sábado, 4 de outubro de 2014

O valor do voto na democracia - Paulo Roberto de Almeida


O valor do voto na democracia
Paulo Roberto de Almeida

A democracia foi definida, por Winston Churchill, como o pior dos regimes políticos, à exceção de todos os demais. De fato, ela não é a solução-milagre para todos os problemas sociais e econômicos que um povo enfrenta no caminho da prosperidade. Mas é ela que permite, de forma racional e pacífica, ainda que de maneira delongada e não isenta de confronto de opiniões, a busca de soluções para os principais problemas da sociedade, através dos mecanismos de representação política.
As prioridades mais comuns na vida das pessoas são: segurança na esfera privada, garantia de que os bens não serão tomados ou expropriados de forma ilegal, boas condições de habitação e de transportes, um emprego capaz de garantir sua manutenção e a de familiares, possibilidades de ascender na vida pelo trabalho honesto e  o acesso a cuidados razoáveis de saúde. A condição para que estes objetivos sejam alcançados é o nível de desenvolvimento social. Os elementos essenciais para a prosperidade de um povo são dados por um conjunto de requerimentos usualmente encontráveis nas democracias de mercado.
1) Estabilidade macroeconômica: ou seja, inflação baixa, valor de compra da moeda preservado, contas públicas equilibradas, juros e câmbio regulados mais pelo próprio mercado do que pelas manipulações dos governos.
2) Competição microeconômica: ambiente aberto à livre concorrência entre indivíduos e empresas, mediante inovações tecnológicas, sem a ação de monopólios e carteis; a competição saudável é a melhor garantia de que os consumidores terão bons produtos a preços acessíveis.
3) Boa governança: instituições sólidas, responsáveis e controladas por órgãos independentes e pela própria cidadania; justiça disponível a todos, rápida e justa; ampla segurança na defesa do patrimônio e respeito aos contratos; os representantes do povo devem ser abertos à verificação de suas ações, por meio da mais ampla e transparente publicidade no exercício de suas funções.
4) Alta qualidade dos recursos humanos: a boa educação para crianças e jovens, nos níveis básico, médio e técnico-profissional, é a garantia de que o país poderá prosperar mediante ganhos de produtividade e inovações tecnológicas; essa é a base mediante a qual se fazem boas universidades e instituições de pesquisa; todos devem ter acesso igualitário a uma educação de qualidade.
5) Abertura ao comércio e aos investimentos estrangeiros: os países mais ricos são aqueles mais abertos ao comércio internacional e aos capitais produtivos, sem discriminações falsamente nacionalistas; mais importante, aliás, do que o comércio de bens é o intercâmbio de ideias; a sua diversidade faz a riqueza de um povo.
Tais requisitos são mais comuns num ambiente democrático e numa economia de mercados livres do que em regimes fechados e dotados de um sistema político pouco. transparente.

Paulo Roberto de Almeida
[Tacoma, WA 9 de setembro de 2014]

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Estado Islamico: mulheres transformadas em escravas sexuais (Bloomberg News)

Acho que não é mais o caso de diálogo pacífico, não é mesmo?
Mas quem sabe uma simples nota ajudaria?
Paulo Roberto de Almeida 

Women Herded, Sold to Teens as Prize for Fighting With Islamist Terrorists

By Sangwon Yoon
Bloomberg News, October 02, 2014 11:41 AM EDT


Islamic State extremists have herded hundreds of women to be given to its fighters in Syria as a reward or sold as sex slaves and have summarily executed women in professions, according to the United Nations.
About 500 women and girls of the Yezidi and Christian minority communities were given to Islamic State fighters or trafficked for sale in markets in Mosul in Iraq and Raqqa in Syria, according to a report published today by the UN mission in Iraq and the world body’s human-rights office in Geneva.
“Women and girls are brought with price tags for the buyers to choose and negotiate the sale. The buyers were said to be mostly youth from the local communities,” according to the 29-page report, which cites testimony from witnesses and surviving victims. “Apparently ISIL was ‘selling’ these Yezidi women to the youth as a means of inducing them to join their ranks.” ISIL is an acronym for Islamic State’s former name.
The report is the UN’s second official one on acts committed by the Sunni extremist group and its affiliates that may amount to war crimes and crimes against humanity. The beheading of two American journalists and a British aid worker helped trigger the formation of a U.S.-led international coalition that’s helping Kurdish and Iraqi government forces combat the extremist group.
The extremist militant group and its affiliates treat women “particularly harshly,” adding to a long list of “gross human-rights abuses” that include murder, physical and sexual assault, robbery and forced expulsion, according to the report.

’Terrifying, Staggering’

Militants killed a female candidate in the general election in July and the next day abducted a candidate running for local office, the UN said in the report. Islamic State also ordered hospitals to instruct married women doctors to wear black, while unmarried females wore other colors so they are easily distinguishable.
The UN estimates that at least 8,493 civilians have died in the Iraqi conflict so far this year, and 1.8 million Iraqis remain uprooted from their homes.
“This report is terrifying,” Nickolay Mladenov, the UN’s envoy to Iraq, said today in an e-mailed statement. He said hundreds of other allegations weren’t included because they hadn’t yet been sufficiently verified. “Iraqi leaders must act in unity to restore control over areas that have been taken over by ISIL and implement inclusive social, political and economic reforms,” he said.

International Court

Zeid Ra’ad al-Hussein, the UN’s human rights chief, condemned the “staggering” array of abuses. He recommended that the Iraqi government accede to the Rome Statute, a treaty that established the International Criminal Court and requires all states that are parties to it to cooperate with the court on war crimes.
Zeid, a former Jordanian diplomat who is the first Arab and Muslim to hold the post, cited a Sept. 19 letter by 126 Muslim scholars to the head of Islamic State to emphasize that such acts aren’t endorsed or permitted by Islam.
The letter “clearly states that in Islam it is forbidden to kill the innocent, or to kill emissaries, ambassadors and diplomats -- hence, also journalists and aid workers; torture and the reintroduction of slavery are also forbidden, as are forcible conversion, the denial of rights to women and a multitude of other acts being carried out,” Zeid said in an e-mailed statement.
To contact the reporter on this story: Sangwon Yoon in United Nations atsyoon32@bloomberg.net
To contact the editors responsible for this story: John Walcott atjwalcott9@bloomberg.net Larry Liebert, Mark McQuillan

Retratos do debate politico no Brasil: um leitor furioso e que não se envergonha de ser ofensivo: Astolfo Tinto

Este espaço de debate está sempre aberto ao... debate, mas, como eu gosto de sublinhar, ao debate inteligente, ou seja, fundamentado, e se possível bem argumentado.
Nem sempre isso ocorre, e na verdade, de vez em quando ocorre exatamente o contrário, ou seja: leitores incomodados com o que eu escrevo e que se manifestam com toda a sua, como direi, elegância cerimonial, apenas para ofender, sem argumentos...
É o caso deste cidadão obscuro (sob falso nome), a quem não conheço, e que me escreve numa postagem que não tem absolutamente nada a ver com o que ele trata, que seria o fato de eu ser um "babaca presunçoso", em suas próprias palavras.
Como os xingamentos não me intimidam, eu tenho o "prazer" de colocar aqui na íntegra as suas palavras, que foi enviada em comentário a esta postagem (que obviamente não tem nada a ver com seu comentário):

http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/cuba-minha-primeira-experiencia-com-o.html

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Cuba: minha primeira experiencia com o Facebook

- See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/cuba-minha-primeira-experiencia-com-o.html?google_comment_id=z13isxj4mqjghlcwa04cgtvjotzsu52iosc0k&google_view_type#gpluscomments
Eu poderia simplesmente apagá-la, mas acho que o Astolfo Tinto (que mais provavelmente faz parte do exército de mercenários que infestam os espaços da internet a serviço da causa totalitária) merece essa distinção momentânea, a de ser distinguido com a postagem dos seus brilhantes comentários.
Por enquanto nada vai ocorrer com ele (embora seja possível chegar até ele, se assim desejar), mas ele provavelmente vai ter o trabalho de adotar um outro nome para continuar o seu serviço sujo.
Pessoas assim trabalham contra a democracia no Brasil, a serviço de uma causa totalitária, e apenas demonstram sua total falta de conhecimento histórico ao misturar alhos com bugalhos.
Sua função é apenas intimidar e incomodar.
Eu não me intimido e nem me incomodo.
Ao contrário, acredito que pessoas assim servem para demonstrar aos ainda ingênuos e desinformados o que está por trás dos neobolcheviques totalitários que pretendem manter o monopólio do poder no Brasil.
Vão ter de se esforçar muito, pois a sociedade brasileira já está vacinada contra esse tipo de ação deletéria, que aliás ajuda a afastar os mercenários, e a reforçar a luta dos democratas.
Eis a mensagem do "Astolfo":

Astolfo Tinto

26 minutos atrás  -  Compartilhada publicamente
Caro,
Sua posição de considerar que um filiado a um partido político entrega sua consciência ao partido é burra e vaidosa. Para derrotar o nazismo foram  essenciais as forças armadas aliadas, as quais nunca funcionariam se os bravos soldados pensassem como você. Continue escrevendo, mas parece que não compreende as forças maiores que permitem o seu trabalho. Você não passa de um babaca presunçoso
.

Retomo (PRA):
O que será que eu posso dizer ao "Astolfo"?
Provavelmente nada, ou pelo menos que eu não sou "Caro" dele por nenhum motivo.
Ao contrário: ele deve me odiar.
Sem ser filiado a qualquer partido, eu empreendo um trabalho intelectual absolutamente livre, sem nenhum mestre pagador acima de mim, e sem precisar me esconder atrás de um nome de fantasia.
O "Astolfo" vai continuar fazendo seu trabalho sujo, e eu me pergunto como é que ele se vê no espelho toda manhã: como um combatente da justa causa?
Ou como um simples mercenário a soldo, como ele verdadeiramente é?
Bem, pelo menos todos ficamos avisados agora sobre o caráter desse legionário das sombras...
Paulo Roberto de Almeida

Eleicoes 2014: posicao do Partido NOVO: nota e hangout com Joao Amoedo

Sem ser membro do Partido NOVO -- por uma razão já explicada aqui: eu nunca serei membro de nenhum partido, porque pretendo manter minha total e permanente autonomia de pensamento e de ação, em qualquer direção e sobre qualquer assunto -- acredito que essa nova formação política apresenta, na selva fisiológica que é o sistema partidário brasileira, a melhor opção que um defensor das liberdades democráticas, econômicas e políticas pode ter, hoje, no cenário político brasileiro.
Por isto me permito colocar aqui um link para uma entrevista com o seu presidente, João Dionísio Amoedo, em debate com os Estudantes pela Liberdade, em 2/10/2014, e uma nota liberada pelo partido em sua página no FB.

Dionisio Amoedo: O Que Esperar das Eleições 2014?

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Transmitido ao vivo em 02/10/2014
Nós liberais, o que podemos esperar para as eleições de 2014?

Joao Dionisio Amoedo é atual Presidente do Novo. Engenheiro Civil pela UFRJ e Administrador de Empresas pela PUC-RJ, trabalhou no Citibank, BBA Creditanstalt, Finaustria e Unibanco. Membro do Conselho de Administração do Itaú-BBA e da João Fortes Engenharia.

Por Débora Góis, conselheira executiva dos Estudantes Pela Liberdade.
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Neste link:
 https://www.youtube.com/watch?v=awPov2eq1Ts

Nota divulgada pelo partido NOVO em 3/10/2014:

O NOVO acredita que precisamos mudar o modelo de Estado que temos no Brasil.

Precisamos de um governo que devolva poder e autonomia ao cidadão, reduzindo o escopo de atuação do Estado.

Este não nos parece ser o objetivo dos principais candidatos à Presidência da República, mas julgamos importante trocar quem está no governo, livrando o Brasil de um projeto de poder que coloca a máquina pública a serviço de um Partido, não do cidadão.

O comprometimento do NOVO, nestas eleições, não é com um nome ou uma candidatura, mas com uma ideia: é nosso dever preservar, com o voto, as instituições democráticas.

Desejamos a você uma decisão sábia na escolha de seu presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual neste domingo.

Eleicoes 2014: o que os liberais podem esperar delas? Talvez pouco... - Paulo Roberto de Almeida

Nota preliminar, importante: Não me classifico como liberal, ou como qualquer outra coisa. Acho que todo rótulo, toda definição sintética, todo e qualquer tipo de classificação conceitual, sobretudo em matérias políticas ou econômica, são necessariamente redutores, quando não simplistas.
Certamente que, tendo vindo do marxismo estatizante, e evoluido com base na simples racionalidade instrumental, nas leituras e nas experiências de vida -- sobretudo depois de ter conhecido TODOS, sublinho todos, os capitalismos realmente existentes, avançados ou atrasados, e todos os socialismos, reais, surreais e esquizofrênicos -- hoje eu sou muito mais liberal em matéria econômica do que era em minha juventude, quando aderia (pelas leituras universitárias, obviamente) às soluções simplistas do socialismo igualitário e estatizante, e reconheço que os mercados livres podem fazer muito mais pela prosperidade dos povos e nações do que os regimes fortemente centralizados.
Mesmo aceitando que algumas soluções podem ter de ser inevitavelmente estatais -- provavelmente em matéria de educação e saúde, mas ainda aqui combinadas a soluções de mercado -- acredito que o Estado deva funcionar o mais possível em condições de competição market-like, ou seja, com abertura e transparência, custo-benefício, preços e retornos aferíveis.
Tendo feito esta longa introdução ao texto abaixo, vou postá-lo, alertando que preparei, preventivamente à pergunta efetuada pelos Estudantes pela Liberdade, como um guia pessoal de conduta, e um esclarecimento preventivo quanto ao próximo pleito.
Ou seja, não espero, e não esperem, muito dele.
As eleições NÃO vão dar o que o Brasil precisa, que seria uma reforma completa de seus fundamentos econômicos, administrativos, educacionais, culturais.
Mas, elas podem pelo menos nos ajudar a AFASTAR o que não serve, e eu digo imediatamente, o que NÃO nos serve: uma máfia totalitária, corrupta e mentirosa, instalada no poder, explorando a ingenuidade dos pobres e a conivência dos espertos e dos muito ricos.
Se ela permitir pelo menos isso, já será um ganho...
Paulo Roberto de Almeida


O que os liberais podem esperar das eleições de 2014?

Paulo Roberto de Almeida


Numa visão preliminar em torno das propostas apresentadas até aqui pelas três principais candidaturas (ou seja, as viáveis), a resposta mais realista seria esta: nada, ou muito pouco. Com efeito, todos os candidatos prometem aprofundar, manter, reforçar os existentes, e iniciar novos programas com benefícios sociais para todos e cada um. Todos prometem combater a inflação – uma preocupação que voltou a assombrar os brasileiros nos últimos três anos, pelo menos – e dizem querer garantir investimentos e empregos, sempre com a mão visível (já bastante pesada) do Estado como o principal indutor dessas políticas. Em outros termos, nada que possa entusiasmar os partidários de menos Estado e mais mercados, como devem ser os liberais, não é mesmo?
Vistos de perto, porém, os programas e as propostas desses candidatos possuem matizes entre si, sobretudo em suas declarações e entrevistas sobre temas específicos da agenda econômica. Com exceção da candidata governista, que promete manter as mesmas políticas de benefícios sociais – o que deixa supor que as mesmas ferramentas usadas até aqui continuarão a ser mobilizadas num eventual segundo mandato, talvez com as mesmas consequências, de menos crescimento e mais inflação – a candidata “sustentável” e o candidato socialdemocrata podem corrigir os equívocos mais nefastos dos atuais proponentes da “nova matriz econômica” (o que seria isso?), cujo efeito mais importante, na verdade, foi mais intervencionismo governamental, com cada vez menor eficácia. A razão principal parece residir num erro de diagnóstico dos keynesianos de botequim encarregados dessa política: eles acreditam que o principal problema da economia brasileira seja a insuficiência da demanda – e lá vão eles com nova expansão do crédito ao consumidor, que deve provocar mais inflação – quando os conselheiros econômicos da oposição acreditam que ele esteja na insuficiência da oferta, ou seja, a falta de investimentos (o que, aliás, é notório para quem quer que olhe os números).
A última novidade criada pela candidata governista foi prometer criar um novo tipo de crédito, para bicicletas, com o quê todos sairão felizes com a “bike” comprada em “dez vezes sem juros”. Os gênios governamentais se esquecem de que foram eles mesmos que criaram o problema, ao aumentar as tarifas de importação sobre as bicicletas chinesas que estavam sendo vendidas no mercado brasileiro, a preços bem mais em conta do que as equivalentes nacionais (mas isso vale para tudo, pois todos sabem que, em função da voracidade do ogro fiscal, o “custo Brasil” se torna cada vez mais pesado para todos os produtores brasileiros). Ou seja, o governo tornou as “bikes” nacionais e estrangeiras mais caras pelo seu protecionismo comercial desenfreado e agora quer endividar ainda mais os pobres consumidores brasileiros com oferta de mais crédito para comprar produtos que poderiam ser mais baratos, seja sem impostos de importação tão elevados, seja mantendo a esquizofrenia econômica do “custo Brasil”.
Liberais verdadeiros prometeriam abertura comercial, não é mesmo? Mas os dois candidatos de oposição prometem apenas “rever o Mercosul” e negociar tratados comerciais com os principais parceiros do Brasil. O que isso quer dizer? Pouco, ou quase nada. A liberalização comercial e a abertura aos investimentos do início dos anos 1990 fez mais para a competitividade e a melhoria da oferta interna de bens industriais do que todas as políticas comerciais e industriais de décadas passadas, mas elas foram breves e, sobretudo, se esgotaram com o “soberanismo econômico” dos governos lulo-petistas, que na verdade conseguiram reprimarizar as exportações brasileiras e reduzir o peso da indústria na composição do PIB. Liberais verdadeiros fariam políticas setoriais válidas para todos, não os remendos e puxadinhos que caracterizaram as improvisações econômicas dos companheiros no poder. Esse keynesianismo rústico só nos conduziu a impasses e a uma situação deplorável, quando comparada aos países que crescem.
A candidata “sustentável” surpreendeu a todos prometendo um “independência” para o Banco Central, o que foi julgado uma heresia perigosa pela candidata governista, que com toda a má-fé de que são capazes marqueteiros desonestos alertou que isso iria tirar comida dos pratos dos brasileiros. Não considerando a mentira deslavada, o que isso teria a ver com uma orientação liberal na economia? Também muito pouco, a menos que a candidata também prometesse que juros e câmbio iriam ser determinados essencialmente pelas forças de mercado, mais do que por considerações de governo. Ou seja, um banco central independente – mas comprometido com resultados que devem ser fixados por um Conselho Monetário também independente, com prestação regular de contas ao Congresso – pode, eventualmente, atuar mais energicamente no combate à inflação, e na defesa do poder de compra da moeda, como é o seu dever, do que um que ache que crescimento e emprego são objetivos das autoridades monetárias, e não do próprio governo, com políticas fiscais e setoriais adequadas.
O candidato socialdemocrata, por sua vez, já anunciou quem seria o seu ministro da Fazenda, o mesmo que estabilizou o real em 1999, que reequilibrou as contas externas em 2000, e que preparou as condições para a retomada do crescimento logo após, perspectiva perturbada porém pela crise argentina, pelos problemas energéticos, logo em seguida, e pela própria campanha eleitoral de 2002, quando as ameaças de “mudar tudo” levaram o dólar e a inflação para as alturas e deram um tombo enorme nos títulos da dívida externa brasileira. Trata-se de uma boa escolha, mas o candidato a ministro das finanças é realista, e sabe que não poderá fazer um “choque liberal” na economia, pois as condições não estão dadas para que o Brasil se torne, rapidamente, um “país normal” no cenário internacional. Sim, um país que vive à base de “dez vezes sem juros”, no qual o governo arrecada 38% do PIB, gasta 41% e investe menos de 2% não pode ser considerado um país normal.
Não existem, assim, condições objetivas para uma transição liberal no Brasil atual, embora se deva reconhecer que os dois candidatos oposicionistas prometem ser infinitamente mais “liberais” do que os keynesianos de botequim que hoje presidem aos rumos da economia brasileira (com os resultados à vista de todos). Uma coisa é certa: liberais terão bem mais espaços em governos conduzidos por um ou outro oposicionista do que a continuidade da gestão incompetente atual (aliás, com um ministro demitido).
A única coisa segura no cenário político atual no Brasil é que continuaremos com políticas econômicas intervencionistas, algumas mais distributivas do que outras, mais produtivistas, mas existem poucas chances de que uma agenda liberal venha a guiar os próximos dirigentes, capaz de aproximar o Brasil dos países maior sucesso no contexto internacional. Para que o Brasil tenha políticas econômicas liberais seria preciso que tivéssemos empresários verdadeiramente adeptos da competição de mercado (e não drogados nos subsídios e na proteção do Estado) e que estadistas com visão de futuro propusessem programas partidários comprometidos com uma nova fase de abertura aos investimentos e de liberalização comercial, para que os “espíritos animais” dos empresários pudessem empurrar o Brasil para um processo de crescimento sustentado, com distribuição social feita essencialmente mediante mecanismos do próprio mercado, em lugar das irracionalidades estatais da atualidade. 
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 28 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: metodo que acertou 100% nas eleicoes dos EUA mostra vitoria de Aecio


Método que acertou 100% nas eleições dos EUA mostra vitória de Aécio

Consultoria analisou um possível segundo turno entre Dilma e Aécio usando como base a última pesquisa Ibope e mostrou que o candidato tucano venceria a atual presidente
Por Felipe MorenoRodrigo Tolotti Umpieres  
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SÃO PAULO - A consultoria Macrométrica realizou um estudo baseado na última pesquisa Ibope e mostrou que com a eleição indo para o segundo turno o candidato do PSDB, Aécio Neves deve ganhar da atual presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo a consultoria, a vitória ocorreria por uma vantagem de 2 a 3,6 pontos percentuais, apertada, portanto.
A Macrométrica é uma consultoria que mantém públicos os seus métodos de análise. Para esta pesquisa em especial, ela utilizou o esquema de Nate Silver, editor-chefe do site “FiveThirtyEight”. Na eleição presidencial americana de 2012, Silver acertou o vencedor em todos os 50 Estados.
No último Ibope, apresentado pelo Jornal Nacional na semana passada, Dilma apareceu com 38% das intenções de voto no 1º turno e Aécio contava 23%. Já no 2º turno, a presidente teria 42% e o senador 36%, com 22% dos entrevistados não optando por nenhum dos dois. Segundo o estudo, este último valor deve fazer a diferença, com os eleitores migrando para um dos candidatos - o que deve fortalecer, principalmente, o candidato oposicionista, que por enquanto apresenta um movimento ascendente.

Estudo feito pela consultoria Macrométrica mostrou que Aécio venceria Dilma em um segundo turno (George Gianni/ PSDB)
Estudo feito pela consultoria Macrométrica mostrou que Aécio venceria Dilma em um segundo turno (George Gianni/ PSDB)
A Macrométrica diz que dos 17 pontos percentuais de eleitores que devem migrar para um dos candidatos na disputa de segundo turno, 23,5%, ou 4 pontos percentuais, irão para Dilma e 76,5%, ou 13 pontos percentuais, vão para Aécio. A rejeição à continuidade do governo petista, deve falar mais alto neste caso. 
“O resultado é a vitória de Aécio com 49,8% dos votos, contra 46,2% para Dilma e 4% de VNC (votantes não comprometidos). Como os VNC nunca são considerados na apuração do resultado final, a vitória de Aécio seria com 51,8% contra 48,2% de Dilma, ou seja, por diferença de 3,6 pontos percentuais”, afirma o estudo.
Eleição deve ser definida somente no segundo turnoEm termos de exposição, a candidata do PT possui muito mais tempo de rádio e televisão que o do PSDB, mas especialistas apontam que esta questão vale cada vez menos em uma eleição de um mundo cada vez mais conectado à internet. O plano de Aécio para as eleições é focar no sudeste, onde a rejeição a Dilma é alta e o PSDB é historicamente forte. 
Pode haver, porém, uma migração significativa de votos de Eduardo Campos para Dilma, dada a força do PT no nordeste, reduto do candidato do PSB. Em termos de apoios, a coligação petista é muito mais forte que a do PSDB, mas Aécio atribuiu isso ao fisiologismo dos partidos em um dos piores momentos de sua campanha, ao afirmar que eles deveriam sugar mais um pouco e depois ir para o seu lado.
Além disso, Dilma e o PT possuem a maior central sindical, mas pela primeira vez uma delas, a Força Sindical, apoia um candidato do PSDB. Além disso, a popularidade de Dilma é muito menor de que a de seu antecessor, que não conseguiu escapar de disputar segundo turnos em 2002 e 2006.

Politica economica e sujeiras eleitorais: Chafurdando nas profundezas - Monica Baumgarten de Bolle

Chafurdando nas Profundezas

Monica Baumgarten de Bolle
(Artigo publicado no O Globo a Mais de 02/10/2014)
Versão original ou interpretação magistral? Confesso que, geralmente, prefiro o original, seja do que for. Prefiro, por exemplo, a política econômica original que estabilizou o País, aquela introduzida pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, à versão diluída de Lula e à interpretação deturpada, desafinada de Dilma. Na música, porém, o oposto ocorre. Gosto mais da interpretação de “Samba e Amor” de Caetano Veloso, do que da versão original gravada pelo compositor Chico Buarque, o mesmo Chico que nos assusta com suas preferências políticas. Achei espetacular o soul rasgado da cantora britânica Adele na voz acrobática da diva Aretha Franklin. “Rolling in the deep” não tem tradução exata para o português. Em inglês, “to roll in the deep” é sentir dor arrebatadora, dor de rejeição, dor de traição. O Brasil está “rolling in the deep”, chafurda nas profundezas da obstinação irracional de seus dirigentes.
Os dados são implacáveis, aniquilam qualquer versão, original ou não, com oscilações impossíveis entre graves e agudos. Diz o FMI: entre 2006 e 2013, a posição externa brasileira passou de um superávit de 1,3% do PIB, para um déficit de 3,6% do PIB. O tamanho do rombo é limítrofe – um pouquinho mais e o País estará na zona de perigo, aquela em que qualquer soluço nos mercados internacionais pode se traduzir numa saída de recursos com efeitos nefastos sobre a moeda e as reservas brasileiras. Com seus US$ 81 bilhões de déficit externo, o Brasil está atrás somente dos EUA e da Inglaterra. A diferença é que os EUA têm o dólar e Aretha Franklin, e a Inglaterra, a libra e Adele.
Do lado fiscal, agosto registrou o pior resultado para o mês dos últimos dezoito anos, impulsionado por gastos que aumentaram quase 30% no período. Está certo que a Presidente Dilma não gosta de austeridade, já atacou a austeridade, fez pregações na Europa contra a austeridade. Mas, não precisava ir tão longe, deixando as contas públicas em frangalhos para o próximo governante – ou para ela própria. Diz o Ministro da Fazenda que o ajuste fiscal ficará para o próximo governo. Como ele certamente não haverá de integrar o próximo governo, parece estar cantando com Aretha e Adele: “farei com que você pense em mim nas profundezas de seu desespero” (“And I’m gonna make your head burn/Think of me in the depths of your despair”). Não há dúvida de que nos lembraremos dele, e de seu par no Tesouro, o inabalável Arno Augustin, sobretudo se o Brasil vier a ser rebaixado pelas agências de classificação de risco no ano que vem.
A campanha presidencial rola nas profundezas insondáveis de seus últimos dias antes do embaralhado primeiro turno. A Presidente-candidata, escorada nas acrobacias que seus marketeiros fazem com a verdade, se prepara para subir a rampa do planalto em janeiro de 2015. “Vejam como sairei com cada pedaço seu, não subestime o que sou capaz de fazer” (“See how I leave with every piece of you/ Don’t underestimate the things that I will do”).
Pobre Brasil.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...