sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A industria do declinismo: sempre pujante - Demetrio Magnoli

O declínio do "declinismo"
Demetrio Magnoli
O Globo, 16/01/2013

A profecia do declínio dos EUA é uma narrativa política cíclica que descreve trajetórias balísticas. No ciclo mais recente, o lançamento do projétil do declinismo coincidiu com o colapso financeiro de 2008, um evento que lhe conferiu alta velocidade inicial e extraordinário alcance. Contudo, o projétil atingiu o apogeu anos atrás e já ingressou na etapa descendente de sua trajetória. Nessa etapa, os países que acreditaram no mito declinista, como o Brasil, precisam se ajustar a um cenário externo inesperado.
Os arautos do antiamericanismo são, quase sempre, adeptos fervorosos do declinismo. Eles imaginam-se pensadores originais, mas estão enganados: as fontes do declinismo encontram-se na própria tradição política americana, que gera versões liberais e conservadoras dessa profecia. Nos EUA, desde o sobressalto causado pelo lançamento do Sputnik soviético, em 1957, emergiram cinco narrativas declinistas sucessivas em número igual de décadas. Do “Vietnã” ao “Afeganistão e Iraque”, da “estagnação econômica” à “crise financeira global”, a música da ruína reproduz melodias conhecidas, ainda que sedutoras. A diferença entre o declinismo “made in USA” e o declinismo propagado fora dos EUA não está na composição, mas no tom dos instrumentos: melancolia, num caso; júbilo, no outro.
O declinismo é uma fábula e, como tal, “não trata de verdades, mas de consequências”, assinalou Josef Joffe. A narrativa da ruína americana é, portanto, impermeável ao teste da validação empírica, o que explica sua inesgotável capacidade de renascer ciclicamente, com a mesma força persuasiva de sempre. Os declinistas tocam uma música destinada a configurar crenças e mudar atitudes políticas. Nas suas versões autóctones, a finalidade é perturbar os espíritos para vender uma ideia de redenção — e, assim, derrotar a profecia insuportável. Pense, por exemplo, no vaticínio de Samuel Huntington sobre os efeitos corrosivos da imigração hispânica na coesão da sociedade americana, um artefato “sociológico” destinado a fornecer argumentos eleitorais para a ala direita, nativista, do Partido Republicano.
Os arautos do antiamericanismo são, quase sempre, adeptos fervorosos do declinismo
Fora dos EUA, a narrativa declinista é um componente crucial nos discursos antiamericanos de correntes políticas avessas ao liberalismo, ao modernismo, ao cosmopolitismo e ao judaísmo. Meio século atrás, o egípcio Sayyd Qutb formulou a doutrina da jihad contemporânea sob o impacto duradouro de uma viagem aos EUA na qual concluiu que o Ocidente perdera a vitalidade moral, condenando-se a um declínio irreversível. A França de Vichy era declinista, tanto quanto é, hoje, a Frente Nacional, de Marine Le Pen. Entre as elites francesas, conservadoras ou social-democratas, o prognóstico da decadência americana é algo próximo a um consenso nacional, com raízes psicológicas fincadas na percepção compartilhada do declínio francês. Há uma década, a direção do Partido Comunista Chinês promoveu um seminário fechado sobre a história da ascensão e do declínio das grandes potências, extraindo a reconfortante conclusão de que a “Pax Americana” cederá lugar a uma “Pax Chinesa”.
A profecia declinista perpassava os discursos de Nikita Kruschev, mas só contaminou de fato o pensamento da esquerda marxista depois da queda do Muro de Berlim. O filósofo-militante alemão Robert Kurz fabricou uma versão pretensamente sofisticada da venerável narrativa no livro “O colapso da modernização”, de 1991, que interpreta a implosão do “império soviético” como sinal periférico anunciador de uma crise terminal do sistema capitalista. A tese rocambolesca converteu-se, instantaneamente, numa espécie de amuleto das correntes de esquerda engajadas no movimento antiglobalização. Nesses círculos, o nome de Kurz brilhou intensamente durante a pequena recessão do início do século e, novamente, na hora da crise global deflagrada pela queda da Casa dos Lehman Brothers.
A esquerda latino-americana, vincada pelos nacionalismos e atraída por caudilhos, sempre foi esperançosamente declinista. A “revolução bolivariana” de Hugo Chávez reativou a profecia da decadência americana, que encontra fortes ecos no PT. A crença na falência histórica do (mal denominado) “capitalismo liberal” provocou uma notável inflexão na política externa brasileira, deixando como herança o isolamento comercial do Brasil na concha de um Mercosul sem horizontes. No auge do ciclo declinista mais recente, Lula convenceu-se da eficácia do capitalismo de estado e, para regozijo comum dos seus “desenvolvimentistas” e do alto empresariado associado ao Palácio, soltou as rédeas do crédito público subsidiado. Desse autoengano nasceu o “pibinho da Dilma”, um reflexo da retração da produtividade de nossa economia.
Obviamente, todas as curvas balísticas ingressam, em algum momento, na etapa descendente. O ano de 2014 abre-se com o prognóstico de um crescimento global (calculado à base da paridade do poder de compra) próximo a 4%, quase um ponto percentual mais que o do ano passado. Depois de muitos “anos chineses”, o motor da expansão será, uma vez mais, a economia americana, que experimenta os efeitos combinados da recuperação dos preços dos imóveis e da explosão da produção interna de energia. Novamente, o declinismo entra em declínio, recolhendo-se à hibernação até que algum evento geopolítico ou econômico impactante propicie a sua reanimação.
Nessa etapa, carentes de argumentos verossímeis, os profetas do declinismo tendem a enrijecer sua linguagem, refugiando-se nas mais desvairadas hipóteses conspiratórias. A fórmula manjada do “ataque especulativo” (contra o BNDES, na versão de Luciano Coutinho, ou contra a política fiscal do governo, na de Arno Augustin), inscreve-se nesse padrão facilmente reconhecível. A “guerra psicológica adversa”, invocada por Dilma Rousseff, pertence ao mesmo arsenal de bombas sujas. Eles não aprenderam nada. Azar do Brasil.

O Brasil ainda continua como credor liquido do mundo? Duvidas a respeito... - Financial Times

Brazil: net debtor to the world 
Jonathan Wheatley 
Financial Times, January 16, 2014

How well protected is Brazil against external shocks? Perhaps not as well as is commonly thought. 
It has been a proud boast of Brasília for several years that it is a net creditor to the world because it holds more in foreign exchange reserves than it owes in overseas debt. However, it is far from clear that this is still the case. The issue is just one example of the vulnerabilities investors must include in their calculations of how Brazil and other emerging markets will fare as monetary policy in the developed world becomes less accommodating. 
Global liquidity has been a boon to Brazil for at least a decade. Before the crisis of 2008-09, global demand for Brazil’s commodities and the rise of millions of new consumers at home led to and fed off huge inflows of money. Since the crisis, the flows have continued thanks to quantitative easing by the US Federal Reserve and other central banks in the developed world. 
The impact is clearly visible in Brazil’s foreign exchange reserves, which rose from about $35bn in 2001 to about $360bn by the end of last year. 
Combined public and private sector foreign debt was steady at about $200bn from 2001 until 2009 and then began to rise, reaching about $310bn by the end of last year. Nevertheless, thanks to the steady increase in foreign reserves, Brazil has been a net creditor since early 2009. 
Or has it? 

At about the same time as the country became a creditor, Brazil’s central bank began using a nifty new method of intervention on foreign exchange markets. Instead of buying and selling dollars on the spot market – the standard method of central bank intervention – it used currency swaps. This is a clever alternative because it achieves the same result as buying or selling dollars with no impact on the stock of reserves. 
When the bank uses such a swap to limit the depreciation of the real, it offers to pay the difference between the initial exchange rate and the final exchange rate during the period of the contract, plus a dollar-linked rate of interest (known to traders as the cupom cambial). In return, it receives the cumulative interbank interest rate (currently about 10 per cent a year) on the amount of the contract in Brazilian reals. Crucially, the contracts are settled entirely in reals. No dollars exchange hands and there is no obvious impact on the country’s ability to pay its foreign debts. 
The method works because it satisfies demand for foreign exchange contracts by financial market participants looking to hedge foreign exchange exposure or to speculate on movements in the exchange rate. By doing so, it removes demand from the market and has the same effect on the exchange rate as if that demand had been met by buying or selling dollars. 
During several periods since the method was introduced, the central bank used it (in a mirror image of the contract described above) to limit the appreciation of the real, which was being driven up by the arrival of all that hard currency and undercutting the competitiveness of Brazilian exports. 
But when the US Fed began talking about tapering its QE programme last year, the real went on a slide. Since then, the central bank has upped its currency swap programme to a different order of magnitude. As Gabriel Gersztein and Thiago Alday at BNP Paribas in São Paulo pointed out in a recent note, between May 31 last year and January 10, the bank accumulated a short position on the US dollar through currency swaps of more than $77bn. 
You may well ask, so what? It is all done in reals, after all, so there is no impact on foreign reserves. But big bazookas don’t come cheap and you can’t support your currency to the tune of $77bn at no cost. 
And of course there is a cost. If the swaps are successful – and a central bank working paper published in July 2013 suggests they often are – then the bank may even make a profit on them. But what if the real continues to slide, in spite of the central bank’s heavy weaponry? The currency has shown some resilience since the panic went out of foreign exchange markets last September. But it has still weakened from R$1.95 to the dollar last March to about R$2.35 today. Every time its swap contracts go against it, the central bank – or rather Brazil’s national treasury – takes a hit. 
How big is that hit? If we assume there is no such thing as a free lunch, let alone a free big bazooka, we must also assume the cost is significant. Gersztein and Alday at BNP Paribas think a reasonable indication of the cost is to net out the central bank’s short dollar position through currency swaps from its foreign reserves. After all, it is not only the stock of reserves but also the broader health of the Brazilian economy that affects its ability to pay its debts. 
If we do that, we discover that, thanks to the use of its bazooka, Brazil ceased to be a net creditor to the world in October last year. The central bank’s latest figures, for November 2013, show external debt at $312bn and foreign reserves at $362bn, giving a cushion of $50bn. Net out its short position through swaps of $68bn at the end of November and the cushion is gone. 
That is something investors may wish to keep a close eye on if, as widely predicted, the real continues to weaken and Brazil’s fiscal position continues to deteriorate during 2014 and 2015. 

Crimes ordinarios, e aliados mais que ordinarios - Reynaldo Rocha

REYNALDO ROCHA
Blog de Augusto Nunes, 16/01/2014

A barbárie a que assistimos estupefatos no feudo medieval da Famiglia Sarney é só parte da tragédia.
Muito já foi dito sobre as masmorras que Roseane Sarney ─ a rebenta que não admite ser interrompida quando fala e é aplaudida pelos “açeçores” quando ofende a inteligência do Brasil ─ entregou para ser administradas pelo sócio do próprio cunhado. Uma dolorosa repetição do que é feito há mais de 50 anos.

Ao Brasil cabe o espetáculo oferecido por Dilma e seus parceiros engajados no apoio a aliados e na perseguição a adversários. A tropa de choque inclui José Eduardo Cardozo e Maria do Rosário. De um lado, declarações absurdas. De outro, silêncio obsequioso.
Cardozo ouviu calado, e sem um mínimo de vergonha, as explicações sobre a raiz do problema do Maranhão: a riqueza do estado mais miserável da federação. Em meio à fala do ministro, assistiu a um chilique histérico da governadora, que nega estar no poder graças à família mafiosa. É governadora por ser Roseana, não Sarney. Ok.
Cardozo preferiu comparar o Maranhão a São Paulo e Santa Catarina. Não falou das cadeias do Rio Grande do Sul, onde Tarso Genro também ignora as pocilgas atulhadas de seres humanos. Os exemplos se restringem a estados governados pela oposição.
Onde estão os lulopetistas que SEMPRE acusam a direita raivosa de politizar qualquer discussão? Perdeu, cambada! Faz 50 anos que o “homem incomum” de Lula coleciona erros. O “maior ladrão do Brasil”, segundo o mesmo Lula, comanda e explora a capitania hereditária que é a verdadeira raiz do massacre.
A ministra Maria do Rosário, uma gaúcha sempre boquirrota, também perdeu a voz. Desde que creditou à oposição a onda de boatos sobre o fim do Bolsa-Família, Maria do Rosário tem economizado declarações. O Brasil agradece. Mas uma criança de 6 anos foi queimada viva. E a ministra dos Direitos Humanos continua muda.
Não se ouviu uma única palavra de apoio à mãe que perdeu a filha num atentado contra o mais básico dos direitos humanos: o direito à vida. A ministra que defende a cracolândia e os black blocs, enquanto ataca as Polícia Militar de São Paulo, agora prefere somente observar um bandido de 17 anos ─ o Porca Preta ─ queimar uma menina, Ana Clara, que ainda brincava com bonecas.
Seria por coisas assim que Dilma afirmou que para ganhar eleições “se faz o diabo”? Foi isso que levou Gilberto Carvalho a avisar que o bicho iria pegar?
O silêncio respeitoso e a blindagem do aliado-mor José Sarney configuram um exemplo de covardia, conivência e apoio eleitoral.
Dilma diz “acompanhar com atenção” a barbárie no Maranhão (expressão minha: Ela NUNCA diria algo nesta linha sobre o Maranhão. Disse sobre a desocupação de Pinheirinho em SP, onde a PM seguiu uma ordem judicial e NINGUÉM morreu ou ficou internando em hospitais!).
Também não tentou consolar a mãe de Ana Clara, que também luta para continuar vivendo. Seria uma afronta ao clã que venera. E evoca estados controlados por oposição onde crimes também aconteceram. NOTA: nenhum deles tem presídios administrados por sócios de cunhados, nem registrou decapitações de presos cujas cabeças serviram como bola num macabro jogo de futebol.
Que o povo maranhense saiba se livrar ─ ainda há tempo! ─ dos responsáveispor 50 anos de miséria, sordidez, covardia e cinismo. O restante do Brasil que avalie o que leva Cardozo a dizer asneiras, Rosário a se calar e Dilma a exaltar o aliado preferencial.

Que continuem aliados. Os brasileiros com vergonha na cara não podem esquecer Ana Clara, nem seus assassinos e cúmplices que se refestelam nos palácios.

Gabolice, mentiras e fraudes repetidas na Copa dos companheiros - Augusto Nunes

Augusto Nunes
!6/01/2014

Em 30 de outubro de 2007, assim que a Fifa anunciou oficialmente a escolha do anfitrião da Copa de 2014, o presidente Lula resolveu animar a festança em Zurique com mais uma discurseira triunfalista. “Vocês verão coisas lindas da natureza e nossa capacidade de construir bons estádios”, vangloriou-se com sete anos de antecedência o camelô de bazófias e gabolices. “Os investimentos em infraestrutura deixarão um legado de melhoria nas condições de vida do nosso povo.Vamos fazer uma Copa para argentino nenhum botar defeito”.
A menos de um semestre do início da competição, muitas arenas padrão Fifa nem foram concluídas e já estão condenadas a agonizar como elefantes brancos no minuto seguinte ao último apito. Os monumentos à modernidade que fariam do País do Futebol um campeão da mobilidade urbana encalharam na garganta de Lula ou dormem na imaginação de Dilma Rousseff. O trem-bala e o terceiro aeroporto de São Paulo, por exemplo, jazem no cemitério das fantasias eleitoreiras que o padrinho criou e a afilhada não para de ampliar. E boa parte do mundaréu de obras prometidas pelos fundadores da potência emergente sucumbiu ao raquitismo congênito.
Nesta quarta-feira, um editorial da Folha reiterou que o “legado da Copa” é só a vigarice mais recente (e uma das mais perdulárias forjadas pelos vendedores de vento. Dos 56 projetos divulgados com pompas e fitas em 2010, sobraram 39. O volume de investimentos baixou de 15,4 bilhões para 7,9 bilhões. Conjugadas, a a falta de dinheiro e incompetência de sobra adiaram para quando Deus quiser novas linhas de metrô, monotrilhos, estradas, avenidas, trens metropolitanos, reparos nas malhas viárias, reformas em aeroportos ou corredores de ônibus, fora o resto. Como preveniu o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, o legado da Copa pode acabar resumido à apresentadora Fernanda Lima, .
Não foi por falta de aviso que o fiasco se materializou. Em julho de 2010, por exemplo, um repórter quis saber de Jerôme Valcke como andavam os preparativos para a Copa do Brasil. “Falta tudo”, resumiu o secretário-geral da Fifa. “Tudo”, repetiu, com cara de quem acabou de descobrir que lidara havia três anos com tratantes e ineptos. Surpreendido pelo pontapé na canela, Lula tentou um carrinho por trás. ”Terminou uma Copa do Mundo na África do Sul agora e já começam aqueles a dizer: ‘Cadê os aeroportos brasileiros? Cadê os estádios brasileiros? Cadê os corredores de trem brasileiros? Cadê os metrôs brasileiros?’ Como se nós fôssemos um bando de idiotas que não soubéssemos fazer as coisas e não soubéssemos definir as nossas prioridades”.
O troco desmoralizante viria em março de 2012, quando Valcke afirmou que os organizadores da Copa mereciam um chute no traseiro: talvez assim começassem a trabalhar direito. O descompromisso do supercartola com as boas maneiras escancarou o descompromisso da turma no poder com a verdade ─ e comprovou que os governos lulopetistas não sabem mesmo “fazer as coisas”  nem “definir as nossas prioridades”. As perguntas desdenhadas pelo palanque ambulante na réplica a Valcke continuavam (e continuam) implorando por respostas. (Como imploram por investigações os incontáveis casos de polícia envolvendo negociatas bilionárias, contratos superfaturados e procissões de propinas).
Inauguradas no Dia da Criação, só escaparam do atraso irresponsável “as coisas lindas da natureza”. Mas o arquivamento dos projetos vinculados a três cartões postais do Rio sugere que não serão vistas tão facilmente as maravilhas evocadas por Lula na Suiça. O Corcovado está onde sempre esteve. Só que a modernização do trenzinho foi adiada para 2015. O tempo de espera na fila do bondinho do Pão de Açúcar não será inferior ao de viagens aéreas intercontinentais. E convém contemplar de longe a baía de Guanabara devastada pela poluição.

É compreensível que Lula, Dilma, Aldo Rebelo, Ricardo Teixeira e outros festeiros de 2007 não tenham dado as caras na cerimônia de entrega do troféu Bola de Ouro, em Paris, durante a qual a Fifa homenageou o anfitrião do próximo Mundial. A cinco meses do jogo de abertura, a turma do carnaval temporão em Zurique sabe o que é sabido até pela grama do Maracanã: a Copa que faria meia Argentina morrer de inveja pode matar de vergonha e indignação o Brasil que presta.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Concorrencia, a mais selvagem possivel, sempre ajuda o consumidor - Mansueto Almeida

O inferno dantesco -- esqueci deste adjetivo no meu post anterior sobre Kafka e os escritores que deixaram marcas no vocabulário -- vivido pelo economista do Ipea testemunho o quanto somos prisioneiros, no Brasil, de oligopólios, carteis e outros mecanismos supostamente regulados pelo Estado mas que sempre, repito SEMPRE funcionam mal, em detrimento de nossa sanidade mental.
Discordo do economista, quando diz que o governo não precisa fazer nada. Precisa sim, abrir ainda mais todos o setor de comunicações e  de audiovisual, deixar a mais aberta, selvagem, total concorrência no setor, para obrigar as empresas a servirem aos clientes, não o contrário como ocorre hoje.
Pagamos valores extorsivos pelas nossas comunicações (mas 40% é do governo esqueceram?) e somos obrigados a suportar um serviço ruim.
Paulo Roberto de Almeida




Depois de sete anos como assinante da SKY HDTV no Brasil, com pagamento via débito em conta corrente, e depois de mais de dois meses com problemas constantes de perda de sinal, resolvi cancelar o serviço.
Isso não significa que a companhia seja necessariamente ruim. Por sete anos não tive nada a reclamar, mas desde novembro de 2013 tenho problemas constantes e, mesmo depois de várias visitas técnicas, o problema de perda de sinal persistiu. Mas cancelar o serviço, como amigos já haviam me alertado, seria extremamente difícil.
Eu levei mais de 2 horas ao telefone. A primeira ligação durou 40 minutos foi cortada no meio e tive que ligar e esperar novamente e, como não tinha certeza se a nova ligação não cairia novamente  utilizei também o chat on line na página da companhia para cancelar o serviço.
Pelo chat on line com a SKY, consegui cancelar o serviço “rápido”: me levou 40 minutos e consegui um número de protocolo do cancelamento. Seguro de que havia cancelado o serviço, falei para a atendente do telefone que iria desligar porque havia conseguido o cancelamento via chat on line na internet. Mas a atendente veio com a pérola: “No meu computador a sua conta não foi cancelada. Você tem que esperar”. E  esperei mais 45 minutos.
Há no Brasil uma lei que limita o tempo de espera para o consumidor ser atendido nesse tipo de serviço em 20 minutos. Isso é conversa para boi dormir. É o tipo de lei que não é fiscalizada, mas que existe no papel. Enfim, depois de mais de 2 horas ao telefone e de dois protocolos (uma pelo chat on line e outro pelo telefone) finalmente consegui cancelar o serviço. A pesquisa de satisfação:
(1)  conseguiu resolver o seu problema? Sim;
(2)  Qual a nota que você dá para o atendente? Dei 5 para o do chat (nota máxima) e 3 para o do telefone.
(3)  Qual a nota que você dá para a empresa SKY? Nota 1 – a pior possível pela demora que todos sofrem para cancelar o serviço. 
 O governo precisa fazer alguma coisa? Acho que não. A concorrência se encarrega disso. Já assinei outro pacote até melhor e mais barato. Serviço no Brasil é ruim e deve ainda piorar. Temos um duplo problema: falta de mão-de-obra disponível, que vai piorar, e baixo treinamento dado pelas empresas aos seus trabalhadores.
O consumidor ainda vai sofrer muito no Brasil enquanto as empresas não tiverem medo dos consumidores e o acesso à justiça for restrito. É claro que esse é um exemplo anedótico. Mas a regra geral, no Brasil, é que empresas têm muito pouco respeito pelo consumidor e vou deixar para falar de hotéis, planos de saúde e de hospitais em outra ocasião.
Quando morava nos EUA, cansei de comprar produtos eletrônicos, me arrepender e devolver na loja sem ser questionado porque havia desistido do produto. Apenas com mais concorrência as empresas no Brasil passarão a respeitar o consumidor. No caso dos setores regulados, as agências de regulação têm que fazer a sua parte. Por enquanto, ainda espero piora nos serviços no Brasil e aquelas empresas que conseguirem ofertar bons serviço vão ganhar bom dinheiro.
Ainda bem que dessa vez a companhia recolhe o equipamento em casa. Em meados da década de 1990, você tinha que levar o equipamento no escritório da companhia quando cancelava o serviço de assinatura da TV a cabo. As coisas melhoraram, mas muito lentamente e temos ainda um longo caminho a percorrer. E ainda há economista "inteligente" que acha tudo é problema da taxa de câmbio.

Kafka, um escritor kafkiano, ou redundante... - Magazine Litteraire (janvier 2014)

São poucos os escritores cujos nomes se converteram em substantivos, adjetivos ou sinônimos de alguma coisa, como tais dicionarizados e empregados frequentemente, não só na literatura, mas na ciência política e no jornalismo diário, de tipo cultural ou de âmbito corrente.
Algo profundo e sofisticado pode ser chamado de proustiano. Uma realidade emblemática no plano das liberdades humanas e de controle total da vida social por um Estado todo poderoso pode ser descrita como orwelliana.
Alguns personagens da história política mundial podem ser descritos como maquiavélicos, por exemplo.
Hemingway não se transformou em adjetivo, pelo menos não na mesma intensidade, mas quem quiser se referir a um escritor grande bebedor não pode deixar de lembrar o romancista americano.
Existem certos dramas familiares que estão mais para Nelson Rodrigues do que para Tolstoi ou Dostoievski.
E certas situações são inegavelmente quixotescas...
Pois bem, o número de janeiro do Magazine Literário é dedicado a Franz Kafka, um escritor que criou um gênero muito em voga no Brasil (e em certos outros países): o inferno burocrático, inexplicável, inextricável, inextinguível.

Kafka, coupable d'écrire

En 1914, Kafka entame la rédaction du  Procès. L’occasion, cent ans après, de revenir sur l’œuvre du Pragois, qui demeure l’un des totems essentiels de la modernité littéraire, l’un des rares écrivains dont le nom fonde un adjectif courant, «kafkaïen». Kafkaïen, le XXe siècle le fut sans nul doute, et la première décennie du XXIe siècle n’en a pas fait un adjectif révolu, bien au contraire. C’est pourquoi ce dossier insiste notamment sur la manière dont l’auteur de  La Métamorphose et du Château nous aide à penser le monde qui vient (sur des questions aussi diverses que celles du langage, du pouvoir, de la subjectivité, des stéréotypes…). On y mesure aussi combien son influence est protéiforme : chez de nombreux écrivains, mais également en philosophie, au cinéma, et même en musique…

Doing Business do Banco Mundial: tudo aquilo que o Brasil faz ao contrario...

...e que os companheiros estão ainda contribuindo para arrastá-lo ainda mais para baixo, para trás, para a mediocridade do crescimento, a expansão do inferno tributário e a deterioração do ambiente de negócios no país.
Paulo Roberto de Almeida

Doing Business 2014
Understanding Regulations for Small and Medium-Size Enterprises
Doing Business 2014 measures regulations in 189 economies affecting areas of everyday business activity including; starting a business, obtaining construction permits, electricity, registering property, getting credit, protecting investors, paying taxes, trading across borders, enforcing contracts, closing a business, and employing workers.

Doing Business 2014: Understanding Regulations for Small and Medium-Size Enterprises

Authors:
Published: October 2013  Pages: 278
Complete Book PDF (6.38MB)
Abstract:Eleventh in a series of annual reports comparing business regulation in 189 economies, Doing Business 2014 measures regulations affecting 11 areas of everyday business activity including; starting a business, dealing with construction permits, getting electricity, registering property, getting credit, protecting investors, paying taxes, trading across borders, enforcing contracts, closing a business, and employing workers. The report updates all indicators as of June 1, 2013, ranks economies on their overall “ease of doing business”, and analyzes reforms to business regulation – identifying which economies are strengthening their business environment the most. The Doing Business reports illustrate how reforms in business regulations are being used to analyze economic outcomes for domestic entrepreneurs and for the wider economy. Doing Business is a flagship product by the World Bank and IFC that garners worldwide attention on regulatory barriers to entrepreneurship. More than 60 economies use the Doing Business indicators to shape reform agendas and monitor improvements on the ground. In addition, the Doing Business data has generated over 870 articles in peer-reviewed academic journals since its inception.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...