Sim, registrado há pouco, o Partido Novo, ou
Novo, simplesmente, não poderá apresentar candidatos nestas eleições, na verdade nem teria, por falta de organização e de quadros. Não importa. Provavelmente dentro de dois anos já contará com estruturas mais aperfeiçoadas e poderá testar suas virtudes no mercado político.
Não sou, nem nunca serei, filiado a qualquer partido. Sou muito independente para me sujeitar às regras partidárias, e quero manter essa autonomia de pensamento e de ação.
Mas, pelo que já li sobre o
Novo, inclusive a matéria abaixo, e a entrevista com o seu presidente, suas ideias me agradam e acho que ele está no caminho certo.
Gostaria de aproveitar esta oportunidade para desmentir, ainda que gentilmente, amigos e "inimigos" (devo ter) que me chamam de "liberal", o que eu recuso expressamente.
Não que eu recuse as ideias e os princípios liberais, mas não tenho por hábito me classificar dentro de qualquer categoria política ou escola de pensamento. Prefiro ser apenas um racionalista e um pragmático. Acredito que a maior parte dos mecanismos econômicos funcionam melhor segundo princípios liberais, mas não recuso a ação do Estado e alguma empresa estatal se essa for a melhor solução para um problema prático. Ou seja, privilegio a eficiência, o menor custo, a qualidade, independentemente dos processos que levam a isso, em alguns casos via mercados, em outros via Estado. Em suma, não sou ideológico, e não me bato por nenhuma teoria, apenas aspiro a ser coerente com os dados da realidade.
Concluindo, não vou me filiar ao
Novo, mas não hesitarei a colaborar com suas causas, não exatamente com o partido em si, mas com o que pretende fazer o partido, pois acredito que a atividade política, numa democracia representativa, passa necessariamente pelos partidos.
Não sou homem de partido, mas não deixo de tomar partido por certas causas.
O Brasil precisa de muitas coisas, e a agenda e a pauta do
Novo me parecem as mais propensas a alcança-las. Não tenho ilusões de que isso seja fácil, ou de que ideias como as do
Novo possam ser facilmente ou rapidamente aceitas, apreendidas, seguidas pela maioria do eleitorado.
Mas não fico triste de ser minoria, ou até de estar sozinho numa multidão de estatizantes.
Parabéns ao
Novo, que tenha uma vida exitosa.
Paulo Roberto de Almeida
Infomoney, 13/06/14 - 15h31 -
Leonardo Pires Uller
O partido NOVO promete trazer a eficiência e a
meritocracia das melhores empresas privadas e o liberalismo econômico
para a política brasileira
Eficiência, produtividade, metas e austeridade. Ao ler
essas palavras, os brasileiros podem associá-las no máximo a um seleto
grupo de empresas, como a Ambev, a Cielo e o Itaú. E a partidos
políticos ou governantes? Algum deles é conhecido por adotar esses
conceitos? Certamente não, mas ao menos agora há uma promessa. Criado no
início de 2011, o partido NOVO se propõe a trazer o melhor da
administração das empresas privadas para a gestão pública. “Nós queremos
deixar um país melhor para as próximas gerações. Incomoda o fato de
pagarmos muitos impostos e não recebermos quase nada em retorno”, afirma
João Dionísio Amoêdo, presidente do partido NOVO.
A agremiação política foi lançada por um grupo de 181 pessoas, em sua
maioria profissionais liberais, engenheiros, administradores, advogados
e médicos. Ninguém tem perfil de “político profissional”. O próprio
presidente do partido é engenheiro civil e administrador de empresas,
com grande experiência no mercado financeiro – é membro dos conselhos de
administração do Itaú BBA e da João Fortes Engenharia e passou por
Citibank, Unibanco e outras instituições.
O NOVO ainda não tem registro oficial no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral). Das 492 mil assinaturas necessárias para a criação de um
partido político, a agremiação conseguiu certificar 342 mil e ainda
possui outras 190 mil que estão na fila para serem validadas em
cartório. Por isso, o partido está fora das eleições de 2014, mas seus
líderes esperam participar das disputas municipais daqui a dois anos.
Novos partidosNo
último mês de setembro, foram registrados no TSE mais dois partidos
políticos: Solidariedade e PROS (Partido Republicano da Ordem Social). O
país conta desde então com 32 agremiações. Visto sob qualquer
perspectiva, é um número elevadíssimo. Muitos desses partidos não chegam
a ter ideias e propostas realmente diferentes, mas são criados apenas
para abrigar alguns figurões da política que não conseguiram espaço em
agremiações já existentes.
Então o que o Brasil ganharia com um novo partido? “Nenhum dos atuais
partidos defende as ideias que nós propomos. Além disso, para atrair
pessoas engajadas, com vontade de mudar, seria mais fácil começar do
zero”, diz Amoêdo. O jovem estudante Ivan Moncoski, de Relações
Internacionais, é um dos simpatizantes da ideia. Um dos pontos que mais
desperta seu interesse pelo NOVO é justamente a promessa de não haver
tolerância para práticas políticas antigas, como o proselitismo e o toma
lá, dá cá. “Além de não ser um instrumento para caciques políticos e
coronéis, o partido NOVO oferece realmente ideias novas para problemas
antigos”, acredita o estudante de 21 anos.
Uma das propostas é fiscalizar seu quadro político de forma a
garantir que as metas estabelecidas no início do mandato sejam
cumpridas. Para que isso ocorra, o NOVO propõe que em seu quadro técnico
não constarão políticos que estiverem em mandato. Dessa forma, um
deputado não pode ser simultaneamente tesoureiro do partido, por
exemplo. Outra proposta é vetar mais de uma reeleição consecutiva de
filiados que ocupem cargos no Poder Legislativo de forma a impedir o
chamado “carreirismo político”. O NOVO promete ainda que todos os seus
filiados e candidatos deverão preencher os requisitos da lei da Ficha
Limpa.
Liberal na economiaNa
economia, o NOVO tende a adotar uma visão mais liberal. Ou seja,
defende uma sociedade em que o indivíduo seja mais responsável pela sua
vida e não fique tão dependente do estado. Essa corrente de pensamento
econômico se iniciou no século XVI com os estudos de Adam Smith e está
fortemente enraizada na cultura econômica e política de países como os
Estados Unidos e o Reino Unido. “O principal papel do estado na
sociedade deve ser a manutenção da segurança do cidadão e da Justiça,
preservação da moeda, garantia das liberdades individuais, educação e
alguma infraestrutura. O resto deve ir para a iniciativa privada, e
tende a ser melhor lá”, defende Amoêdo.
A agremiação política acredita que, com um estado menor, atuando em
menos áreas, é possível ter mais foco e ser mais eficiente. Outro ponto
em comum entre o partido e o pensamento liberal é a visão de que a
grande vantagem da iniciativa privada sobre a pública é a concorrência. A
competição entre empresas pode fazer com que elas ofereçam serviços de
maior qualidade a preços mais acessíveis do que quando há o monopólio do
estado. Os liberais acreditam que a economia pode criar sozinha uma
ordem espontânea que beneficia a sociedade como um todo.
Tais ideias fazem muito sentido para o eleitor americano, mas
praticamente não reverberam no Brasil. Os três principais partidos
políticos com chance de vencer a próxima eleição presidencial – PT, PSDB
e PSB – nunca aceitaram o rótulo de liberal e aumentaram os gastos
públicos enquanto estiveram no poder, o que pode ser interpretado como
um sinal de que a maioria dos brasileiros espera que as soluções para
seus problemas partam do estado. O NOVO, portanto, deve enfrentar
dificuldade em eleições majoritárias. Mas se conseguisse difundir essas
ideias em cargos legislativos, já seria um avanço para o Brasil.
O que pensa o presidente do partido NOVORevista InfoMoney: Qual é sua visão sobre a política econômica?
João Amoêdo: Fica claro que o governo está muito
preocupado com uma visão de curto prazo, e isso afeta muito a
credibilidade e os resultados do longo prazo. O excesso de gastos está
trazendo de volta a inflação e contribui para o aumento dos juros.
Estamos plantando coisas muito ruins para o futuro. No Brasil, os
governantes não assumem seus erros e continuam insistindo neles.
IM: Há alguns anos, o governo adotou a estratégia de apostar em algumas “empresas campeãs” e isso acabou não dando certo. Por quê?
João Amoêdo: Porque quem tem que escolher as
empresas campeãs é o consumidor, e não o governo. Aos consumidores que
as companhias têm o dever de prestar bons serviços, com bons preços. Na
hora em que a empresa deixa de priorizar o atendimento ao cliente para
atender o governo, se cria um balcão de negócios.
Os ídolos do partidoMargaret Thatcher:
A política britânica ficou conhecida mundialmente não só por ser a
primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra no Reino Unido
como, principalmente, pela sua determinação em cortar gastos
desnecessários de forma a tornar o governo mais eficiente, mesmo quando
as medidas eram consideradas impopulares.
Milton Friedman: O ganhador do Nobel de Economia em
1976 é um dos principais expoentes da corrente do liberalismo. O
economista publicou diversas obras sobre macroeconomia, estatística e
história econômica. Sua publicação mais famosa é “Capitalismo e
Liberdade”, que afirma que a liberdade econômica é uma das prerrogativas
para obter liberdade política.
Frédéric Bastiat: Mais um ícone do liberalismo, o
jornalista e economista francês foi opositor ferrenho ao socialismo em
seu país na primeira metade do século XIX. Bastiat afirmou que o único
propósito de um governo é proteger o direito de um indivíduo à vida, à
liberdade e à propriedade.
Roberto Campos: O economista brasileiro foi um dos
criadores e presidente do BNDES, ajudou a formular o Plano de Metas do
governo do presidente Juscelino Kubitschek, além de ter sido também
embaixador do Brasil em Washington e Londres.
Essa matéria foi publicada na edição 49 da revista InfoMoney, referente ao bimestre março/abril de 2014.