segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: reacionarios insistem na mentira; progressistas olham para a frente

As mentiras continuam, e vão recrudescer. O dever de todo cidadão honesto é lutar cobtra os fraudadores e os mistificadores.
Paulo Roberto de Almeida 
Os respectivos pronunciamentos feitos pelos três principais candidatos à Presidência da República refletem o que foi a campanha até aqui e os lances, vá lá, até certo ponto dramáticos destes últimos dois meses, mormente depois da queda do avião que conduzia Eduardo Campos, no dia 13 de agosto. Começo por aquele ao qual se deve dar mais atenção no momento. Marina Silva, candidata derrotada do PSB, leve como há muito tempo não se via, sorridente, com ar pacificado, acenou com o apoio ao tucano Aécio Neves. Reproduzo trecho de sua fala:
“Sabemos que o Brasil sinalizou que não concorda com o que está aí, e sabemos que uma boa parte do Brasil, desde 2010, vem dando sustentação a uma mudança que seja qualificada. A postura que eu tive quando não foi aceito registro da Rede pode ser uma tendência. Eu assumi um compromisso com a mudança indo apoiar o Eduardo Campos (…) O Brasil sinalizou que não concorda com esse projeto, que quer uma mudança qualificada, temos uma clareza do que representamos. Nós vamos fazer essa discussão, os partidos individualmente, e depois vamos dialogar, mas, estatisticamente, a sociedade mostra isso, não há de tergiversar com o sentimento de 60% dos eleitores”
Ora, as palavras fazem sentido, não é mesmo? Marina, assim, deixa claro, com todas as letras, que tanto Aécio Neves, do PSDB, como ela própria representam a mudança. É cedo para dizer se ela vai dar um apoio formal ao candidato tucano, mas a sua fala parece apontar para isso. E que fique claro: na nova ou na antiga políticas, um apoio no segundo turno não implica, necessariamente, se comprometer com o futuro governo. Aliás, o primeiro turno de uma eleição pede o voto da convicção; o segundo, o da possibilidade, De resto, Marina não deve ignorar que a sua meteórica ascensão, logo depois de se fazer candidata, se deu com os votos daqueles que estavam interessados em apear o PT no poder. Parte deles voltou ou migrou para Aécio. Mas um mesmo sentimento une os dois eleitorados.
Aécio também fez um aceno à união, embora não tenha se referido diretamente a Marina Silva — e nem seria o caso. Disse: “A minha primeira constatação é que este sentimento de mudança amplamente presente no Brasil foi vitorioso no primeiro turno. Os candidatos de oposição somados foram vitoriosos, tiveram a maioria dos votos. E é isso que nós temos que buscar agora no segundo turno. Eu me sinto extremamente honrado em ser o representante desse sentimento nessas três semanas que nos separam da eleição”, afirmou.
O tucano mandou a mensagem também a Pernambuco, que votou esmagadoramente com Marina e elegeu um senador do PSB: “A ele [Eduardo Campos], aos seus ideais e aos seus sonhos também, a minha reverência. E nós saberemos transformá-los em realidade. Portanto, é hora de unirmos as forças. A minha candidatura não é mais a candidatura de um partido político ou de um conjunto de alianças. É um sentimento mais puro de todos os brasileiros que ainda têm capacidade de se indignar, mas principalmente a capacidade de sonhar”.
Aécio sabia bem, enquanto falava, que, mesmo no PSDB, ele chegou a ser, num dado momento, um dos poucos que ainda acreditavam. Não tergiversou em nenhum momento, não fraquejou, não desanimou. Enfrentou, sim, Marina Silva — afinal, havia uma única vaga em disputa no segundo turno, mas foi um confronto leal.
Dilma Rousseff, a presidente-candidata do PT, certamente surpresa — com o seu desempenho bem abaixo do que indicavam as pesquisas, e com o de Aécio bem acima —, foi a que transmitiu mais tensão no discurso, no tom e na aparência. Mesmo no que deveria ser uma fala de agradecimento, percebeu-se, mais uma vez, a pregação do medo. Disse: “O povo brasileiro não quer de volta o que nós podemos chamar de fantasmas do passado, que quebraram esse País três vezes, com juros que chegaram a 45%, desemprego massivo, arrocho salarial e jamais promoveram, quando tiveram a oportunidade, políticas de inclusão social e redução da desigualdade”.
Bem, o Brasil não quebrou três vezes; o aumento real de salário mínimo foi maior nos governos FHC do que no da própria Dilma, e o controle da inflação significou, com o Plano Real, uma das medidas mais efetivas em favor da inclusão social de que se têm notícia. Mas não me estenderei sobre isso agora. O que foi verdadeiramente notável no discurso da presidente foi a promessa de que ela fará um governo diferente. Insistiu muito que será uma gestão nova, com ideias novas e pessoas novas. Chegou a afirmar que entendeu o recado das urnas. Ou por outra: Dilma prometeu que, se reeleita, não dará continuidade ao governo… Dilma!
Já deu para sentir o que vem por aí. Aécio, com o possível apoio de Marina, tentará fazer uma disputa sobre o futuro do país, e Dilma insistirá em travar uma batalha de versões sobre o passado. O eleitor terá de optar entre os discursos progressista e reacionário.

Eleicoes 2014: o partido do atraso, do medo, da chantagem, os mafiosos neobolcheviques

Alguém se orgulha desses resultados?
Paulo Roberto de Almeida 
Vejam este mapa, em que o vermelho indica os Estados em que Dilma Rosseff (PT) venceu; o azul, aqueles em que o vitorioso foi Aécio, e os amarelinhos, os que Marina conquistou:
vitórias de candidatos estados
Votos de pessoas beneficiadas e não-beneficiadas por políticas assistencialistas valem igualmente. Ainda bem! Assim deve ser numa democracia. Votos de pessoas mais sujeitas e menos sujeitas às chantagens oficiais valem igualmente. Ainda bem! Assim deve ser numa democracia. Votos de pessoas suscetíveis a pregações terroristas e não suscetíveis valem igualmente. Ainda bem! A democracia não tem de criar restrições para o livre exercício da escolha. Mas isso não nos impede de fazer um diagnóstico.
O PT já é o maior partido de grotões do Brasil democrático em qualquer tempo. Querem ver? Dilma venceu em 15 Estados: oito estão no Nordeste, quatro no Norte, dois no Sudeste e um no Sul. Essas três exceções parecem negar a tese, mas só a confirmam. Explico por quê. Em Minas, a petista teve 43,48%, não tão distante de Aécio Neves, com 39,75%; Marina obteve 14%. No Rio, a candidata do PT alcançou 35,62%, quase o mesmo tanto da peessebista, com 31,07%; o tucano chegou a 26,84%. Os gaúchos deram à presidente-candidata 43,21%, quase o mesmo tanto que ao senador mineiro: 41,42%. Vale dizer: a vantagem do petismo não é acachapante.
Onde é que Dilma, de fato, fez a diferença e arrancou a primeira colocação: em oito estados nordestinos — a exceção é Pernambuco — e nos quatro nortistas. Nesse grupo, pasmem, a sua menor marca foi Alagoas, com 49,95%, e a maior foi no Piauí, o segundo estado com os piores indicadores sociais do país: 70,6%. A segunda maior foi no Maranhão, com 69,56% — sim, é a unidade da federação socialmente mais perversa. Assim, os dois Estados que oferecem a pior qualidade de vida à sua população são os mais “dilmistas”. Atentem para o desempenho da petista nos demais, em ordem decrescente: Ceará: 68,3%; Bahia, 61,4%; Rio Grande do Norte, 60,06%; Paraíba, 55,61%; Sergipe, 54,93%; Amazonas, 54,53%; Pará, 53,18%, Amapá, 51,1% e Tocantins: 50,24%.
Aécio obteve a sua melhor marca em Santa Catarina, com 52,89% dos votos, seguido por Paraná, com 49,79%. O Mato Grosso vem em seguida, com 44,47%, e eis que surge São Paulo, com 44,22%. O Estado deu a Aécio 10.152.688 dos seus 34.897.196 votos — isso corresponde a 29% do total; quase um terço. Minas, até agora, está em falta com Aécio. São Paulo não! Azulou de vez. Vejam o mapa.
São Paulo azulou

O Distrito Federal, que conhece bem o PT porque governado pelo partido e porque muito próximo de Dilma, deu à presidente o seu menor percentual: só 23,02%; o segundo menor foi justamente o colhido em terras paulistas: 25,82%.
Dois mapas ajudam a comprovar o que aqui se diz. Vejam o que aconteceu na Bahia — nas áreas em vermelho, o PT venceu:
Bahia vermelha
Agora vejam Minas. Como se nota, é a “Minas Nordestina” — ou baiana — que vota majoritariamente com Dilma.
Minas Vermelha
Muito bem! Aonde quero chegar? É evidente que os petistas colhem hoje os seus melhores resultados nas regiões do país que são mais dependentes do Bolsa Família. Isso não quer dizer, é evidente, que o programa tenha de acabar. Quer dizer apenas que ele precisa existir não como instrumento de um partido, mas como uma política de estado. Não é segredo para ninguém que, pela terceira eleição consecutiva, o terrorismo correu solto nas áreas mais pobres do país: “Se a oposição ganhar, o Bolsa Família vai acabar”. Ora, não era exatamente esse o sentido da campanha eleitoral do PT quando se referia à independência do Banco Central por exemplo? Se vier, assegura-se por lá, haverá fome. É um disparate.
Eis aí mais uma impressionante ironia da história, não é? O PT, que nasceu para ser o partido das massas urbanas trabalhadoras, é hoje uma legenda que se enraíza nos grotões e que arranca a sua força do subdesenvolvimento minorado pela caridade de Estado transformada em moeda política. Há uma grande diferença entre ter o voto dos pobres e chantagear os pobres com o discurso do medo.

Eleicoes 2014: a responsabilidade da candidata da sustentabilidade, em terceiro lugar

Aécio Neves só ganhará, penso eu, se Marina Silva subir nos palanques com ele e instruir seus militantes a votar pelo tucano.
Paulo Roberto de Almeida 


Reinaldo Azevedo, 05/10/2014
 às 6:58

O que fará Marina a partir de amanhã? Tomara que faça a coisa certa!

Se o Datafolha e o Ibope estiverem certos, contra a maioria das expectativas — desde que o avião que conduzia Eduardo Campos foi ao chão, no dia 13 de agosto —, o tucano Aécio Neves vai disputar o segundo turno da eleição presidencial com a petista Dilma Rousseff. Não se pode afirmar com certeza, é claro, já que a diferença está dentro da margem de erro, que é de dois pontos: o senador mineiro está numericamente à frente da ex-senadora do Acre por 24% a 22% no Datafolha e por 27% a 24% no Ibope. Ocorre que ele chega à reta final em ascensão, especialmente em São Paulo e Minas, e ela, em declínio. O mais provável, então, é que PSDB e PT voltem a se confrontar no dia 26 de outubro. Pois é… Esteja ou não no segundo turno, chegou a hora de Marina parar de errar. Será que ela consegue, pelo bem do país? Tomara que sim! Acho que ela perdeu o direito de cometer mais equívocos, especialmente os velhos.
Começo com a hipótese que hoje se mostra menos provável: ela passar para o segundo turno. Isso aconteceria numa situação extremamente difícil porque vem aumentando a distância que a separa de Dilma tanto no primeiro como no segundo turnos. Mas digamos que aconteça… A quem apelará Marina? Apenas às redes sociais, aos “sonháticos”, aos cultores da tal “nova política”, esse elemento etéreo e que se mostrou dos mais deletérios quando ela ascendeu ao topo da disputa?
Como esquecer que Marina rejeitou palanques tucanos em São Paulo e no Paraná, onde os governadores Geraldo Alckmin e Beto Richa, respectivamente, se reelegem no primeiro turno daqui a pouco? Em entrevista, Walter Feldman, um de seus coordenadores políticos, chegou a prever o fim do PSDB… Num comício no interior, os militantes da rede deram um sumiço em cartazes em que sua imagem aparecia ao lado da de Alckmin. Houve outros erros — tratarei deles em outro post.
Muito bem: estando no segundo turno, Marina vai procurar o PSDB para dialogar ou vai insistir em que os tucanos, a exemplo de petistas, são apenas a “velha política? Bastará contar com o conforto de que a esmagadora maioria do eleitorado de Aécio migraria para ela? Seria um erro fatal.
Mas…

Ocorre que, tudo indica, Marina não vai para o segundo turno. E, mais nessa hipótese do que na outra, é que se vai testar a dimensão de alguém que se quer uma liderança nacional. Em 2010, Marina optou por aquilo que se chama “zona de conforto”. O José Serra ao qual ela andou dirigindo elogios recentemente é aquele mesmo que disputou a eleição presidencial com ela. No embate do tucano contra Dilma, Marina se omitiu na neutralidade. Disse, com aquele gesto, que, para o país, era indiferente vencer um ou outro. Será que ela continua a pensar isso hoje? Será que é o que nos diz a Petrobras? É o que nos diz o crescimento? É o que nos diz a desordem nas contas públicas? É o que nos diz o aparelhamento de estado? É o que nos diz a campanha suja que o PT move contra… Marina?

Ora, o que será feito desta vez? No debate da Globo, em que se saiu notavelmente mal, Marina chegou a dizer que Aécio e o PSDB se igualam a Dilma e ao PT no ataque que fazem a ela. Não é verdade! Essa desculpa não poderá ser usada de novo se Marina decidir apenas assistir à disputa de camarote. As críticas de Aécio foram de natureza política, absolutamente legítimas e naturais no debate. Lembrar a trajetória de alguém não é sinônimo de mentir. Já a campanha do PT foi obviamente desonesta. Afirmar que a independência do Banco Central levaria a fome à mesa dos brasileiros é uma estupidez. Acusar a adversária de planejar um corte de R$ 1,3 trilhão da educação é um despropósito.
A escolha

Sim, é razoável o raciocínio de que a esmagadora maioria do eleitorado de Aécio migraria para Marina, independentemente do movimento que ele fizesse — que, obviamente, seria em favor dela, mesmo indo para a oposição depois. Afinal, o agora senador é o primeiro a afirmar que o país não pode continuar mais quatro anos sob o jugo petista. Mas não só isso: os eleitores do PSDB são autenticamente oposicionistas, e a esmagadora maioria faria um voto anti-Dilma ainda que o tucano pedisse o contrário — o que, de resto, jamais aconteceria.

É, sim, compreensível a especulação de que parte do eleitorado de Marina pode, inicialmente, resistir ao tucano porque, sei lá, ou tem um viés mais à esquerda ou está por demais imbuído dos prolegômenos da tal “nova política”, sejam eles quais forem. Isso não a eximiria de fazer uma escolha. É justamente em momentos assim que entra em cena aquele ou aquela que aspira ao papel de líder nacional.
Se Marina, eventualmente fora do segundo turno, se omitir mais uma vez, então estará a dizer ao país que, segundo seu entendimento, política é a arte de receber apoios, mas de nunca dar apoio. Se, de novo, optar pela neutralidade, estará afirmando a seu eleitorado que, para o Brasil, é irrelevante ter Aécio ou Dilma no comando. Na prática, estará falsificando o próprio discurso. Afinal, ela própria fez o elenco dos motivos — muitos motivos — por que o PT não pode continuar no poder. Fiel, ademais, a seus princípios, não precisaria nem negociar cargos nem integrar a base de apoio de um governo Aécio — que fosse para a oposição depois. Incompreensível, aí sim, será se ela der a sua contribuição pessoal, pela via da omissão, à eventual reeleição de Dilma.
Se passar para o segundo turno, o que é pouco provável, Marina terá de refazer as pontes que dinamitou; se não passar — e tudo indica que não passará —, terá de fazer pontes com o futuro e com o seu próprio futuro político. Ela foi muito eloquente na campanha em dizer por que o PT não pode continuar. Que colabore, então, para tirá-lo do trono! A menos que considere que o povo faz por merecer os malefícios que ela mesma apontou.
Assim, como ela mesma diria, chegou a hora de Marina “ganhar ganhando” ou de “ganhar perdendo”. Só não vale é “perder perdendo”.
Por Reinaldo Azevedo

domingo, 5 de outubro de 2014

Eleicoes 2014: Aecio Neves vence com 51,5pc dos votos!

Calma, calma, não foi bem assim: trata-se apenas dos resultados da votação do primeiro turno, num pequeno canto dos EUA, com apenas 644 votos válidos expressos, num processo eleitoral com o qual colaborei e que acaba de se encerrar.
Transcrevo abaixo a nota informativa que fiz a respeito desse evento, cujos resultados já foram transmitidos ao TSE para divulgação agregada nesta segunda-feira (salvo surpresa por mais alguma "surpresa" da parte de surpreendentes participantes, que vocês sabem quem são...).
Paulo Roberto de Almeida


Eleições presidenciais em Hartford: do primeiro ao segundo turno

Como previsto no calendário eleitoral, e autorizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, realizaram-se, no domingo 5 de outubro de 2014, as eleições gerais no Brasil: para cargos majoritários nos executivos federal e estaduais (presidente e governadores), uma vaga para o Senado, acrescida da representação proporcional para todos os deputados federais, bem como a escolha de deputados para as assembleias estaduais. No exterior, a votação se deu apenas para presidente, em 135 cidades localizadas em 89 países, com mais de mil seções eleitorais.
O eleitorado no exterior havia alcançado, até meados de 2014, um total de 354.184 votantes potenciais, embora seja bem menor o número dos eleitores habilitados que efetivamente comparecem para exercer o seu direito (que é, ao mesmo tempo, uma obrigação). Trata-se, em todo caso, de um aumento expressivo em relação aos números registrados em 2010, quando os eleitores eram em número de 200.392 (crescimento de 77% em quatro anos). Nos EUA são quase 120 mil eleitores, com mais de 20 mil nos dois principais colégios eleitorais, Flórida e Nova York, dez vezes mais do que os eleitores habilitados nos estados de Connecticut e de Rhode Island.
O Consulado Geral do Brasil em Hartford acolheu, no primeiro turno, uma parte pequena dos seus eleitores inscritos, apenas 678 num total de 2.251 habilitados a votar, ainda assim um notável crescimento em relação a 2010, quando foi realizada a primeira votação no Consulado, que recém iniciava suas atividades. Eram, então, apenas 451 eleitores inscritos, dos quais 252 compareceram para votar (ou seja, uma taxa de 55,8% de comparecimento). Em 2014, o número de eleitores potenciais era cinco vezes maior, mas compareceram para votar apenas 30,12% do total, o que representa uma taxa de abstenção de aproximadamente 70%%.
Por candidatos, os resultados foram os seguintes (descontando-se 13 votos em branco e 21 nulos), sobre 644 votos válidos: em primeiro lugar, o candidato do PSDB, Aécio Neves, com 332 votos (51,55%), seguido por Marina Silva, do PSB, com 196 votos (30,43%) e, bem mais atrás, Dilma Rousseff, do PT, que tenta a reeleição: 89 votos (23,83% do total). Todos os outros candidatos não ultrapassaram, conjuntamente, 4,20% do total de votos (27). Esses os resultados transmitidos ao TSE, em Brasília.
A votação no Consulado em Hartford transcorreu em ambiente distendido, de cortesia e bom humor, para o que foram relevantes a dedicação exemplar e os esforços de seus funcionários, dos mesários convocados, bem como dos voluntários que se ofereceram generosamente para ajudar. O bom desenrolar do processo de votação também confirma uma das grandes virtudes da democracia brasileira, qual seja, o bom funcionamento do processo eleitoral, quaisquer que sejam os problemas remanescentes em seu sistema político-partidário. Se dependesse apenas do Consulado em Hartford, a eleição presidencial já teria sido encerrada no primeiro turno, mas esta não foi a decisão da maior parte dos eleitores brasileiros, que dividiram-se entre os três principais candidatos. Dos 11 candidatos inscritos no primeiro turno, ficam, portanto, os dois mais votados neste, Dilma Rousseff e Aécio Neves, para disputar o segundo turno em três semanas. Os eleitores do Consulado em Hartford estão, portanto, convocados para novo exercício de civismo no último domingo do mês, dia 26 de outubro. Tudo indica que serão eleições extremamente disputadas, o que aumenta ainda mais a responsabilidade dos eleitores: serão eles que vão determinar que um ou outro projeto de poder, que um ou outro programa de governo, sejam convertidos, ou não, em decisões executivas a serem implementadas a partir de 1o. de janeiro de 2015.

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 5 de outubro de 2014.

Em breve: companheiros diplomatas? - Claudio Humberto

A "notícia", ou matéria, provavelmente não tem nenhuma credibilidade,  no entanto, como existe interesse jornalístico, e como causou certo frisson, ops, comoção na carreira, vai aqui reproduzida:

Diário do Poder, 5/10/2014
Medida cogitada na Casa Civil da Presidência causa grande comoção entre diplomatas: autoriza a nomeação de pessoas de fora da carreira, sem qualificação, para cargos em comissão do Ministério das Relações Exteriores. Argentina e Venezuela fizeram isso, e hoje esses países não têm mais serviço exterior levado a sério mundo afora. O Itamaraty é um dos raros órgãos ainda não inteiramente aparelhados pelo PT.

Provavelmente existe algo no ar, como por exemplo, no caso das diversas tentativas de colocar "adidos" de vários tipos  -- agrícolas, tecnológicos, educacionais, etc. -- nas embaixadas; cabe, portanto, aguardar novos desenvolvimentos nessa área.
Paulo Roberto de Almeida

Pausa para... desencontros geograficos, ou geopoliticos - Jose Simao


A Dilma pode ser reeleita, mas pela margem de erro pode ser presidente da Argentina ou da Venezuela.


José Simão

Eleicoes 2014: o Brasil "quebrou 3 vezes" sob FHC e humilhou-se perante o FMI? MENTIRA! Eis aqui a historia correta - Paulo Roberto de Almeida

É normal, no curso de uma campanha tão acirrada quanto a atual, que os candidatos exagerem um pouco em suas afirmações, com o objetivo de enfatizar os erros, equívocos, ou até traições dos seus competidores, e para realçar suas próprias virtudes e qualidades.
Não é normal, contudo, nem aceitável, sob qualquer critério, que eles deformem as posições dos competidores, que eles veem como adversários ou até como inimigos, ou que eles recorram a MENTIRAS DELIBERADAS para tentar acusar os adversários de algum pecado grave, antinacional.
É isso, no entanto, que vem fazendo os companheiros desde muito tempo, praticamente desde os próprios eventos, agindo de forma que eles sabem ser totalmente desonesta, mas ainda assim insistindo na mentira.
A candidata governista abusou de sua capacidade de mentir ao recorrer novamente a essa mistificação, ainda tão recentemente quanto esta semana.
Como eu acompanhei, muito de perto, a história financeira do Brasil desde o final dos anos 1970, e como estive envolvido em assuntos do FMI durante as próprias negociações -- mas mesmo que não estivesse, como qualquer outro eu leio jornais e sei distinguir a mistificação da realidade, permito-me contar a história verdadeira aqui abaixo, ainda que de forma resumida, para não cansar os leitores.

O que dizem, em síntese esses mentirosos reincidentes, esses fraudadores da história?
Eles tendem a repetir a mesma conversa, sempre em tom simplista, e derrogatório, como se todos no Brasil fossem idiotas e não soubessem distinguir a mentira da realidade.



MENTIRA
Simplesmente não é verdade que o Brasil quebrou três vezes sob FHC.
Esta é uma afirmação de cunho político, totalmente equivocada e que merece uma correção historicamente verificável, além e acima das querelas políticas.
Vou relatar exatamente como o processo se passou, desde o início.

No final de 1994, ocorreu uma primeira crise financeira no México,  – que se deveu a uma taxa de câmbio desajustada, que o governo vinha procurando manter estável, um pouco como o nosso atualmente – e que obrigou o governo de FHC a efetuar um ajuste na política cambial, introduzindo um sistema de banda (variação dentro de certos limites). 
Ocorreu também que, por opção do presidente Itamar Franco, a estabilização do Plano Real não pode ser feita com base num forte ajuste fiscal – pois ele dizia que não queria ter recessão, e de fato não houve recessão no Real, como se pode comprovar por dados objetivos – e teve de ser apoiada numa âncora cambial e em juros reais mais elevados (do contrário como dispor de financiamento a um governo que não queria fazer ajuste fiscal?). 
Quando sobreveio a segunda onda de crises financeiras, desta vez nos mercados asiáticos, em meados de 1997 –  também por motivos de câmbio – ocorreu um tremendo refluxo nos movimentos de capitais, o que afetou também o Brasil. Houve novos ajustes, que nos levaram a meados de 1998, quando a Rússia decretou moratória sobre sua dívida externa, dando um calote unilateral em muitos bancos europeu e até alguns americanos, atingindo grandes fundos de investimentos. 
Foi somente aí que a situação do Brasil se agravou, e o governo fez o que tinha de fazer, como fazem todos os países em situação temporária de desequilíbrio no balanço de pagamentos: negociou um acordo PREVENTIVO com o FMI e países credores, que permitiu justamente ao Brasil NÃO QUEBRAR, pois ele teve divisas para continuar cobrindo suas obrigações financeiras externas, sem precisar negociar uma moratória técnica como fez o México. 
Apenas para se ter uma ideia da magnitude dos pacotes de socorro a governos temporariamente inadimplentes (o que NÃO foi o caso do Brasil), o pacote do México envolveu um valor total de 48 bilhões de dólares (grande parte dinheiro americano do Exchange Stabilization Fund, o resto do FMI, BIRD, BID e outros governos). No caso do Brasil, o pacote de ajuda PREVENTIVA foi de 41 bilhões, mas do qual só foi usada uma metade, ainda assim como simples garantia (incorporação nas reservas cambiais, não para dispêndio efetivo). Esse pacote foi feito em outubro-novembro de 1998.
Em janeiro de 1999, o então governador Itamar, ao assumir o governo de Minas Gerais, declarou que não honraria, e não pagaria, as dívidas estaduais negociadas em 1996 e 1997, com o governo federal, que trocou velhas e impagáveis dívidas estaduais (e municipais), por novos bônus a 30 anos, eliminando um dos maiores “esqueletos” da situação anterior de todas as unidades sub-federadas. Ao fazer isso, a dívida pública do governo central naturalmente subiu de 32% do PIB para mais de 60% do PIB, o que constitui outra das acusações desonestas feitas pela oposição ao governo FHC: a dívida aumentou porque o governo federal assumiu imensos montantes de dívidas estaduais e municipais, a juros mais moderados. 
Pois bem, quando Itamar desafiou o governo federal, os mercados (ou seja, investidores em bolsa ou em títulos do governo) operaram um imenso movimento de retirada do Brasil – pois aquilo poderia significar o desmantelamento do Plano Real de estabilização – e que redundou na mudança da política cambial, do regime de banda para um de flutuação suja da moeda. Depois da desvalorização, os mercados se ajustaram rapidamente, tanto é assim que o novo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, pagou o que devia aos governos credores em abril de 2000, e ficou apenas com um crédito stand-by do FMI (ou seja, garantia, apenas, para usar se fosse preciso, de pouco mais de US$ 10 bilhões).
Pouco depois, porém, a Argentina entrou em crise terminal e os chamados mercados, não distinguindo muito bem entre nós e eles, nos puniram novamente, mas a situação foi relativamente tranquila: foi negociado um novo acordo stand-bye, também PREVENTIVO, que nos repassou mais US$ 15 bilhões, enquanto durou a crise ao lado (e que se estendeu durante dois anos praticamente, desde a moratória de 2001, até o calote imposto por Kirchner em 2003). Ou seja, o Brasil NÃO quebrou pela segunda vez, apenas fez um novo acordo preventivo de empréstimo negociado.
Chegamos, então, à terceira “crise” e esta foi devida inteiramente à campanha presidencial de 2002.  Não se poderá negar que os “mercados” reagiram fortemente à possibilidade da chegada de Lula  ao poder, e isso não dependia absolutamente do governo FHC: o dólar saiu de 1,70 para quase 4 por dólar até setembro, e os títulos da dívida brasileira (renegociação de 1992-93) se vendiam a 48 centavos por cada dólar na bolsa de NY, tudo isso por causa das ameaças anteriores do PT de dar calote nas dívidas doméstica e externa, além de outras mudanças radicais na política econômica.
Pois bem, também se há de lembrar que o presidente FHC chamou ao Palácio do Planalto cada um dos candidatos presidenciais (e isso depois de Lula já ter apresentado sua “Carta ao Povo Brasileiro, em junho) para apresentar-lhes o pacote em negociação com o FMI, e TODOS deram o seu aval. O Brasil então fez o último dos três acordos, este igualmente PREVENTIVO, em agosto de 2002, pelo qual obteve um novo crédito stand-by por US$ 30 bi (o maior da história do FMI até então). Logo depois, já no governo Lula, o ministro Palocci determinou a elevação, decisão dele, do superávit primário, de 2,75% do PIB para 3,25%, e de fato fez muito mais do que isso durante seus três anos à frente da Fazenda).

Esta é a história REAL dos três pacotes de ajuda PREVENTIVA, totalmente em desacordo com a demagogia política em torno das três quebras, o que NUNCA ocorreu. Quem fez demagogia, aliás até contra o conselho do Ministro Palocci, foi o presidente Lula, que em 2005, por motivos puramente políticos e eleitoreiros, resolveu pagar antecipadamente o que devíamos ao FMI (pouco mais de 10 bi), quando Palocci havia negociado duas extensões e podíamos dispor desse dinheiro por mais 3 anos. 
Ora, Lula mandou devolver um dinheiro pelo qual o Brasil pagava no máximo 4,5% de juros ao ano, para depois ter de recorrer aos mercados comerciais de emissão de títulos governamentais, pelos quais passamos a pagar mais de 8% ao ano. Onde está a demagogia e a política aqui?

Nem FHC, nem Lula aumentaram a dívida externa do Brasil, que era basicamente de natureza comercial e privada, pois as dívidas governamentais foram sendo reduzidas ao longo de todo esse período. Apenas o primeiro pacote de ajuda PREVENTIVA foi feito durante a administração Clinton; os dois seguintes foram feitos sob o governo Bush, com que Lula aparentemente se relacionava muito bem, pelo menos ele assim o disse em diversas ocasiões.

Esta é a história real.
Os companheiros que continuarem fazendo falsas acusações deveriam ser processados por mentira e difamação.
Mas o fato é que eles não se corrigem.
Não conseguem viver sem trapaças e mentiras.
Faz parte de sua natureza mafiosa viver nesse tipo de lodo moral.

Paulo Roberto de Almeida 
5/10/2014

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...