogar fora o que entrar nesta última categoria e retrabalhar a primeira, limpar, remoldar, avaliar, aproveitar.
Enfim, coisas que devem ser feitas de modo profissional, sem considerações ideológicas muito comuns em certos tipos de catadores de lixo...
Paulo Roberto de Almeida

A necessária reciclagem na diplomacia
Editorial - O Globo, 7/03/2012

Antes de assumir, Dilma Rousseff, em entrevista ao “Washington Post”, criticou o Irã por desrespeitar os direitos humanos. A afirmação se referia ao caso da viúva Sakineh Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, acusada de adultério. Foi o primeiro sinal de alguma mudança na “diplomacia companheira”, seguida nos oito anos de Lula em Brasília.
Esta política externa foi, de fato, um ponto fora da curva na tradição do Itamaraty, por anacrônica: terceiro-mundista, quando o mundo avançava, e avança, na globalização; e preconceituosa no antiamericanismo, quando o comércio e parcerias econômicas já contavam muito mais que ideologias.
A posição de Dilma ganhou importância também pelo fato de o Brasil de Lula, na incessante busca por alianças com inimigos declarados do Ocidente em geral e dos Estados Unidos em particular, ter se aproximado do Irã e, numa operação desastrada com a Turquia, tentado intermediar um acordo em torno do suspeito programa nuclear de Teerã.
Conseguiu apenas ser usado pela teocracia de Khamenei e Ahmadinejad para ganhar tempo e avançar no programa.
O GLOBO de ontem revelou a encomenda de Dilma de uma política externa ajustada a um novo cenário mundial, em que há a Primavera Árabe e séria crise europeia. Sensata decisão, embora seja preciso aguardar definições claras desta diplomacia.
Afinal, a influência lulopetista continua forte no Planalto. Haja vista o comportamento decepcionante de Dilma na viagem oficial a Cuba, quando, em declarações à imprensa, tentou equiparar crimes contra direitos humanos cometidos pelos Estados Unidos na base de Guantánamo, na ilha, denunciados e debatidos com liberdade pelos americanos, com a extensa lista de barbaridades cometidas há 50 anos neste campo pela opressora ditadura cubana.
A Primavera Árabe requer, mesmo, uma revisão da política seguida na região pela “diplomacia companheira”. Mesmo porque um dos aliados do lulopetismo, o “irmão” Kadafi, é peça fora do tabuleiro, assassinado por rebeldes.
A diplomacia brasileira esteve no lado certo dos debates na ONU ao condenar o regime líbio devido aos ataques à população civil. Mas, numa demonstração de insegurança para assumir uma postura clara ao lado do grupo de países desenvolvidos do qual deseja participar, foi leniente quando a ditadura síria dos Assad começou a bombardear cidades.
A reaproximação com os Estados Unidos será um ingrediente desta reciclagem. Nada mais natural, pois virar as costas ao maior mercado importador do mundo — e em fase de recuperação — é pura cegueira ideológica. Além do que o novo grande parceiro comercial brasileiro, a China, está em desaceleração.
Outro fator a impulsionar a revisão na política externa é a situação da América Latina, na qual a Venezuela parece entrar em tempos ainda mais tumultuados. Será um teste para esta nova política externa.
O Itamaraty, diferentemente da Era Lula, terá de firmar uma posição de equidistância para mediar uma solução pacífica e pactuada da grave crise em que poderão mergulhar os venezuelanos.
O Brasil se destaca cada vez mais como uma nação confiável num continente de Kirchner, Morales, Chávez e Correa, todos herdeiros da pior tradição populista e autoritária latino-americana.
Mas é pouco. São necessários atos concretos para que não pairem dúvidas sobre a volta da política externa aos trilhos do tradicional profissionalismo do Itamaraty.

A diplomacia economica dos companheiros chineses (nada a ver com a de outros companheiros)

Impecável! Eu até diria que precisaria circular mais...
Mas, como dizem, o pior cego é aquele que não quer ver.
Os companheiros chineses, mesmo tendo (alguns) aqueles olhos miúdos (mais os mongóis do que propriamente os chineses), mantêm os olhos bem abertos para os seus interesses.
Já outros companheiros...
Paulo Roberto de Almeida

O dragão recatado

29 de fevereiro de 2012 | 10h29
Muito mais notável que o diagnóstico – é preciso ajustar o modelo chinês – é o fato político. O governo da China, segunda maior economia do mundo, maior emergente e única potência industrial ainda sujeita a um regime de partido único, fez dobradinha com o Banco Mundial para estudar um roteiro econômico para os próximos 18 anos.
China 2030 é o título do relatório de 468 páginas preparado por economistas do banco e do Centro de Pesquisa de Desenvolvimento, órgão do Conselho de Estado da China. O prefácio é assinado pelo presidente do centro, Li Wei, e pelo presidente do Grupo do Banco Mundial, Robert Zoellick, esnobado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “sub do sub”. Nesse tempo, Zoellick chefiava a diplomacia comercial da potência número um, mas o presidente brasileiro parecia desconhecer ou menosprezar esse detalhe.
A concepção lulista das relações internacionais continua dominante em Brasília. Segundo essa concepção, o mundo é uma versão ampliada do ABC paulista e os países correspondem, na escala micro, a patrões e empregados. Por isso, a linguagem adequada para falar ao mundo é a das assembleias de Vila Euclides. Esse foi o critério seguido pelo presidente em todas as suas manifestações internacionais. Ainda é, com pequenas mudanças, o padrão da diplomacia econômica petista. A atuação do ex-presidente podia ser mais pitoresca, mas a mensagem se mantém.
Segundo esse discurso, os interesses dos emergentes são essencialmente iguais e se opõem, de modo geral, aos dos países capitalistas mais desenvolvidos. A tese vale, portanto, também para os componentes do Bric – Brasil, Rússia, Índia e China. A maior parte dos emergentes parece ter outra visão, porque esses países quase nunca apoiam as pretensões brasileiras (a um posto permanente no Conselho de Segurança da ONU, por exemplo) e, além disso, dão prioridade comercial aos parceiros mais desenvolvidos.
De acordo com o mesmo discurso, o Grupo dos 20 (G-20), formado pelas maiores economias desenvolvidas e em desenvolvimento, é o fórum econômico mais importante e suas decisões pautam as instituições multilaterais. Novamente os fatos negam a tese. Superada a pior fase da crise de 2008-2009, diminuiu a cooperação entre os membros do G-20, como assinalou já em 2010 Dominique Strauss-Kahn, então diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Nestes dois anos, a ação do grupo tem sido pouco relevante.
Além do mais, o Fundo, o Banco Mundial, o Banco de Compensações Internacionais (BIS) e o Conselho de Estabilidade Financeira sempre se anteciparam ao G-20 na identificação de problemas estruturais e na formulação de estudos e de propostas, até porque dispõem de equipes técnicas permanentes e de acesso regular às fontes de informação.
A crise não acabou, novos desafios surgiram e o efetivo ganho de relevância foi para as instituições multilaterais. O disco petista continua girando, no entanto, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prossegue em sua cruzada ruidosa para levar os emergentes e pobres ao poder no FMI e no Banco Mundial. As reformas no sistema de cotas e na gestão do Fundo prosseguem, como prosseguiriam sem esse barulho. Outros grandes emergentes fazem seu jogo com menos ruído e mais atenção aos interesses próprios. A parceria entre China e Banco Mundial, às vésperas de mudança no governo, é um exemplo de pragmatismo, um fator de fortalecimento da instituição e um aval político à estratégia chinesa.
Por uma notável coincidência, o economista-chefe e vice-presidente sênior do Banco, Justin Yifu Lin, é um ex-membro do Congresso do Povo da China e ex-integrante de vários comitês governamentais chineses. Nomeado em 2008, Justin Lin é o primeiro economista-chefe do Banco Mundial originário de um país emergente.
Também chinês é desde julho de 2011 um dos vice-diretores-gerentes do FMI, Min Zhu, ex-governador adjunto do Banco do Povo da China, o banco central. Como Justin Lin, ele também se formou em seu país, fez cursos de pós-graduação no exterior e é há vários anos uma figura respeitada e conhecida em fóruns internacionais, pouco frequentados por figuras brasileiras. Eles estão no Banco e no Fundo como funcionários selecionados profissionalmente e não como representantes de seu país, mas sua origem está longe de ser irrelevante. Um brasileiro, Murilo Portugal, já ocupou posição semelhante à de Min Zhu na cúpula do FMI, mas autoridades brasileiras parecem pensar em algo diferente, e mais ideológico, quando defendem a atribuição de mais postos, no Fundo e no Banco, a pessoas originárias do mundo em desenvolvimento. O governo chinês é mais discreto, pragmático e eficiente em relação a essas questões. Dragões podem ser mineiramente recatados.

terça-feira, 6 de março de 2012

EUA vs Iran: exit diplomacy, enter battleships...

O tom meio macho é esse mesmo: 
"I will buttress my diplomacy with a military option that will persuade the ayatollahs to abandon their nuclear ambitions. Only when they understand that at the end of that road lies not nuclear weapons but ruin will there be a real chance for a peaceful resolution."
Parece que os iranianos vão gostar: outro dia tinha um general desafiando os EUA, dizendo que eles estão prontos para enfrentar o grande Satã, até preventivamente...
Fortes emoções em 2013...
Paulo Roberto de Almeida 
How I would check Iran’s nuclear ambition
By Mitt Romney
The Washington Post, March 5, 2012



Beginning Nov. 4, 1979 , dozens of U.S. diplomats were held hostage by Iranian Islamic revolutionaries for 444 days while America’s feckless president, Jimmy Carter, fretted in the White House. Running for the presidency against Carter the next year, Ronald Reagan made it crystal clear that the Iranians would pay a very stiff price for continuing their criminal behavior. On Jan. 20, 1981, in the hour that Reagan was sworn into office, Iran released the hostages. The Iranians well understood that Reagan was serious about turning words into action in a way that Jimmy Carter never was.
America and the world face a strikingly similar situation today; only even more is at stake. The same Islamic fanatics who took our diplomats hostage are racing to build a nuclear bomb. Barack Obama, America’s most feckless president since Carter, has declared such an outcome unacceptable, but his rhetorichas not been matched by an effective policy. While Obama frets in the White House, the Iranians are making rapid progress toward obtaining the most destructive weapons in the history of the world.
The gravity of this development cannot be overstated. For three decades now, the ayatollahs running Iran have sponsored terrorism around the world. If we’ve learned anything from Sept. 11, 2001, it is that terrorism in the nuclear age holds nightmarish possibilities for horror on a mass scale.
What’s more, Iran’s leaders openly call for the annihilation of the state of Israel. Should they acquire the means to carry out this inhuman objective, the Middle East will become a nuclear tinderbox overnight. The perils for Israel, for our other allies and for our own forces in the region will become unthinkable.
The United States cannot afford to let Iran acquire nuclear weapons. Yet under Barack Obama, that is the course we are on.
As president, I would move America in a different direction.
The overall rubric of my foreign policy will be the same as Ronald Reagan’s: namely, “peace through strength.” Like Reagan, I have put forward a comprehensive plan to rebuild American might and equip our soldiers with the weapons they need to prevail in any conflict. By increasing our annual naval shipbuilding rate from nine to 15, I intend to restore our position so that our Navy is an unchallengeable power on the high seas. Just as Reagan sought to defend the United States from Soviet weapons with his Strategic Defense Initiative, I will press forward with ballistic missile defense systems to ensure that Iranian and North Korean missiles cannot threaten us or our allies.
As for Iran in particular, I will take every measure necessary to check the evil regime of the ayatollahs. Until Iran ceases its nuclear-bomb program, I will press for ever-tightening sanctions, acting with other countries if we can but alone if we must. I will speak out on behalf of the cause of democracy in Iran and support Iranian dissidents who are fighting for their freedom. I will make clear that America’s commitment to Israel’s security and survival is absolute. I will demonstrate our commitment to the world by making Jerusalem the destination of my first foreign trip.
Most important, I will buttress my diplomacy with a military option that will persuade the ayatollahs to abandon their nuclear ambitions. Only when they understand that at the end of that road lies not nuclear weapons but ruin will there be a real chance for a peaceful resolution.
My plan includes restoring the regular presence of aircraft carrier groups in the Eastern Mediterranean and the Persian Gulf region simultaneously. It also includes increasing military assistance to Israel and improved coordination with all of our allies in the area.
We can’t afford to wait much longer, and we certainly can’t afford to wait through four more years of an Obama administration. By then it will be far too late. If the Iranians are permitted to get the bomb, the consequences will be as uncontrollable as they are horrendous. My foreign policy plan to avert this catastrophe is plain: Either the ayatollahs will get the message, or they will learn some very painful lessons about the meaning of American resolve.

Aspone de assuntos monetarios e internacionais (enfim, quase...)


Dilma: ‘Quem fala de juros no governo é o BC’

5/3/2012 13:35,  Por Redação, com ABr - de Brasília
– Quem fala de juros no meu governo é o Banco Central, Alexandre Tombini, nem eu nem ninguém tem autorização para falar sobre juros, disse a presidenta a jornalistas em Hannover, na Alemanhã.A presidenta DilmaRousseff disse nesta segunda-feira que cabe apenas ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, falar sobre política de juros e desautorizou declarações de qualquer outro integrante do governo sobre o tema.
No domingo, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, disse, em entrevista, que a taxa básica de juros, a Selic, vem em uma trajetória de queda e que na reunião desta semana do Conselho de Política Monetária (Copom) essa trajetória irá se confirmar.
– Vamos ter mais uma reunião do Copom, na qual vamos ter uma queda moderada, mas vamos ter uma queda, disse Garcia, que integra a comitiva da presidenta em Hannover, na Alemanha.
O Copom se reúne esta semana, nos dias 6 e 7, e as instituições financeiras apostam em uma queda na Selic para 10% ao ano. Atualmente, a taxa está em 10,5%. O comitê divulga a decisão sobre os juros básicos na quarta-feira.

O ministro, o governador e a miseria educacional...

Um ministro da educação, no passado, fez aprovar uma lei sobre piso salarial dos professores apenas para "ferrar" -- o termo é mesmo esse -- sua adversária política, governadora tucana, que dizia que seu estado não tinha recursos para pagar o piso estabelecido, certamente bem mais alto.
Dinheiro sempre tem, obviamente, tudo é uma questão de prioridades. Tem gente que prefere gastar em publicidade, por exemplo.
Pois bem, quis a vontade do povo que o antigo ministro virasse governador, do mesmo estado.
Agora esse cidadão, que deve andar de quatro de tamanha incoerência, diz que não vai pagar, e vai apelar para a Justiça (da qual ele também já foi responsável, mas muito irresponsável, pois mandou deportar dois refugiados, o justiceiro).
Mas a Justiça apenas interpreta leis, ela não faz as leis. Quem faz é o parlamento.
O ministro cavalgadura deveria saber disso...
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Quem acha que o governador anda de quatro é o jornalista abaixo. Eu só o sigo...

De cabeça para baixo, Coluna Carlos Brickmann
(*) Coluna exclusiva para a edição dos jornais de Quarta-feira, 7 de março de 2012

Há cem anos, o Japão não tinha condições de sustentar sua população. Por isso, estimulou as emigrações (e, por isso, tantos japoneses vieram para o Brasil). Há 67 anos, duas bombas atômicas destruíram Hiroxima e Nagasáqui e o Japão foi ocupado por tropas americanas. Há cinquenta e poucos anos, produto japonês era famoso por ser mal feito, mal acabado, pouco durável.

Como é que o Japão mudou, sem fontes de energia, sem recursos naturais? O jornalista Renato Lombardi, sempre competente, manda duas pistas: o salário inicial de um professor de ensino fundamental no Japão equivale a R$ 4 mil. Professor de escola pública é a 17ª profissão mais bem paga do país.

Já o Brasil, que há cem anos tinha condições de absorver os imigrantes japoneses, está agora em guerra para não pagar aos professores a fortuna mensal de R$ 1.451. Onze Estados avisaram que não vão pagar o piso de lei. No Rio Grande do Sul, o governador Tarso Dutra, do PT, ex-ministro da Justiça, ligadíssimo ao atual ministro da Justiça, quer pagar aos professores salários que nem analfabeto hoje aceita: R$ 791.

Aluguel, comida, livros? Os professores que se virem. Já Tarso, cuja função certamente não é tão útil quanto a de um professor, recebe quase R$ 30 mil mensais, fora casa, comida e muitas mordomias. E, a julgar pelo que anda dizendo, já faz tempo que não gasta nada de seu salário com livros.

Diziam que os japoneses, do outro lado do mundo, andavam de ponta-cabeça. Aqui, nosso Governo não avança nem andando sobre os pés. E veja, são quatro!

Um pouco de luz
A Justiça gaúcha determinou ao Governo que pague o piso legal, incluindo os atrasados desde 2009. Mas o governador que foi ministro da Justiça vai recorrer.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...