quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Across the Empire (5): em Denver, num jardim botânico de vidro (Chihuly)


Crossing the Empire, 2014 (5)
Em Denver, num jardim botânico de vidro (Chihuly)

Paulo Roberto de Almeida

            Tudo de extraordinário nesta terça-feira, depois do feriado de Labor Day na segunda, quando tudo estava fechado, e posso garantir que o dia foi proveitoso.
Carmen Lícia e eu escolhemos começar por uma visita matinal ao Botanic Gardens de Denver, um dos melhores jardins botânicos que já conheci no mundo (embora eu confesse que não conheço muitos, pois plantas, árvores e matinho em geral nunca foi o meu forte, e não conheço, por exemplo, os famosos Kew Gardens, de Londres), mas posso garantir que este de Denver é excepcional, tanto pela concepção paisagística, quanto pela riqueza de espécies, todas catalogadas, e com placas indicando origens, transmigração, história vegetal, importância econômica, se alguma, tudo isso de maneira civilizada e agradável. Quem aparecer em Denver, deve visitar: 1007 York Street, Denver, CO 80206.
Mas, na verdade, viemos ao jardim não pelas maravilhas vegetais, mas pelo fato de que havia uma exposição (que vai até novembro) do excepcional artista do vidro, o americano do estado de Washington, Chihuly. Não vou perder tempo descrevendo o que vimos, apenas vou postar algumas das dezenas de fotos que eu fiz, com meu modesto iPhone. Carmen Lícia fez mais, e melhores, com sua máquina (e tinha esquecido a grande, só atuando com uma pequena. Quem quiser ter uma ideia de quem é Chihuly, do que ele faz, pode procurar na internet que tem dezenas, talvez centenas de fotos, vídeos e informações sobre ele. Quanto à exposição especial, sendo que algumas peças vieram de outros lugares, mas a maioria foi feita especialmente para esta exposição, pode consultar este link: www.chihulydenver.com.
Apenas esclareço que o resto do dia também foi produtivo. Saímos do jardim ao meio dia, já com o sol a pino, e começando a fazer os 33 graus prometidos para este dia. Descansamos no hotel, passeamos à tarde pela cidade (Capitólio e jardins), e depois fomos à cidade universitária próxima de Denver, Boulder (distante 28 milhas), onde visitamos a universidade e ficamos algum tempo numa livraria local; mas disso eu falo depois.
Deixo agora todo mundo com uma pequena seleção das maravilhas que vimos durante esta manhã memorável.
Paulo Roberto de Almeida
Denver, 2 de setembro de 2014








Eleicoes 2014: o Brasil em ritmo de desenho animado, no abismo - Mansueto Almeida

A atual situação brasileira me lembra aqueles desenhos animados de antigamente -- não sei se ainda fazem assim -- nos quais um personagem qualquer corre freneticamente para a frente de um precipício e, por um momento, continua a correr no ar, tranquilamente, até que se dá conta de que já saiu da terra firme e vai abaixo pelo precipício.
Assim me parecem os milhões de eleitores que vão votar na Marina Silva: embevecidos com o que querem deixar para trás, não percebem que talvez estejam caminhando no ar, antes da queda, que pode ser brutal. Pode ser, ou não. Não sabemos, exatamente, mas pelo que conheço da personagem, ela é a própria inconsciente, a sonâmbula econômica, que promete maravilhas, sem ter condições de cumprir.
Não tenho nada a dizer aos eleitores da soberana, pois eles se dividem em poucas categorias: os assistidos, e que pretendem continuar a sê-lo, e acreditam que só a soberana pode garantir isto; os militantes da causa, que não gostam, visivelmente, da candidata, mas se sacrificam pela causal; e os oportunistas, aqueles que estão sempre com o governo, qualquer que seja ele, e que podem trocar de time, se sentirem o precipício eleitoral chegando.
Finalmente, aos eleitores do Aécio, creio que posso repetir as palavras do meu amigo, economista Mansueto Almeida: eles querem o melhor para o país, mas parece que não vão conseguir, pelo menos não desta vez.
Enfim, o Brasil parece condenado a ficar nas mãos dos mafiosos ou dos sonháticos, e assim vamos caminhando para o precipício...
Paulo Roberto de Almeida

O senador Aécio está bem, mas o Brasil?

Vejo nos jornais muita especulação e uma excessiva preocupação com o futuro do senador Aécio. Algumas analistas colocam a candidatura do senador Aécio nos seguintes termos: “se o senador quiser ganhar……” ; “o senador estuda como descontruir sua oponente….”, etc.
Algumas vezes, da forma que alguns analistas colocam a disputa eleitoral, tenho a impressão que se trata de uma disputa entre candidatos cujo o grande vencedor é “o candidato” e não os seus eleitores. Quem perde em não eleger o senador Aécio Neves presidente da república não é ele, mas sim os eleitores que acreditam no seu projeto e a população brasileira que deixará de contar, na minha opinião que conheço o candidato, com um homem público com vasta experiência política e de gestão.
É o único candidato com uma experiência nas duas casas do legislativo e no executivo como governador de Minas Gerais por oito anos. O senador Aécio tem uma experiência comprovada na costura de alianças políticas que serão necessárias para quebrar a letargia da falta de reformas no Brasil, algumas bastantes complexas que ainda não foram postas à mesa por nenhum dos candidatos.
A impressão que tenho é que o senador Aécio está muito bem. Está empolgado com a sua campanha, nos últimos dois anos vem participando ativamente de debates no Brasil e, independente do resultado das eleições, continuará como um político influente no cenário nacional, seja como Presidente da República ou como Senador da República. Aqui vejo um cenário ganha-ganha para o PSDB qualquer que seja o resultado das eleições.
Depois de quatro anos, o PSDB poderá ter o seu time reforçado no Senado Federal com um conjunto de políticos que são formadores de opinião e com forte inserção na mídia nacional. Alguém já parou para pensar o que poderá ser o novo senado com nomes como Tasso Jereissati (PSDB-CE), Anastasia (PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP) e, ainda, com Aécio Neves (PSDB-MG) e Aloysio Nunes (PSDB-SP) no Senado Federal ou no Palácio do Planalto? São nomes com experiência de governo e com forte inserção no meio empresarial e na imprensa brasileira.
Em um governo do PSDB, eles fariam a diferença e, em um governo da oposição, esse grupo será motivo de alegria ou de dor de cabeça para o executivo. Motivo de alegria porque o grupo não será um obstáculo à provação de reformas que o país precisa. Mas poderá trazer dor de cabeça porque esse grupo conhece muito bem como funciona a máquina pública e não será empulhado por falsas promessas.
Ainda é muito cedo para se definir o resultado das eleições pelas pesquisas. Se pesquisa eleitoral definisse eleição, vários dos candidatos hoje a governador deveriam renunciar suas candidaturas, pois alguns deles não alcançam nem 10% das intenções de voto. O mesmo valeria para aqueles candidatos com elevada taxa de rejeição em um segundo turno. Mas alguém no seu pleno juízo acha que pesquisa eleitoral com pouco mais de dois mil eleitores define eleição? Não. Mostra tendência é claro, mas não define eleição.
Uma coisa, no entanto, é possível afirmar. O próximo presidente não terá três meses para definir o que irá fazer para recuperar o tripé macroeconômico. A situação fiscal hoje está muito ruim e enganam-se aqueles que acham que será fácil recuperar o superávit primário de forma rápida. Não será possível termos um choque fiscal na magnitude que se fez em 1998-1999 e 2003. Adicionalmente, o cenário fiscal para os próximos anos vem se deteriorando muito rápido devido as despesas e programas já contratados.
O próximo presidente não terá muito tempo para definir sua equipe econômica, um plano consistente para recuperar o superávit primário e controlar o crescimento do gasto público no pós-eleição. Acho até que a construção de uma acordo multipartidário com os lideres dos partidos imediatamente após a eleição seria um boa opção para acalmar o nervosíssimo do mercado.
É claro que, como analista, não acredito nesse cenário para o atual governo que, por quatro anos sucessivos, tentou “enganar” analistas de mercado, jornalistas e a população quanto a real dimensão da piora fiscal. Ademais,  tem atuado de forma consistente e não transparente para esconder o custo de suas políticas, vide o caso da política de subsídios.
A presidenta Dilma, corretamente, questionou a candidata Marina ontem em debate do custo dos programas do PSB, que não cabem no PIB. A conta que fiz é que seria necessário um crescimento da despesa primária do Governo Central perto de 2,5 pontos do PIB até 2018 para cumprir com as várias promessas (ou compromissos) do programa do PSB. As três mais caras seriam: (i) passe livre para os estudantes; (ii) 10% da receita bruta da União para saúde; e (iii) antecipação do cronograma de aumento do gasto com educação (% do PIB) do Plano Nacional de Educação.
Um crescimento da despesa primária de 2,5 pontos do PIB em quatro anos é maior do que o crescimento da despesa primária do Governo Central (governo federal, previdência e banco central) de 1998 a 2010 – 12 anos de governo FHC-1, LULA-1 e LULA-2. Como o superávit primário hoje está próximo de “zero”, um crescimento tão grande em quatro anos só seria possível com um violento aumento da carga tributária. Mas a presidenta Dilma e o seu governo tem “zero” de credibilidade para falar de responsabilidade fiscal. Repito: “zero”.
Eu já falei isso diversas vezes e torno a repetir. No início do governo Dilma tínhamos um superávit primário de 3,1% do PIB. Ao longo de quatro anos, o governo perdeu 1% do PIB com desonerações que fez, sem ter criado o espaço fiscal para essa política, e a despesa primária (não financeira do Governo Central) crescerá um pouco acima de 2 pontos do PIB. Assim, o superávit primário de 3,1% do PIB foi transformado em praticamente “zero”. O que “sustenta” o superávit primário um pouco acima de 1% do PIB são truques contábeis e receitas não recorrentes.
Não é comum ter refinanciamento de divida (Refis) em anos sucessivos, não é comum a ciranda financeira que se faz com o BNDES para gerar um falso lucro pelo carregamento de títulos públicos, não é comum os atrasos de repasses para a Caixa Econômica Federal pagar os benefícios sociais e previdência, não é comum a crescente dívida do Tesouro com bancos públicos (subsídios do PSI e do crédito agrícola) e não é comum tanto desprezo pela transparência na execução do orçamento.
No sábado falei com o senador Aécio Neves por telefone e ele vai muito bem e, como sempre, empolgado com as eleições. Nós eleitores que deveríamos estar muito preocupados com o futuro do Brasil, pois estamos a um mês das eleições e tenho a sensação que o eleitor espera soluções mágicas do próximo governo. Sonhar é preciso, mas é também necessário maior realismo com a nossa situação econômica atual. Um realismo que não virá do atual governo, que encara os truques fiscais como uma “estratégia” de crescimento, e nem tão pouco do compromisso com maiores gastos.
Assim, vamos nos preocupar um pouco mais com as propostas dos candidatos e com o debate mais profundo que deveria estar ocorrendo nesta campanha eleitoral e não está. O senador Aécio Neves vai muito bem e cada vez mais empolgado em debater os rumos do Brasil. Mas o Brasil está bem?

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: debate entre presidenciaveis - UOL, SBT, Jovem Pan

Transcrevo abaixo, para ler de baixo para cima, apenas a transcrição da parte final do debate ocorrido em 1 de setembro entre alguns, não todos os, presidenciáveis. A transcrição completa, mesmo reduzida ao extremo, ocupa 28 páginas de meu registro.
Há o link para os que quiserem ver e ouvir os próprios falando, que parece um pouco pior do que a transcrição, mas se pode verificar certos matizes e tiques de linguagem, assim como as caras, bocas e trejeitos dos candidatos...
Paulo Roberto de Almeida


Debate com Presidenciáveis 2014: UOL, SBT, Jovem Pan AM
Vídeo disponível em:

[Ler de baixo para cima]

20:22

Aécio passa imagem positiva, mas não se sobressai, afirma consultora

“O Aécio teve um desempenho muito parecido com o último debate para presidente. Ele usa sempre as mesmas estratégias, a forma de falar, de se manifestar, ele usa ironia como um ponto que eu considero positivo, porque é de uma forma sutil, não é arrogante, que desprestigia o outro. Usa humor e consegue passar uma imagem positiva em cima disso. E mesmo usando pontos frágeis do governo federal, isso ele está sempre muito esperto para contradizer a Dilma, ele não se sobressai”, afirmou Aurea Regina de Sá, consultora de media training.

20:16

Dilma passa imagem de mulher forte, afirma consultora

“Sob o ponto de vista do marketing, a Dilma aproveita. Ela está com a máquina na mão, ela tem alguns, ela tem pontos positivos para dizer. Outro fato importante é essa imagem forte, essa imagem de mulher forte. Essa imagem que uma presidente mulher deve ter, ela incorpora bem, é diferente da Luciana Genro que tem uma imagem até um pouco infantilizada”, disse Aurea Regina de Sá, consultora de media training.

20:10

Marina mostrou calma, diz fonoaudióloga

“A Marina conseguiu se sair muito bem porque ela manteve a calma mesmo com vários ataques, mesmo com algumas perguntas mais agressivas. Ela tem um autocontrole muito bacana, e tem uma expressividade autêntica. Hoje a voz da Marina estava mais tranquila. E hoje ela mostrou também uma flexibilidade na comunicação. Em alguns momentos ela tinha fala mais tensa, mas em outros uma fala mais tranquila. Então ela foi firme nas convicções dela”, avaliou a fonoaudióloga Claudia Cotes.

20:00

Cientista político vê Dilma em situação difícil e diz que Marina se sobressaiu

"O posicionamento que ela [Marina Silva] assumiu desde o início de dissolver a polarização e trazer alternativas está oferecendo na democracia brasileira, para os eleitores, uma possibilidade nova, que de fato não tinha. Agora, é preciso ver se isso vai se consolidar. Como os demais candidatos fizeram perguntas a Marina e ela se saiu bem nas respostas, ela se sobressai. Veja que a presidente Dilma ficou numa situação muito difícil, quase que numa armadilha: ter que justificar uma porção de coisas que na verdade poderiam ter sido feitas melhores; foram prometidas e não foram feitas deixa ela numa posição defensiva muito difícil. E isso apareceu em algumas das respostas que ela deu que eu acho que foram mal trabalhadas, mal elaboradas", afirmou o cientista político José Álvaro Moisés, da USP. 

19:54

Convidados comentam debate entre presidenciáveis

No estúdio do UOL, o cientista político José Álvaro Moisés, da USP, comenta o debate realizado há pouco

Aécio Neves diz que Dilma não vai ganhar e critica Marina

Tenho muita confiança que na hora da reflexão final vai prevalecer o caminho da mudança segura, da mudança que tem começo, meio e fim. Defendo hoje as mesmas teses que eu defendia lá atrás, a estabilidade da moeda, a lei de responsabilidade fiscal, de maior generosidade com os municípios, que é uma alavanca. Vejo uma conversão da candidata Marina a muita dessas teses, mas gostaria de tê-la a nosso lado no momento em que elas foram implementadas. A candidata oficial não vai vencer as eleições e existem duas alternativas, a nossa garante não apenas o início da mudança, mas garante uma mudança efetiva, de valores, de práticas políticas, mas também de eficiência e de entrega na máquina pública.

Marina diz que números de Dilma não batem com a realidade

A presidente Dilma tem que explicar para a sociedade é por que em 2010 ela dizia que tinha tantas propostas concretas, apresentava tantos número, dizendo que ia manter o país em crescimento, com inflação controlada, com juros baixos, e agora devolve o país com juros altos, inflação elevada e com o pior crescimento da história recente do nosso país. Ela é que tem que explicar para a sociedade brasileira o que acontece com essa quantidade de números que ela repete sem que isso tenha nem um vínculo com a realidade. Eu vejo o programa da presidente Dilma e parece um curta-metragem, aonde o Brasil é perfeito, é maravilhoso, mas quando sairmos das nossas casas e vamos para um hospital público, o que a gente encontra é o péssimo atendimento. Quando as pessoas vão para o trabalho e não têm como se deslocar para o trabalho, para escola, ou para o lazer.

Após debate, Marina Silva conversa com jornalistas

A grande ameaça ao pré-sal a que ela [Dilma] se refere é a ameaça que ela mesma representa, porque na situação em que nós estamos, com baixo investimento, aonde o país perde cada vez mais credibilidade, com certeza a continuidade desse governo é o que mais ameaça a melhoria que a duras penas os brasileiros alcançaram.

Dilma Rousseff diz que homofobia deve ser criminalizada

Olha, eu acho que não se deve mudar a proposta principalmente quando se referia a direitos. Eu pessoalmente e como política e governante, eu sou contra qualquer forma de violência contra pessoas. Agora, no caso específico da questão da violência, da homofobia, eu acho que é uma ofensa ao Brasil, porque o Brasil é uma sociedade que sempre foi tolerante com a diferença. Então eu fico muito triste de ver que nós temos hoje grandes índices de violência atingindo essa população, principalmente quando se trata de homossexuais, mas também em todas as outras áreas. Acho que a gente tem criminalizar a homofobia. O que eu estou dizendo é que se deve criminalizar a homofobia. A homofobia não é algo que a gente possa conviver.

Após debate, Dilma Rousseff conversa com jornalistas

Saneamento era um atributo exclusivo dos governos estaduais não foi o Governo Federal e mesmo assim nós colocamos R$ 40 bilhões no saneamento. Acho que vou adotar essa sugestão feita, eu acho que pelo Eduardo Jorge, vou continuar com o debate na internet. Não se governa um país com promessas e compromissos. Governa um país explicando propostas, projetos e programas. E aí você é obrigado a dizer aonde, qual é a cobertura da sua proposta. Muitas vezes a cobertura da proposta é inviável. Se eu vou restringir gasto e vou gastar em programas sociais há uma contradição em termos.

19:37

Debate chega ao fim; transmissão do UOL continua

Encerrado o debate, mas a transmissão do UOL continua com os jornalistas Josias de Souza e Mauricio Stycer. O repórter Rodrigo Bertolotto acompanha os candidatos no estúdio do SBT.

Considerações finais de Pastor Everaldo Pereira (PSC)

Minha irmã, meu irmão brasileiro, encerro agradecendo a rede que me colocou nesse debate e dizendo para você que eu reafirmo com clareza e honestidade para você que eu defendo a vida do ser humano desde a sua concepção, sou contra o aborto sem necessidade de plebiscito. Sou contra a legalização das drogas. Sou a favor da família como está na Constituição Brasileira, casamento é homem e mulher. Sou a favor do livre mercado e da livre concorrência. Sou a favor da redução da maioridade penal, sou a favor da liberdade e da meritocracia, sou a favor da liberdade de imprensa e sem marco regulatório, Deus abençoe você, Deus abençoe sua família, Deus abençoe o nosso querido Brasil.

Considerações finais de Luciana Genro (PSOL)

As lutas do nosso povo, principalmente da juventude, tem mostrado que todos querem mais direitos, que não se aceita mais casos como do Amarildo e da Cláudia, que não se aceita mais a criminalização da nossa juventude, que não se aceita mais meios direitos para a comunidade LBGT, por isso eu peço o seu voto e peço que você dê um oportunidade para uma esquerda coerente. O PSOL tem os melhores deputados federais no Congresso Nacional, que têm compromisso com as causas mais importantes do nosso povo e da nossa juventude. Jogar o voto fora é votar num candidato que pode ganhar e que vai te decepcionar. Direitos Humanos não se negocia, direitos sociais não se entrega, é preciso ter lado, o lado do PSOL é o lado do povo, nós estamos juntos com a juventude, com os trabalhadores, com os aposentados, servidores públicos, em defesa de mais direitos e pedimos o seu voto no 50.

Considerações finais de Aécio Neves (PSDB)

Cumprimento os organizadores, os demais candidatos e me dirijo a você, telespectador, telespectadora. Ficou aqui absolutamente claro que temos dois campos políticos, o primeiro do governismo, que fracassou e irá entregar um país pior do que aquele que recebeu há quatro anos atrás. No campo das mudanças, existem várias alternativas, uma, duas aparecem com maior consistência, e uma delas, eu não abro mão de repetir e reiterar que acredito nas boas intenções da candidata Marina, mas ela não consegue superar as enormes contradições vindas do seu projeto, que defende hoje teses que combatia há muito pouco tempo atrás. Eu sou candidato a presidência da República para iniciar um novo tempo no Brasil, um tempo onde haverá respeito ao cidadão brasileiro, onde haverão investimentos adequados a saúde pública, onde a segurança vai voltar a chegar perto da sua casa, onde não existirá mais um estado unitário. A federação será reformada no nosso governo, porque a mudança está por vir, mas nós precisamos mais do que isso saber aonde essa mudança vai nos levar.

Considerações finais de Dilma Rousseff (PT)

Agradeço aos organizadores do programa e quero dizer que quando defendo com ênfase as realizações do meu governo pode parecer que eu estou plenamente satisfeita. Não estou. Mais do que ninguém eu acho que podemos e devemos fazer mais. Eu fui eleita para dar continuidade aos avanços do governo do Presidente Lula. Preparamos também o Brasil para um novo ciclo de crescimento, Brasil mais inclusivo, Brasil moderno, mais produtivo e competitivo, para sermos cada vez mais um país de classe média, para criarmos cada vez mais oportunidades, para melhorarmos e gerarmos empregos cada vez mais de qualidade, para garantirmos estímulos para os empreendedores, fui eleita também para garantir saúde, educação e segurança e quero ser eleita também para isso. Quero dizer que mais do que nunca eu acredito no Brasil e nos brasileiros. Eu acredito em você, telespectador, peço seu voto para o Brasil continuar avançando.

Considerações finais de Levy Fidelix (PRTB)

Os movimentos sociais de junho do ano passado demonstraram a insatisfação do povo, gente, temos uma nova chance de resgatar o que o povo deseja e quer, que é exatamente melhor educação para seus filhos. A saúde do brasileiro, que morre a mingua na beira dos hospitais. A nossa juventude que quer chance e oportunidade, que não tem. Os nossos médicos que querem mais trabalho e trazem só mais médicos do exterior. Queremos mudanças no modelo de desenvolvimento nacional, onde os bancos são os grandes predadores sociais, levam tudo, não sobra dinheiro para nada. Eu quero ser a consciência cívica do povo, gente, não estou aqui para ganhar nada, seu Kennedy de Alencar, estou aqui para defender o povo, mesmo que não venha ganhar, porque dos 213 milhões de habitantes, estou aqui entre. Mudar e mudar. E vamos para a próxima oportunidade, muito obrigado.

Considerações finais de Marina Silva (PSB)

Eu tenho dito que quem vai ganhar essas eleições não são as velhas estruturas. Será uma nova postura. A postura de estar aberto ao diálogo com os brasileiros, de debater as ideias e não ficar apenas fazendo o embate político. É fundamental que cada brasileiro e brasileira não perca sua esperança. Nesse momento há um esforço muito grande de fazer com que você se recolha no medo. Eu tenho dito que não sou pessimista nem otimista, eu sou persistente. E eu aprendi essa persistência com o povo brasileiro que enfrenta o hospital que não lhe atende, que vive em bairros que não tem segurança e que vê agora ameaçado seu emprego pela volta da inflação, pelo baixo crescimento. Eu quero ser presidente do Brasil para que você volte a acreditar na política e não pensar que um, a inteligência de um pode ser mais do que a inteligência de todos.

Considerações finais de Eduardo Jorge (PV)

Foi um debate bastante democrático, mas esse minuto que eu tenho aqui é o que eu tenho na TV, pouquíssimo, para discutir essas teses difíceis, como diz o jornalista, por falta de coragem das lideranças brasileiras. Assim nós criamos o PV de uma forma inovadora, uma forma de multiplicar esses pães e peixes desse um minuto. Todos os dias, terça, quinta e sábado, quando aparecer aqueles um minuto e quatro segundos meus no partido verde na televisão, quando acabar eu vou continuar na Internet ao vivo conversando com quem quiser me criticar, completar, acrescentar, discutir essas teses inovadoras do PV, durante mais uma hora pela Internet. Quero ter a oportunidade de discutir e ouvir as críticas às nossas ideias.

Artistas brasileiros nao tem vergonha de apoiar ditaduras assassinas, mas condenam Israel...

Seria interessante conhecer os nomes dos 55 "artistas" que assinaram a carta.
Devem ser medíocres, mas pelo menos, divulgando seus nomes, os verdadeiros amigos das liberdades democráticas e dos direitos humanos não correriam o risco de comprar alguma obra desses energúmenos algum dia...
Paulo Roberto de Almeida

Colunistas
A arte da fuga
 João Pereira Coutinho
Folha de S.Paulo, 2/09/2014

Quem leva a sério a opinião política dos artistas? Eu não. Deixei de o fazer com a ruína dos regimes totalitários.

Nas pinturas de Isaak Brodsky (sobre Lênin); nos filmes de Leni Riefenstahl (sobre Hitler); e nas telas de Alessandro Bruschetti (sobre Mussolini), a "arte política" deixou um testamento vergonhoso, que passou pela legitimação –melhor: pela exaltação das virtudes de psicopatas.

Exceções, sempre houve. Mas o casamento entre arte e política normalmente deu maus resultados. A "arte pela arte" não é apenas um bordão do século 19. É um conselho prudente para quem tem pretensões de se dedicar a ela.

Por isso ri alto com a carta aberta que 55 artistas enviaram à Fundação Bienal de São Paulo.

Ponto prévio: nenhuma pessoa adulta escreve cartas abertas em manada; quando falamos de artistas, ou pretensos artistas, a coisa ainda soa pior. Ou a arte vive da autonomia individual, ou não vive. Só covardes assinam em manada.

Mas os 55 revoltaram-se com o apoio financeiro que Israel concedeu à Bienal. Não querem dinheiro judeu porque acreditam que esse dinheiro, depois da guerra em Gaza, conspurca as suas integridades estéticas.

Se o dinheiro fosse da Autoridade Palestina, ou até do Hamas, talvez a conversa fosse outra. Não é. É de Israel.

Não vou regressar ao conflito entre Israel e o Hamas, que vive agora a sua trégua clássica antes do próximo confronto. Enquanto o mundo não entender direito a natureza islamita e jihadista do Hamas, não vale a pena gastar latim com o assunto.

Mas talvez não seja inútil fazer uma pergunta meramente teórica: de que vive a arte, afinal?

Arrisco uma resposta: a arte vive da liberdade. Um clichê sem grande importância?

Errado. Parafraseando Saul Bellow, eu gostaria de conhecer o Balzac dos zulus. Não conheço. Se Nova York, Londres ou Berlim são centros de excelência estética, isso deve-se à estabilidade política e à riqueza material de tais cidades.

E mesmo que a arte seja "engajada", o que já me parece uma corruptela da sua vocação, convém que o "engajamento" seja direcionado para os alvos certos.

Os 55 artistas da Bienal falham nos dois planos.

Começando pela liberdade, basta consultar os rankings da ONG Freedom House para 2014. Não vou cansar o leitor com números e mais números. Resumindo, digo apenas: Israel é o único país do Oriente Médio e do norte de África considerado "livre". O resto oscila entre "parcialmente livres" (Tunísia, Líbia, Kuait) e "não livres" (Iraque, Irã, Arábia Saudita).

E, para ficarmos na vizinhança de Israel, é a desgraça: Jordânia, Egito ou Síria continuam antros de repressão. Os 55 artistas, que deveriam defender a liberdade de expressão como quem defende o oxigênio, assinam uma carta contra o único país que respeita essa liberdade em todo o Oriente Médio.

E sobre os direitos humanos? Fato: Israel merece várias linhas de condenação nos relatórios anuais da Human Rights Watch, outra ONG independente. Mas nada que se compare ao comportamento dos mesmos países do Oriente Médio, para não falar da vizinhança em volta.

Um bom indicador do respeito pelos direitos humanos está no tema clássico da pena de morte. Israel aboliu-a para crimes civis. Do Egito à Jordânia, do Líbano à Autoridade Palestina, a execução judicial continua a verificar-se.

Digo "judicial" porque o Hamas, todos o sabemos, prefere fazer as coisas de forma "extrajudicial", fuzilando traidores no meio da rua.

De resto, será preciso dissertar sobre a diferença entre os "direitos" das mulheres ou dos homossexuais em Israel e nos países em volta? Será preciso recordar o histórico de amputações de membros e lapidações de adúlteras que existe por aquelas bandas?

E será preciso acrescentar alguma coisa à selvageria do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que pelo visto não incomoda os 55 artistas da Bienal de São Paulo?

Criticar Israel é legítimo. Nenhum governo está acima da crítica. Transformar Israel em pária internacional é uma forma de cegueira antissemita.

Eu só respeitarei a "coragem" dos 55 artistas no dia em que eles viajarem para Bagdá, Riad ou Gaza e escreverem uma carta contra os governos locais. Em defesa da liberdade e dos "direitos humanos".

Isso, claro, se ainda tiverem mãos para escrever.

João Pereira Coutinho, escritor português, é doutor em Ciência Política. É colunista do 'Correio da Manhã', o maior diário português. Reuniu seus artigos para o Brasil no livro 'Avenida Paulista' (Record) e é também autor do ensaio 'As Ideias Conservadoras Explicadas a Revolucionários e Reacionários' (3 Estrelas). Escreve às terças na versão impressa e a cada duas semanas, às segundas, no sit

Eleicoes 2014: as propostas de politica economica dos tres principais candidatos - Rafael Hotz


Saiba o que pensam os 11 candidatos à presidência sobre economia
Rafael Hotz 
1 de setembro de 2014

Nesse texto iremos analisar as propostas macroeconômicas de todos os candidatos, mostrando quais são seus erros e virtudes. [NOTA PRA: só consideramos aqui os três primeiros, pois os demais são irrelevantes.]
As análises tomam como base os programas arquivados no site do TSE, exceto no caso de Marina Silva, para a qual consideramos o programa liberado em seu site de campanha no dia 29/08.
Focamos apenas nas propostas macroeconômicas por conveniência prática, uma vez que precisaríamos de um livro para cobrir todas as propostas econômicas (e as demais propostas). Os resultados da análise dizem respeito somente a esse tópico específico.
Fornecemos ainda um quadro resumo geral de cada candidato e um gráfico mostrando quão pró-empreendedorismo ou anti-empreendedorismo ele é.
As análises não representam preferência nem intenção de voto do analista (mesmo porque se trata de um único tópico dentre os demais relevantes para uma decisão). A ordem dos candidatos no texto é a mesma da pesquisa IBOPE de 27/8.
Gráfico Resumo
A escala do gráfico varia de “0” (status-quo = candidata do PT = Dilma) até “5” e –“5”.
Temos que “5” é igual ao candidato percebido na análise como o mais pró-empreendedorismo, e todos os candidatos percebidos como mais pró-empreendedorismo do que o status quo são comparados na escala de “0” a “5” com o candidato “5”. O procedimento análogo é feito com o candidato percebido como mais anti-empreendeorismo (igual a –“5”).
As escalas são subjetivas e deste analista unicamente. O “5” e o “-5” não possuem a mesma intensidade (são comparadas separadamente em relação ao “0”). O “5” e o “-5” não representam nem se comparam a um pró ou anti-empreendedorismo ideal. O gráfico não é um Diagrama de Nolan.
Percebemos que o candidato mais pró-empreendedorismo, dentre aqueles considerados mais pró-empreendedorismo do que o status quo, é o candidato Pastor Everaldo. Sua diferença percebida para os demais candidatos é grande somente em relação ao candidato Eymael.
Do outro lado, três candidatos anti-empreendeorismo são considerados do mesmo calibre no extremo, com pequena diferença para a candidata mais próxima. O candidato Levy Fidelix foi considerado do status quo.
Quadro Resumo



Análise das Políticas Macroeconômicas

1) PT – Dilma Rousseff
Começamos com o programa do PT. O documento arquivado na página do TSE não é um programa de governo dividido em tópicos, mas na verdade uma sopa de estatísticas, aspirações e louvores aos feitos de 12 anos de governo PT (sim, os marqueteiros do próprio PT consideraram estritamente necessário vincular Dilma a uma continuação do governo Lula da Silva).
O documento torna até difícil a comparação com as ideias e propostas dos demais, uma vez que o mesmo é majoritariamente escrito no tempo verbal passado e com diversos temas distintos intercalados. Ou seja, bagunçados como as contas públicas federais da gestão Rousseff. Assim sendo, um aperitivo:
“A política macroeconômica defendida nas campanhas eleitorais e executada nos governos do PT e dos partidos aliados é baseada na construção de condições para redução sustentável das taxas de juros; na flexibilidade da taxa de câmbio em patamares compatíveis com as condições estruturais do País; na inflação baixa e estável; no rigor da gestão fiscal; na ampliação do investimento público; no incentivo ao investimento privado e no fortalecimento das parcerias entre Estado e iniciativa privada.”
Olhando o retrovisor, conforme a equipe da Sra. Rousseff deseja, não nos surpreende a debandada de aliados propondo políticas econômicas agora opostas, como Pastor Everaldo e Marina Silva.
A taxa de juros nominal (SELIC) foi reduzida na canetada. Mas justamente pela falta de construção de condições (dentre elas, a redução dos gastos públicos), a mesma teve que ser elevada a patamares praticamente idênticos ao do início da gestão. E ainda sim a inflação supostamente baixa precisa ser manipulada com política tributária para bater no teto da meta…
O câmbio flutuante foi jogado fora. Os dizeres “patamares compatíveis com as condições estruturais do país” reforçam a tese de que o alto escalão do governo acredita que o câmbio deva ser desvalorizado para que supostamente a indústria nacional não quebre – como se a presença de diversos setores industriais em nossa área geográfica fosse o melhor para os consumidores. Ou então para que não haja um bicho papão chamado “doença holandesa”.
Só esqueceram-se de perguntar a qualquer indivíduo consumidor dentro das linhas imaginárias que compõem o Brasil se ele se incomoda ou não com a apreciação cambial, ou se ele se importa com as linhas imaginárias dentro das quais os produtos que ele consome foram produzidos.
O investimento público continua pífio, mesmo tendo havido a Copa (suposta desculpa para diversas obras urbanas superfaturadas) e a inclusão do Minha Casa Minha Vida nas rubricas. O investimento privado foi totalmente desincentivado com a incerteza regulatória gerada no governo Rousseff (vide setor elétrico).
As maravilhosas parcerias entre Estado e iniciativa privada nos brindaram, dentre outras dádivas, com os incríveis campeões nacionais que apenas perdem, além da crise do grupo X. Enfim, o parágrafo é um completo nonsense.
O parágrafo a seguir é o único que menciona a política macroeconômica no tempo verbal futuro.
“Um dos alicerces deste novo ciclo é o fortalecimento de uma política macroeconômica sólida, intransigente no combate à inflação e que proporcione um crescimento econômico e social robusto e sustentável. Crescimento econômico estimulado pelo aumento da taxa de investimento da economia e pela ampliação de um mercado doméstico sólido e dinâmico, e que ocorra sem obstáculos, graças à expansão dos investimentos em infraestrutura. Prosperidade social que seja acompanhada pela geração de oportunidades para todos, por meio dos programas de inclusão dos historicamente excluídos e da educação para elevar a formação e a qualificação científica e técnica de nosso povo.”
Os assessores de Dilma continuam sem entender que, tudo mais constante, há um dilema econômico entre presente e futuro, entre mais consumo e mais investimento.
Mais consumo (“pela ampliação de um mercado doméstico”) significa menos recursos para financiar investimentos. Significa menos crescimento e, por consequência, menos consumo no futuro. Fazem isso há 12 anos (com maior intensidade nos últimos 6) e ainda não perceberam a ineficácia.
Como nada mais é dito no programa, podemos inferir que a proposta do PT se trata de mais do mesmo: o teto da meta de inflação é o alvo, o superávit primário foi descartado, as contas públicas são um labirinto e o câmbio flutuante foi banido.

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2) PSB – Marina Silva
O tardio documento da candidata relâmpago é aquele com o layout mais trabalhado, tendo 124 páginas, cores e divisão em seis eixos. Considerando ainda que a fonte é pequena e as folhas são duplas, é de dar medo: é muita vontade de criar novas regras e exercer poder!
Sua seção sobre economia ocupa 25 dessas páginas. O estilo de escrita, utilizando até gráficos, deixa clara a influência dos economistas associados, mais notadamente Eduardo Giannetti e André Lara Resende. E não só a escrita, como o diagnóstico dado para os problemas econômicos atuais e algumas frases em “economês” e de efeito, como por exemplo:
“Devidamente regulamentados, esses mercados promovem a alocação eficiente de recursos, a diversificação dos riscos, a redução dos custos de transação e a melhora dos padrões de governança corporativa.”
“O governo deixará de ser controlador dos cidadãos, para se tornar seu servidor. Deixará de ver o setor público como o criador da sociedade. O Estado tem de servir à sociedade, e não dela se servir.”
Legal, mas lembremos: falar até papagaio fala! E quem muito fala uma hora se enrola. Aliás, esse lembrete é o mais importante quando lemos o programa da Sra. Silva.
Parte do programa econômico versa sobre questões macroeconômicas, parte sobre questões microeconômicas, como por exemplo, política energética, e parte sobre coisas como economia de baixo carbono, preservação ambiental, desigualdade de renda e coisas do gênero. Comentaremos a parte macroeconômica, assim como algum outro tópico relevante.
“• Recuperar o tripé macroeconômico básico, que implica:
1) trabalhar com metas de inflação críveis e respeitadas, sem recorrer a controle de preços que possam gerar resultados artificiais, e criar um cronograma de convergência da inflação para o centro da meta atual;
2) gerar o superávit fiscal necessário para assegurar o controle da inflação − a médio prazo, os superávits devem ser não só suficientes como também incorporados na estrutura de operação do setor público, de tal maneira que possam ser gerados sem contingenciamentos.
3) manter a taxa de câmbio livre, sem intervenção do Banco Central, salvo as ocasionalmente necessárias para eliminar excessos pontuais de volatilidade, com vistas a sinalizar para o mercado que políticas fiscais e monetárias serão os instrumentos de controle de inflação de curto prazo.”
Ok, metas críveis e respeitadas, mas qual é a meta? Ao que parece é a meta atual de 4,5% mesmo… Nesse quesito é válida e Lei de Tiririca, pior que está não fica. Menos mal.
Ok, os superávits supostamente serão feitos, e mais para frente não haverá mais o golpe do contingenciamento de recursos, finalmente havendo um orçamento crível logo quando de sua elaboração? Ótimo, queremos ver.
Câmbio flutuante… Pera, câmbio que flutua, mas que quando eu quiser ele não flutua mais? Bom, a Lei de Tiririca é válida novamente, menos mal.
“• Assegurar a independência do Banco Central o mais rapidamente possível, de forma institucional, para que ele possa praticar a política monetária necessária ao controle da inflação. Como em todos os países que adotam o regime de metas, haverá regras definidas, acordadas em lei, estabelecendo mandato fixo para o presidente, normas para sua nomeação e a de diretores, regras de destituição de membros da diretoria, dentre outras deliberações. O modelo será mais detalhado após as eleições, com base em debates já avançados sobre o tema.”                                                                                                                                        
Um limite efetivo e real sobre o poder de atuação do Banco Central, no entanto, é muito mais importante do que independência operacional.
Um Banco Central comandado por analfabetos econômicos de forma operacionalmente independente, com poucas restrições à sua atuação, é muito pior do que um Banco Central cuja emissão de moeda é proibida por seu estatuto ou fixada a uma taxa muito baixa.
No mais, a equipe da Sra. Silva se esquivou. Possuem a desculpa da pressa de elaboração do documento e a candidatura inesperada.
“• Acabar com a maquiagem das contas, a fim de que elas reflitam a realidade das finanças do setor público.
• Reduzir a dívida modificada − definida como dívida bruta menos reservas −, evitando-se artifícios que contribuam para realizar gastos sem elevar o déficit primário ou o endividamento líquido do setor público.”
Contas públicas transparentes e sem truques é o bê-á-bá. Reduzir dívida bruta? Ok, mas como? Aumento de impostos? Ou corte de gastos? Ficamos esperando mais dicas…
“• Corrigir os preços administrados que foram represados pelo governo atual, definindo regras claras quando não existirem.
• Reduzir o nível de indexação da economia.”
A correção de preços administrados é algo que deve ser feito imediatamente, para que tenhamos noção do estrago feito por tal intervenção. Os setores afetados (principalmente gasolina e energia) precisam saber quanto vale seu produto e quanto se descapitalizaram com o experimento da gestão Rousseff. E de quebra precisamos saber qual foi a conta que deverá ser paga.
Quanto à indexação, ela será reduzida assim que o mercado passar a acreditar em cenários macroeconômicos mais previsíveis e com inflação mais baixa. Indexação nada mais é do que um hedge contra a inflação – qualquer pessoa racional irá utilizá-la enquanto houver inflação.
“• Criar o Conselho de Responsabilidade Fiscal (CRF), independente e sem vinculação a nenhuma instância de governo, que possa verificar a cada momento o cumprimento das metas fiscais e avaliar a qualidade dos gastos públicos. O propósito será acompanhar a execução do orçamento da União, aprovado pelo Congresso Nacional. Além de tratar do andamento de receitas e despesas ao longo do ano, este órgão deverá evoluir em direção à análise de horizontes mais longínquos e fornecer instrumentos para o planejamento público, de caráter transversal, a longo prazo. Os quadros desse conselho deverão ser escolhidos por critérios técnicos, com regras transparentes, estabelecidas em lei e aprovadas pelo Congresso.”
Poxa, temos TCU (Tribunal de Contas da União), CGU (Controladoria Geral da União), Ministério do Planejamento, Ministério da Fazenda e precisamos criar mais um órgão de controle fiscal para que haja controle das contas públicas? Tá de sacanagem né? É mais fácil reduzir a quantidade de dinheiro que passa por Brasília…
“Nossa coligação assume o compromisso de encaminhar ao Congresso Nacional proposta de emenda constitucional que reformule profundamente o sistema tributário orientada pelas seguintes diretrizes: não-aumento da carga, simplificação dos tributos, eliminação da regressividade, redução da taxação dos investimentos, justiça tributária, transparência e melhor repartição das receitas entre os entes federados.
Antes de tudo, cabe destacar o compromisso com a simplificação de impostos, contribuições e procedimentos das empresas. Reduzir o número de tributos e tornar mais simples seus cálculos e os procedimentos para recolhimento são princípios essenciais da reforma.”
Mais acima notamos que a equipe da Sra. Silva quer reduzir a dívida bruta (aumentar o superávit primário). Agora diz que não pretende aumentar impostos. Só não li em parte alguma que pretendem reduzir gastos! Redução no programa, apenas de emissões de carbono… Quem muito fala acaba se entregando…
Eliminar regressividade combinada com a redução de taxação de investimentos (pessoa jurídica) e manutenção da carga tributária só pode significar uma coisa: as alíquotas mais altas do IRPF subirão e tributos indiretos cairão! E não se surpreendam se um “imposto sobre grandes fortunas” aparecer…
Sim, poderia ser pior: todos poderiam pagar mais os impostos para fazer superávit primário. Mas também poderia ser melhor: os impostos poderiam cair para todos, assim como a regressividade, caso os gastos públicos caíssem. Mas o programa não prevê explicitamente corte de gastos…
No mais, simplificação de tributos é bom, todos prometem, mas ninguém nunca consegue fazer. Menos mal.
“Resumidamente, alguns problemas do mercado de crédito atual devem ser resolvidos em nosso governo. São eles: 1) subsídios não transparentes ao crédito; 2) acesso discricionário para as grandes empresas a partir de bancos públicos; 3) custo do crédito muito elevado, especialmente para a população mais pobre.
O último item merece análise mais detida. O Brasil trabalha com elevados spreads bancários – spread é diferença entre as taxas de juros cobradas de tomadores de crédito e as pagas a quem investe dinheiro no banco. Os motivos principais disso são: impostos altos, regulação inadequada, taxa básica de juros quase sempre elevada e baixo nível de informação sobre potenciais tomadores de crédito.”
Um adendo: a equipe de economistas da Sra. Silva está errada quando diz que a taxa básica elevada é causa do spread alto, quando o próprio spread é a diferença entre a taxa básica paga e a taxa cobrada na ponta.
Por regulação inadequada espero que a equipe da Sra. Silva lembre das regulações bancárias de Basiléia, que isentam os títulos públicos de requerimentos de capital e oneram o crédito ao setor privado. Além disso, eu acrescentaria falta de competição: mas para isso é necessário políticas macroeconômicas estáveis que permitam vinda de recursos do exterior…
“Diante desses problemas, devemos caminhar gradualmente para um sistema no qual o crédito público para empresas seja complementar, e não inibidor do sistema de crédito privado, focando em negócios com as seguintes características: 1) empresas pequenas e nascentes; 2) projetos inovadores ou com alto impacto social; 3) projetos de maturação muito longa que exijam alto volume de recursos, como obras de infraestrutura.”
Em outra oportunidade, criticamos justamente um bem intencionado economista mainstream que defendia direcionamento de crédito público para estas atividades. Repetindo, falar em subsídios para a “inovação” ignora o fato básico de que os recursos são escassos, e um dado nível de renda e consumo demanda uma determinada previsibilidade de oferta.
No mais, a atividade empresarial nada mais é do que inovação constante. O combustível para essa inovação consiste nos lucros potenciais gerados ao atender eficientemente demandas de consumidores até então não atendidas ou demandas sequer concebidas.
A inovação pode vir de qualquer empresa, nova ou velha, pequena ou grande. Para haver inovação, basta haver ausência de barreiras legais para empreender. Se a gestão Rousseff errava para um lado, a equipe da Sra. Silva parece querer errar para outro. Small not always is beautiful.
“Os subsídios ao crédito agropecuário e aos programas de habitação popular deverão continuar, mas com maior participação dos bancos privados, evitando subsídios não computados e ineficiências na alocação. A transição deve ser gradual, para que não se provoque redução de investimentos, quando o objetivo é ampliá-los. Nessa perspectiva, pretendemos desenhar um sistema de incentivos para investimentos em debêntures, propiciando mais fontes de crédito acessíveis ao setor privado (por exemplo, alterando a regulação de fundos de pensão), e para empréstimos de longo prazo dos bancos privados para empresas.”
Mais do mesmo? Ademais, como se quer evitar ineficiências na alocação de recursos quando está se fazendo algo que por si só é ineficiente – dando um subsídio?
“Quanto ao custo do crédito, é possível reduzi-lo, especialmente para as camadas mais pobres da população, atuando ao mesmo tempo sobre as várias causas do alto spread. Propomos a redução de impostos, em particular a eliminação do IOF sobre empréstimos, e do nível de reservas compulsórias. Além disso, reformularemos o mercado de crédito de tal forma que, gradualmente, se eliminem os direcionamentos obrigatórios, e regulamentaremos a garantia guarda-chuva (na qual um mesmo bem garante todas as operações de crédito de um cliente, o que gera impacto importante nos juros do cartão de crédito e do cheque especial) e o cadastro positivo.”
A equipe da Sra. Silva quer reduzir os depósitos compulsórios sobre que tipo de depósito? Depósitos à vista são contratos de custódia e deveriam possuir compulsório de 100%, para que não houvesse reservas fracionárias. Já os depósitos a prazo e depósitos em poupança não deveriam ter compulsório, uma vez que consistem em contratos de empréstimo, ao menos em teoria [1].
No mais, o fim dos direcionamentos obrigatórios é um must e afetará diretamente as taxas de juro livre. Mais sobre isso ao comentar outros candidatos…
Em linhas gerais, podemos ver o programa da candidata Sra. Silva como uma tentativa de volta ao primeiro governo Lula, adicionando uma disposição para reformas microeconômicas… A ela resta o benefício da dúvida…

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3) PSDB – Aécio Neves
O programa do candidato Sr. Neves também é um documento dividido em tópicos, facilitando o trabalho do leitor. O programa ainda é claro no que diz respeito às propostas. Vamos a elas.
“1. Autonomia operacional ao Banco Central, que irá levar a taxa de inflação à meta de 4,5% ao ano. Uma vez atingida, a meta será reduzida gradualmente, assim como a banda de flutuação, atualmente em mais ou menos 2%. O Banco Central deverá também suavizar as flutuações do ciclo econômico e zelar pela estabilidade financeira.”
O PSDB ao menos se compromete formalmente em restaurar os pilares macroeconômicos básicos que foram utilizados no período de estabilidade (2003 até 2010). Reduzir a tolerância à inflação de preços é algo positivo, bem como a redução da banda de flutuação do regime de metas.
Ainda sim, o programa é muito tímido do ponto de vista da Escola Austríaca. Considerando tudo mais constante, a inflação de preços é causada pelo aumento na oferta monetária, esta efetuada pelo Banco Central e pelo sistema de reservas fracionárias nos bancos comerciais, o qual o primeiro é capaz de influir.
Um programa que realmente quisesse promover estabilidade macroeconômica deveria inicialmente congelar a base monetária, o que implicaria no fim da emissão de moeda pelo Banco Central. Isto implicaria no fim da compra de dívida pública por parte do Banco Central (calote inflacionário).
Numa economia que cresce, os preços caem conforme as coisas se tornam mais abundantes. Não deveria haver piso positivo para a meta de inflação de preços – de fato, sequer deveria haver uma meta de inflação de preços!
Tudo mais constante, como consequência, teríamos um câmbio continuamente em apreciação, uma vez que os demais governos continuam a imprimir moeda e desvalorizar seu câmbio. O ganhador seria o brasileiro comum, que veria cada vez mais ampliado seu acesso a bens e serviços importados, melhorando seu padrão de vida.
As indústrias teriam acesso a insumos baratos advindos do exterior. Os setores mais eficientes seriam os que sobreviveriam. Os setores não competitivos iriam à falência, porém isto é algo positivo: os insumos até então utilizados por eles ficariam à disposição de outros setores, possibilitando um aumento de produção sem pressão nos custos.
“2. Geração de um superávit primário suficiente para, gradualmente, reduzir as dívidas líquida e bruta em comparação ao PIB. Este superávit poderá ser ajustado para refletir o movimento cíclico da economia.”
Aos leigos: superávit primário é quanto o setor público poupou para pagar dívida. Sem ele, caso o governo arrecade menos do que gasta (a norma), o governo terá que confiscar recursos via emissão de moeda (inflação) ou postergar o problema via emissão de mais dívida pública.
O programa é bem vindo no sentido de que propõe reduzir a divida bruta em relação ao PIB. No entanto, o programa é muito tímido e pouco claro caso seja criticado do ponto de vista da Escola Austríaca.
O suposto gradualismo confere uma discricionariedade muito grande ao governo. Ele pode aumentar pouco ou até mesmo não aumentar o superávit caso julgue adequado.
Uma “adequação cíclica” do superávit implica duas coisas. A primeira é não entender como se dão os ciclos econômicos. Os mesmos são iniciados com a emissão de moeda por parte do próprio sistema bancário, gerando inicialmente uma falsa sensação de prosperidade.
Com mais moeda no sistema, as taxas de juro são artificialmente deprimidas e a inflação de preços começa a aparecer. A dívida pública é monetizada, os poupadores são confiscados e o governo ganha mais acesso a recursos. O ciclo econômico é justamente a morfina que permite ao governo gastar mais e sair impune. Ou seja, confunde-se causa com consequência.
A segunda é crer que um aumento no déficit público pode ser algo bom, dependendo das circunstâncias.
Déficit público mais elevado significa drenar recursos do setor privado em direção ao governo. É simplesmente nonsense acreditar que num momento de dificuldades pode ser eficaz enviar recursos a uma entidade necessariamente ineficiente, que não efetua cálculo econômico racional (não é capaz de destinar recursos para produzir sem desperdícios aquilo que mais se demanda).
“3. Inclusão, no cálculo dos gastos públicos do governo, de todas as despesas, subsídios e desonerações, sem uso de quaisquer artifícios. Esta é uma necessidade absoluta para a construção de um regime macroeconômico robusto. Mais do que isso, é também uma condição básica para o funcionamento de uma democracia, que não admite espaços para gastos públicos extra orçamentários.”
Aqui estamos de acordo. A contabilidade criativa instaurada na gestão Rousseff gera incerteza regulatória e afasta investimentos. O próprio governo deveria entender que ao tentar “ser malandro” ele afasta compradores de sua própria dívida, tendo que pagar um prêmio adicional para captar recursos junto ao mercado.
“4. Criação de ambiente de segurança jurídica, com respeito aos contratos, e de atração de investimentos para o país.”
De acordo. A Incerteza regulatória instaurada na gestão Rousseff afasta investimentos e reduz o crescimento. Trata-se do bê-á-bá.
“5. Minucioso esforço de acompanhamento e avaliação do gasto público, que dê transparência ao processo e permita o contraditório.”
Acompanhar, avaliar, isso todo mundo faz. E quanto a cortar? Seria esse o “contraditório”? Seria medo do PSDB em falar aquilo que quer fazer? Ou eles sequer têm algo a prometer quanto a isso?
No mais, reduzir gastos públicos é essencial. Significa que o governo poderá emitir menos moeda, arrecadar menos impostos e emitir menos dívida. Significa taxas de juro mais baixas e mais dinheiro no bolso do brasileiro. Ao menos não deixam explícito que vão aumentar. Mas nunca duvide…

[NOTA PRA: o texto continua na análise das propostas econômicas dos candidatos nanicos, mas não há necessidade de considerá-las, mesmo se as propostas possam apresentar algum valor intrínseco – como por exemplo, o liberalismo de fachada do Pastor Everaldo, que acredito nem ele saiba bem o que é – pois eles não têm nenhuma chance de influenciar as políticas econômicas.]

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