quinta-feira, 29 de março de 2012

Tentando entender, e nao entendendo: quem entender, me ajude, por favor...

Recolho, do pronunciamento da presidente na India, esta síntese feita pela imprensa, que traduz realidades que, sinceramente, não consegui entender.
Vejamos: 
Na cúpula dos Brics em Nova Délhi, criticou o que a Europa, os EUA, o Japão e a Inglaterra, sem citá-los, têm feito contra a crise global: as “medidas de austeridade fiscal” e as “políticas expansionistas que ensejam uma guerra cambial e introduzem, no mundo, novas e perversas formas de protecionismo”.


São medidas de austeridade, ou políticas expansionistas? 
Uma coisa não vai com a outra...
E se eles jogam dinheiro no mercado para desvalorizar suas moedas, e se tornarem assim mais pobres, como vão sustentar uma guerra cambial e o protecionismo ao mesmo tempo?
Ainda estou tentando entender...

Itamaraty: luta de classes ou regime de castas?; ou apenas elitismo besta...

Um comentário à propos: vejam o que me escreveu um amigo, depois que eu postei esta simples "notícia":

Pensando bem essa medida se coaduna com os elevadores reservados pra autoridades. Agora imagina se não fosse uma casa ungida pelos donos atuais do poder o tanto de manifestação de sindicatos e da UNE veríamos... 
Mario Machado

Pois é, parece que até a indignação, no Brasil, virou seletiva...
Paulo Roberto de Almeida 


Pela porta dos fundos do Itamaraty / Primeira Página
Correio Braziliense, 29/03/2012

Uma medida polêmica do Ministério das Relações Exteriores determinou a entrada de 1.700 estagiários, contínuos e terceirizados pelo subsolo do prédio, na Esplanada. Com problema no joelho, a estudante Thabata Norrana foi barrada na portaria e teve que descer a escada até a garagem. O Itamaraty alega questões de segurança
O estágio no Itamaraty começa pelo subsolo
Estudantes, contínuos e terceirizados só podem entrar no Ministério das Relações Exteriores por um acesso na garagem. A restrição atinge quase a metade dos funcionários do órgão, com a justificativa de garantir a segurança do prédio
Guilherme Amado
O Ministério das Relações Exteriores proibiu estagiários, contínuos e funcionários terceirizados de usarem o acesso principal do Itamaraty, obrigando-os a só entrarem no prédio pelo subsolo, em uma entrada ao lado da garagem. A discriminação é exclusiva para esse grupo de pessoas, que corresponde a cerca da metade do total de trabalhadores do ministério. Entre os terceirizados estão faxineiros, motoristas e recepcionistas. Ouvidos pelo Correio, os funcionários criticaram a decisão, tomada há um mês, quando o Itamaraty mudou as regras do acesso de pessoas ao prédio.
As três categorias que agora só podem entrar pelo subsolo totalizam, segundo o ministério, 1.700 pessoas. Embora tenham que passar o crachá e colocar a digital no sistema de identificação, que existe em qualquer entrada do Itamaraty, os funcionários relacionados têm sido barrados em todas as outras portarias. Além da inconveniência, por ser uma entrada mais distante das paradas de ônibus próximas, a mudança fez com que alguns estagiários se sentissem discriminados. "Eu tentei entrar pelo acesso principal e fui barrada. A segurança perguntou se eu era estagiária. Quando disse que sim, ela me respondeu que minha entrada era pela garagem. Questionei que aquilo era discriminação. Ela disse que sim, era discriminação mesmo", critica a estagiária de tradução Carolina Santana.
Estudante de administração, a estagiária Thabata Norrana também reclamou da medida. Na semana passada, com o joelho machucado, ela tentou usar o acesso superior do Anexo I para não ter que descer a escada que liga o nível da Esplanada com o subsolo pelo qual os estagiários devem entrar. Impedida pelo segurança, apesar da alegação de que não podia flexionar o joelho, a estagiária teve que entrar pela garagem. "Isso é um apartheid. Estão segregando alguns funcionários, dizendo ser por segurança, mas não tem lógica alguma, já que, lá dentro, continuamos tendo acesso aos mesmos lugares", defendeu a estagiária.
Alguns funcionários também reclamam do fato de terem que sair pelo subsolo à noite. "Tem dias que eu saio às 21h, está tudo escuro e tenho que ir andando até a parada de ônibus. Fico com medo. Pela outra entrada, era mais simples", lamentou uma terceirizada que não quis se identificar. O MRE tem pelo menos outras três entradas públicas de acesso. Uma, inclusive, no único prédio em que estagiários, contínuos e terceirizados podem entrar, só que em andar superior. Há também os acessos exclusivos a autoridades.
Entre os funcionários terceirizados, o clima é de conformismo. Duas recepcionistas que também pediram para não terem seus nomes divulgados acharam normal a medida do ministério. "Em outras empresas, é comum que nós entremos pela entrada de serviço. Já estou acostumada", afirmou uma delas.
Sem transparência
Uma das críticas mais recorrentes em relação à mudança é sobre a falta de transparência do ministério ao tomar a medida. Embora os estagiários tenham um e-mail funcional da pasta, não foi enviado nenhum comunicado sobre a alteração. "Só ficamos sabendo quando os servidores nos avisaram porque não temos acesso à intranet. Na prática, quase todo mundo só soube quando foi barrado em outra portaria. Foi constrangedor", contou outra estagiária que também pediu anonimato.
A insatisfação com a situação dos colegas também chegou aos diplomatas e oficiais de chancelaria, inconformados com a situação. "Fui estagiário por dois anos aqui no Itamaraty e isso nunca aconteceu. Sempre entramos por qualquer lugar e sempre fomos tratados da mesma forma que todos os funcionários. Isso é ridículo", afirmou um assistente de chancelaria.
Sindicato não vê problema
O Sindicato de Empresas de Asseio do Distrito Federal não viu problemas na regra do Ministério das Relações Exteriores. Segundo a diretora executiva do sindicato, Isabel Maria Donas, não caberia ao sindicato falar sobre as condições de trabalho da categoria. "O Itamaraty é quem faz as regras dele, eu não tenho que palpitar. Acho normal porque todo lugar tem acesso social e acesso de serviço, não é? Qual é o problema?", perguntou Isabel.

Livre acesso em outros órgãos 
O Itamaraty negou que haja qualquer discriminação contra estagiários, contínuos ou terceirizados. Segundo a assessoria de imprensa, o novo procedimento de entrada entrou em vigor com o objetivo de melhorar a segurança dos prédios que compõem o ministério. Todos os dias, cerca de 3.400 pessoas frequentam a pasta, sendo metade delas de servidores com vínculo permanente. Somente esses, de acordo com a nova regra, estão autorizados a entrar por qualquer portaria.
Em outros ministérios, como o da Justiça, e no Palácio do Planalto, não existe a diferenciação. Todos os funcionários, de qualquer condição social ou vínculo empregatício, podem entrar por todos os acessos, exceto os privativos da presidente ou dos ministros.
"Os estagiários, contínuos, motoristas e funcionários de limpeza, que são uma camada mais volátil, que não têm vínculo permanente com o ministério, muitas vezes chegam sem crachá e têm que fazer um provisório. Por isso, eles têm uma entrada específica", explicou a assessoria de imprensa do Itamaraty. Segundo funcionários, a afirmação não se sustenta diante do fato de todos eles terem crachá e digitais registradas no ministério. A entrada poderia, portanto, ocorrer em qualquer portaria.
O ministério alega ainda que os estagiários demoram algumas semanas para receberem um crachá. Por isso, devem entrar pelo subsolo, onde há estrutura para emitir um crachá provisório. Novamente, estagiários confrontam a afirmação. "Nós poderíamos entrar só nesse período pelo subsolo, e não para sempre", critica uma estagiária que pediu anonimato.
O ministério rebateu a afirmação sobre falhas ao comunicar as mudanças. "Avisamos as chefias para que avisassem seus subordinados e enviamos e-mails", justificou a assessoria de imprensa. Sobre o relato da estagiária machucada, o Itamaraty negou, mesmo sem consultar a segurança predial, e afirmou que "exceções são abertas a todo o tempo". (GA)

Millor Fernandes - uma homenagem de Paulo Timm


O BRASIL FICOU SEM GRAÇA. NEM RIGOR 
Paulo Timm
29/03/2012

Quem leu o livro “O nome da Rosa”, de Umberto Eco, ou viu o filme, deve se lembrar de uma passagem interessante: Um diálogo ríspido, no ano de 1327, na Biblioteca do Mosteiro, palco de sucessivos assassinatos, entre o monge, cego, bibliotecário, e o Padre  William de Baskerville  (Sean Connery) que ali estava para investigar os crimes. O velho monge irrita-se quando  percebe que o visitante  ri e o adverte severamente. O investigador indaga: Por que não rir? E seu admoestador responde  que isto não se coadunava à doutrina da vida monástica. O sorriso era expressão de alegria e esta, tal como o prazer, eram pecados.
 Assim era... O homem medieval encastelara-se de tal forma na busca da salvação de sua alma cristã,  que já não sorria, não cantava, não dançava, não extravasava seu prazer em palavras e gestos. Tudo o que lembrasse a mais leve menção ao naturalismo, inclusive Aristóteles, era envenenado para que aqueles que o vissem ou tocassem não sobrevivessem para contar uma estória permeada de prazeres proibidos.   Só na virada no Século XIII, quando as condições sociais e culturais na Europa  se alteram, isto começa a mudar e se traduz por uma nova voz da Igreja sobre o humor. Santo Tomaz de Aquino (12251274) lhe dá uma nova interpretação, considerando-o um “bem útil”: O humor estaria para a alma como o sono para o repouso corporal, podendo,  seu exercício pecar por excesso, levando ao vício, ou por falta, levando à incapacidade de seus portadores à perda de sensibilidade. Neste caso tornar-se-iam frios e calculistas. Esta visão do humor, como alívio do espírito, talvez tenha influenciado, também, Sigmund Freud (1856-1939), criador da Psicanálise. Ele o vê como um fator de distensão do homem “civilizado” diante das inevitáveis repressões do controle social da cultura.
Esta aguda percepção freudiana sobre o papel do humor e do humorista, como resistência cultural à todas as formas de cerceamento da liberdade cai como uma luva no Brasil.  À época da ditadura militar, o humor de alto nível, cultivado pela inteligência aguda de Millor Fernandes, fez época no PASQUIM (1969), transformando-o num “movimento” decisivo da formação da consciência crítica contra o regime militar.  Conseguiu ludibriar a censura com sua linguagem inovadora, cínica e debochada. E se transformou na pedra de toque na luta contra o autoritarismo. A ditadura não cairia numa batalha campal, como quis a luta armada. Desmoralizar-se-ia paulatinamente até tirar o time...
Na mesma época despontava na televisão, outro gênio do humor, com a mesma capacidade de ridicularizar os costumes da época: Chico Anysio. Ele tinha uma incrível capacidade   de se multiplicar em inúmeros personagens, todos inspirados no povo brasileiro.
Numa semana, Millor e Chico Anysio nos deixam. Ambos insubstituíveis. Senhores de um talento ímpar que, associado à extraodinária capacidade de trabalho, potenciaram sua respectiva inspiração, levando-a a limites insuperáveis. Com isso, o Brasil perde muito de seu encanto e graça.
Chico Anysio e Millor eram tipos diferentes na sua arte. Millor era mais grafológico, senhor de traços e palavra  fina, registrados na imprensa escrita, enquanto Chico Anysio era mais gestual, criador de estampas múltiplas que falavam por si. Millor era o homem de bastidores, Chico do palco. Millor era o homem  da classe média letrada dos grandes centros metropolitanos, Chico foi um dos artífices da televisão brasileira, vindo a se confundir com as grandes multidões por todos os recantos do país, numa era em que a maioria dos lares já dispunha deste aparelho.  Millor era cáustico e  instigante. Irônico. Dono da  "docta ignorantia", ou , "ignorância fingida”, deixando no ar a compreensão do dito. Detestava ser célebre, preferindo a notoriedade. Chico, explícito, propositivo, visual. Satírico. Um simulador sutil, dizendo uma coisa para dizer outra,  fazendo-se entender com facilidade. Não pode fugir à celebridade, mas viveu-a com simplicidade.  Os dois, de uma generosidade que lembrava aquele sentimento de fraterna irmandade humana que alimentou a esquerda moderna, nos primórdios dos falanstérios, antes que ela perdesse o humor e a graça sob a tutela de doutrinas. Ambos, a propósito, daquela esquerda...
A ida de Millor nos priva do filósofo, autor de mais de 15 mil aforismos, escritor de vários livros , um dos introdutores de Shakespeare entre nós. Um analista implacável da alma tupiniquim: “ Negociata é aquele negócio do qual nós não participamos”. A de Chico Anysio, nos priva das múltiplas personificações desta alma, como Justo Veríssimo: “Eu quero que pobre se exploda...!” Carregam consigo  não só nossos melhores momentos de humor como reflexão crítica, mas o rigor com que eram, graciosamente, tratados. Deixam na bagagem, para nós, os FUNDAMENTOS DE UMA FILOSOFIA TUPINIQUIM, para escárnio aos notáveis doutores que se revezam em Simpósios Acadêmicos tentando encontrá-los na obra de estranhos e datados  clássicos.

Estudos medievais no Brasil - Carmen Licia Palazzo

Um trabalho que denota não apenas estudo, pesquisa e conhecimento livresco, mas também viagens, conhecimento direto, nos locais e nos museus. Os interessados podem ler na revista da Associação Brasileira de Estudos Medievais:
http://www.revistasignum.com/signum/index.php/revistasignumn11/article/view/54/67



Revista Signum, 2011, vol. 12, n. 2.
RELATOS OCIDENTAIS SOBRE OS KHANATOS MONGÓIS: PIAN DI CARPINE E RUBRUCK (SÉCULO XIII) 
REPORTS ON THE WESTERN MONGOL KHANATES: PIAN DI CARPINI AND RUBRUCK (13TH CENTURY)
Carmen Lícia Palazzo
Centro Universitário de Brasília – Universidade de Brasília


Resumo:  No século XIII, muitos viajantes europeus estiveram na Ásia percorrendo caminhos que, bem mais adiante, a partir do século XIX, ficariam conhecidos como Rota da Seda. Nenhum deles, porém, deixou relatos tão significativos quanto os de Giovanni di Pian di Carpine e Guilherme de Rubruck. Ambos partiram em épocas diferentes (1245 e 1253, respectivamente) com o objetivo de contatar os mongóis para melhor conhecer a ameaça que poderiam representar para a Europa e também para avaliar uma eventual possibilidade de encontrar, entre os khans, cristãos convertidos que pudessem tornar-se aliados dos europeus contra os muçulmanos. Pian di Carpine foi enviado pelo Papa Gregório IV, enquanto Rubruck tinha como patrono Luís IX. Os dois deixaram obras diferenciadas, mas fundamentais para que os povos das estepes se tornassem mais conhecidos de uma Europa que naquele momento já estendia seus olhares para fora de si mesma.
Palavras-chave: Relatos de viagem. Khanatos mongóis. Cristãos do Oriente.  


Abstract: In the 13th century many European travelers went to Asia, over routes that were much later, in the 19th century, to be called the Silk Road. None of them, however, left as significant records as Giovanni di Pian di Carpine’s and William of Rubruck’s. They set out eight years apart from each other (1245 and 1253, respectively), with the intent of contacting the Mongols and better knowing the threat they might represent to Europe. They also sought to find among the Mongol Khans converted Christians likely to become allies of Europe against the Muslims. Pian di Carpine was sent by Pope Gregory IV, whereas Rubruck was sponsored by Louis IX. Both left unique and crucial works in the task of making the Steppe peoples better known to a Europe which, at that time, was already
looking beyond its confines.
Key words: Travel journals. Mongol khanates. Eastern Christians.
_____________________
Artigo recebido em: 05/11/2011
Artigo aprovado em: 22/02/2012
                                                       
E-mail: carmenlicia@yahoo.com

Argentina gostaria de isolar completamente Malvinas-Falklands...

Ou seja, quer obrigar, pelo boicote, embargo, bloqueio, cerceamento de vários tipos, a que os habitantes das ilhas Falklands se tornem amigos da Argentina, o que parece vai ser dificil...
Paulo Roberto de Almeida

Uruguay no apoya un bloqueo comercial de Malvinas

MONTEVIDEO. El canciller del Uruguay, Luis Almagro, dijo que el gobierno de José Mujica no se opone a la exportación que empresarios locales concretarán a las islas Malvinas el 13 de abril porque el país no está de acuerdo con un bloqueo a ese territorio, reclamado por la Argentina.
"Eso sería violatorio a los derechos humanos de los habitantes de esa isla y lo mismo que decimos para Cuba, lo decimos en este caso", dijo esta mañana el ministro de Relaciones Exteriores del Uruguay al fundamentar los motivos por los cuales no se frena la misión comercial -iniciativa de privados-.
Entrevistado en el programa "Fuentes confiables" deRadio Universal , Almagro dijo que los empresarios uruguayos hacen negocios "con el que quiere y con el que pueden", y que en general esto último es lo que prevalece.
En las últimas semanas ha crecido la presión de empresas locales que se ven impedidas de exportar a la Argentina pese a tener pedidos de empresas de ese país, pero los negocios se han visto frenados por decisiones políticas del gobierno de Cristina Kirchner.
"Uruguay nunca dijo que hay que hacer un bloqueo comercial a la isla", expresó Almagro cuando fue consultado expresamente por la postura del gobierno respecto al plan anunciado por empresarios de mantener un vínculo con las Malvinas.

Amigos, amigos, negocios bem a parte, totalmente a parte...

Bem, é o que se poderia chamar de politização do comércio exterior: apenas porque o Brasil deixou de afagar os iranianos, eles cortaram suas importações do Brasil.
OK, se eles encontram mais barato e melhor em outras partes, mas suponho que tenha sido feito mesmo com a intenção de punir os brasileiros pelo fato de terem deixado de sustentar, como ocorria com os companheiros de antes, as posições do governo iraniano, complicadas como elas podem ser...
Paulo Roberto de Almeida 

Exportações do Brasil para o Irã desabam

Valor Econômico, Quinta-feira, 22 de Março de 2012

As exportações brasileiras para o Irã caíram 63% no trimestre compreendido entre dezembro, janeiro e fevereiro, na comparação com o mesmo período da virada de 2010 para 2011, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). No último mês do ano passado, o governo de Teerã começou a dificultar a entrada dos produtos, fazendo com que em fevereiro as vendas totais caíssem para US$ 22,6 milhões, cifra 88% menor do que o registrado no mesmo mês de 2011. Para analistas, o quadro é explicado por dois fatores: a instabilidade política e econômica no país e, principalmente, a mudança de rumo nas relações Brasil-Irã iniciada com a eleição de Dilma Rousseff.
Com a menor demanda iraniana, o produto mais afetado foi a carne bovina congelada. Entre dezembro de 2010 e janeiro e fevereiro do ano passado, o Irã era o principal destino desse produto, com as vendas chegando a US$ 203 milhões. Doze meses depois, no acumulado dos três meses, as exportações não passaram de US$ 28 milhões, fazendo dos iranianos o sexto mercado do Brasil.
Segundo Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o governo iraniano está segurando as autorizações de desembarque. A situação já foi discutida com os importadores. "Mas depende de um acerto diplomático. Pedimos para o embaixador brasileiro no Irã conversar com o governo local para facilitar a entrada dos produtos. Espero que a situação mude agora em março, já que é quando começa o ano novo deles", afirma.
A mudança de posição do Brasil na Comissão de Direitos Humanos da ONU, votando a favor de uma investigação independente sobre eventuais violações aos direitos humanos, em março do ano passado, marcou o esfriamento das relações entre os dois países. Essa postura de Teerã é uma resposta, de acordo com o cientista político e pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da USP Samuel Feldberg, à nova posição brasileira. "É um instrumento perfeitamente utilizável, para tentar gerar pressão dos exportadores brasileiros sobre o governo. Na verdade houve uma troca de prioridade na diplomacia. Enquanto Lula focou na parte econômica, Dilma mudou a diretriz para questões no sentido moral, como direitos humanos e a proliferação do programa nuclear iraniano", diz.
Outro fator que explica a queda nas exportações é a pressão dentro do governo iraniano para que se busque maior equilíbrio no comércio bilateral. Em 2008, o Brasil vendia US$ 1,2 bilhão ao país. Três anos depois, o montante praticamente dobrou, chegando a US$ 2,3 bilhões. Na mão contrária, as vendas iranianas cresceram em porcentagem, mas permaneceram em um nível baixo no período, ao passar de US$ 14,7 milhões para US$ 35,2 milhões.
A ascensão do Irã como grande comprador do milho brasileiro nos últimos anos foi notada pelos exportadores, que agora lamentam a queda no comércio. O Mdic também registrou diminuição nas vendas do produto, que saiu de US$ 170 milhões para US$ 90 milhões. A exemplo da carne, que manteve as exportações para o mundo em um mesmo nível no último ano, o milho brasileiro diversificou os mercados para compensar a perda. Alysson Paolinelli, presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), afirma que a instabilidade política e econômica do Irã contribuiu para a queda nas vendas. "Nossos exportadores estão com receio de fazer negócios por lá. Felizmente há países que estão comprando mais, como Chile, Colômbia e até o Egito."
A visão de que a instabilidade política iraniana pode afugentar exportadores brasileiros, como dito por Paolinelli, é compartilhada pior Mauricio Santoro, cientista político e professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV). "Muitas empresas estão com medo de fazer comércio por lá por temerem a possibilidade do aumento de sanções da comunidade internacional ao país, e até de um eventual conflito armado com os israelenses", afirma.
A União Europeia espera dar um duro golpe na economia do Irã em julho, quando entra em vigor o cancelamento da compra do petróleo iraniano. De acordo com Santoro, a medida deve afetar até 30% das exportações da commodity, que é a principal fonte de receitas do país. "A sanção vai ter um efeito forte na balança comercial deles. E como o Irã não refina gasolina, vai ter que seguir comprando, o que vai comprometer ainda mais suas divisas internacionais", diz.
Outra ação internacional recente também mostra que os negócios com o Irã estão sendo dificultados. O Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), que tenta coibir a lavagem de dinheiro, lançou comunicado em fevereiro para alertar sobre operações financeiras no país, que já era classificado pelo grupo como de alto risco. Para o presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antonio Gustavo Rodrigues, os exportadores de carne tiveram problemas para fechar contratos em câmbio. "Os bancos não querem fazer negócio e correr o risco de sofrer sanções", afirma.
Segundo Fernando Sampaio, a dificuldade em receber o pagamento do importador começou em 2011 - a primeira vez em que a avaliação do Gafi sobre o Irã mudou foi em fevereiro de 2011. "Mas o dinheiro estava chegando. Nosso principal problema é o desembaraço na fronteira."
Fonte:  Valor Econômico

Jumentos bipedes defendem jumentos quadrupedes: faz sentido...

Eu NUNCA assino petições. Não apenas porque não costumo aderir a manifestos e declarações dos quais eu mesmo não tenha participado de sua redação -- e NUNCA participo da redação de qualquer manifesto ou petição, pois esses empreendimentos sempre se pautam pelo mínimo denominador comum, que costuma ser idiota -- mas também porque as causas geralmente são idem, ou seja, muito idiotas, ou totalmente idiotas. 
Baleias, golfinhos, borboletas, gays, quilombolas, reservas naturais, cotas raciais, santuários de qualquer coisa, até verdadeiros santuários, alguma semente imperialista, algum OGM idem, algum fast-food americano, enfim, todas as causas mais idiotas acabam nas mãos (e nos pés) dos redatores mais idiotas de manifestos idem...
Enfim, como vêem, tenho horror a manifestos e petições de qalquer coisa, mesmo para causas aparentemente nobres como lutar contra a corrupção, tirar bandidos do sistema político, fazer escolas decentes para nossas pobres criancinhas, etc...
Mas, e se trata de um grande MAS, nunca me recuso a ler manifestos, pois sempre se fica sabendo mais um pouco sobre os insondáveis meandros da alma humana.
Não que os manifestos sejam redigidos por êmulos de Tolstoi, ou seguidores de Dostoievski, mas é que a redação sempre me ensina algo dignificante, ou então degradante, o que é mais ou menos a mesma coisa, para quem observa o mundo e aprende com ele (ou não).
Bem, mas deixemos o mundo de lado, pois se trata de um vasto mundo e, como diria o poeta, eu não me chamo Raimundo.
Fiquemos com o nosso Brasil mesmo, que já é um osso duro de roer nessa matéria de inteligência... (ops, escorreguei...).
Algum tempo atrás fiquei curioso ao saber que o Brasil estava exportando jegues para a China; sim, o nosso simpático jumento, que povoa certas estradas provinciais do Nordeste, e até existe em cidades mais importantes de qualquer parte do Brasil.
Não soube mais, pois a nota era pequena e até pensei que fosse uma broma, uma brincadeira; ora, vejam só, o Brasil exporta um pouco de tudo, mas jegues para a China, francamente...
Bem, não é que agora deparei-me com um manifesto que protesta contra essa hipótese?
Transcrevo abaixo, não sem antes acrescentar alguns comentários.
Os jumentos que protestam contra essa exportação gostariam, por exemplo, de criar a Jumentobras, para desenvolver todo um programa nacional de proteção e promoção do simpático bichinho, ou eles apenas estão exercendo seu direito de ser idiotas, ao tentarem impedir esse comércio legítimo?
Eles querem protecionismo ao contrário, mas apenas em relação aos jumentos?
E as simpáticas vaquinhas, os afáveis bois de curral, todos os carneiros e porquinhos que exportamos, vivos, mortos, aos pedaços, em filé e cortes selecionados, eles também não mereceriam igual proteção?
E as galinhas, coitadas, os franguinhos tão frágeis, por que é que eles não poderiam se beneficiar também de uma proteção dos mesmos jumentos que pretendem defender o legítimo jumento nacional?
Acho esse tipo de discriminação contra os outros animais odiosa, no mínimo inconstitucional, pois a nossa Carta Magna recomenda que no Brasil não se faça nenhum tipo de discriminação ou preconceito com base em raça, cor, religião, time de futebol, sexo -- ou melhor, gênero, e temos vários deles -- enfim, não se pode dar ao jumento aquilo que não se pode estender aos outros filhos de Deus. E no Brasil todos são filhos de Deus.
Sou pela ampliação desta petição, e quero ver circular uma que proteja todos os nascidos no território pátrio. Prometo que essa eu assino (dependendo da linguagem, claro).
Paulo Roberto de Almeida 
PS.: Quem desejar assinar o manifesto dos jumentos, achegue-se neste link: http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N21806


ABAIXO ASSINADO CONTRA A CRUEL EXPORTAÇÃO DE JEGUES PARA A CHINA
Para: MINISTÉRIOS DA AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE
Nós, amantes e protetores dos animais, vimos por meio desse abaixo-assinado protestar veementemente contra a exportação de 300 mil jegues do Brasil para a China! Sabemos que esse país, assim como o nosso, não prima pelo bem estar de seus animais, sejam os domésticos ou os selvagens. Esperamos que o Ministério da Agricultura e o Ministério do Meio Ambiente VETEM essa verdadeira carnificina, pois temos comprovações de como animais são tratados na China: ursos tem sua bile extraída SEM ANESTESIA para que seja usada para fins medicinais. Vamos por um fim à vivissecção! Os jegues sempre foram os verdadeiros companheiros do Nordestino, pois não há justiça humanidade decência alguma na fala do execrável secretário de agricultura do Rio Grande do Norte, JOSÉ SIMPLÍCIO DE HOLANDA, quando diz que os asnos agora só servem para causar acidentes na estrada. Pois eu digo mais: os verdadeiros asnos que causam acidentes muito mais graves, são aqueles que usam ternos caros e exercem cargos públicos! POR UM TRATAMENTO DIGNO AOS JEGUES, QUE AJUDARAM A ERGUER MUITAS DAS GRANDES CIDADES NORDESTINAS! 
Os signatários

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...