Não minhas, claro, pois minha vida é um livro aberto, aliás, vários abertos ao mesmo tempo...
De quem tem algo de útil a contar para a sociedade...
Paulo Roberto de Almeida
Diário da Dilma – Em terra de saci, qualquer chute é voleio
Revista Piaui, Março de 2013
1º DE FEVEREIRO - Pelas bengalas do Mandela! Fui dar uma olhada na agenda do mês e meu queixo caiu: o Patriota vai me mandar para a Guiné Equatorial!! Capital, Malabo! MALABO!!! O que eu fiz para esse homem me tratar assim?!
2 DE FEVEREIRO - Pé de pato, mangalô, três vezes! É o terceiro telefonema da Ideli hoje. Não atendi nenhum. Ela está se insinuando para passar o Carnaval comigo na Bahia. Disse que está com medo de ir para Santa Catarina por causa dos ataques. Já expliquei que mando a Força Nacional para lá, que ela pode ir tranquila. Para me livrar dela, despacho até o 2º Exército, e ainda peço ajuda à 4ª Frota americana.
3 DE FEVEREIRO - Em viagens internacionais, o Ney Latorraca faz a mala com dez dias de antecedência. É dessa eficiência que preciso.
4 DE FEVEREIRO - Risco de apagão, aumento da gasolina, polêmica em Belo Monte. Os deuses conspiram para me aproximar do Lobão.
Fui ao Show Rural de Cascavel, no Paraná. É isso que dá colocar Gleisi na Casa Civil.
5 DE FEVEREIRO - Gracinha me contou que vai sair na avenida. Fiz cara de paisagem. Precisa ter muito peito para sair na avenida depois dos resultados da Petrobras. Mas cada um com seu cada um. Se ao menos servir para ela prender aquele cabelo.
6 DE FEVEREIRO - Fiz uma sessão de cinema aqui em casa para os filhos e netos dos ministros. É como diz o conhecido ditado búlgaro: “Quem meus filhos agrada, minha boca adoça.” Uma gracinha de filme, Tainá. Eu adorei! Tarde fofa!
Coitado do Marco Aurélio. Foi operado do coração aqui em Brasília. É um destemido!
7 DE FEVEREIRO - Tá confirmado! Vou para a Bahia no Carnaval! A Base Naval de Aratu vai ficar pequena! Cara, caramba, cara, cara ô!
Brinquei que ia deixar a chave da Nação para o Rei Momo. Em oito minutos, apareceram dezessete parlamentares do PMDB sambando com uma coroa na cabeça. Em terra de saci, qualquer chute é voleio.
8 DE FEVEREIRO - Já está tudo arrumado para o nosso tradicional Baile do Toma Lá Dá Cá. Mamãe e titia arrumaram fantasias de Nina e Carminha. Gabrielzinho vai vestido de Pibinho. Se alguém aparecer com a máscara do Joaquim Barbosa, está demitido. Eu botei uns óculos escuros redondinhos, uma roupa branca, domei o topete e fiquei a cara do Psy. “Oppan Gangnam Style!”
10 DE FEVEREIRO - Estava dançando um frevo esperto quando vieram me dizer que o Lobão estava na linha. Fui pega de surpresa, tropecei e quebrei o dedão.
11 DE FEVEREIRO - De tédio é que eu não morro. O Gilbertinho me acorda cedo para dizer que o papa renunciou. Fiquei besta! Nunca tinha ouvido falar que papa podia renunciar. Não sei se devo me pronunciar. O que eu posso dizer? Vai com Deus, meu filho. Acho que não é esse o tom da coisa.
12 DE FEVEREIRO - Comecei a mascar chiclete. João Santana acha que me dá um ar menos intelectual, mais povão, com um toque de rebeldia.
13 DE FEVEREIRO - Tem coisa mais descolada que presidenta de Crocs vermelhos? Para melhorar, esse sapatinho furadinho, coisa fofa, não fica roçando no curativo que titia fez no meu dedão. Me apeguei.
14 DE FEVEREIRO - Aprendi, finalmente, a fazer bola com chiclete.
15 DE FEVEREIRO - Depois de tanto jornal repetir que o papa é pop, fiquei com a bela obra do Humberto Gessinger na cabeça. Hoje, num despacho com o Patriota, sapequei: “Minha vida é tão confusa quanto a América Central. Por isso não me acuse de ser irracional.” Disse que ia usar na próxima Assembleia Geral da ONU. Precisava ter fotografado a cara que ele fez.
Esse meteorito na Rússia só pode ser coisa do Zé Dirceu. O homem anda amargurado com a falta de apoio da KGB.
18 DE FEVEREIRO - A Ideli, que vive se fazendo de prestativa para provar que tem serventia, deu uma checada na Wikipédia e veio me dizer que existem três Guinés. Vão me mandar logo para a piorzinha delas! Nem português eles falam por lá. É espanhol! A princípio, pensei que fosse coisa do Joaquim Barbosa ou da Veja. Mas agora estou achando que foi o Temer mesmo. Ele deve estar doidinho para assumir logo essa porcaria e bem que se beneficiaria se eu pegasse uma boa malária. Onde estão os movimentos sociais que não saem em minha defesa? Ficam perdendo tempo com essa mala da Yoani, enquanto eu desapareço no coração das trevas?
19 DE FEVEREIRO - Vetei a pobreza extrema.
20 DE FEVEREIRO - Acordei às cinco da manhã e fiquei enrolando brigadeiro para a festa de 10 anos do PT. Lula disse que sou muito centralizadora. Mas será que a militância saberia deixar a borda crocante?
Malan fez 70 anos. Por que esses tucanos envelhecem tão bem? Será que são os bons vinhos? E eu aqui com o Guido, que a cada dia fica com mais cara de maître de restaurante de aeroporto.
21 DE FEVEREIRO - Estou atrás de um mapa para ver onde fica essa Guiné Equatorial. Preciso fazer a mala e nem sei o que levar. Equatorial deve ser um calor de fritar ovo no asfalto. Meu pé incha tanto com o calor…
22 DE FEVEREIRO - Isso aqui é feio como Canapi e quente feito Maceió. O presidente é dono até da carroça de cachorro-quente. Renanzinho ia se sentir em casa. Daqui vou para a Nigéria. Patriota não chega até a próxima reforma ministerial.
24 DE FEVEREIRO - Ufa. De volta para casa. Coisa boa! É domingão de Oscar! Comprei duas caixas de Guaraviton para não dormir e um potão de sorvete de pistache. Daqui não saio nem que me digam que o Lula se filiou ao PSDB. Já pus meu pijaminha de Les Mis para torcer pelo filme. Russell Crowe cantando à beira do abismo me comoveu demais.
25 DE FEVEREIRO - Sonhei que era a Yoani e estava no meio do Congresso da UNE. Os militantes mais exaltados já me atiravam tomos de O Capital quando Lobão apareceu. Ele vestia a boina de Che Guevara e com um só grito calou a multidão. Amanheci estremecida.
26 DE FEVEREIRO - Ideli não confessa, mas anda torcendo pelo Berlusconi nos bastidores. O homem tascou um beliscão na Merkel que quase provocou a Terceira Guerra Mundial. Ideli identificou no gesto uma virilidade sensual que só tinha visto antes no Mitt Romney.
27 DE FEVEREIRO - É a terceira vez que digo para o Sarney que não tenho nenhuma influência no Vaticano. Affe
A taxidermia - nome técnico do empalhamento de animais - é um
sofisticado processo onde só a pele do animal é aproveitada. O couro é
usado para "vestir" um manequim de poliuretano, parecido com esses que a
gente vê nas vitrines de lojas. No passado, porém, não era assim. O
animal era aberto, suas vísceras retiradas e, no lugar delas, era
colocado algodão, juta ou palha - daí a palavra empalhamento, hoje fora
de uso. O manequim de poliuretano começou a ser usado nos anos 50 e
oferece duas vantagens: é mais resistente ao ataque de insetos e possui
uma anatomia idêntica à do bicho. "Em tese, animais taxidermizados dessa
forma duram para sempre. Mesmo com as técnicas mais rudimentares já
existem animais com 300 anos", diz o taxidermista Luiz Carlos Mendes
Antunes, do Museu de Zoologia da USP. Acompanhe, a seguir, como é feito o
"empalhamento" de uma onça-pintada, o maior felino do Brasil.
Passo-a-passo para a eternidade
O "empalhamento" de um animal deve começar até 24 horas após sua morte. Depois desse tempo sua carne começa a apodrecer
1. O primeiro passo é fazer uma máscara mortuária de gesso do bicho. Ela
fornece uma imagem tridimensional da cara do animal e é uma cópia
perfeita de suas feições, mostrando todos os detalhes de seu rosto
2. Em seguida, com uma fita métrica, o taxidermista tira as principais
medidas do animal, como a circunferência do abdome, o comprimento total
do nariz à cauda, a largura da cabeça e a distância do nariz ao olho,
entre outras
3. Com uso de arames e apoios, o animal é congelado na posição em que
será "empalhado". Quando ele estiver durinho e na postura correta, é
hora de fazer uma cópia do corpo numa fôrma de gesso
4. A partir do molde de gesso, é feito outro molde de resina. Ele será
empregado na fundição do manequim de poliuretano. Se necessário, o
taxidermista esculpe detalhes finais na peça, que será vestida com a
pele depois
5. Paralelamente à fabricação do manequim, é feita a retirada da pele,
única parte aproveitada - órgãos e carcaça são descartados. Retirado o
couro, ele é curtido em banhos ácidos que dissolvem resquícios de
sujeira e gordura, evitando que apodreça
6. O passo seguinte é a retirada da endoderme, uma fina membrana interna
colada à pele. Feito isso, o couro é banhado com um produto químico
preservativo e é engraxado para ganhar flexibilidade
7. Olhos, nariz, orelhas, boca, língua e até a cauda são fakes. Os olhos
são feitos de vidro, a cauda, de poliuretano flexível, e as orelhas,
nariz e língua, de plástico poliestireno. Todas essas próteses são
fixadas no manequim antes da pele
8. A etapa final é vestir o manequim com a pele. Ela é encaixada e
fixada com uma cola especial. Depois, é costurada. Os pontos são dados
em locais de difícil visualização, como na parte inferior da barriga,
para que o bicho pareça o mais real possível.
