quarta-feira, 5 de março de 2014

Venezuela: marchas, protestos, bandeiras - vai ser dificil permanecer calado...

Estamos esperando mais uma nota, ou declaração, ou manifestação, qualquer coisa, de quem está no comando e responde pelo processo decisório.
Paulo Roberto de Almeida

Reinaldo Azevedo, 4/03/2014

Há exatamente um ano, no dia 5 de março de 2013, morria Hugo Chávez, o homem que só ascendeu ao poder, em 1999, em razão de uma grave crise política na Venezuela. Ele permaneceu no poder por 14 anos, boa parte do tempo como ditador, e criou um modelo de governo que conduziu o país ao colapso.
Nicolás Maduro, o psicopata que sucedeu o coronel liberticida, tentará nesta quarta-feira, mais uma vez, instituir o culto à memória do tirano. As milícias armadas do chavismo foram convocadas para grandes manifestações públicas. O risco de confronto é grande.
Nesta terça, milhares de venezuelanos (fotos) voltaram às ruas para protestar contra o governo. Os motivos vão se multiplicando: crise econômica, autoritarismo, violência, pedido para que se apurem as responsabilidades pelos 18 mortos nos protestos etc. Para o desespero de Maduro, a luta da população venezuelana começa a despertar a solidariedade internacional.

A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou uma resolução em que “deplora os atos do governo que constituem uma afronta à vigência da lei, a indesculpável violência perpetrada contra os líderes da oposição e contra os manifestantes e os crescentes esforços para usar politicamente leis criminais para intimidar a oposição política do país”.
Também a Câmara do Chile teve uma atitude decente. Aprovou uma resolução, que deve ser examinada nesta quarta pelo Senado, que insta o presidente do país, Sebastián Piñera, a convocar o embaixador chileno em Caracas para expressar sua repulsa aos atos de violência.
Ex-presidentes de países latino-americanos cobraram o diálogo com a oposição em nome dos princípios da Carta Democrática Interamericana. Assinam a nota Oscar Arias Sánchez, da Costa Rica, também Prêmio Nobel da Paz; Ricardo Lagos, do Chile; Alejandro Toledo, do Peru, e Fernando Henrique Cardoso, do Brasil.

O governo Dilma, no entanto, este impávido colosso, segue mudo. Na verdade, pior do que isso. Marco Aurélio “Top Top”  Garcia, assessor da presidente para assuntos internacionais, deve estar presente hoje às festas oficiais em homenagem a Chávez. Não há como dizer de outra maneira: ao fazê-lo, o governo Dilma suja as mãos no sangue dos opositores venezuelanos.

terça-feira, 4 de março de 2014

O capitalista da soja e dois socialistas amigos do capital: vai dar certo?

Uma plantação capitalista numa ilha-fazenda socialista?
Vai dar certo? Vai ter tratores, insumos, trabalhadores, condições políticas, econômicas, financeiras e de infraestrutura para transformar Cuba num novo paraíso da soja?
Depende. Com dinheiro pode-se inclusive plantar banana no polo norte.
Vai sair caro, mas se dinheiro não for o problema dá para fazer.
Socialistas funcionam com o dinheiro dos outros, como se sabe.
Capitalistas brasileiros também: de preferência financiamento generoso do BNDES.
Pode até ser que o povo brasileiro acabe pagando para capitalistas e socialistas cubanos (e alguns brasileiros) ganhem muito dinheiro.
Parece que esta é a missão histórica dos companheiros: recolher dinheiro de todo mundo e dar para capitalistas, com algumas migalhas para os pobres.
Paulo Roberto de Almeida

Lula, Raul e o rei da soja em Cuba

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Em viagem a Cuba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou a tiracolo o senador Blairo Maggi (PR-MT), um dos líderes do agronegócio brasileiro, para propor ao presidente cubano, Raúl Castro, a plantação em larga escala de soja na ilha e a ampliação do uso de biomassa na matriz energética cubana. Conhecido como "rei da soja" e alvo de críticas de ambientalistas, Blairo acompanhou Lula em visita ontem à fazenda da empresa agrícola militar Cubasoy, em Ciégo de Ávila, onde há produção de soja e feijão. Hoje, devem visitar outra plantação de soja, no interior da ilha socialista. Ex-governador de Mato Grosso, o senador é cotado para disputar o governo estadual nestas eleições.
Leia mais em:
http://www.valor.com.br/politica/3445750/lula-raul-e-o-rei-da-soja-em-cuba?utm_source=newsletter_tarde&utm_medium=04032014&utm_term=lula+raul+e+o+rei+da+soja+em+cuba&utm_campaign=informativo&NewsNid=3446894#ixzz2v1ahHbcO

Venezuela: pode-se esperar algo da OEA, da Unasul, do Mercosul?

Aparentemente não, nada, sequer novas declarações, pelo menos até aumentar o número de mortos, de prisões, expulsões, fechamento de meios de comunicação, até a revolta popular...
Paulo Roberto de Almeida

Oposição na Venezuela pressiona OEA
O Estado de S. Paulo, 4/03/2014

Líderes marcham até sede regional, em Caracas, e exigem ‘firmeza’ da entidade

Um grupo de dirigentes políticos da oposição, estudantes e jornalistas marcharam ontem até a sede regional da Organização dos Estados Americanos ( OEA), em Caracas, para exigir uma posição mais “firme” da entidade sobre a crise política na Venezuela. O grupo entregou uma carta pedindo que a OEA se pronuncie sobre o que está ocorrendo no país.

Uma das líderes opositoras, a deputada María Corina Machado, disse que a reação tem de partir tanto do secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, quanto dos chefes de Estado dos países integrantes, entre eles o Brasil. Corina Machado, ao lado do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e de Leopoldo López, dirigente do partido Vontade Popular (VP), atualmente mantido em uma prisão militar, iniciaram em janeiro uma mobilização pedindo a queda do governo de Nicolás Maduro. O movimento ganhou força com os protestos populares contra a violência, a escassez de alimentos e a alta inflação. A repressão aos protestos deixaram 18 mortos.

Corina Machado e Ledezma lideraram a marcha de ontem. Para a deputada, se a OEA der respaldo ao governo de Maduro neste momento, “estará traindo a Venezuela e enterrando” a própria organização. “Esta é a oportunidade de o secretário geral Insulza demonstrar que ele não faz parte desse projeto de destruição da OEA”, afirmou, alegando que Caracas está “violando” todos os princípios da Carta da entidade.

Eles convocaram novos protestos para hoje em Caracas e outras cidades venezuelanas. “Vamos nos encontrar para homenagear todas vítimas da repressão brutal deste regime ditatorial”, declarou Corina Machado em entrevista coletiva, ao lado da mulher de López, Lilian Tintori.

Em nota, Ledezma disse que a OEA “não foi feita para defender governos”. “O secretário geral José Miguel Insulza foi designado para comandar a OEA, não para defender o seu cargo”, disse o opositor.

López, apesar de encarcerado, enviou ontem uma mensagem por meio de Carlos Vecchio, coordenador político do VP, pedindo que a população continue nas ruas. Ao presidente Maduro, o opositor mandou um recado: “A luta está apenas começando”. “Todos os dias anunciaremos novas ações contundentes que irão de menos a mais”, disse López em um vídeo postado por Vecchio na internet.

Genebra. O chanceler Elías Jaua rebateu as acusações de violações dos direitos humanos e disse ontem na ONU que seu país vive uma “guerra psicológica” por parte da imprensa para derrubar o governo de Maduro. Jaua falou ao Conselho de Direitos Humanos e disse que a Venezuela é vítima de uma “campanha de mentiras para justificar uma intervenção estrangeira”.

O chanceler se reuniu com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, mas não ganhou o apoio do sul-coreano. “Peço às autoridades venezuelanas que escutem as legítimas aspirações dos que protestam”, declarou Ban, que pediu que Caracas lide com a oposição por meio do diálogo.

Ao mesmo tempo, o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, convocou, pelo Twitter, uma grande mobilização nacional para sábado “contra a escassez”. Representante de uma ala mais moderada da oposição, Capriles, que disputou a presidência contra Maduro e foi derrotado por pequena margem, tem se mantido mais discreto desde o início dos protestos em comparação aos demais líderes opositores.

Ontem, Capriles pediu que a população se organize em “comandos de defesa” para multiplicar a mensagem que exige mudança. O opositor disse também ter pedido à ONU que o deixe “informar” sobre a verdade do que ocorre na Venezuela, em resposta à fala de Jaua ao Conselho de Direitos Humanos. / JAMIL CHADE COM EFE, AFP e REUTERS

Banco dos Brics: mais um elefante branco economico? - Assis Moreira (Valor)

País pode sediar banco dos Brics

Valor Econômico/Assis Moreira | De Sydney
Quinta, 20 Fevereiro 2014

O Brasil está examinando se entrará na briga para sediar o futuro banco dos Brics, podendo apresentar Rio de Janeiro ou São Paulo na disputa que tende a envolver todos países do grupo. A África do Sul e a China foram os primeiros a manifestar a vontade de sediar a instituição, que no momento é chamada de New Development Bank (NDB).
Em reunião dos cinco países - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, pela primeira vez o tema foi formalmente colocado na mesa. No entanto, as decisões mais políticas, incluindo a presidência do banco, devem ficar para abril, em nova reunião. O capital inicial do banco, já acertado, é de US$ 50 bilhões, mas com possibilidade de os países aumentarem o volume para até US$ 100 bilhões.

Mercosul: numero especial de Seculo XXI, revista da ESPM-RS

Século XXI

A Século XXI – Revista de Relações Internacionais é uma publicação do curso de Relações Internacionais e do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Relações Internacionais (NEPRI) da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio Grande do Sul – ESPM Sul. Um espaço de reflexão e debate acadêmico num momento em que as Relações Internacionais ganham um destaque inédito no Brasil. A ESPM Sul espera assim contribuir para um intercâmbio entre pensadores, pesquisadores e professores do campo no âmbito nacional e sul-americano.

Vol. 4, No 2 (2013)



Vol. 4, No 2 (2013)

Sumário

Expediente

ExpedienteRESUMO PDF
Expediente Século XX1

Apresentação

Os (velhos) novos desaos do Mercosul para 2014RESUMO PDF
Ana Regina Falkembach Simão, Adriana Schryver Kurtz7-12

Dossiê

ENTRE O VOLUNTARISMO E O REALISMO: O PROCESSO DE REVISÃO DE MODELO ECONÔMICO DO MERCOSULRESUMO PDF
José Briceño Ruiz13-34
POLÍTICA EXTERIOR DE URUGUAY EN EL MERCOSUR DURANTE EL GOBIERNO DE JOSÉ MUJICARESUMO PDF
Isabel Clemente Batalla35-52
A POLÍTICA COMERCIAL DO GOVERNO LULA (2003-2010): UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS RELAÇÕES COMERCIAIS DO BRASIL COM O MERCOSUL E COM O RESTO DO MUNDORESUMO PDF
Thiago Cavalcante, Marcos Costa Lima53-72
LEITURAS DO MERCOSUL: DIFERENTES PERCEPÇÕES ACERCA DO BLOCORESUMO PDF
Maria Izabel Mallmann, Teresa Cristina Schneider Marques73-88
PARLAMENTO DO MERCOSUL, INTEGRAÇÃO E DÉFICIT DEMOCRÁTICORESUMO PDF
Karina Lilia Pasquariello Mariano89-106
Acordo de Associação Inter-Regional MERCOSUL – União Europeia: entraves à aprovação e perspectivas futurasRESUMO PDF
Felipe Augusto Torres de Carvalho, Alexandre César Cunha Leite107-133
A POLÍTICA EXTERNA DOS GOVERNOS KIRCHNERISTAS (2003-2011): DO MODELO PRÓPRIO AO MERCOSULRESUMO PDF
Leonardo Granato, Rafael Alvariza Allende134-158

Cuba e seus medicos escravos: um artigo vergonhoso, de um academico emerito, e um comentario pontual, de um economista sensato

O artigo vergonhoso, lamentável, mas talvez refletindo a miséria intelectual de nossas universidades, é o de um físico que acha que os médicos escravos da ilha-prisão devem necessariamente servir ao regime, e suas políticas absurdas de miserabilização do povo.
O comentário é o de um economista conhecido, ambos transcritos abaixo.
Um comentário inicial.
Essa conversa de embargo americano para justificar a miséria econômica de Cuba é uma fraude monumental.
A miséria foi causada pelo regime, não pelo embargo.
Pior que a miséria material do povo cubano, é a sua miséria moral, ao ter de viver numa situação de ditadura totalitária durante mais de meio século, apenas para satisfazer o ego de um tirano que já estava mentalmente esclerosado quando começou a virada para o socialismo de tipo soviético (e nunca mais deixou o stalinismo).
O embargo não tem absolutamente nada a ver com essas misérias e tampouco com a escravatura dos médicos.
É apenas mais um exemplo sórdido de totalitarismo aberto, com o qual são coniventes os companheiros, para vergonha do Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Mais médicos, menos falácias
Rogério Cezar de Cerqueira Leite
Flha de S.Paulo, 4/03/2014

Um contrato como o que Cuba assinou com o Brasil serve para garantir a sobrevivência de centenas de milhares de indivíduos daquele país

O eminente jurista Ives Gandra acusa Cuba e o Brasil de serem responsáveis pela condição que classifica como de escravatura do contrato que rege o programa do governo federal Mais Médicos ("O neoescravagismo cubano", 17/2).
Sua argumentação exclusivamente burocrática ignora as condições em que Cuba se encontra. Para entendermos a realidade daquele país, comecemos por uma analogia.
Quando um país é ameaçado, o seu governo atribui a um grupo de cidadãos, voluntária ou compulsoriamente, a missão de defendê-lo. Essa é uma prática universal.
Com frequência, os salários desses soldados são insignificantes. Não obstante, se qualquer um se recusar a servir seu país, será considerado um criminoso.
Há mais de 50 anos, os Estados Unidos impuseram drásticas sanções econômicas contra Cuba, resultando na extrema pobreza daquele povo. Sua principal fonte de renda de então, a indústria de açúcar, perdeu competitividade e hoje está em frangalhos.
Para sobreviver e assegurar insumos vitais, tais como remédios, certos alimentos, combustíveis etc., conta Cuba quase que exclusivamente com a exportação de tabaco (charutos), rum e, intermitentemente, dos serviços prestados pelos seus médicos no exterior.
Podemos imaginar o quanto de renúncia do povo de um país pobre como Cuba significa custear a formação desses médicos.
Um contrato como esse que Cuba assinou com o Brasil não serve apenas para reduzir a miséria das famílias dos participantes do programa Mais Médicos, mas antes de tudo serve para garantir a sobrevivência de centenas de milhares de indivíduos daquele país.
Pergunto àqueles que argumentarem que os recursos provenientes do programa Mais Médicos vão para o bolso dos "opressores", baseados exclusivamente em hipóteses, sem evidências concretas, se sua atitude não poderia ser enquadrada naquilo que os juristas chamam de difamação.
Se meia dúzia de médicos cubanos oportunistas se valeu desse subterfúgio para se refastelar nas praias da rica Miami, às custas de um programa ignóbil da potência americana, não deveríamos enaltecê-la, mas deplorá-la, pois apenas 1 em 1.000 traiu o seu compromisso com o Brasil e com o seu povo.
Quantos na sua própria família e em seu país vão sofrer por causa da fuga de cada inadimplente?
Apoiar esses poucos infensos não é apenas uma falta de percepção da questão social envolvida, mas é, antes de tudo, falta de humanidade.
Reduzir a questão do Mais Médicos a uma infringência burocrática ou, pior ainda, a um conflito partidário ou ideológico --o que certamente não é o caso do jurista-- é uma indignidade.

ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, 82, físico, é professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha

Mansueto Almeida
Blog do Mansueto, 4/03/2014
O artigo do eminente físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite na Folha de São Paulo desta terça feira de carnaval (clique aqui) é para mim um tanto quanto esquisito. Em sua defesa do programa Mais Médicos e da questão dos médicos de Cuba, o professor da Unicamp tem, na minha opinião pessoal, três grandes erros.
Primeiro, tentar culpar os EUA e as sanções econômicas deste país contra Cuba com o culpado da “extrema pobreza daquele povo”. O que os EUA fez pode sim ser criticado, mas daí dizer que isso explica “a pobreza daquele povo” é a mesma coisa que tentar dizer o mesmo para a Coreia do Norte. Cuba é um país pobre por causa de um modelo econômico de uma ditadura de esquerda.
A propósito, existe no mundo algum país rico que seja governado por uma ditadura de esquerda? A china? mas a China é muito mais  aberta para investimentos estrangeiros e abraçou práticas de uma economia capitalista desde o final da década de 1970. Por que Cuba não fez o mesmo? Assim, o culpado da pobreza de Cuba são os seus dirigentes. Mas é impressionante muita gente em pleno século XXI ainda achar um regime ditatorial algo normal.
Segundo, o eminente físico defende o contrato dos médicos cubanos com o duplo propósito de (1) reduzir a miséria das famílias dos participantes do programa Mais Médicos, (2) garantir a sobrevivência de centenas de milhares de indivíduos daquele país. Aqui tem outro grande erro. Achar que redução de pobreza em um país é questão de bondade dos outros.
Os livros do William Easterly (professor da NYU),  o livro Why Nations Fail, 2012 do Acemoglu e Robinson, e o mais recente do Angus Deaton da universidade de Princenton (The Great Escape: Health, Wealth, and the Origins of Inequality, 2013) mostram de forma um tanto quanto clara que redução de pobreza depende do funcionamento de instituições domésticas e da boa governança que, infelizmente, não pode ser importada.
A melhor forma de Cuba reduzir a sua miséria é permitir o empreendedorismo dos seus habitantes, permitir eleições livres e democráticas, atrais investimento estrangeiro e tributar esses investimentos para continuar investindo em saúde e educação. A mudança pode ser gradual, mas no vaso da ilha há um gradualismo exagerado.
Terceiro, me causou espanto quanto o físico escreveu que: “Se meia dúzia de médicos cubanos oportunistas se valeu desse subterfúgio para se refastelar nas praias da rica Miami, às custas de um programa ignóbil da potência americana, não deveríamos enaltecê-la, mas deplorá-la, pois apenas 1 em 1.000 traiu o seu compromisso com o Brasil e com o seu povo.
O que me causa espanto aqui, dado que estamos falando e um cientista do conselho editorial da Folha de São Paulo, é chamar de “oportunista” decisões de indivíduos que têm o direito legítimo de desejar liberdade de escolha e o que fazer de sua vida. É uma versão até mais radical do Brasil dos anos 70: “Cuba, ame ou não ame e não deixe”.
Qual o problema de uma pessoa querer morar nas praias ricas de Miami, do Rio ou da França? Absolutamente nenhum. Parece que o eminente físico não sabe que as pessoas que tentam a sorte em Miami vão trabalhar duramente e não “refastelar” (acomodar-se, recostar-se, etc.) nas praias ricas.
Por que resolvi comentar este artigo aqui? Por duas coisas. Primeiro, devido ao currículo de quem o escreveu. Não esperava ver um professor emérito de física da Unicamp escrever tamanho absurdo. Segundo, porque mesmo os físicos mais brilhantes cometem erros grandes quando se trata de desenvolvimento econômico, como este aqui:
“I am convinced there is only one way to eliminate (the) grave ills (of capitalism), namely through the establishment of a socialist economy....A planned economy, which adjusts production to the needs of the community, would distribute the work...and guarantee a livelihood to every man, woman and child. (Albert Eistein, Why Socialism?)
No entanto, há uma grande diferença. Albert Einstein escreveu isso em 1949, quando ainda se podia aceitar ou questionar se o socialismo daria certo. Mas em pleno século XXI e depois da queda do muro de Berlim e com toda a evidência história e científica da riqueza das nações ou por que as nações fracassam é difícil aceitar que o problema de Cuba seja os EUA ou que o tipo de contratação dos médicos cubanos seja uma ajuda humanitária. E o mais impressionante é que este tipo de argumentação venha de um Doutor em física formado na prestigiosa Universidade de Sorbonne em Paris. Tenho certeza que outros doutores formados por Sorbonne pensam diferente.

Venezuela: o Itamaraty, segundo Carlos Brickmann

Da coluna diária (4/03/2014) do jornalista:

Itamaraty, sempre certo
O chanceler brasileiro Luiz Alberto Figueiredo, comentando os problemas das manifestações de rua contra o Governo do presidente Nicolás Maduro, diz que o Brasil não está mudo diante da Venezuela. Figueiredo tem razão, o Brasil não está mudo diante dos conflitos e mortes no país vizinho. Está apenas cego e surdo.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...